Semelhança pouca é bobagem, o caso da violação do imposto de renda de Verônica Serra e o recente escândalo no setor de Marketing do Banco do Estado do Rio Grande do Sul – BANRISUL, guardam mais semelhanças que a vão observação pode enxergar. Em ambos os casos tem-se uma combinação de tucanos “posados” de vítima, uma tática de desespero, e alguma candidatura nos bastidores apostando no tudo ou nada. Descobrindo-se qual é essa candidatura desatam-se os nós de ambas as crises? Não, nada é tão simples assim.
Por Lucio Uberdan no Brasil Autogestionário
Em ambos cenários, estado e país, a coligação liderada pelo PT aparece nas pesquisas de intenção de voto com índices que apontam vitória no 1º turno (Ibope: Dilma 50% e Tarso Genro: 41%), estão em reta ascendente, com baixa rejeição e liderança na expectativa de vitória. Para Dilma e Tarso, qualquer crise e escândalo é conteúdo tóxico e desfavorável, para eles a normalidade é o melhor cenário. Sendo assim:
A) Por que as candidaturas líderes que despontam favoritas para ganhar no 1º turno, seriam promotoras desses eventos a menos de 30 dias da eleição? Tanto lá como aqui os “tucanos” posados de vítimas acusam o PT pelos atos.
B) O que ganharia o PT em ambas as situações com esse cenário de crise? Ou até mais, quem esta usando e supostamente colhendo dividendos com ambos os escândalos?
C) Quem está em uma condição difícil nas pesquisas e teria motivos para um tudo ou nada nesse período? Ou seja, quem ganha diretamente atacando Dilma Roussef e Yeda Crusius?
Vale ressaltar também que os escândalos são muito diferentes, o 1º, do IR de Verônica Serra, além de requentado é midiático apenas, recheia ao mesmo tempo a grande mídia e os programas eleitorais de quem se diz vítima, não tendo reflexo algum na vida diária da população. Sua importância (se é que teve) estava diretamente ligada ao cenário de 2009 quando o sigilo supostamente foi violado, na época, a disputa de José Serra era com seu colega de partido Aécio Neves. Se esticado a violação de sigilo da filha de Serra ganhará aroma de queijo. É um “escândalo” produzido (agora) unicamente pelo desespero.
O 2º – fraude no BANRISUL – não é requentado, mas também não é novo, é um estágio de uma investigação que há tempos vem sendo conduzida pela Polícia Federal no Rio Grande do Sul, seu ponto de partida é a gravação que Paulo Feijó (vice-governador do RS) fez do ex-chefe da Casa Civil, Cézar Busatto. Na gravação Busatto sugere que o BANRISUL é a estatal responsável pela capitalização do PMDB. O banco na época era administrado por Fernando Lemos, supostamente indicado pelo Senador Pedro Simon, ainda que PMDB, PSDB e PP compartilhem sua gestão, seria verdade o que Busatto disse ao vice Feijó?
Diferente do IR da filha de Serra, a fraude no BANRISUL atinge o bolso do contribuinte diretamente, seja pela possível queda das ações do Banco, seja pelo desvio de aproximados 10 milhões de reais. Vale ressaltar que 3,4 milhões já foram recuperados pela Polícia Federal. As fotos foram amplamente divulgadas e três pessoas estão presas, sendo um diretor (marketing) do Banco e dois representantes de agências de publicidade que supostamente superfaturavam os serviços. Diferente do 1º, a fraude no BANRISUL enterra de vez as chances de Yeda Crusius crescer e ameaçar José Fogaça na 2ª colocação, bem em um momento em que a mesma diminuía sua rejeição e crescia nas pesquisas. Estranho não? Que sorte teve Fogaça.
Prossegue em breve.