Tamufu?

Até o Ministério Público Federal está confuso sobre o uso do tal Tamiflu e pede explicações ao Ministério da Saúde. Ao que parece, o uso do tal remédio não é consenso na comunidade médica, o que ajuda a desinformação, algo que a mídia corporativa pouco contribui e faz a festa em seu showrnalismo. Na confusão, um reforço nas dúvidas, talvez um tanto inusitado: a mídia do PSTU entra no coro dos que cobram do governo brasileiro uma melhor solução. São claros: “Governo perde controle sobre a gripe suína”. E entre suas análises, a principal é a falta do medicamento Tamiflu para todos. Talvez precisem de uma análise melhor sobre o tal medicamento. Hoje, no Diário Gauche:


A conexão entre os laboratórios farmacêuticos e a gripe A + Donald Rumsfeld

Sabia que os laboratórios norte americanos foram os que alertaram para a eficácia do Tamiflu (anti-viral para humanos) como remédio preventivo para a gripe A?
Sabia que o Tamiflu apenas alivia alguns sintomas da gripe comum?
Sabia que a sua eficácia perante a gripe comum é questionada por grande parte da comunidade científica?

Sabia que perante um suposto vírus mutante como se pensou ser o H5N1 (gripe aviária) e agora o H1N1 o Tamiflu apenas alivia a enfermidade?
Sabe quem comercializa o Tamiflu? Os laboratórios Roche.
Sabe de quem a Roceh comprou a patente do Tamiflu em 1996? Da Gilead Sciences Inc.
Sabe quem era o presidente da Gilead Sciences Inc. e ainda hoje o seu principal acionista? Donald Rumsfeld, ex-secretário de Estado da Defesa dos EUA.
Sabia que Rumsfeld enquanto fez parte da administração Bush foi quem conduziu (inventou) o processo das armas biológicas e do antrax relacionado com o “11 de setembro” e o pretexto das armas biológicas que “fundamentou” a invasão do Iraque?
Sabia que a base do Tamiflu é uma planta chamada “anis estrelado”?
Sabe quem tratou de adquirir cerca de 90 % da produção mundial desta planta? A farmacêutica Roche.

Sabia qua as vendas de Tamiflu passaram de 254 milhões em 2004, para mais de um bilhão em 2005 quando se declarou a “gripe das aves”?
Calcula quanto milhões mais poderá ganhar a Roche nos próximos meses se este negócio do medo se mantiver?

O resumo do conto do vigário é o seguinte:

Os amigos de Bush decidem que um fármaco como o Tamiflu é a solução para uma pandemia que ainda não se tinha desenvolvido. Ora, este produto não cura nem a gripe comum. Rumsfeld vende a patente do Tamiflu à Roche e esta multinacional paga-lhe uma fortuna quando a enfermidade não era ainda conhecida.

A Roche adquire 90 % da produção mundial de “anis estrelado”, a base do antiviral que recentemente se preparou para ser produzido em massa quando ainda não se falava em “gripe dos porcos” H1N1 (embora houvesse a experiência da gripe das aves H5N1). Os governos de todo o mundo são ameaçados com a pandemia, fazem o jogo das multinacionais e compram quantidades industriais do produto. Os contribuintes acabam pagando o medicamento e Rumsfeld e os seus apaniguados politicos prosperam com o negócio.

Alguém lembra do livro do John Le Carré, O jardineiro fiel, depois transposto para o cinema? Aquela "ficção" (que não era ficção) foi um embrião africano do presente caso mundial da gripe A.

Vídeo-documentário de Julián Alterini.
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A direita e suas armas


Como se fabrica uma farsa jornalística? Basta repetir uma mentira, distorcer uma informação, desde que ela sirva ao propósito de ajudar os interesses políticos de a quem a corporação presta serviço. A Folha fez hoje sua parte ao ajudar o governo Uribe. Destacou no título a versão deste: “Bogotá diz que Caracas calou sobre armas por 2 meses”. Mas, na mesma matéria, é dito que Bogotá se calou sobre o fato por 7 meses! Diz o texto:
Em nota, Bogotá disse, porém, que a apreensão dos três AT-4 em outubro de 2008 só foi tornada pública nos últimos dias devido ao fato de a Venezuela "não ter dado resposta alguma" após informada.

O fato teria sido comunicado pelo “chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, ao homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, na última cúpula da Organização dos Estados Americanos, em Honduras”, em 2 de junho. Mas, segundo a fonte da Folha, de “forma discreta”.

Quer dizer, nada foi registrado, apenas versões. Bastou aparecerem as cobranças da Venezuela contra a vergonhosa capitulação colombiana frente aos EUA, com o novo acordo político militar, para uma revista colombiana, já conhecida por ajudar Uribe, publicar uma matéria acusando a Venezuela de ter armado as Farc com os lança-foguetes.

E seguem nossos jornalões e seus colunistas na tentativa de ajudar aos planos colombianos. Hoje, o fundamentalista da Veja e a Miriam Leitão já apontaram seus AT-4 para o Celso Amorim, que corretamente pediu transparência a Colômbia sobre seus planos. Reclamam à direita que é postura pró-Chávez e antiamericana.

Baboseira grossa. A mídia, se tivesse um grama de imparcialidade, deveria já ter entrado no assunto Colômbia remexendo a estranha aliança entre o maior produtor de cocaína do planeta e seu maior consumidor. Nem precisariam mandar muitos repórteres ao local. Nem precisariam ler os inúmeros livros que desnudam o esquema de drogas no mundo, seus interesses, ou as infindáveis publicações alternativas sobre o assunto. Poderiam começar pela tradicional Newsweek, que aponta Álvaro Uribe entre uma das 100 personalidades ligadas ao narcotráfico.
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Políticas Públicas - Um jeito diferente de governar

J. Nascimento, 28/07/2009

Publicado originalmente na seção de comentários da Coluna de Paulo Moreira Leite, da Revista Época, e reproduzido aqui no blog.
O presidente Lula criou um jeito progressivo de governar. Ele governa, podemos dizer, adotando políticas de Estado, ou seja, dando prosseguimento aos bons projetos (implementados ou não ) dos governos anteriores, anexando-os aos seus novos planos de governo. Mantém, também, um bom relacionamento com os representantes dos estados, tratando-os de modo igualitário, independente de coloração partidária. Antes do Lula, não era assim que se governava.
Nas gestões anteriores governava-se adotando a política da “terra arrasada”. Quando um grupo político perdia a eleição, usava o tempo restante do seu governo para inviabilizar ou, no mínimo, dificultar um possível sucesso dos novos governantes. Estes, com o objetivo de prejudicar politicamente os perdedores, destruíam, abandonavam ou desqualificavam tudo que os mesmos haviam feitos de positivos em suas gestões para, no novo governo, começar tudo do zero. Eram grupos políticos se autodestruindo.
E quem perdia com isso era sempre o Brasil, visto que os bons projetos ou paravam ou acabavam sempre que terminava um governo e iniciava outro. Lula mudou isso. E a oposição estranhou.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a inovar ao construir, juntamente com e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) uma transição de governo pacífica. Este procedimento não era normal em se tratando de políticas brasileiras e entre protagonistas de partidos adversários.
Ao iniciar o seu governo, Lula solicitou aos seus auxiliares que lhe apresentassem uma relação de todos os projetos viáveis do então governo FHC. Esses projetos – plano real, responsabilidade fiscal, câmbio flexível, e alguns outros – foram incluídos no grande projeto de governo do atual presidente. Essa decisão acertada contribuiu, também, para o sucesso deste governo.
Os opositores acharam estranha tal decisão e, até hoje, reclamam que o presidente Lula tomou-lhes seus principais projetos de governo. Eles não perceberam, ainda, que um país só se desenvolve satisfatoriamente quando se adotam políticas de Estado. Ou seja, quando os bons projetos criados em um governo têm prosseguimentos nos governos seguintes.
O plano real foi um projeto de governo que se tornou política de Estado. O mesmo teve inicio no governo Itamar Franco, desenvolveu-se no governo Fernando Henrique Cardoso e foi consolidado no governo Lula.
O PAC – Plano de Aceleração do Crescimento, tendo-se em vista sua importância e abrangência, tornou-se, também, política de Estado. Muitas de suas obras serão concluídas nos próximos governos.
Como o PAC seria tratado em um futuro governo tucano? Dariam, a exemplo do Lula, prosseguimento às obras desse importante projeto? Ou as mesmas seriam abandonadas, retomando-se as velhas práticas de governar? São perguntas que estarão nos palanques em 2010.
O relacionamento entre o governo federal e os governos estaduais está, também, dentro desse novo jeito de governar. Todos os governadores de estados são tratados de modo igualitário, sem discriminação. Isto, também, não ocorria nos governos anteriores ao do presidente Lula. É assim que o presidente Lula está governando o Brasil.
E é assim que os futuros presidentes deverão governá-lo. Agindo assim, o nosso país só tem a ganhar, e os políticos também. Vejam o índice de aceitação popular do nosso atual presidente – isto é reflexo do seu jeito de governar com todos e para todos.

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O PIG é internacional


A Sociedade Interamericana de Imprensa afirma ser uma organização sem fins lucrativos que se dedica a defender a liberdade de expressão e de imprensa em todas as Américas. Mas em seu site há uma boa amostra do que efetivamente pensa sobre liberdade. Leiam trechos do relatório sobre a situação da imprensa em Honduras, resultado da reunião da entidade em Assunção, no Paraguai, em março de 2009:

O clima de liberdade de expressão e da imprensa em Honduras durante os últimos seis meses continua obscurecido por uma nuvem que obstrui o trabalho jornalístico.
(...)
O governo cria um ambiente hostil contra os meios de comunicação, jornalistas e diretores, em muitos casos orquestrados pelo próprio presidente da República, Manuel Zelaya.
(...)
O uso de intimidação, ameaças, ofensas públicas, manipulação da publicidade oficial e advertências de que recorrerão aos tribunais de justiça para os crimes de difamação e calúnia tornou-se uma constante no país.
(...)
O presidente ameaça, acusa, insulta e ataca os meios de comunicação do país por não cobrirem os atos do governo à sua maneira, os acusa de serem porta-vozes de grupos econômicos do país, de orquestrar campanhas políticas da oposição e de serem responsáveis pela violência e pobreza do país.
(...)
Em 21 de outubro o presidente Zelaya disse em cadeia nacional que os meios hondurenhos ainda que informassem e mostrassem ao mundo os danos ocasionados pelas chuvas, não informavam sobre as medidas do seu governo nem as coisas boas que seus funcionários fazem
(...)
Em 15 de novembro, o presidente Zelaya voltou a insultar a imprensa nacional ao ter uma leve altercação com Elmer Iván Zambrano, jornalista da Radio América, ao qual menosprezou ao não querer responder as suas perguntas em um evento em El Salvador.
(...)
Em 4 de dezembro, o Colegio de Periodistas de Honduras (CPH) repudiou as pretensões do governo de criar um observatório nacional sobre os meios de comunicação, aspecto que a SIP criticou.
(...)
Em 21 de fevereiro, o presidente Zelaya reiterou que o El Heraldo e La Prensa são responsáveis pela onda de crimes no país.

Para a SIP, em março, o grande problema da imprensa em Honduras era o seu presidente, que teimava em acusar “injustamente” parte da mídia como parcial, porta-voz de grupos econômicos, de orquestrar campanhas políticas da oposição e de ser responsável pela manutenção da violência e da pobreza no país. Para a SIP, o presidente expressar tal pensamento era crime de calúnia e difamação e atentava contra a... liberdade de expressão! Observem também que em 4 de dezembro o Colégio de Periodistas hondurenhos, com o apoio da SIP, repudiou as pretensões do governo de criar um “observatório nacional sobre os meios de comunicação”. Que coincidência. No Brasil, a mesma SIP estava ao lado do oligopólio midiático brasileiro contra a criação do “Conselho de Jornalismo”. Parece tudo o mesmo circo, de horrores.

Março passou. Em junho, militares comandados pelas oligarquias econômicas de Honduras, depuseram o presidente eleito, Manuel Zelaya, e impuseram severas restrições à mídia não alinhada a seu pensamento. Alguns fatos são bem conhecidos:

• Gabriel Fino Noriega, jornalista da Rádio Estelar, é assassinado no dia 3 de julho por forças paramilitares.

• O Canal 36, a Radio TV Maya e a Radio Globo foram ocupados por militares, seus jornalistas ameaçados de morte e suas transmissões interrompidas.

• A Radio Juticalpa de Olancho foi invadida e sua cabine da transmissão foi metralhada.

• A Rádio Progresso foi invadida, suas transmissões interrompidas, jornalistas foram ameaçados de morte e seu diretor, o padre jesuíta Ismael Moreno, foi detido.

• Vários outros jornalistas hondurenhos e da Telesur, foram agredidos e ameaçados na cobertura dos eventos.

• A internet foi controlada e a rede telefônica passou a ser monitorada.


Como a SIP trata os novos fatos sobre Honduras em sua página na internet? Com um profundo silêncio. A principal manchete fala de crime contra jornalista acontecido em 1991, no México. Nada sobre Honduras. Ao que parece, na ótica da SIP, os “entraves” à liberdade de imprensa em Honduras foram resolvidos.
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A culpa é do Chávez!


Completando um mês de golpe em Honduras, a direita e seus porta-vozes na mídia saem do armário, perdendo seus poucos pudores ainda existentes para desfraldar bandeiras pró quartelada. O secretário de redação da sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo, Igor Gielow, é explícito nas simpatias em editorial nesta segunda-feira. Diz ele:

A unanimidade em torno da legitimidade de Zelaya parece não incluir a maioria da sociedade de Honduras.


Como assim? Se os golpistas têm e tinham amplo respaldo da sociedade, porque temer uma consulta sobre a possibilidade de se convocar uma constituinte? Afinal, contam com os principais veículos da mídia hondurenha, que tiveram papel fundamental na preparação da quartelada.

Os "golpistas", como são chamados os que estão no poder em tese até a realização de novas eleições, têm respaldo da Justiça e do Legislativo - que seguem abertos.


Em suma: seqüestram o presidente eleito, botam o exército e a polícia contra o povo, calam a mídia que não apóia o golpe e fazem uma eleição que isso será chamado de democracia. Conta outra.

Até aqui, aqueles que querem a volta do presidente deposto não foram jogados ao "paredón".


Não? Mataram vários manifestantes, jogaram bomba em sindicato, perseguem a população em casa, precisam até de um estádio de futebol para as detenções em massa, lembrando o pior de Pinochet e essa violência é “do bem”?

Todos esses são sinais de que o mundo comprou como uma quartelada bananeira um processo muito mais complexo e, no limite, amparado na Constituição.


Na Constituição? A hondurenha que diz no artigo 82 que o direito a defesa é inviolável? Que no artigo 3 diz que não se deve obediência a um governo usurpador que faça uso de armas? Que no artigo 2 diz que a supressão da soberania popular é crime de traição à pátria? Que no artigo 45 diz que é punível todo ato que proíba ou impeça a participação do cidadão na vida política do país?

Mas não é isso que se quer discutir aqui. O problema é Hugo Chávez. Ele preside sobre um modelo renovado de caudilhismo que contaminou meia América Latina. Só que seu "bolivarianismo" só pegou em casa devido à bonança petrolífera. Fora, vingou em Estados falidos como Bolívia e Equador, sempre usando a carta fácil do "povo no poder" contra elites corruptas.


Ah, agora ficou mais claro. Hugo Chávez é o problema. Se defendesse as “elites no poder”, como sempre foi a norma imposta pelas oligarquias atrasadas da América Latina e seus governos, satélites dos interesses americanos, Chávez seria “o cara” para a Folha e nossos filhotes de Gengis Khan.

Pronto, não precisa dizer mais nada.
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Entendendo porque Serra teme Ciro em SP

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Sobre Liberman e Ahmadinejad: alguns breves comentários a partir de um texto de Sérgio Besserman.

Avigdor Liberman durante encontro com o Governador José Serra

No dia 22/07, o economista Sérgio Besserman Vianna publicou em seu blog, no site de “O Globo”, o post que reproduzo abaixo (mantendo os erros de digitação/português do original):

Cadê os outros ?

O secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, chamou o chanceler de Israel, Avigdor Liberman, de racista. Querem saber? Eu tambem acho que o Liberman é racista e acho, além do mais, que a declaração do PT é oportuna. Politica externa é assunto importante da cidadania...
Contudo, há um problema...e ele é grande, enorme mesmo...
Se o PT considera oportuno, como eu considero, criticar o Liberman e , por tabela, o perigoso governo do radical Netanyahu, fica na forte obrigação ética de pronunciar-se com a mesma ênfase sobre o racista, facista, homofóbico, opressor de mulheres, perigoso radical e fundamentalista religioso ignorante presidente do Irã Ahminejad quando de sua visita ao Brasil.
Para não falar do matador de cristãos , genocida, pária e condenado internacionalmente presidente do Sudão Omar Al Bashir, que tambem é , junto com o Ahminejad , queridinho seleto do governo brasileiro.
Fico ao aguardo, na esperança de assistir essa demonstração de independencia do PT em relação ao governo, de uma fortíssima condenação pública desses dois personagens do mal ( como tambem são, na minha opinião, o Netanyahu e o Liberman ) .
Não faze-lo será pusilaneme e, pior, racista !

Após a leitura deste texto - que me foi enviado, via e-mail, por um colega -, decidi postar aqui alguns breves comentários a respeito das questões por ele levantadas:

1- Em primeiro lugar, conscientemente ou não, Besserman cai em um discurso recorrente entre boa parte dos judeus progressistas: embora critiquem a direita israelense, eles não deixam de compará-la a líderes muçulmanos, como se estivessem justificando, assim, os inúmeros crimes contra a humanidade cometidos pelo Estado de Israel. Na verdade, o que tal discurso oculta é a crença inconfessável - pelo menos para esses setores - de que Israel é, na verdade, uma “ilha de civilização” em meio a “barbárie muçulmana”. Logo, o limite da "visão progressista" desses judeus é a sua impossibilidade de criticar o Estado israelense, preferindo então personalizar as críticas a partidos e líderes da direita judaica. O problema é que a História mostra que as violações dos direitos humanos cometidas por Israel ocorreram – e ocorrem – independentemente de quem esteja no governo, seja a centro-esquerda trabalhista, o Khadima ou o Likud;

2- Em segundo lugar, o bravo economista tucano procura estabelecer em seu texto – agora sim de forma consciente e deliberada - uma conexão direta entre a posição do Partido dos Trabalhadores e a posição do governo brasileiro em relação a Liberman. Ora, na sopa de letrinhas que é o quadro partidário brasileiro, é extremamente louvável que um partido político assuma, mesmo que minimamente, algumas posturas de ordem ideológica, concordemos ou não com elas. Agora, associar a posição do PT à do governo brasileiro é ignorância ou má-fé, visto que embora sendo o Partido dos Trabalhadores a força política majoritária na ampla coligação – ampla até demais, para o meu gosto – que hoje governa o Brasil, qualquer observador minimamente isento da política externa brasileira consegue notar que a mesma tem se guiado muito mais pela lógica pragmática de defesa dos interesses nacionais, do que pela lógica das opções partidárias. Neste sentido, o governo brasileiro, come il faut, mantém relações com Israel, com o Irã, com a China, com os EUA, com o Azerbaijão e com inúmeros outros Estados soberanos espalhados pelo mundo;

3- Outra questão a ser ressaltada é o fato de que a mídia brasileira tão combativa ao denunciar as violações dos direitos humanos no Irã de Ahmadinejad e ao criticar a intenção do governo brasileiro em recebê-lo, por ocasião do que seria a sua – posteriormente cancelada – visita ao Brasil, manteve um estranho silêncio em relação ao curriculum (ou melhor, folha corrida) de Liberman, preferindo, ao invés disto, dar destaque ao seu encontro com o presidenciável tucano José Serra, como fez “O Globo”;

4- E, last but not least, não dá para deixar de ressaltar que a expressão “Direitos Humanos” tem sido – juntamente com a palavra “ética” – uma das mais prostituídas do idioma pátrio nos últimos anos, sendo usada de acordo com a conveniência de quem a pronuncia. Como será que aqueles que hoje criticam o que chamam de “excessivo pragmatismo” da Política Externa do Governo Lula reagiriam, caso o Brasil, em nome da defesa dos direitos humanos, decidisse romper relações com Israel ou - afinal, a prisão de Guantânamo continua no mesmo lugar - com os EUA?

Na verdade, todo este papo é só mais um bom exemplo daquilo que os nossos avós chamavam de conversa para boi dormir...
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Dilemas do realismo político



Observadores isentos e cidadãos comuns terão certamente dificuldade para entender a passividade com que os políticos brasileiros estão a enfrentar a situação de desgaste que vem corroendo o Senado Federal desde ao menos o final do mês passado.

Como entender que aquele que é considerado o fecho de ouro do sistema político brasileiro possa ser mantido em banho-maria, sangrando a céu aberto, largado à própria sorte? Terá o Senado ficado sem aura e relevância, a ponto das turbulências que ocorrem em seu interior sequer alterarem a rotina política e governamental? E onde andará a “auto-estima” dos senadores, que não parecem se importar com a perda de prestígio da instituição?

A crise do Senado é visível, mas ela não se limita a ele. Podemos qualificar com rigor sua amplitude, até para não abusar da palavra “crise”. Não estamos diante de uma situação terminal, nem muito menos na ante-sala de uma bancarrota política. Também não estamos na presença de uma “crise orgânica”, do Estado em seu conjunto, ou de uma “crise de hegemonia”, a partir da qual tudo estaria fora de eixo.

Mas procede falar em crise porque as instituições não estão respondendo ao que delas espera a sociedade e começam a se converter numa caricatura de si mesmas. Não se trata de um problema do senador Sarney, deste ou daquele partido, ou mesmo do Poder Legislativo. O Judiciário persegue há tempos a sua reforma. Sequer a Presidência da República funciona a contento, em que pesem a popularidade do presidente e os acertos de seu governo.

Se quisermos escapar do peso negativo da palavra “crise”, podemos dizer que existe hoje, no país, um grave mal-estar político e institucional.

Isso ocorre não somente porque o presidente do Senado entalou numa esparrela que a cada dia fica mais sufocante e lhe dilapida o patrimônio político acumulado ao longo de décadas de atuação. É difícil acreditar que um político experiente e sagaz como o senador Sarney não tenha se dado conta do ambiente que se propôs a presidir e não consiga achar uma saída que o salve de uma despedida melancólica da vida pública. Afinal, ele se empenhou para ser eleito, teve de brigar para isso, não foi um nome consensual. É impossível que não perceba que o terreno para manobras e protelações se encurtou dramaticamente nos últimos dias. A diluição da autoridade moral da presidência da casa alastra-se por todo o Senado, com direito a respingar nas demais instituições políticas, do Legislativo ao Executivo.

A crise, que à primeira vista parece represada e assim é tratada, revela-se então de corpo inteiro, impregnando e maculando a estrutura institucional e os quadros políticos.

Não fosse assim, o sistema já teria reagido. Não estaria a assistir passivamente ao seu enfraquecimento. O cenário é preocupante: se o sistema político não reage não será porque o país dele não necessita e nele não se reconhece? Ou seja, para que as coisas continuem como estão, nessa malemolência irritante e normalizada, não é preciso que as instituições funcionem bem. Não cairemos no precipício, mas também não iremos para frente. Daqui a pouco aparecerá alguém propondo acabar com elas.

O Senado responde por uma função importante na engenharia institucional brasileira. A ele é atribuído o papel de amortecer eventuais falhas ou "arroubos" da Câmara, equilibrar a representação e engrandecer a República. Não tem feito nem uma coisa nem outra. E se não funciona, ou funciona mal, a institucionalidade fica capenga e tem suas deficiências, que não são poucas, agravadas. Falhando a institucionalidade, vêm à tona a mediocridade e o vazio. Só não fica pior porque é também nesses momentos que aumentam as chances de que os melhores quadros assumam suas responsabilidades.

Por tudo isso, há uma interrogação pendurada sobre a cabeça do Poder Executivo e do principal partido de sustentação política do presidente, o PT. Por que blindar a presidência do Senado e banalizar a crise? Para manter a aliança com o PMDB e evitar que as oposições se apossem do comando do Senado. É a resposta mais fácil, fiel ao "realismo político" que se tem tentado imprimir às ações da Presidência. Mas tal resposta prolonga o sofrimento do Senado e injeta turbulência na vida política nacional. Não pacifica, não melhora a situação, não soluciona nenhum dos problemas políticos do país.

O realismo é precioso em política. Nesse universo, nem tudo o que brilha é ouro e nem sempre as coisas certas são feitas pelas melhores pessoas ou o mal deriva do mal. Max Weber falou isso no famoso ensaio sobre a política como vocação. E todo mundo sabe que nos ambientes políticos as evidências não correspondem necessariamente aos fatos. Que há desejo de oposição por trás da carga contra Sarney é óbvio. Que as oposições acabarão por se beneficiar com um seu eventual afastamento é igualmente esperado, dado o pacto de sangue que a Presidência selou com o senador e seu partido. Mas um pouco de oposição é tudo o que um governo democrático necessita, até para não se acomodar ou não achar que manda na sociedade toda. As oposições querem usar a crise do Senado para crescer eleitoralmente e melhorar sua performance em 2010? Que o façam, qual o problema? O que não dá para aceitar é que o governo acredite que sairá incólume com a blindagem do Senado.

Nenhum realismo pode se chocar demais com as tradições que dão caráter aos partidos e aos políticos, sob pena de destroçá-la. Nossa época não é muito favorável a identidades doutrinárias, lealdades ou fidelidades. Os partidos e os políticos que se querem coerentes, porém, precisam lutar contra isso. No mínimo para manter atados os fios que os ligam à sua própria história e com isso dar mais vigor ético à política.

Nenhum realismo, além do mais, pode ir contra as expectativas da opinião pública democrática, o bom-senso ou a voz das ruas. Não deve obedecer servilmente a essas coisas, claro, mas não tem como ignorá-las, sob pena de deixar de ser realismo. É uma questão de sintonia. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 25/07/2009, p. A2].

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O império garante o seu pó


Notícia lida no Monitor Mercantil:

EUA instalarão novo "big brother" na Colômbia

Após expulsão da base de Manta no Equador, Obama se acerta com Uribe

Havana - Estão sendo concluídas as negociações para a formalização de um novo acordo para uma "estreita colaboração militar" entre o novo governo norte-americano de Barack Obama e o governo reacionário da Colômbia de Alvaro Uribe.
Um acordo que deverá desferir um gigantesco e doloroso golpe contra a autonomia da Colômbia. O objetivo estratégico do acordo é transformar o país inteiro em um centro de operações das Forças Armadas norte-americanas, no âmbito do "combate às drogas e ao terrorismo", mas que tem como alvo o movimento popular do país contra Uribe, a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), assim como todos os movimentos populares em toda a região do Altiplano Andino.

Embora os detalhes deste "acordo" ainda não foram divulgados, sabe-se que ele garante às Forças Armadas dos EUA o acesso e uso de todas as bases terrestres, aéreas e navais colombianas, incluindo as "sensíveis" bases de Malabo (no norte) e Polanquero e Apiaí (ambas no centro do país).

Na verdade, o acordo e suas promíscuas condições significam o monitoramento de toda a região sul da América Latina (grampo de toda espécie de comunicações e sua coordenação com os satélites espiões), "em nome da proteção dos interesses dos EUA".
Trata-se de uma evolução esperada, pois a expulsão das Forças Armadas norte-americanas e o fechamento da base militar dos EUA de Manta, no Equador, provocou uma série de nervosas negociações com os únicos países do Altiplano Andino que aceitariam demonstrar hospitalidade às Forças Armadas dos EUA - isto é, a Colômbia e o Peru -, obviamente mediante uma generosa "compensação".

Ao que tudo indica, as negociações com o governo do Peru fracassaram por causa do "aluguel caro" exigido por Alan Garcia, mas foram coroadas de êxito com o governo reacionário de Alvaro Uribe.

Cuidado com o que vocês falam!

Certamente a mídia mundial, porta-voz do conservadorismo e dos interesses imperiais americanos, achará normal o acordo, apenas uma tentativa de “equilíbrio” na região, infestada de “esquerdistas narcotraficantes”, certo? Grossa mentira.

O narcotráfico na Colômbia foi criado, organizado e planejado industrialmente por americanos. O Plano Colômbia, criado com estardalhaço, apenas aumentou a produção de drogas. A plantação da coca e seu refino é um amplo agronegócio. Impossível existir sem ser visto por satélites. Os governos colombiano e americano sabem muito bem onde fica. E alguém perguntará como fica o DEA, a organização governamental americana que tem como objetivo o combate ao narcotráfico. Sugiro que leiam uma entrevista de Michel Levine, ex-agente do DEA, que já escreveu sobre suas atividades em revelador livro: “A grande mentira branca”.

O acordo tem objetivos claros. Permitir aos EUA terem uma enorme base para apoio logístico às novas empreitadas na América Latina. Honduras, não por acaso, já sente a nova estratégia do grande império.
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A esquizofrenia do jornal O Globo

Nunca consegui ler o Globo sem alguns engulhos, tamanhas as campanhas embutidas, os erros grosseiros, o mau gosto editorial, a falta de contato com a realidade e um mínimo de algo que possa ser chamado de jornalismo. Mas, quando agora o jornal apenas tem como pauta a derrubada do Sarney e da Petrobras, não consigo nem ler a primeira página, ou principalmente ela. Fiquei sabendo por terceiros sobre destacada manchete que denunciava a Petrobras por alimentar uma empresa fantasma. Pois, a empresa responde, demonstra que nada tem de fantasma e revela outras empresas com quem tem negócios, entre elas a TV Globo.

Não acredito que o jornal que tenha herdado tantos jornalistas do quase finado Jornal do Brasil, que domina o mercado no Rio de Janeiro há muito, não consiga apurar corretamente suas matérias a ponto de deixar rabos como esse. Provavelmente será exemplo para entrar na história do jornalismo brasileiro, motivo de muitas chacotas em sala de aula de futuros estudantes de jornalismo.
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Os maus tempos estão de volta

24 Outubro 2007

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DEM quer, e precisa, voltar a ser governo

Maria Inês Nassif, do Valor Econômico
Ser oposição foi um desastre para o DEM, ex-PFL. O partido encolheu eleitoralmente nos sete anos que esteve fora do poder e tem assistido a uma gradativa e persistente redução da sua influência regional. O DEM não tem hoje a hegemonia sobre o eleitorado das regiões mais pobres do país. Foi desbancado pela influência direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do seu programa de transferência de renda, o Bolsa Família, junto ao eleitorado de menor renda. Nas últimas eleições municipais, conseguiu fincar uma bandeira em solo paulista, onde não tinha expressão até então, devido a uma sólida aliança com o PSDB do governador José Serra (PSDB). Este, todavia, é um ganho que não compensa a perda de votos e prestígio que sofreu principalmente no Nordeste, e nem é uma consagração definitiva de um eleitorado identificado com o partido em São Paulo. O prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), jamais seria prefeito se, como vice, não tivesse assumido o cargo quando Serra se elegeu governador. Kassab tem aproveitado a "carona" na popularidade tucana na capital e cultivado os seus próprios eleitores - foi reeleito em 2008, afinal - mas ainda assim cresce como linha auxiliar do PSDB.

Sair da oposição tornou-se um imperativo de sobrevivência: o DEM precisa voltar a ser partido da situação, segundo avaliação interna. O PFL trocou seu nome para DEM, mas não conseguiu mudar a realidade: pela sua natureza, seu desempenho eleitoral e sua influência política dependem fundamentalmente da relação com o governo federal. Eram os seus líderes regionais, principalmente nos Estados mais pobres, que o alimentavam de governadores e bancadas na Câmara e no Senado, quando o partido estava no poder (e esteve sempre antes de Lula), e essas lideranças não sobrevivem sem apoio oficial. O DEM é um PMDB - que também encolhe quando se afasta do poder - na sua versão ideológica.

O ex-PFL apenas conseguiu manter a sua influência regional enquanto exerceu o papel de mediador de verbas e favores do governo federal para os chefes locais. E não conseguiu contrariar a sua história mesmo vestindo outro nome e guindando aos principais postos do partido a "nova geração" - os novos líderes, afinal, são herdeiros diretos dos antigos chefes pefelistas nos Estados (filhos, netos, sobrinhos etc). A lógica de poder dentro do partido não mudou: os que chegam tentam retomar os espaços perdidos por seus parentes na política regional.

O partido perdeu muito nesses dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2002, quando o candidato petista venceu o tucano Geraldo Alckmin, o então PFL já sentiu um baque na sua representação. Nas eleições de 1998, em coligação com o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, conseguiu eleger a maior bancada na Câmara: 105 deputados. Quatro anos depois, a aliança PSDB-PFL foi derrotada depois de governar por dois mandatos consecutivos. O PFL, que foi para as eleições como partido no poder e saiu como oposição, pagou o primeiro preço: perdeu o status de maior bancada da Câmara, ao eleger 84 deputados federais, para o PT, que conseguiu 91. E pagou outro preço em seguida: a força de atração do governo sobre os eleitos do DEM produziu baixas até o dia da posse, em fevereiro de 2003: assumiram apenas 75 pefelistas. Os demais foram para outros partidos da base governista.

Nas eleições de 2006, quando completava três anos na oposição ao governo federal, o então PFL elegeu apenas 65 deputados e perdeu três deles para a base aliada. Foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar uma debandada. Tornou-se a quarta bancada na Câmara. É ainda a segunda força no Senado porque as eleições passadas renovaram apenas um terço da Casa. Se não reverter a tendência ao encolhimento, no entanto, o partido pode ser fatalmente abalado nessas eleições, quando serão renovados dois terços do Senado. A retração do DEM também atingiu o número de governadores: elegeu apenas um nas eleições passadas, José Roberto Arruda, do Distrito Federal. Se sofrer novo grande impacto na sua representação, nas eleições de 2010 corre o risco de tornar-se um "nanico".

A ordem agora é sair da oposição, afirma uma fonte do partido. A debacle do partido vinculou seu destino mais ainda ao do PSDB, com quem, aliás, disputa votos conservadores em algumas regiões. Como voltar a ser governo é uma questão de sobrevivência, o DEM apoiará qualquer candidato que os tucanos escolham, sem nenhuma exigência prévia, exceto a de vencer.

O partido não disputa a vice-presidência. Nas avaliações internas do ex-PFL, considera-se que o lugar tem que ser reservado para composições futuras - dos dois candidatos do PSDB à Presidência ou com o PMDB. Avalia-se que uma chapa "puro sangue", com José Serra e o governador de Minas, Aécio Neves, tem chances maiores de vitória contra a candidata de Lula, Dilma Rousseff, porque pode evitar ou neutralizar o apoio do PMDB ao PT. Aécio, pela sua proximidade com a legenda, poderia ser o pretexto definitivo para o PMDB rachar em dois, como tem feito em todas as eleições presidenciais, e não dar o apoio oficial pretendido pelo PT, segundo essa análise. Sem coligação formal, Dilma não se beneficiaria do tempo de propaganda eleitoral gratuita do partido, que é maior do que todos os outros, e poderia desequilibrar a disputa a seu favor. A tática número um seria evitar que o PT consiga esse tempo de televisão. A outra seria capitalizar os votos de Aécio Neves em Minas e somá-los à influência de Serra no Sul e no Sudeste. Pelas contas de um dirigente, Minas compensaria os votos que o DEM perdeu, e Lula tem, no Norte e no Nordeste. No Sul, o único Estado que poderia desequilibrar em favor do PT tem chances de reverter essa tendência: no Paraná, o governador Roberto Requião (PMDB-PR) negocia sair da aliança governista e compor com o PSDB e o DEM no Estado para garantir a sua eleição ao Senado.

Por enquanto, a única coisa que os demistas podem fazer no momento é torcer. E acenar com apoio incondicional a qualquer candidato tucano, em qualquer circunstância. Agora, como nunca, o destino do ex-PFL está nas mãos do PSDB.

Maria Inês Nassif é editora de Opinião. Escreve às quintas-feiras
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É racista e fascista, sim!


Na quase visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, nossa mídia só faltou convocar seus leitores a irem às ruas protestar contra sua presença. Manifestações aconteceram, com amplo destaque na mídia. Editoriais e colunistas amestrados não economizaram palavras contra o “representante do atraso”, que não respeita os direitos humanos, que defende a destruição do Estado de Israel etc.

Agora, no Brasil, temos a visita do ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Liberman, que tem tanto respeito aos direitos humanos como tinha Gengis Kahn, e nossa mídia não tem um único editorialzinho para lembrar de quem se trata. Nenhuma indignação, apenas seu jeito de fofocar e fazer intriga contra o governo, criticando declarações do secretário de assuntos internacionais do PT, Valter Pomar, que o chamou de racista e fascista. Exagerou? Nem um pouco. Vejamos um pouco de sua biografia, reproduzida do jornal Água Verde, de Londrina, por Altamiro Borges:

• Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;

• Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;

• Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Liberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.

• Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Liberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;

• Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;

• Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”

• Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;

• Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;

• Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.


Como se vê, é alguém a quem Joseph Goebbels bateria continência com respeito. Segue pelo país, em paz, em carro protegido e pilotado pela temida Shabak, a CIA de Israel, e nossa mídia olha para o outro lado, fazendo sua grande especialidade, o mexerico. De direita e racista, é claro.
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Recicláveis


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De volta ao Rio, mas com ecos de Fortaleza...


Depois de uma semana sob o sol de Fortaleza, entremeada por alguns improváveis – nesta época do ano – dias de chuva, volto ao Rio e encontro a cidade sob uma fina garoa e um friozinho típico de julho. Ao passar pelos velhos Arcos, veio-me aquela sutil e agradável sensação de pertencimento, de identidade: é bom estar em casa. Do Simpósio Nacional de História, guardo inúmeras coisas boas. Dentre elas, a descoberta dos novos poetas cearenses, que conheci através de uma coletânea distribuída a alguns dos participantes do evento. É uma bem cuidada edição bilíngüe (Português/Espanhol) que traça um painel bastante representativo da atual cena literária daquele estado. Reproduzo abaixo um destes poemas.

Arquivo

Eli Castro

falando em horas
aproveitando este incêndio
de faíscas
que ecoam de tua voz (garganta brônzea de sino)
também aproveito para expor
o clarão guardado
de certas imagens retorcidas –
cascas outonais,
se assim preferes.

tarefa difícil
foi reaprender
o caminho de volta,
fazer a própria comida
ocultar belezas simples como
eu puxando um isqueiro e
acendendo o teu cigarro no meio de uma noite.

cuidei destas imagens, dos teus pequenos escritos,

escoltei tua sombra
e tudo fiz esquecer

frente a teu silêncio de paciência vencida.

In: Meio-dia: alguna poesía de Fortaleza. Fortaleza/Buenos Aires, Gráfica LCR/Ediciones Vox, 2009.
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Gre-Nal Centenário

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A grande drogaria americana


Hoje no Globo:


E segue matéria chupada do El País, cúmplice na mesma armação:

Um informe do Congresso dos EUA adverte para uma forte penetração do narcotráfico na Venezuela(...) Segundo o relatório parlamentar, houve um aumento de exportação de drogas, que teria quadruplicado, e de cumplicidade no negócio entre altos funcionários civis e militares do governo, que colaborariam e protegeriam a guerrilha e as organizações criminosas colombianas.

A receita é simples: basta já ter preparado seu leitorado para algumas repetidas mentiras, como a de que a guerrilha colombiana é ligada ao narcotráfico, e o governo venezuelano é o mal na terra, repleto de péssimas intenções. Não será na grande mídia que você irá aprofundar uma análise sobre o tema, já que ela esquece até o que já foi publicado. Nunca abrirá a cortina para dizer:

1) A guerrilha colombiana combate as oligarquias e seu governo ligado ao narcotráfico. Elas estão do outro lado. Uribe representa bem o setor, que movimenta a economia colombiana. Foi eleito com ajuda de narcotraficantes, segundo até o Estadão.

2) Os EUA dominam a política e a economia colombiana. Economia, entenda, a produção de cocaína. Sim, os EUA são os principais responsáveis pela produção e o tráfico de cocaína pelo mundo. Não sou eu quem diz. É fato já ligado à história americana, está em inconteste verbete da Wikipedia, repleto de referências. O Plano Colômbia foi fachada para a eliminação de pequenos e médios produtores concorrentes e combate às Farc.

3) Os EUA dominam a cocaína e também a heroína pelo mundo há muito. Depois da invasão, o Afeganistão é hoje o maior produtor de ópio do planeta. E o vizinho Paquistão, uma espécie de quintal americano, é o grande distribuidor planetário da heroína, produzida pela papoula.

4) Ah, a maconha eles não gostam, para eles isso é coisa de pobre. Ela é produzida no mundo por pequenos produtores. Cocaína e heroína é o grande negócio, peças de um grande jogo, financiam inclusive suas guerras. Nada novo, os ingleses já haviam mostrado o caminho há muito tempo.

5) A notícia é totalmente desqualificada. Surgiu por iniciativa de parlamentares republicanos, certamente com os olhos voltados para a armação contra a Venezuela e todas as conquistas da esquerda na AL. Querem mudar o jogo. Armar um novo circo. Para inclusive vender melhor suas drogas.

Imagem: Dalton/AP Photo em Rolling Stone

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Ps: O blogueiro some, mas reaparece. É que proleta tem uma cota alta de mais-valia para distribuir às nossas elites. Vez ou outra ele cansa e vai dar uns mergulhos em praias distantes.
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O Criador e a Criatura, algo deu errado!

Direto de um evento em Manaus, Míriam Leitão, colunista e comentarista de O Globo/Rede Globo, disse que nunca é tarde para aprender:

"Sem o respeito ao meio-ambiente, não heverá o agronegócio."

Há séculos, as antas já sabiam disso!

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Sobre o mar.

Claude Monet, "La promenade sur la falaise", 1882.

Olhando o mar de Fortaleza daqui da janela deste quarto de hotel, na Praia de Iracema, vieram-me à cabeça a imagem de um quadro do Monet e os versos de um pequeno e belo poema da Fiama Hasse Pais Brandão. Sei não, acho que estou ficando embebedado pelo Atlântico...

Nunca o mar foi tão ávido
quanto a minha boca. Era eu
quem o bebia. Quando o mar
no horizonte desaparecia e a areia férvida
não tinha fim sob as passadas,
e o caos se harmonizava enfim
com a ordem, eu
havia convulsamente
e tão serena bebido o mar.

In: Três Rostos, Lisboa, Assírio & Alvim, 1989.
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Living La Vida Loca - 09

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Fortaleza: Vinte e Um Anos Depois.

Nas duas últimas semanas, praticamente não postei nada no "Abobrinhas Psicodélicas" - com exceção do texto sobre o Eduardo Alves da Costa -, pois a minha pilha de provas, trabalhos e monografias para ler e corrigir parecia não ter fim. Realmente, é dura este vida de professor e dublê de blogueiro! Fora isto, ainda havia a correria por conta dos preparativos para a minha viagem para o XXV Encontro Nacional da ANPUH (Associação Nacional de História), pois não dava para sair do Rio deixando inúmeras coisas pendentes. Mas agora, tudo está mais calmo: desde ontem estou em Fortaleza para o Encontro. É claro que aqui não fugirei totalmente do trabalho, pois coordenarei um dos Simpósios Temáticos do evento, além de ter trazido - valha-me Deus - alguns trabalhos remanescentes para corrigir. Mas isto não é nada diante do stress desses longos últimos dias e além do mais, como uma espécie de generosa compensação, nos intervalos das diversas atividades e à noite haverá sempre bastante tempo para curtir uma intensa programação cultural - dentro e fora do Encontro - e para reencontrar colegas de outras instituições e estados que, normalmente, só conseguimos ver em ocasiões do gênero. Fora isto, há o prazer de rever Fortaleza vinte e um anos depois da primeira vez que aqui estive, ainda aluno de graduação, para um Encontro Nacional de Estudantes de História. Tenho boas recordações daquele período - em que ainda possuía bastante cabelo e não tinha esta quantidade imensa de fios brancos na barba - e, como quase todas as minhas recordações, associo-as à canções e livros. Para boa parte das pessoas, as lembranças são imagéticas. As minhas não: são musicais e literárias. E desde que conheci Fortaleza, a canção que me vem a cabeça ao lembrar desta cidade é a bela "Terral", do Ednardo.Compartilho-a com vocês.

Clique no player abaixo para ouvir "Terral":



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A Turma do Lambe-Lambe

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Hackers do mundo, uni-vos!!!

Em defesa da Pirataria Legítima

Um texto para hackers e leitores inteligentes


Jorge Machado


versão 1.03 -
24.07.2007
(se copiar esse texto, manter a formatação e estilo)

Nossos amigos da indústria têm usado eficientemente os veículos da imprensa para culpar e criminalizar crianças, jovens e adultos que compartilham arquivos na Internet, tratando-os da mesma forma que aqueles que fazem comércio ilegal. A ambos dão o nome de “piratas”. No nosso ponto de vista, compartilhar é uma coisa, comercializar é outra.

Não culpamos os jornalistas, pois sabemos que a grande mídia não vive do anúncio de gente pequena, mas de grandes empresas. Sabemos que não é escolha deles.

Entendemos que existem algumas confusões a respeito das práticas de compartilhamento. O que são produtos piratas? O que é o compartilhamento pela Internet? Qual é a diferença entre comércio e pirataria? Quem são os piratas? Que tal entendermos o contexto do problema para responder a tais perguntas?

O objetivo desse texto é, de forma simples, direta e divertida, proporcionar uma visão mais global sobre essa questão. Vamos falar da pirataria do Caribe, já que seus símbolos são referenciados freqüentemente pelos amigos da indústria.

Segundo um amigo nosso, foi uma corporação de editores monopolistas de Londres, chamada Conger, a primeira a usar o termo “pirata” para o comércio ilegal. Isso em meados do século XVIII, quando adquirir livros a preços justos era algo impensável, pois os livros dessa corporação custavam cerca de três vezes mais que os produzidos pelos colegas escoceses. Para a felicidade de todos, a Conger não existe mais. Mas o termo “pirata” para se referir ao comércio ilegal ficou.

Pela forma com que os piratas são retratados na imprensa, eles deveriam ter poucos amigos. Nós afirmamos que eles têm muito mais amigos do que parece - além das crianças. Apostamos que os leitores desse texto gostarão mais ainda dos piratas. Nós, que defendemos o compartilhamento, viemos aqui limpar a honra deles – na verdade a nossa própria barra, já que somos chamados de “piratas”. A partir de alguns exemplos históricos, vamos mostrar o que é a pirataria legítima. O leitor inteligente vai deduzir o resto.


Um texto para todos os tipos de hackers

Escrevemos para os hackers. Quem é o hacker? É o sujeito que adora fazer perguntas. Ele não se conforma em ficar com uma dúvida e está sempre buscando a resposta. E a cada resposta pode vir uma nova pergunta. Ele quer ver como é “de verdade”, como funcionam as coisas. Ele está longe de ser o sujeito típico saído da maioria de nossos sistemas educacionais! Pois gosta de questionar!

O hacker adora desafios! É assim que ele aprende. Não nos referimos apenas ao hacker do computador, mas ao da Música, das Letras, das Ciências e das Artes, pois há hackers em todas as áreas. Se está pensando que o hacker é criminoso, explicamos: o que comete crimes se chama cracker. O hacker é o do bem. (Anota aí, amigo jornalista).

O bom cientista sabe que a ignorância é o motor da ciência. Ele precisa analisar, checar, ir mais a fundo. Que tal explorar as incertezas, considerando que as respostas obtidas são, no máximo, temporárias? Assim é o hacker. Ele está sempre atrás do conhecimento. E isso consegue através dos OUTROS. E quando descobre algo interessante, mostra à comunidade. Os hackers perceberam que se cada um compartilha com a comunidade o que sabe, todos saem ganhando. No final, uns ajudam os outros. E com isso surgem muitas inovações. Por isso, o hacker mais apreciado é aquele que dá maiores contribuições à comunidade. É assim que ele cria. Os bons artistas e cientistas se parecem com os hackers. São atentos a tudo que ocorre a seu redor. Estão sempre ouvindo e lendo algo, buscando novas idéias. E precisam mostrar o que fazem aos OUTROS, pois se realizam através do reconhecimento que a sociedade lhe dá.

E que eles têm a ver com o pirata? Veremos adiante.


O que significa pirata?

O termo pirata vem do grego peiratés (πειρατής), que vem do verbo peiraooo (πειραω), que significa "esforçar-se", "tratar de", "aventurar-se". O termo peiraoo também está relacionado com apeiratos que significa “experimentado”.

Vamos diferenciar bucaneiros e filibusteiros de piratas. Os primeiros atacavam barcos, tinham hábitos pouco saudáveis e estavam fixado nas costas. Os filibusteiros usavam embarcações bastante leves e não possuiam meios nem conhecimentos para navegar em alto-mar. Os piratas viviam em alto-mar. Suas embarcações eram maiores, adequadas e equipadas para longas viagens. Para atravessar grandes distâncias era necessário ter conhecimentos náuticos e astronômicos avançados, além de mapas detalhados (que eram raros, secretos e caros). Ademais, tinham que ter uma forte disciplina e planejamento para enfrentar longas viagens e as intempéries de quem navega em águas pouco conhecidas. Não devia ser fácil. Ou seria?

Os corsários, eram piratas com carta de corso. A carta de corso o colocava em proteção de algum Estado. Tanto entre piratas e corsários, as tripulações eram de várias nacionalidades e origens, incluindo negros livres e indígenas. Em geral, cada membro da tripulação era selecionado por suas habilidades. Também havia músicos e pintores nos barcos. (Pensa aí, hacker, se você fosse o capitão, quem você ia colocar no seu barco?)


Como surgiram os piratas?

Nos limitemos aos fatos. Havia um Império que exercia domínio sobre os mares. Sua frota era conhecida como “La Armada Invencible”. Tempos de Felipe II, rei da Espanha. Esse Império tinha construído um notável monopólio comercial com suas colônias e controlava as principais rotas. Eram terras que foram tomadas violentamente da população indígena. Também eram tempos da Inquisição, do uso da religião para a expansão do poder e expropriação. Esse império usava a mão de obra escrava para extrair e transportar as riquezas que roubava. E o que faziam as “grandes nações” na época? Os franceses foram obrigados a se aliar aos poderosos vizinhos. A Holanda foi invadida e dominada, sofrendo também com a perseguição religiosa aos protestantes. A Inglaterra estava incapaz de reagir. Os demais também foram dominados pelo medo. Essa máquina de guerra de Felipe II era alimentada pela riqueza saqueada da América.

Nesse ambiente surge a pirataria no Caribe. Durante muitas décadas, a única resistência que os espanhóis encontraram nos mares veio dos piratas e corsários, apoiados pelo povo livre da costa.


A galera e os piratas

Os piratas usavam muitas artimanhas para capturar um barco. Uma delas era navegar a grande distância, fora da visão da embarcação a ser atacada, e esperar dias até achar o momento certo para se aproximar - como uma manhã com denso nevoeiro – com seus barcos leves e velozes.

Não havia escravos em barcos piratas. Quando atacavam, seja uma colônia ou um galeão, os escravos encontrados eram libertados. Pois eram gente do povo, como os piratas. Sabe uma forma de reconhecer um pirata? Por esse grito:

-AFUNDEM AS GALÉS!

Galé é o nome dado aos barcos remados por escravos. O galeão (galeón) era uma galé grande. Grande para caber bastante produto roubado. Eram máquinas movidas a escravo: quando não serviam mais, estes eram jogados ao mar como se fossem pneus velhos.

Para pirata, lugar de Galé era no fundo de oceano!

Um barco pirata era a grande esperança de liberdade para quem vivia na galera (aah rá... agora sabe de onde vem o termo!). Por isso a GALERA estava sempre ao lado dos piratas. Era só encostar o barco que começava a rebelião lá embaixo. E da GALERA surgiram grandes piratas! (Percebeu hacker? No nosso lado é a torcida é grande!). Um deles foi o africano Diego, contramestre de Francis Drake.

Os negros fugidos eram chamados pelos espanhóis de cimarrones. Cimarrón é o nome que davam para animal doméstico que escapa de seu dono. A forma como tratavam os índios não era muito diferente. (Hacker, isso foi no passado, hoje a Espanha é um dos países onde os piratas têm mais amigos!)

Os negros livres e os índios eram os grandes amigos dos piratas. Foi com os índios que os piratas conheceram o tabaco e adquiriram o hábito de usar o cachimbo. Para os índios, o tabaco é sagrado, tem que ser puro e não se traga (não é isso que se vende misturado com pesticidas, fungicidas e aditivos viciantes). Através da fumaça do tabaco, acreditavam poder ”limpar” as energias ruins e conectar com seus ancestrais e as forças da natureza. Foi assim que ensinaram aos piratas. Eles também aprenderam algumas coisas estranhas com os índios: que havia muitas entidades mágicas na natureza e que se podia contar com a energia e poder dos animais. E piratas gostavam muito de serpentes, dragões e aves. Para os piratas, assim como os índios, tudo estava ligado na natureza. (Energias e seres mitológicos... Até parece coisa de oriental, não é hacker?! Ah, hacker você deve ter lembrando que tem dragão até na mitologia nórdica! E diz a lenda que foi um chinês resgatado no oceano que os ensinou que brinco na orelha num certo ponto estimula a visão).

E essa coisa de tapa-olho? Será que todos os cegos da época decidiram virar piratas? Você acredita nessa história? Fala sério! Já deve ter sacado que o tapa-olho cego era para aguçar a visão. E tem mais, servia para confundir o adversário na luta corporal. Pensa aí, hacker: bastava um movimento do corpo ou uma brisa do mar para aquele pedacinho de pano subir...

Nas aldeias indígenas e nas comunidades de negros, podiam descansar, reparar o barco, conseguir víveres e preparar suas próximas empreitadas antes de ficar semanas no mar. (Será que alguém acredita que os piratas eram camponeses que plantavam mandioca e banana?) O povo livre da costa era fonte preciosa de informação sobre o movimento dos barcos espanhóis.

Quem tem muitos amigos se sente bem protegido, percebeu? Principalmente se você está contra aqueles que tratam seus amigos como se fossem gente indigna. Trate bem eles, pois quando precisar deles, estarão contigo. Diz aí, se você morasse na costa também ia dar uma mão para os piratas, não é!? Aposto que sim? (Ah rá... Aposta é coisa de pirata! E tem povo que adora apostar até hoje! Que falem nossos amigos ingleses!)

Piratas fazem comércio?

Piratas faziam ESCAMBO. Registra: E-S-C-A-M-B-O. Escambo significa TROCA. É a troca direta de excedente. Piratas não eram comerciantes. Comércio não é pirataria. Comércio é comércio. Pirataria não tem dinheiro envolvido. No máximo, serve como medida. Repito, medida. Pois nossa mente precisa de medida para calcular, dividir.

Onde você acha que os piratas podiam depositar seu dinheiro? Você acha que os paraísos fiscais do Caribe existiam naquela época? Banco de pirata? Só se for embaixo da terra, mas sem taxas de juros, correção monetária e com o alto risco de não achar mais o endereço!

Ah rá, hacker! E você comprando a história errada esse tempo todo! Andava com a consciência pesada, não é? Não carregue esse peso nas costas! Registra aí:

ESCAMBO = TROCA

COMÉRCIO = COMPRA E VENDA

Anotou? Nem precisa. Você é uma cara inteligente, não esquece nunca mais!

Quem faz comércio não pode ser chamado de pirata. Pirataria Legítima é troca!

Quando alguém chamar um camelô de pirata, você pode falar: “Pirata o escambau!” E escambau vem de escambo! Hacker, se quem troca é pirata, você é um!

Pirata dividia mesmo. Chega a ser engraçado. Em museus europeus é possível ver peças de ouro e prata com marcas de machadadas. Só assim para dividir as peças grandes! E imagine as cacetadas para quebrar o metal! Pelo visto, às vezes não dava certo!

O que era tomado do Império era dividido para possibilitar outras trocas. E quem vive de troca, tem que fazer as coisas circularem. O barco de pirata tinha que ser levinho para navegar rápido. E quem tem muitos amigos em diferentes lugares, pode se dar ao luxo de levar pouca coisa! Quem leva muita coisa é galeão do Império, que tem de ser grande para caber todo o produto do roubo. Além disso, eles precisavam pagar as guerras que arrumavam mundo afora (ei, hacker, naquele tempo não havia o petróleo). Ah... Você deve estar pensando “que bom que os piratas deram uma lição nesses malvados! Eles iam gastar tudo com bobagem!” Isso mesmo, o problema era que na época ninguém podia dar umas palmadinhas nos bumbuns deles. Exceto, é claro, os piratas!


Recapitulando

Um Império cujo poder se apoiava numa enorme máquina de guerra e em monopólios econômicos, que se alimentam reciprocamente. Leva a cabo uma guerra religiosa que espalha o terror no mundo, cujo objetivo é aumentar ainda mais seu poder, baseado no medo. Apesar das injustiças e atrocidades cometidas, nenhuma nação era capaz de enfrentá-lo. Algumas, inclusive, se aliaram cômoda e cínicamente a ele. É esse contexto que surgem os piratas e seus amigos ousados, com seus barcos leves e rápidos. Uau, dá um filme muito legal. E bem atual!

Está certo que os piratas fizeram suas maldades, mas agora estamos em tempos de procurar a paz e fazer novos amigos. Vamos estender as mãos para aqueles que têm problemas com os piratas da informação. Os primeiros a serem convidados a subirem no nosso barco serão os advogados. Quem sabe, depois, os nossos amigos jornalistas.

Nossos amigos advogados são muito inteligentes. Assim como os piratas, gostam de porto seguro. Os advogados sabem que é próximo a um porto seguro onde se constrói uma boa fortaleza. Eles vivem fazendo cálculos métricos com base nas leis e nas vírgulas das leis. Esses caras são inteligentes mesmo. E pessoas inteligentes gostam de desafios! Que tal atravessar o oceano se orientando pelas estrelas e com a luz do luar?

Consegue imaginar o céu estrelado visto do alto-mar? Inspirador, não? Dá para imaginar navegar sem farol, sem radar, sem GPS, sem o etcétera eletrônico? E se surge um rochedo no meio do nada? Deveria ser emocionante, não é, hacker? Eram as estrelas que guiavam esses caras! Também, olhar para onde mais? Em todo caso, tinha que ser fera, não acha? Será que bêbados, brigões e gente fora de forma ia agüentar essa parada? Bucaneiro tem que dar um jeito na própria vida para virar pirata! É como cracker querendo dar uma de hacker. Fala sério!!

Os caras de hollywood deveriam pensar mais antes de fazer os filmes!


Compartilhamento é a única forma de Pirataria

O comércio de informação existe devido aos monopólios que geram um bloqueio artificial. Se fulano vende CDs ou filmes está apenas tirando proveito de uma situação que provavelmente não foi ele quem criou. O que ele comercializa não é um produto pirata, são apenas cópias ilegalmente vendidas. Não existe produto pirata. Pois pirata não produz “produto”. Existe produto falso. Mas isso não é coisa de pirata, é coisa de comerciante!

A regra é simples: tem dinheiro na jogada não é pirataria. Senão se convenceu, leia essa história da Vovó.


O delicioso bolo da vovó

Imagine um bolo suculento. Digamos que seja um bolo de chocolate recheado com castanhas. Muito mais que isso, foi feito por quem? Pela Vovó! Isso mesmo, falamos daquela senhora maravilhosa que sempre te bajulou. A Vovó tem bastante tempo disponível para fazer as coisas com carinho para seu netinho. E ela quer fazer tudo o que não pôde fazer quando era mãe. É como ser “mãe pela segunda vez”. Não é assim que elas falam?

Imagine aquela delícia do bolo da Vovó. Feito com aquele jeitinho e experiência que só ela tem. Ela sabe exatamente como fazer o bolo para te agradar. Hum, dá água na boca! E você esperou a semana inteira pelo bolo. Até sonhou com ele. Aqueles recheio derretendo na sua boca... Humm

O bolo da Vovó é famoso nas redondezas. Os vizinhos todos conhecem. Eles ficam até torcendo para os netinhos virem no final de semana, pois sabem que pode sobrar um pedacinho para eles!

Você chega na casa da Vovó, e ela está fazendo o bolo. Imagine aquele cheiro delicioso vindo da cozinha. Uahhh! Seu estômago está roncando. Ela diz para você comer um biscoitinho ou uma fruta enquanto espera sentado na sala. Você nega categoricamente. Seu estômago já estendeu um tapete vermelho para o bolo. Tem que ser o bolo! Compreensível, você esperou a semana inteira por essa delícia, não é agora que vai “jogar a toalha”, não é hacker?!

O tempo se arrasta. Suas pernas já estão trêmulas. Você já perguntou umas três vezes “falta muito, vovó?”. De repente, ouve a voz amável da velhinha avisar lá da cozinha “O bolo está pronto, netinho”. Antes de você pular do sofá, a Vovó logo emenda: “Mas tem que esperar esfriar antes de comer! Nada de comer antes da hora!”

O bolo repousa solenemente em cima da mesa. Aquele cheiro já havia se espalhado por toda a casa e arredores. Você está quase surtando. Seus instintos mais primitivos ameaçam vir à tona. Mas você se controla. Afinal, você é um cara do bem, um hacker, não um cracker. Onde já se viu, magoar a querida Vovó!

Você esperava pacientemente na sala. Sorrateiramente, algum espertinho pula o muro, entra sem ninguém perceber na cozinha e ZAZ! Leva o bolo!!

A Vovó volta para a cozinha, não vê nada. Vai à sala e lhe diz: “Seu fominha, que fez com o bolo?! Não lhe falei para esperar!

Você fica chocado. Algo grave aconteceu. Com a voz embargada, só consegue balbuciar, “nã-não fui eu!”. A Vovó, essa senhora que limpou muito seu traseiro, te conhece pelo avesso. Ela percebe que não está mentindo e se dá conta de tudo: “Não pode ser!”.

Pânico e desespero. Onde está o bolo da Vovó?! Não pode ser verdade! Que pesadelo! Levaram o bolo da Vovó! Você e a vovó correm para a rua. Imagine a cena, hacker: você quase morrendo de esperar o bolo e alguém faz uma dessa! Só pode ser cracker!

Alguém grita: “Chamem a Polícia, levaram o bolo da Vovó!” Alguns vizinhos saem à rua (Ah rá... E ficaram sem o naquinho também!). “Devolva meu bolo, seu malvado!” grita a Vovó inutilmente com todas suas forças.

(Tá vendo, Vovó. É a desigualdade social. Que tal se todos tivessem acesso ao seu bolo? Onde estão seus ideais? Acha que não dá mais para mudar o mundo nessas alturas? E a militância nos movimentos sociais, Vovó? A vovó achou que ia passar sem críticas nessa história? Nada disso, a gente quer que você vá dar uma mão pro seu netinho, antes que processem ele por compartilhar arquivos...).

Foi-se o bolo da Vovó. Que experiência traumática... Não vai chorar, né, hacker!?

Agora imagine que alguém pula o muro, leva o bolo, mas, incrivelmente, ele continua lá! No mesmo lugar, sobre a mesa!! Como isso? levaram o bolo, mas ele continua lá!

Depois outra pessoa leva. E outra. E outra. E outros levam dos demais. Que loucura é essa?!

Com a informação é isso. Passou o tempo em que os espanhóis, e antes deles, os índios, perdiam seu bolo, digo seu ouro. Agora são tempos de paz. Tem para todo mundo. Os piratas da informação não precisam dividir peças a machadadas, nem bolos a facadas. Já foi o tempo em que se espetava alguém para conseguir o que se queria. Hoje, simplesmente se consegue uma cópia perfeita sem tirar nenhum naquinho do original para se compartilhar com os amigos. E o bolo continua onde está! Não é lindo isso, meu amigo?


A Internet é uma Rede de Compartilhamento!

A Internet é uma rede de compartilhamento. Ela foi criada para compartilhar: a) banco de dados; b) banda de transmissão; c) processamento de dados.

Isto significa que se você está usando ela, está compartilhando. Que outra coisa alguém esperaria de uma rede feita para o compartilhamento? Parece tão óbvio, mas tem gente que ainda não captou! Ou será que não quer entender? Dá para ser mais claro?!

Como evitar que se compartilhe numa rede de compartilhamento? Impondo barreiras inúteis? Violando a privacidade? Processando milhares de jovens?

Num cabo de fibra ótica com a espessura de um fio de cabelo passam 17 bilhões de bits por segundo. É uma torrente de bits. É informação que flui como luz, colorida como um arco-íris. Nessa luz, circulam imagens, livros, sons. Enfim, a criatividade humana. Dá para imaginar que tem amigo que insiste em botar sujeiras de bits inúteis, ineficientes e dispendiosas no meio do caminho?

Como sustentar uma artificial escassez de bits? O que faz a Internet ser o que é, é o fluxo. A pirataria legítima é bolo da Vovó para todo mundo! Se a Vovó quiser vender, problema dela. Os piratas não vão impedir, mas já que tem para todo mundo, não vão deixar de comer também!


Esse discurso é legal. Mas e o autor, como é que fica?

O autor é muito importante. Tão importante que cada vez mais o chamamos de criador. Bonito, não é? Mas, o mais honesto seria chamá-lo de co-criador. Pois ninguém cria sozinho. Ou cria? Vivemos numa bolha? Se vívêssemos numa bolha, seríamos uma bolha dentro da bolha. Se algum artista acredita que cria só, deve ser um artista-bolha!

Graças aos OUTROS somos muito mais do que bolhas. Pois os OUTROS passam as idéias para nós desde que nascemos. Ou melhor, antes, desde a barriguinha da mãe (Se não acredita, pergunta à sua mãe ou à Vovó, hacker).

O que é, afinal, o autor sem os OUTROS? Ainda bem, que não precisamos pagar por todas as idéias que utilizamos dos OUTROS! Imagine como citá-los, nominá-los, pagar royalties? Não dá para conceber. Seria uma impropriedade intelectual! Ufa! Ainda bem que existem os OUTROS para nos passarem suas idéias! Cada coisa legal que dá para criar a partir das idéias dos OUTROS!

Será que o autor, ou melhor, co-criador, não deveria devolver o que criou a partir dos OUTROS? Ah... Rá Hacker... Você já deve ter percebido que não é o autor que está querendo impedir! Alguns deles estão meio na dúvida, é claro. Mas o problema é que alguns amigos nossos que gostam de falar no nome do autor, não estão pensando nele, mas sim no seu próprio bolso.


E os OUTROS?

- Ah, mas quem se importa com os OUTROS hoje em dia?

Nós, os piratas da informação, nos importamos! Por isso, compartilhamos com os OUTROS! Não sabemos exatamente quem são os OUTROS, mas estamos agradecidos por AINDA existirem. E não estamos muito felizes com a atual situação. Pela simples razão que o “seu” e o “meu” está atrapalhando a criatividade. Esse é o foco do conflito.


Conclusão

Navegar e criar com liberdade. Isso é algo muito importante. Estamos em um tempo de paz e pedimos para nossos amigos que parem de controlar ou tentar censurar a Internet. Cuidem dos crimes comuns, do comércio ilegal, dos problemas ambientais e sociais. Imaginamos que nossos amigos não vão insistir nessa coisa suja de violar a privacidade. Não roubamos o bolo da vovó de ninguém. Ele está lá, é só olhar.

A esta altura, nossos amigos perceberam que o conhecimento e a criatividade dependem do acesso à fonte. Perceberam que é graças a nós, que compartilhamos sem exigir nada em troca, que a Internet é tão interessante. Perceberam que a fonte da criação tem que estar sempre acessível para que a criatividade não pereça. Como seria a rede se ela tivesse sido desenhada por advogados? Uma infinidade de autorizações, licenças, avisos, advertências, dispositivos anti-trocas, obstáculos e burocracia de todo tipo? Talvez os cibercafés tivessem que funcionar dentro de cartórios. E se a Rede fosse desenhada apenas pelas corporações? Só se poderia navegar com cartão de crédito. Seria como viajar de táxi. Nem todos poderiam pagar, não é verdade?

Como seria a Internet se fosse do jeito que eles querem? Muitas das inovações que proporcionam lazer e alegria aos nossos amigos talvez nem tivessem existido. Pensa aí, não foram hackers que fizeram muito daquilo que você mais usa?

O problema da rede é que foi desenhada para servir aos OUTROS. Mas, as pessoas não são mais educadas para servir aos OUTROS. E a sociedade se organiza cada vez mais de forma que o indivíduo possa tirar o máximo de beneficio dos OUTROS. E pior, que se aproprie daquilo que é dos OUTROS, como se fosse exclusivamente seu! E quais são os direitos dos OUTROS? Cada vez mais os OUTROS se parecem com o povo que vivia na galera: ajudavam a enriquecer alguns poucos, mas mal tinham ar puro para respirar!

No passado, havia galeões bem armados que não gostavam da gente. Talvez não existisse outro símbolo maior de injustiça naquela época do que aqueles galeões cheios de riqueza roubada, empurrados pela força de escravos, saindo de um triste porto rumo à Europa.

No entanto, eles andavam tão carregados que eram lentos demais. Bastava uma pequena névoa para um de nossos barcos encostar. O Império tinha medo dos piratas, pois sabia que a galera que levava o barco estava do lado deles! Além disso, na nossa perspectiva, faltava apenas um pouco de coragem para o marujo da galeão mudar de lado. Qualquer um era aliado em potencial, até mesmo o capitão! Bastava aceitar COMPARTILHAR. Mas essa era uma linguagem que o Império não entendia. Por que? Porque não aprendeu a COMPARTILHAR.

Nossos amigos são inteligentes para perceber que não somos contra o comércio que fazem, queremos apenas continuar a fazer nossas trocas livres com o povo miúdo que vive na costa.

Embora eventualmente alguns de nossos amigos queiram criar inimigos para justificar suas atitudes, insistimos que desistam disso. A história mostrou que o Império dominava seus escravos pelo medo. E isso não deu certo com os piratas.


Valeu hacker.

http://www.forum-global.de/jm/artigos.htm

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Artigo nota 10!
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