Mais antiga guerrilha esquerdista em atividade na América Latina, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foram fundadas em 1964, como o braço armado do Partido Comunista Colombiano. No mesmo ano, iniciou sua campanha contra o Estado, com o objetivo de instalar no país um regime marxista-leninista. Em 46 anos, estima-se em mais de 200 mil os mortos do conflito - que envolveu, ao longo do período, outras guerrilhas, grupos paramilitares de extrema direita e milícias a soldo dos poderosos cartéis de narcotráfico colombianos.
Como força política, as Farc mantiveram vínculos com partidos e movimentos de esquerda de várias partes do mundo. Os laços com o Partido dos Trabalhadores, do Brasil, tornaram-se mais claros em 1990, quando o PT lançou o chamado Foro de São Paulo - que reúne grupos esquerdistas de vários países da América Latina e Caribe. Uma carta do então líder das Farc, Pedro Antonio Marín, também conhecido como Manuel Marulanda ou Tirofijo ("Tiro Certeiro", em espanhol), foi lida na abertura do evento.
Durante o apogeu dos cartéis de Cali e Medellín, na Colômbia, as Farc passaram a cobrar "imposto de guerra" sobre as atividades ligadas ao narcotráfico nas áreas que controlavam militarmente. No início dos anos 90, quando se estimava que a guerrilha dominava mais da metade do território colombiano, as Farc chegaram a ter 17 mil combatentes, segundo cálculos do governo de Bogotá. A polícia colombiana tem evidências de que, a partir desse período, a guerrilha passou a, além de cobrar impostos, vender serviços de segurança para as quadrilhas de narcotráfico. Com o desmantelamento dos cartéis, algumas frentes das Farc teriam assumido o controle total no negócio das drogas - o que lhe permitiria autofinanciar-se.
Em 2002, porém, o presidente Álvaro Uribe chegou ao poder com a promessa de debilitar a guerrilha - que passava a se dedicar mais ao tráfico e aos sequestros destinados à cobrança de resgate. Com isso, as Farc passaram a figurar na lista de organizações terroristas da Colômbia e dos EUA. Uribe tem hoje a guerrilha cercada e restrita às suas bases na selva. Seus combatentes, estima-se, não passam de 7 mil. |