Sobre Democratas e Chaninhas...

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  • quarta-feira, 31 de março de 2010
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  • O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE) entrou com uma ação junto ao Ministério Público por conta de uma cartilha produzida pelo Instituto Ayrton Senna e utilizada nas escolas da rede municipal de educação do Rio de Janeiro, questionando o fato dessa publicação conter a frase “Minha chaninha não cheira bem. Cheira a chulé”. No texto, a palavra "chaninha" é usada para se referir a um par de chinelos (segundo o editor, esta é uma expressão de caráter regionalista, muito comum em algumas partes do Brasil...). É de admirar que a valorosa secretária Claúdia Costin - que de tão ciosa com a formação das nossas crianças chegou a proibir um livro de História que contém uma gravura do século XVI, de autoria de Theodor de Bry, por considerá-la inadequada para mentes inocentes – tenha deixado passar uma coisa destas! Até porque qualquer criança carioca swing, sangue bom sabe que uma chaninha com chulé não é coisa das mais agradáveis...

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    Hoje as redações dos grandes jornais estão em festa: afinal comemoram-se os 46 anos da gloriosa revolução redentora e democrática que salvou o Brasil do comunismo ateu e apátrida. Como todos sabem, esse sublime acontecimento contou com o apoio decisivo dos nossos principais veículos de informação – sempre alertas na defesa da liberdade de imprensa e contra as tentativas de penetração de ideologias exóticas e totalitárias em nosso país – que tinham em seu comando grandes democratas como Octávio Frias, Júlio de Mesquita Filho, Roberto Marinho e Carlos Lacerda. E como o preço da liberdade é a eterna vigilância, a chama da luta desses próceres da imprensa pátria continua acesa através da verve de alguns de nossos atuais cronistas como Merval Pereira, Diogo Mainardi, Arnaldo Jabor e Reinaldo Azevedo. Para relembrar aquele memorável 31 de março, reproduzo alguns trechos do brilhante editorial do vespertino carioca “O Globo”, publicado em 02 de abril de 1964:

    Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições(...)
    Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo(...)
    Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal(...)
    Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.

    É ou não é de emocionar? Os geniais Jabor e Mainardi assinariam embaixo, com certeza!
     
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