Fingindo que nada acontece

Bom artigo publicado no Blog do Alon sobre a sucessão do presidente Lula em 2010.
O problema de saúde que atingiu a ministra Dilma Rousseff não parece ter gravidade suficiente para levar o Palácio do Planalto a pensar a sério numa alternativa para 2010. As informações médicas dão a ela, de fato, chances imensas de superar a doença. E há um outro ingrediente. No instante em que o oficialismo fizer o primeiro movimento para o plano B, este automaticamente se transformará em plano A. Numa situação assim, o mundo político entenderá qualquer marola como a senha para o desembarque.

Uma coisa são os eventuais aspirantes à vaga saírem por aí sondando o terreno. Outra, bem diferente, é imaginar que alguém esteja a fazer isso com o aval do presidente da República. Aliás, qualquer sondagem a esta altura nos grupos sociais e econômicos dominantes é em larga medida inútil. O candidato de Lula virá não “da sociedade”, mas do Palácio. E terá como trunfo o fato de ter sido indicado pelo mais popular presidente da História do Brasil. Daí que a sabedoria esteja a recomendar cautela para os pretendentes.
Preocupação maior nas hostes governistas, neste momento, é com um eventual acordo interno de pacificação no PSDB. Os sinais têm vindo tanto do Bandeirantes como das Mangabeiras. A dança entre José Serra e Aécio Neves é complexa e sinuosa. Aécio vem de mostrar flexibilidade quanto à data das prévias do partido. E Serra tem dito por aí que não afasta a possibilidade de se candidatar à reeleição em São Paulo.
Estão os dois, como dizia o ex-presidente Jânio Quadros, na posição do remador: fazendo força, mas de costas para o verdadeiro objetivo. Serra trabalha para aproveitar ao máximo a inércia, que o favorece. Aécio tem o grande trunfo de Minas. O estado foi a chave das vitórias de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e 2006. Aliás, a esperança do PT para daqui a um ano e meio é repetir 1930. Uma aliança de Minas com o Nordeste contra São Paulo, abrindo espaço para a emergência política do Rio Grande do Sul. Com a vantagem de que Dilma pode ser gaúcha ou mineira, conforme a conveniência.
O problema do PT é que desta vez ele tem pouco a oferecer ao PSDB em Minas. Em 2002 e 2006, os petistas lançaram chapas menos competitivas no estado, um movimento que permitiu alianças informais. Assim, nas duas eleições Aécio e Lula venceram por ampla margem entre os mineiros. Desta vez, porém, PMDB e PT têm nomes fortes em Minas, no caso dos petistas mais de um. A eleição ali não será um passeio em céu de brigadeiro para ninguém.
Se o PSDB não pode bobear em Minas, tampouco pode dormir no ponto em São Paulo. Os tucanos paulistas são hoje favoritos a continuar, mas a soberba e as divisões internas sempre podem atrapalhar. Além do que, há uma certa fadiga de material e a pendenga não resolvida entre o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), e o ex-governador Geraldo Alckmin. E há também o movimento de Lula para tentar construir uma chapa competitiva em São Paulo, com uma cara nova, algo descolada da imagem tradicional do PT.
Para o PSDB, essa é uma diferença importante entre a eleição de 2010 e as duas anteriores. Em 2002 e 2006, a derrota nacional estava relativamente precificada e antecipadamente compensada pela quase certa conquista do poder nos dois maiores colégios eleitorais do país. A equação agora é um pouco diferente. Os tucanos precisarão fazer sua engenharia política nacional sabendo que podem ganhar tudo, mas com inteligência suficiente para notar que podem também perder tudo, inclusive o forte poder regional.
Daí a calmaria. De um lado e de outro, no PT e no PSDB, o que mais se faz nos últimos dias é fingir que não se está fazendo nada. O Palácio fareja o ambiente e mede as consequências do repentino obstáculo que apareceu diante da ministra Dilma Rousseff. A oposição tateia para evitar que, mais uma vez, sua divisão abra caminho para a continuidade do projeto de poder do PT. No meio dos dois, o PMDB aguça ao máximo seus já naturalmente aguçados sentidos, tentando desesperadamente antecipar para que lado a balança vai pender.
Comentário do blogueiro: Preferia que o PT e Lula tivessem optado por outra alternativa política, mas a Dilma é boa candidata e, portanto, tem a simpatia e o apoio desse humilde blogueiro. O que não tenho é certeza quanto às reais condições de Dilma para enfrentar uma cansativa campanha eleitoral. Ah, o problema de saúde dela não é grave. De fato, faz parte da minha extensa lista de desejos a ministra com toda saúde em 2010 e durante todo o seu futuro mandato, mas mineiro desconfia até de sua própria sombra. Tal dúvida deve ser dissipada antes de 2010, senão pode ser trágico para sua candidatura.
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Patrus reforça candidatura ao governo de Minas

Hélio Costa analisa apoio à candidatura de Patrus Ananias ao governo; diretório do PCdoB confirma adesão ao petista
Do Sítio do Novo Jornal   
O diretório estadual do PCdoB anunciou apoio ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT), nas eleições de 2010 para o governo de Minas.     
Segundo a presidente da legenda, deputada federal Jô Moraes, o apoio a Patrus já estava sendo planejado porque o partido não terá candidatura própria e irá trabalhar no sentido de apoiar as siglas que estarão a favor da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).    
"Nós não vamos entrar na disputa pelo governo de Minas, portanto, já estamos iniciando as conversas com lideranças que apoiam projetos populares", afirmou.    
Patrus agradeceu. "Todo apoio é bem vindo neste momento. Nós sempre caminhamos juntos, temos um diálogo histórico, com compromissos comuns com os pobres, com os trabalhadores e com a justiça social", destacou.    
O PT de Minas está dividido desde a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte. Uma ala do partido, comandada pelo ex-prefeito Fernando Pimentel, fechou aliança com o PSDB para eleger o prefeito Marcio Lacerda (PSB) no ano passado. Na outra ponta, ficou o grupo de Patrus, contrário à dobradinha.     
O clima de animosidade interna continua. Tanto Patrus quanto Pimentel intensificaram os encontros com lideranças no interior do Estado.     
Com o apoio do PCdoB, o ministro larga em vantagem nas negociações eleitorais. Mesmo restando mais de um ano para as eleições, Patrus acredita que o apoio do PCdoB fortalece sua pré-candidatura, não só dentro do PT, mas também no Estado.    
O ministro espera ter também o apoio de outras legendas que formam a base do governo Lula. “Sem dúvida. Estou conversando dentro do PT. A minha candidatura está colocada. E estamos conversando com nossos interlocutores históricos como o PCdoB, o PDT e o PMDB. Vou procurar também o PSB na perspectiva de fazermos uma grande aliança, que nos possibilite que ganhemos o governo de Minas e façamos no Estado o que o presidente Lula fez no Brasil”, afirmou.
Hélio Costa
O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), voltou a admitir que poderá abrir mão de sua pré-candidatura ao governo do Estado para intensificar as negociações com o ministro Patrus Ananias.    
Informações extra-oficiais dão conta de que Costa aceitaria compor apenas com o ministro petista - e não com o adversário de Patrus dentro do PT, o ex-prefeito Fernando Pimentel.    O próprio peemedebista disse que tem mantido conversas constantes com Patrus e com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci (PT), na construção de um projeto para 2010. 
"Tenho pensado seriamente no meu futuro. O compromisso que assumi com o povo mineiro eu já cumpri. Gostaria muito de continuar trabalhando de alguma forma em benefício do meu Estado. Mas não tenho essa ansiedade que outras pessoas têm", disse.    
Costa negou que estivesse desmotivado na disputa e afirmou que "lá na frente", se o PMD conseguir construir uma candidatura, seria, sim, o candidato.     
"Eu e meu partido não somos empecilho, não somos obstáculo a qualquer composição ou negociação. Estamos muito confiantes de que já cumprimos a missão que temos. O PMDB nunca esteve tão bem em Minas Gerais, tão pacificado. Mas isso não quer dizer que temos que ter, obrigatoriamente, candidato", argumentou.    
Questionado sobre seu afastamento do ex-prefeito Fernando Pimentel, Costa reconheceu que o relacionamento entre os dois ficou estremecido depois que o PMDB foi excluído das negociações para a disputa pela prefeitura da capital, em 2008.    
Ao mesmo tempo, o ministro contou que foi procurado pelo petista e que o episódio foi superado e "está no passado". 
Retrospecto
Contrário à aliança com o PMDB, Pimentel lembrou os problemas enfrentados pelo PT nas últimas eleições para o governo de Minas, quando fechou uma ampla aliança partidária com a participação de adversários históricos, como a ala do PMDB comandada pelo ex-governador Newton Cardoso. 
"O retrospecto das nossas alianças com o principal partido da base aliada do presidente Lula em Minas é muito ruim. Nós disputamos duas eleições estaduais aliados ao PMDB e o resultado foi ruim", declarou o ex-prefeito de BH, praticamente descartando a aproximação com os peemedebistas. 
Pimentel lembrou que, seja qual for o candidato petista escolhido, o grande desafio será enfrentar um governo com altos índices de popularidade.    
Comentário do blogueiro: 
Fica cada vez mais claro que o único candidato com condições de unir a base do governo Lula em Minas Gerais é Patrus Ananias. A união é importante para conquistar o governo de Minas como também para o projeto político de eleger Dilma presidenta. É até engraçado o Pimentel queixar-se de aliança com o PMDB.     
É fato que em 2006 foi um equívoco aliar-se ao PMDB do Newtão. O PT tinha todas as condições de eleger um senador pelo partido, e preferiu uma aliança eleitoral que sacrificou sua bancada de deputados federais (o PMDB foi claramente beneficiado na coligação), abriu mão do candidato ao senado, e como contrapartida o partido carregou toda a rejeição do ex-governador Newton Cardoso. O PT naquele momento fez uma escolha errada ou equivocada. Pimentel, Nilmário Miranda e diversos outros petistas apoiaram a aliança.  Aliás, é a turma do Pimentel.
Só que as circunstâncias políticas de 2010 são bem diferentes de 2006. Um equívoco não justifica o outro. Caso o PT alie-se com o PMDB no Estado, o fiador da aliança será Hélio Costa, ministro do governo Lula, e não Newton Cardoso, como ocorreu em 2006. Isso por si só faz toda diferença. Além disso, o PMDB nacional deve indicar o vice de Dilma. O próprio Hélio Costa é um dos cotados para o cargo.     
O que o Pimentel deseja é isolar o PT no Estado. Como não terá apoio do grupo de Aécio, que já tem seu candidato, o vice Anastásia, Pimentel busca distanciar o PT dos partidos que não apóiam sua candidatura, mas têm simpatia pela candidatura de Patrus. A estratégia divisionista de Pimentel tem tudo para causar mais estragos no PT mineiro. O PT nacional deve ficar de olho nas articulações de Pimentel. O menino travesso pode naufragar de vez o PT no Estado. 

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Receita de uma literal reporcagem*

A manchete do Globo de hoje é alarmante:
Gripe se alastra no mundo e Brasil mostra despreparo.

Corram, escondam-se. Nas páginas internas, um esforço de reporcagem para demonstrar o “despreparo” de nossas autoridades. O jornal destacou quatro de seus repórteres para o aeroporto Tom Jobim, lá poderiam comprovar a manchete já pronta. Diz o título na página 25:
No Brasil, falta de informação nos aeroportos.

Um tanto diferente da primeira página. Entrevistaram passageiros que chegavam, como o cantor Robson Coccaro, sim, ele, que aflito voltava do México:
— Pensei que fosse chegar aqui e passar por um interrogatório de agentes sanitários.

E segue a reporcagem.
Somente à tarde, por volta das 13h, os passageiros que desembarcavam no Rio ouviam pelo sistema de som as recomendações da Anvisa.

Quer dizer, a falta de informação durou apenas a manhã, mas o jornal não ficou satisfeito:
O locutor repetiu o alerta durante toda a tarde, mas somente em português.

Claro, faltou versão em inglês, espanhol, mandarim e francês, a língua oficial de FH. Segue a pocilga:
Em São Paulo, somente ontem a Anvisa começou uma operação nos aeroportos para orientar passageiros.

Como então existe falta de informação nos aeroportos? Poderiam dizer que no Rio não havia. Como sustentar o despreparo do Brasil dito na manchete? Justifica o texto:
Mesmo assim, um folheto distribuído pela manhã com explicações sobre a doença estava escrito apenas em português.

Pronto, o Globo acaba de descobrir o maior problema do governo: a falta de tradutores. Ô Lula, empresta o ótimo Sérgio Xavier Ferreira, o cara que coloca você em papo com o Obama!

E segue a preocupação do jornal. Segundo ele, alguns passageiros tomaram iniciativa própria e chegaram ao país com máscaras, como a brasileira Fernanda Meneses, que fugiu com sua família da Cidade do México com medo da gripe. Nossa, logo para o Brasil, que o Globo diz estar tão despreparado!

Segue o longo texto reporcalhado:
O governo brasileiro anunciou ontem uma série de medidas preventivas contra a gripe suína, que ainda não teve nenhum caso confirmado no país.

Como assim? E o despreparo que está na manchete? Será que apenas os tradutores do governo serão os culpados de tudo? E seguem explicando as medidas adotadas, com a inspeção de aviões a procura de suspeitos da doença, o monitoramento de 11 pessoas que chegaram recentemente das áreas afetadas com sintomas de gripe. Mas isso tudo está no pé da reporcagem, parece que cortaram e colaram errado, uma coisa não combina com a outra. Onde está o despreparo do governo?

Para não decepcionar seus leitores, o Globo fez questão de ao final do texto registrar que o presidente Lula acalmou a população ao mesmo tempo que fazia o sinal da cruz.

Por que será que os jornais estão acabando?

* Reporcagem é o ótimo termo criado pelo Blog do Mello para explicar o atual jornalismo do PIG (Partido da Imprensa Golpista). Perfeito para o que estão fazendo com a gripe suína.
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Saúde!

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Mais sobre os Cravos de Abril...

A Revolução dos Cravos teve uma ampla e relativamente livre cobertura da imprensa brasileira, apesar do país ainda estar sob a égide do regime ditatorial inaugurado em 1964. Uma das explicações possíveis para isto é o fato de que a censura sobre o noticiário internacional era muito mais branda – na verdade, quase inexistente – do que aquela exercida sobre o noticiário interno. Tal fato levou, inclusive, os grandes grupos de comunicação do Brasil a investirem maciçamente em suas editorias internacionais, começando assim a manterem um corpo de correspondentes permanentes nas principais capitais do mundo, deixando de serem meros repetidores das agências de notícias internacionais. No entanto, se os acontecimentos em Portugal eram noticiados com bastante liberdade, tal lógica não se aplicava à produção artística e cultural do período: em 1974, Chico Buarque de Hollanda, um dos recordistas em composições censuradas durante a ditadura, teve a sua canção “Tanto Mar” - composta em homenagem ao processo revolucionário em curso do outro lado do atlântico - proibida pelo Departamento de Censura. Nesta canção é feita uma comparação (um tanto melancólica) entre a situação de Portugal, onde as Forças Armadas tinham aberto os caminhos da liberdade, e a do Brasil, em que os militares eram os principais responsáveis pela opressão. Naquele momento, “Tanto Mar”, com sua letra original, foi lançada somente em Portugal, já que no Brasil só pôde ser registrada uma versão instrumental, presente em um álbum ao vivo do Chico e da Maria Bethânia, com a gravação de um show no Canecão. Em 1978, com a abertura política iniciada por Geisel e Golbery já em processo bem adiantado, “Tanto Mar” é finalmente liberada pela censura, só que, naquela altura do campeonato, sua letra original estava completamente datada e defasada. Assim, no seu disco gravado nesse ano, Chico registra a canção com uma nova letra, num tom de retrospectiva dos acontecimentos daqueles últimos quatro anos em Portugal(e no Brasil). Compare abaixo as duas versões:

Letra de 1974

Sei que está em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor no teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

Letra de 1978

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim
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A mídia e seu “apesar da crise”

No Estadão de hoje, sinais de que o cartel da mídia vai jogando a toalha em sua torcida pelo tsunami econômico. "Consumo deve crescer no Brasil, apesar da crise", diz o título. Fiquei com a sensação de já ter lido em algum lugar, talvez dito de outra forma, e me preocupei em pesquisar quantas vezes a expressão “apesar da crise” foi usada recentemente. O resultado é impressionante. Vamos a alguns exemplos:


No G1, 2350 resultados no Google. Exemplos:

Apesar da crise, setor de imóveis populares se mantém aquecido

Grifes estrangeiras desembarcam no Brasil, apesar da crise

Apesar da crise econômica, indústria carnavalesca comemora vendas

Apesar da crise, Petrobras investirá mais em biocombustíveis

Nestlé mantém boa saúde apesar da crise


No Globo, 1.140 resultados no Google. Exemplos:

Apesar da crise, avanço do PIB brasileiro só perdeu para a China em 2008

CNT/Sensus: População espera aumento de renda e emprego, apesar da crise

Relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos devem avançar, apesar da crise

Aumenta a popularidade de Lula apesar da crise

Apesar da crise, Saara mantém esperanças de boas vendas no Natal


No Estadão, 997 resultados no Google. Exemplos:

EPE: apesar da crise, consumo de energia não vai cair

Apesar da crise, empresas de tecnologia crescem no exterior

Apesar da crise, indústria quer investir e foca mercado interno

LG aposta em Natal forte no Brasil, apesar da crise

Apesar da crise, Federer mantém liderança do ranking da ATP

Este último título acredito ser obra de um redator da economia emprestado à editoria de esportes. A crise do tenista Roger Federer é apenas pessoal, motivada por uma mononuscleose, de lenta recuperação física.

Quanto a Folha, apenas 6 resultados. Aposto que é coisa de seu rígido manual interno, apesar da crise dos jornais.

Atualizando:

Nosso leitor Rafael observou que pesquisando pelo próprio site da Folha há centenas de resultados com "apesar da crise". Pesquisando na Folha de S.Paulo, 830 resultados. Na Folha Online, 703.
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A quinta categoria do neomacartismo


Hoje, Diogo Mainardi comete vários erros em sua coluna, exemplo da falta de compromisso ético com o jornalismo, apenas com a propaganda de má-fé. Vamos a eles:

1) Não fez um único comentário para desculpar-se de seu engano, em coluna de 8/4/2009, que levou a mídia corporativa a segui-lo para tentar descobrir possíveis sinais de corrupção na ANP. O que ficou claro, ao longo deste período, foi que Mainardi mentiu ao afirmar ter havido uma investigação na PF sobre esquema de desvio de royalties do petróleo, que envolvia o nome de Victor Martins, diretor da agência. Nada foi constatado pela mídia, ao contrário, terminou de forma patética sua pauta, na última quarta-feira, quando o próprio Victor prestou esclarecimentos na Comissão de Minas e Energia da Câmara, acusando a manipulação. Seu nome aparece apenas em um documento, montado por arapongas da própria ANP, com recortes de jornais, relatórios duvidosos e prováveis escutas clandestinas, feitas pelos interesses de seus autores, visando o amplo mercado de dossiês, do qual Mainardi é freguês habitual. Ao longo da tentativa de se descobrir maiores informações, em seus podcasts, Mainardi não cansava de repetir o mantra de que Victor era irmão de Franklin Martins, ministro da Comunicação, seu antigo desafeto. Público e vergonhoso interesse.

2) O assunto da coluna é o Irã, já que seu presidente, Mahmoud Ahmadinejad, virá ao Brasil em maio. Sugere que a nação repita o que fizeram alguns representantes de países europeus na conferência da ONU sobre racismo, que abandonaram o evento na fala do presidente iraniano, no dia 20 último. Para Mainardi, Ahmadinejad quer eliminar Israel da face da Terra. Mentira. Ele leu o discurso? Claro que não. Nossa mídia não permitiu. Sugiro que nossos leitores leiam e tirem suas próprias conclusões. A crítica ao racismo de Israel, com seu recente genocídio contra palestinos, é apenas parte do discurso, voltado principalmente para criticar a atual ordem política internacional. E se tem um assunto que os iranianos têm o que dizer é esse. Afinal, viveram intensamente a perversão do imperialismo, desde o dos ingleses até o dos americanos, em sua sanha por petróleo. O que Mainardi discorda certamente está nessas frases, ditas pelo presidente do Irã:


Sr. Presidente, Senhoras e Senhores, o mundo está a atravessar mudanças rápidas e fundamentais. As relações de poder tornaram-se fracas e frágeis. Os ruídos do estalar dos pilares dos sistemas mundiais agora são audíveis. As principais estruturas políticas e econômicas estão à beira do colapso. Crises políticas e de segurança estão em ascensão. A piora da crise na economia mundial, para a qual não se vê perspectiva brilhante, demonstra uma maré ascendente de mudanças globais de extremo alcance. Enfatizei repetidamente a necessidade de alterar a direção errada em que o mundo está hoje a ser administrado e também adverti das horrendas consequências de qualquer atraso nesta responsabilidade crucial.

Agora, neste valioso evento, gostaria de anunciar a todos os líderes, pensadores, nações do mundo presentes nesta reunião e àqueles que anseiam por paz e bem-estar econômico que a injusta administração econômica do mundo está agora no fim da estrada. Este impasse era inevitável uma vez que a lógica desta administração imposta era opressiva.



3) Mainardi sugere que para evitar a presença de Ahmadinejad, todos fujam para a Argentina. Seu único nexo é por ali terem sido acusados vários iranianos pelo atentado, em 1994, a um centro judaico, e estes estarem hoje protegidos no Irã. Faltou pesquisar sobre o que já foi publicado sobre o assunto, tarefa jornalística que parece não interessar ao colunista. Se feita, a constatação imediata é que até hoje é assunto controverso, repleto de contradições e falta de provas. O Irã sempre negou responsabilidades. O acusado de ser o homem-bomba na verdade foi morto no Líbano. Um juiz foi flagrado oferecendo US$ 400 mil para um depoente. E a motivação do atentado, alegada amplamente, o fim das negociações com o Irã do urânio argentino, na verdade continuaram até o atentado. Resumindo, não há nada que sugira responsabilidade iraniana. E não venha com esse papo de medo do programa nuclear iraniano, dê uma olhada na geografia do país para entender que naquela árida terra é mais do que necessário o uso de energia nuclear para alimentar de eletricidade o país.

O colunista da Veja está longe de praticar jornalismo. O que faz é usar um espaço nobre, em revista de grande circulação, para panfletar seu neomacartismo de quinta categoria.
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A República em questão



Dever-se-ia analisar com mais atenção o II Pacto Republicano de Estado por um Sistema de Justiça Mais Acessível, Ágil e Efetivo, recentemente assinado pelos representantes dos três poderes da República brasileira. Os presidentes do Supremo Tribunal Federal, da Câmara dos Deputados e do Senado, ao lado do presidente Luís Inácio Lula da Silva, num documento de seis páginas, comprometeram-se a empreender esforços para conseguir a aprovação de projetos sobre acesso universal à Justiça, agilidade na prestação jurisdicional e proteção aos direitos humanos fundamentais.

Curiosamente, o assunto não despertou emoção, nem entrou na pauta política.

Um pacto é tanto uma suspensão de litígios quanto um compromisso de defesa, algo que duas ou mais partes que não pensam obrigatoriamente do mesmo modo nem têm os mesmos interesses particulares propõem-se a fazer em nome de uma meta comum, valiosa para todos e que se encontra ameaçada. Também exige cooperação e implica uma resolução de se manter fiel a uma causa, um princípio ou uma instituição.

O gesto mesmo intriga. Se se faz um pacto republicano é porque se supõe que a República esteja a correr algum risco, não necessariamente de soçobrar, mas, por exemplo, de não estar sendo adequadamente valorizada. Se tal pacto tem no centro o sistema de justiça é porque o que existe é ruim, funciona mal ou não cumpre o que promete à sociedade. Se o compromisso é tornar mais acessível, ágil e efetivo o sistema, é porque se supõe que ele não está ao alcance dos cidadãos, é lerdo e produz poucos resultados.

É de fato o que se passa? Temos indícios de uma crise dessa magnitude, que mexe com os fundamentos éticos e a base institucional do Estado brasileiro e está a ameaçar o coração do sistema republicano, que pulsa, como se sabe, ao ritmo dos direitos humanos fundamentais, da lei e da justiça igual para todos?

A lista dos pontos estabelecidos como prioritários pelos signatários do pacto é grave. Inclui, por exemplo, a preocupação com a legislação penal e confere grande atenção à investigação criminal, aos recursos, à prisão processual, à liberdade provisória e aos critérios para a interceptação telefônica e o uso da informática em investigações. Tudo para evitar excessos e proteger a dignidade da pessoa humana. São previstas alterações no Código Penal para dispor sobre os crimes praticados por grupos de extermínio ou milícias privadas, assim como na legislação sobre crime organizado e lavagem de dinheiro. Há preocupação também com a questão do abuso de autoridade e com a responsabilização dos agentes e servidores públicos em eventuais violações aos direitos fundamentais. Pensa-se em aperfeiçoar o Programa de Proteção à Vítima e Testemunha, do Ministério da Justiça, e a legislação trabalhista, com o objetivo de ampliar as tutelas de proteção das relações de trabalho.

A se considerar o teor do documento, a situação é calamitosa. O compromisso entre os três poderes estaria, nesse caso, a endossar a tese do presidente do STF, Gilmar Mendes, de que convivemos com um “Estado policialesco”, que ele tem associado aos excessos que estariam sendo cometidos pela Polícia Federal em operações como a Castelo de Areia e Satiagraha, envolvendo banqueiros, empresários, delegados, políticos e funcionários públicos.

Seria, portanto, um cenário de horror.

Mas, e se o pacto não for um jogo de efeito mais do que algo para valer?

Como, em política, não há fumaça sem fogo, daria para vê-lo como instrumento de um “ajuste de contas” entre as instâncias superiores do Estado. Dizem, por exemplo, que há muitas arestas no interior da Polícia Federal. Mesmo as relações entre o Executivo e o Legislativo não são as melhores, com o segundo se mostrando muito subserviente ao primeiro. Poderia ser visto como palco para que se defenda a supremacia do Estado Judicial sobre o Administrativo ou o Político, ou para que alguém exiba seu amor aos ritos da Justiça. Tais coisas, diga-se de passagem, não seriam estranhas nessa nossa época em que conflitos, tensões e divergências políticas transbordam a esfera política para cair no terreno do julgamento espetacular, tido como mais rigoroso e imparcial. Judicialização da política, costuma-se dizer.

Outra maneira de analisar o pacto é lembrando que operações destinadas a defender e valorizar uma República não podem se limitar ao protagonismo dos Poderes. Um modo republicano de governar e organizar o Estado é aquele em que o interesse público se distingue dos interesses dos particulares, o direito e a lei preponderam e os cidadãos escolhem livremente seus dirigentes. Ele exige Poderes alertas e legitimados, mas só faz sentido e sobrevive se contar com bons políticos e estiver embebido de cima a baixo de educação cívica.

Possui virtude republicana uma comunidade que se organiza e se governa com instituições e hábitos públicos que são compreendidos e defendidos pelos cidadãos, que sabem valorizar a redução dos privilégios pessoais e das condições de possibilidade de imposição de um grupo ou classe sobre outros.

Atos de corrupção, abusos de autoridade ou defeitos da Justiça não podem ser vistos apenas como um problema de servidores, juízes ou políticos. Não estão associados a uma degradação da moralidade – daquilo que se refere ao homem moral, que responde por seus atos tendo em vista a própria consciência individual –, mas sim a um padrão de eticidade, referida ao homem ético, que define seus atos tendo em vista os outros homens. Têm tem muito mais a ver com vida intersubjetiva e organização social que com caráter pessoal ou força institucional.

Sem repercutir nesse terreno e envolver os atores sociais de modo amplo, qualquer pacto republicano que se propuser será limitado e poucos efeitos virtuosos produzirá. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 25/04/2009, p. A2].

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Encontro com Milton Santos



São nove trechos e valem o tempo "ganho" em assisti-los. Nunca deixes que te enganem! Duvides e busques tuas respostas. Este é o caminho da libertação. A fé e o dogma não permitem que a "montanha saia do lugar"!

Os demais vídeos podem ser buscados em:
http://www.youtube.com/watch?v=gPQexs1Vek4
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Patrus sai na frente e ganha apoio do PCdoB

Do Jornal Hoje Em dia
Alex Capella, Belo Horizonte
Com as presenças de lideranças da legenda, o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), pré-candidato do PT ao Governo de Minas, recebeu ontem do PCdoB o primeiro apoio declarado à sua campanha. Aliado histórico dos comunistas, que participaram da gestão de Patrus na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), entre 1993 e 1996, o ministro classificou o apoio como “bem-vindo” no momento de disputa interna no PT.
O PT de Minas está dividido desde a disputa pela PBH. Uma ala do partido, comandada pelo ex-prefeito Fernando Pimentel, fechou aliança com o PSDB para eleger o prefeito Marcio Lacerda (PSB) no ano passado. Na outra ponta, ficou o grupo de Patrus, contrário à dobradinha. O clima de animosidade interna continua. Tanto Patrus quanto Pimentel intensificaram os encontros com lideranças no interior do Estado. Com o apoio do PCdoB, o ministro larga em vantagem nas negociações eleitorais. “Claro que todo apoio é muito bem-vindo nesse momento. Eu recebo com muito carinho essa manifestação de confiança. Nós sempre caminhamos juntos. Quando fui candidato a prefeito de Belo Horizonte, tive o apoio do PCdoB. Governamos juntos, tivemos um diálogo histórico e firmamos compromissos comuns com os pobres e os trabalhadores”, disse.
Mesmo restando mais de um ano para as eleições, Patrus acredita que o apoio do PCdoB fortalece sua pré-candidatura, não só dentro do PT, mas também no Estado. O ministro espera ter também o apoio de outras legendas que formam a base do Governo Lula. “Sem dúvida. Estou conversando dentro do PT. A minha candidatura está colocada. E estamos conversando com nossos interlocutores históricos como o PCdoB, o PDT e o PMDB. Vou procurar também o PSB na perspectiva de fazermos uma grande aliança, que nos possibilite que ganhemos o Governo de Minas e façamos no Estado o que o presidente Lula fez no Brasil”, afirmou.
O ministro não esconde a intenção de ter o ministro Hélio Costa (PMDB), das Comunicações, como aliado na disputa no Estado. Até agora, Hélio Costa vem liderando todas as pesquisas de intenção de voto. “Temos mais de um ano para as eleições. Queremos fazer uma grande aliança na perspectiva de contar com o PMDB, como um partido que temos interlocução constante e que faz parte da base de apoio do Governo Lula. O momento é de discutirmos as bases do programa. E as alianças se darão a partir do interesse comum dos partidos”, argumenta Patrus.

Hélio Costa tenta unir o PT
Líder das pesquisas de opinião sobre a corrida à sucessão do governador Aécio Neves (PSDB), o ministro Hélio Costa (PMDB), das Comunicações, colocou-se ontem, após encontro com empresários na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), como uma espécie de apaziguador do racha no PT, desencadeado desde as eleições municipais do ano passado em Belo Horizonte. Hélio Costa revelou que vem conversando, com frequência, com o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e com o ex-prefeito Fernando Pimentel, ambos pré-candidatos do PT ao Governo de Minas. 
Com a experiência de duas derrotas (1990 e 1994) na disputa pelo cargo, o ministro lembrou que a falta de união pode custar uma eleição. “Não sou o empecilho de nenhum entendimento político. Se precisar, quero ser o primeiro a dar a palavra para conversar. A experiência que tenho ninguém me tira. Vou ajudar a fazer um grande entendimento. Temos que fazer uma proposta de união que seja boa para Minas. É totalmente desnecessário sairmos para uma batalha sem fim”, acrescentou.
Hélio Costa ressaltou que a recente disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, quando o PT se dividiu, por causa da aliança com o PSDB, deve servir de lição, mas não determinar os rumos das negociações de agora em diante. “A aliança (PT e PMDB) está consagrada no Estado inteiro. Houve um exagero na questão da capital. Belo Horizonte serviu de exemplo. Não quer dizer que o que não deu certo em BH não dará no Estado”.
Com a liderança nas pesquisas e o assédio de petistas e tucanos, Hélio Costa se colocou numa posição privilegiada. “Temos uma ótima relação com os membros do PT e um excelente entendimento com o Governo de Estado. Acho que o que definirá a posição do PMDB no Estado é a questão presidencial. Agora, não decido pelo meu partido. Tenho o maior carinho pelo governador Aécio Neves. Acho que a dificuldade é que temos vários bons nomes. É uma eleição de amigos”, brincou o ministro.

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Joaquim já havia avisado...


* Ministro Joaquim Barbosa em entrevista à Folha de S.Paulo, em 25.8.2008.
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"Foi bonita a festa, pá": os cravos de abril, trinta e cinco anos depois.


Grândola, vila morena / Terra da fraternidade/ O povo é quem mais ordena / Dentro de ti, ó cidade...

Vinte e cinco minutos após a meia-noite do dia 25 de abril de 1974, o radialista José Vasconcelos, da Rádio Renascença - emissora católica de Lisboa - tocou em seu programa “Limite” a canção “Grândola, Vila Morena”, do compositor José (Zeca) Afonso, que havia sido proibida pela censura salazarista: era a senha para o início da revolta que iria mudar os rumos de Portugal. Iniciou-se, desta forma, uma das mais belas, generosas e libertárias revoluções do século XX e chegavam ao fim os quarenta e oito anos de obscurantismo do Estado Novo, regime ditatorial liderado por António de Oliveira Salazar e, posteriormente, por Marcello Caetano.
Nos primeiros dias, essa revolta – articulada por jovens militares organizados no MFA (Movimento das Forças Armadas) e que tinham nas guerras coloniais o seu principal motivo de insatisfação - foi chamada de “Revolta dos Capitães” para em seguida receber o nome de “Revolução dos Cravos”, a flor que no mês de abril cobre os campos de Portugal e que coloriu as ruas de Lisboa, nas mãos do povo que comemorava o fim de cinco décadas de opressão e na ponta das armas dos soldados que haviam trazido a liberdade. Existem varias versões para explicar essa profusão de cravos nas ruas, mas a que mais me agrada é aquela que diz que uma florista contratada para decorar um hotel da velha capital distribuiu cravos vermelhos para os soldados e eles, de pronto, os colocaram nos canos de suas espingardas.
O período que se seguiu ao 25 de Abril foi marcado pelas inúmeras marchas e contramarchas do processo revolucionário e por intensas agitações políticas e sociais, com diversos projetos políticos e diferentes concepções de sociedade confrontando-se no confuso cenário político português. Porém, nos primeiros meses após o fim da ditadura salazarista, Portugal pareceu viver em uma grande festa, como descreveu, de maneira quase poética, o historiador britânico Kenneth Maxwell, em seu livro “A Construção da Democracia em Portugal”:

Durante o verão quente e o outono prematuro de 1974, contudo, criou-se a idéia de Portugal como um palco caleidoscópico de política, aberto depois de 50 anos sem expressão política. As relações diplomáticas com a Rússia foram restabelecidas pela primeira vez desde a Revolução bolchevique de 1917. A experiência ideológica do século XX foi comprimida em nove meses. As listas de venda de livros incluíam as “Teses de Abril” de Lenine ou os poemas do líder nacionalista angolano, Agostinho Neto. Havia manifestações e protestos, onde, anteriormente, um encontro de qualquer grupo político teria sido objeto de ataques brutais da polícia. Para a radiosa juventude de blue-jeans impecavelmente lavados, este período foi uma oportunidade para passar horas “pregadas” no que quer que fosse, ou em quem quer que fosse, que estivesse disponível. Homossexuais revolucionários juntaram-se aos anarquistas. Entusiastas da Revolução acorreram a Lisboa enquanto o ambiente foi favorável. Famílias de classe média estacionavam o carro onde lhes apetecia. Vendedores ambulantes inundavam o Rossio, a baixa elegante de Lisboa, exibindo as suas mercadorias junto à estação do metropolitano em frente à Pastelaria Suíça. Por fim, até chegou “Hair”, com o “elenco inglês original”. Substituiu um “festival sexy internacional” no Teatro Monumental, uma produção com alemãs louras nuas com botas de couro negro, denunciada pelo Partido Comunista Português (PCP) como mais uma “golpada da CIA”. No que teve de pior, Portugal depois do golpe parecia um pedregulho subitamente revirado a revelar milhares de insetos que se agitavam freneticamente sob a luz. No seu melhor, Portugal era um jardim de folhagem frágil, brilhante e emaranhada.

Hoje, trinta e cinco anos depois, Portugal consolidou-se como uma vibrante democracia e como um ativo participante do sonho europeu, seus indicadores econômicos e sociais se aproximaram dos números dos demais países do velho continente e – apesar de um certo saudosismo do ditador ser deliberadamente cultivado pelos setores mais conservadores da sociedade portuguesa - o salazarismo é só uma sombra do passado. E tudo começou com os cravos de abril...

Em tempo: Em 2000, a atriz portuguesa Maria de Medeiros dirigiu um pungente e poético retrato da Revolução dos Cravos intitulado "Os Capitães de Abril". O filme está disponível em DVD no Brasil. É belíssimo e merece ser visto.

Ouça aqui "Grândola, Vila Morena", na gravação original de Zeca Afonso, que serviu de senha para o início da Revolta dos Capitães.



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Tudo conforme planejado - 2

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• É o que tem pra hoje

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Somos todos Joaquim!

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Barraco no STF: Joaquim Barbosa enfrente Gimar Mendes

Um bate-boca expôs as divergências entre ministros do STF.  O Ministro Joaquim Barbosa diz que o presidente do STF destrói a credibilidade da Justiça. Enfim, algum ministro tem coragem de denunciar os demandos do presidente do Supremo. Veja o vídeo do YouTube na íntegra:



Fazendo sucesso na rede um vídeo do YouTube "O Créu do Barbosão", uma versão divertida do bate-boca no STF. Trata-se de montagem com imagens da cena do barraco entre os ministros do STF com o funk "Melô do Creu". Segue o Créu do Barbosão:



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A gastronomia como prazer e política



Se futebol também é política, como se tem sustentado nesse espaço, o que dizer da gastronomia?

Não vou me estender no assunto, que foge do meu conhecimento. Mas todo mundo sabe que comer é historicamente um ato social, ao menos entre os humanos. Elaborar pratos com mais ou menos requinte, servi-los com algum cuidado estético e reunir os amigos em torno deles é uma das mais antigas tradições, creio que todos os povos e civilizações. Tem sido em torno de mesas, bares e restaurantes, nas salas ou cozinhas domésticas, que muitos problemas e negociações são resolvidos. Pactos, armistícios, planos revolucionários, conspirações e estratégias de ataque ou defesa nasceram e estão sempre a renascer em almoços e jantares públicos ou privados, ostensivos ou clandestinos. Não precisaríamos sequer recorrer a exemplos como a Santa Ceia ou os banquetes que prepararam a Revolução Francesa para atestar isso.

Não é que o ato de comer seja imediatamente político no sentido mais simples da palavra política: disputa pelo poder. Mas é certamente político naquela dimensão da política como polis, vida civilizada, disposição para conviver e divergir mediante diálogos reflexivos.

Tudo isso para informar que Senhor Prendado agora virou um sítio, ganhando mais densidade e beleza. Bolado e alimentado pelo designer gráfico João Baptista da Costa Aguiar – um cobra na área, autor de algumas das mais belas capas de livros que conheço –, o espaço é gastronômico, mas enche os olhos e aguça os sentidos. Informa, ensina, incentiva a que se cozinhe e a que os amigos se reúnam. O Baptista se diverte, como ele mesmo diz, e ao fazer isso abre o apetite de todos os que gostam de comer e, vá lá, fazer política!

Visitem e aproveitem. Se possível, sem moderação.

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Nota de esclarecimento do Instituto Mineiro de Desenvolvimento

Sobre a reportagem "O Rei do Axé", da Revista Isto É, republicada nesse blog, segue uma carta de esclarecimento do Instituo Mineiro de Desenvolvimento (IMDC), de Belo Horizonte, com vistas a emitir posicionamento sobre a matéria.
Carta de esclarecimento a Jefferson Milton

Acerca da matéria O Rei do Axé, veiculada na revista Isto É e reproduzida no seu blog, o Instituto Mineiro de Desenvolvimento (IMDC) gostaria de ratificar que manteve relações com o deputado Miguel Correa Jr. apenas por ocasião dos eventos de axé e rock mencionados na reportagem e que envolveram o repasse de R$ 700 mil por meio de convênio celebrado entre o Governo Federal e o Instituto – que não é uma ONG, conforme citado, mas uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Esse valor foi repassado à empresa produtora do evento e submetido à prestação de contas dos órgãos públicos responsáveis, conforme documentos disponíveis para consulta.

Portanto, não procede a associação entre “R$ 12,8 milhões e ONG de amigo” citada pela revista. Diferentemente do que a reportagem sugere, nunca houve relação pessoal nem profissional do deputado Miguel Correa Jr. com os demais projetos do IMDC, um instituto que possui 30 anos de atuação e jamais teve seu nome envolvido com irregularidades.

Para esclarecer, o projeto mencionado na matéria – para pesquisas de opinião e com valor total orçado em R$ 5,9 milhões – foi aprovado e validado pelo Governo Federal através do Plano de Trabalho, tendo sido liberada para o IMDC uma parcela de R$ 790 mil, referente à estruturação de desenvolvimento turístico da Região Sudeste, por meio de consultoria especializada voltada para os projetos estruturantes atualmente formatados, com conseqüente promoção e divulgação dos destinos turísticos trabalhados.

Também não procede a informação da liberação de R$ 6,1 milhões para o IMDC, correspondentes ao Projeto de Construção de Cisterna no Semi-árido Mineiro, pois as parcelas são liberadas somente após a prestação de contas dos serviços executados. No caso deste projeto, os valores foram liberados em conformidade com a devida prestação de contas, sendo que metade dos serviços já foram realizados. Vale esclarecer que este projeto tem como característica a execução lenta, uma vez que depende da contrapartida de ações da comunidade.

Vale ainda pontuar que, como OSCIP certificada pelos órgãos constituídos, o IMDC pode celebrar termos com a administração pública através de dispensa de processo licitatório.

A maneira como os projetos do IMDC foram citados pela revista Isto É, associados no contexto da reportagem a ações sob investigação do deputado Miguel Correa Jr., causou surpresa, indignação e um dano sem precedentes frente a pessoas que conhecem e acompanham as atividades do Instituto há anos.

Agradecemos sua atenção e gentileza em publicar no seu blog o nosso posicionamento.

Atenciosamente,

Deivson Vidal
Presidente IMDC
Comentário do blogueiro: Para este blogueiro, os esclarecimentos prestados pelo representante do IMDC são suficientes, não merecendo maiores reparações de minha parte. Esse blog procura ser transparente e, nesse caso, apenas reproduzi uma matéria daquela revista, o mesmo fazendo com essa carta de esclarecimento.

O deputado Miguel Correia Jr., alvo da denúncia, é criticado aqui nesse blog pela sua póstura política, principalmente com relação aos rumos do PT em Minas Gerais. Na disputa interna do PT mineiro, partido do qual sou simpatizante, estarei sempre ao lado de Patrus Ananias, em razão de sua história e de suas qualidades como político. Nada impede que, em outro momento, esteja prestando apoio a grupos que hoje são rivais no Estado. No tocante às denúncias, essas seriam de responsabilidada da citada revista, não tendo qualquer juízo meu sobre a autenticidade da denúncia.

Desde já quero esclarecer para meus leitores que não tenho qualquer responsabilidade acerca do conteúdo da denúncia, bem como desse esclarecimento acima.
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Recadastramento de filiação do PT de BH

Em com a política, do jornalista Baptista Chagas de Almeida
Os adversários do ex-prefeito Fernando Pimentel vão tentar anular no Diretório Nacional todas as filiações feitas em 2008, inclusive dos que procuraram à sede do partido na capital mineira para se recadastrar. Entre os poucos que apareceram, alguns foram transportados em carros colocados pelo partido à disposição dos supostos filiados. A anulação dessas filiações pode ser um golpe fatal no grupo liderado pelo ex-prefeito. Além da desmoralização, vai haver queda no colégio eleitoral pró Pimentel. A briga na direção nacional promete.
Comentário: O Diretório Nacional precisa acabar com a farra de filiações em massa de BH, visando construir maioria para o grupo de Pimentel. Do jeito que a coisa ficou, pode ter ocorrido do grupo de Pimentel ter agarriado votos para sua aliança em BH com gente que pensava que estavam lá para receber moradia ou outros programas sociais. O certo é que boa parte dos filiados de 2008 nem sabiam que eram filiados no partido. É uma gente simples que somente buscava melhoria para as condições de vida de sua família e da comunidade em que vivem. Fica a indagação de como foi a participação desse pessoal na vitoriosa tese de aliança com o PSDB do ex-prefeito Pimentel. A cada dia, a cada descoberta, torna-se mais difícil compreender tudo que há de podre na maneira que Pimentel e seus aliados construíram a maioria no Diretório Municipal do PT em Belo Horizonte. O Diretório Nacional do PT tem que dar basta a essa malandragem. E anular de vez todas as filiações realizadas naquela época.
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Tudo conforme planejado

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No campo, radicais são a UDR e a ANJ

A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) divulgou nota sobre o conflito no último sábado, no Pará, publicada em vários de seus veículos. Em certo momento, diz o texto: “os integrantes do MST atentaram contra o livre exercício do jornalismo, aterrorizando profissionais que cobriam o evento com objetivo de informar à sociedade”.

Como assim livre exercício? Objetivo de informar a sociedade? Haja desfaçatez. Os jornalistas presentes usaram avião da Agropecuária Santa Bárbara, estiveram o tempo todo ao lado de seguranças da fazenda de Daniel Dantas, inclusive quando estes abriram fogo contra os manifestantes, onde nove foram baleados. Que isenção é essa, que nem ao menos tem o critério de ouvir o outro lado? Somente na segunda, em nota do MST, pudemos saber detalhes importantes do episódio, com fatos e nomes, que desmentem versão anterior da imprensa, onde ela dizia que os jornalistas foram usados como reféns, obrigados a caminhar na estrada tal qual escudos humanos. O cinegrafista em nenhum momento capturou imagens que comprovam isso. A nota da ANJ chega ao cúmulo de parcialidade ao afirmar que “felizmente, ninguém saiu fisicamente ferido dessa ação criminosa”. Quer dizer, os nove baleados, alguns gravemente, não contam para a sociedade que a ANJ diz representar. É uma confissão.

Para entender a clara opção da mídia, em constante fabricação do medo ao MST, sugiro a leitura de texto do professor Gilson Caroni Filho, publicado originalmente no Observatório da Imprensa e repetido no Vermelho. Nele, um sério alerta: a UDR e a CNA, que representam os interesses dos donos de terras, planejam a radicalização política, visando 2010, inclusive com ações de sabotagem produtiva, promovendo o desabastecimento. Algo já conhecido da caixa de maldades das reações contra governos populares, de Allende a Chávez. É o que se pode entender das declarações recentes de seus representantes, e que não tiveram a merecida atenção da mídia, preocupada na constante repetição dos mantras neoliberais que afirmam existir uma “modernidade rural” com o agronegócio, sem espaço atual para um reforma agrária. Diz o professor Caroni:


Há um toque de ironia que não deve ser esquecido. No Brasil, ainda são os pequenos produtores sem terra (ou com muito pouca) que abastecem o deficitário mercado de alimentos, ativador de inflação, enquanto, até bem recentemente, os créditos, financiamentos, subsídios e favores do Estado eram monopolizados pela grande propriedade. A contrapartida perversa do repasse de recursos do setor público para o privado são os conflitos do Pará ao Rio Grande do Sul e os surtos de violência entre a UDR de um lado e os sem-terra de outro.

A solução das classes dominantes para resolver o problema agrário sempre foi a redução dramática da população rural, empurrada para as grandes metrópoles em ritmo que não cessava de se superar ano após ano. Nesse quadro, o MST, movimento de maior expressividade na América Latina, logrou estabelecer o contraponto necessário.




A questão agrária no Brasil ainda é um problema grave de erro de gestão capitalista. São seus atrasados representantes os principais responsáveis pelo inchaço das cidades, com a violência urbana. Representam a mais arcaica e perversa herança colonial, escravagista, e querem posar agora de modernos gestores do “agrobusiness”. Tomem vergonha, e paguem por seus crimes.
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Soninha atucanada

Hoje à noite no programa de televisão do PPS, Soninha chama a atenção para a escolha de um candidato forte de oposição que está governando e não fazendo campanha. Até as pedras sabem que esse candidato é o Serra. Aliás, o PPS é um partido tão ridículo que queria fazer uma prévia para escolher o candidato de outro partido, o PSDB. Voltemos ao assunto. Oh, Sonhinha, quem te viu né. Está gostando da boquinha prefeitura do Kassab? Soninha é fraude eleitoral, algo nojento. Gastar milhões de reais com campanha publicitária da SABESP em rede nacional, quando a empresa só atua em São Paulo, no entendimento dela não é campanha. É campanha sim, mas também não deixa de ser um agrado (ou melhor propina) para os grandes meios de comunicação. A Rede Globo agradece. Viajar para inaugurar obras de correlegionários de Serra em outro Estado também não é campanha. Pobre do contribuinte paulista.

Para saber mais sobre o programa do PPS, veja o post anterior.
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A poupança e a canalhice de Raul Jungman

Assisti agora a noite as incursões do PPS na televisão. Coisa de mal gosto, como é o próprio partido. Uma fraude. Não cansam de dizer que é partido de gente decente. Na verdade, é um partido tradicional qualquer, que de vez quando aparece alguns de seus integrantes em esquemas de corrupção, e o partido age à moda do DEM. Por isso, nunca enganei com seu discurso de paladinos da ética. O próprio Jungman enfrenta vários processos por malverzação do dinheiro público.

O Roberto Freire ainda vem falar no programa numa frente socialista de oposição. Como a gente sabe que nessa frente também inclui o DEM, o partido dos filhotes da ditadura (ou será ditabranda, não vi nenhum membro do PPS reclamar), percebe-se que tipo de socialismo o Roberto Freire defende. Dizem por aí que o PPS está em processo de fusão com o PSDB. Como o PPS está à direita do PSDB, é mais um passo desse último em direção dos eleitores do DEM (ou seja, à direita do espectro político). Esse comentário é só um desabafo, mas quem realmente fez um belo post sobre o programa do PPS foi o Sérgio Leo. Só não entendi o final, pois ele diz que achava que o PPS era partido sério. Nesse conto nunca caí. Segue o post:

Do Sítio do Sérgio Leo

Toda pessoa com alguma informação sabe que, com a queda dos juros, a caderneta de poupança tende a ficar mais atrativa, para ganhar dinheiro, do que os fundos de investimento. A poupança é isenta de imposto, os fundos, não; os fundos têm correção ligada aos juros da dívida Tesouro, que, para felicidade geral da nação, estão caindo; as cadernetas têm rendimento garantido de 0,5% acima da TR, que reflete as taxas de juros do mercado, maiores que os juros básicos do tesouro.

Daí que o governo não quer esse inchaço da caderneta, com a migração especulativa (especulação legítima, aliás) do dinheiro hoje depositado nos fundos para a caderneta. Para os bancos também é um problema, porque os depósitos em cadernetas não podem ser usados livremente para qualquer tipo de crédito. Vai ter mudança, o governo estuda uma forma de baixar o rendimento da poupança, e o Lula pediu aos técnicos para darem um jeito de manter, pelo menos, o rendimento das poupanças menores. Troço difícil.

Mais difícil ainda é aceitar a exploração política irresponsável e de má fé que acabo de ver na propaganda do PPS. O Raul Jungman, que já namorou uma grande amiga minha, teve outra amicíssima como assessora e sempre teve meu respeito, apesar de todas as polêmicas em que se envolveu, aparece no vídeo explorando a ignorância dos pobres e das pessoas mal informadas, ao dizer que o governo vai "mexer na poupança como fez o governo Collor".

Ora, o Collor, em 1990, CONFISCOU dinheiro da poupança. As pessoas não puderam sacar o que tinham lá. O) máximo que sairá agora será uma redução no rendimento, ou um imposto para maiores investidores.

Qual a intenção do Jungmann, usar a ignorância das pessoas para provocar confusão? Ele não se importa de provocar prejuízos nos velhinhos, nas pessoas com menores economias, que, com medo de terem seu dinheiro confiscado, vão correr para sacar das cadernetas num momento em que elas são a melhor alternativa de investimento para elas, só abaixo do Tesouro Direto?

Isso nem efeito contra o Lula pode ter, estamos longe das eleições, o que vier a ser feito será em breve, e ficará claro que será diferente do que fez o Collor (embora sempre se possa explorar legitimamente o fato de que, no governo Lula, a caderneta passou a render menos, dependendo do que façam).

Mas apavorar os poupadores espalhando um boato que sabem ser falso é baixaria. Política medíocre, pequena, atrasada. Nojenta mesmo. Coisa sem caráter.

E eu, que achava o PPS um partido sério.

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O Rei do Axé: Traidor e Suspeito de Corrupção

A estrela do ex-prefeito Pimentel, o deputado federal Miguel Correa Jr. (PT-MG) ou simplemente Miguelzinho, não é apenas traidor, como já sabemos, mas também é suspeito de desvio de verba pública destinada ao turismo. Aliás, é este deputado um dos responsáveis por fraude em filiação em massa no partido em Belo Horizonte. A tropa de choque de Pimentel no mar de lama. Acorda PT. É a hora de Patrus governador. Veja a reportagem.
Do Portal da Revista Isto É
Nos próximos dias, a Comissão de Ética do PT analisará o pedido de expulsão do deputado federal Miguel Correa Jr. (MG), 30 anos. No ano passado, uma denúncia de suposto envolvimento do parlamentar com desvio de verbas bateu às portas do Ministério Público Federal (MPF). Os procuradores receberam a informação de que Miguelzinho, como é conhecido em Minas Gerais, estaria por trás de uma triangulação no envio de dinheiro público para empresas privadas. 
Nos documentos encaminhados ao MPF constam que, em 16 de maio do ano passado, o petista conseguiu no Ministério do Turismo R$ 400 mil para uma festa de axé, por meio de emenda parlamentar. A derrama do dinheiro público aconteceu nos cofres do Instituto de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC) que fez o depósito na conta bancária da DM Produções de Eventos, empresa de Leonardo Dias, um dos amigos mais próximos do deputado. "Assim como o governo apoia a Fórmula 1 e o Carnaval do Rio, imaginei que não haveria problema em destinar o dinheiro à festa em Belo Horizonte, já que temos pouca opção de lazer", justifica Miguelzinho. 
"É tudo normal. É investimento em turismo, mas não farei mais isso." Procurado por ISTOÉ, o IMDC - registrado como um instituto sem fins lucrativos - admitiu que, de fato, recebeu o dinheiro e o repassou à organização do evento. "Era um projeto social", explica Deivison Oliveira Vidal, coordenador da ONG. "Gastamos o dinheiro na entrada de 15 mil jovens carentes no show", diz. Segundo consta no Siafi, sistema de informações das contas do governo federal, em 2007 o deputado vivia uma fase roqueira. 
De acordo com o próprio Vidal, Miguelzinho intermediou a liberação de R$ 300 mil para o instituto. A balada da vez foi o Pop Rock Brasil. A ong conseguiu também R$ 5.900.400, com o mesmo Ministério para pesquisas de opinião. Detalhe: o acordo foi publicado no Diário Oficial no dia 24 de dezembro e a primeira parcela da verba foi liberada no dia 30 de dezembro. 
O IMDC obteve ainda outros R$ 6.105.640, do Ministério de Desenvolvimento Social, em 2007, repassados pelo governo de Minas Gerais, para a construção de 4.270 cisternas, no Vale do Jequitinhonha. Sem licitação. A justificativa era de que o povo estava morrendo de sede. "Era uma questão de urgência", afirma Vidal. Porém, até hoje nem metade das cisternas foi entregue. 
Apesar desses fatos, o processo de expulsão de Miguelzinho é com base em um problema que não envolve dinheiro: infidelidade partidária. Pesa contra o deputado seu apoio a candidatos do PSDB e do DEM na eleição municipal em Belo Horizonte. Ele foi o braço direito do ex-prefeito Fernando Pimentel na defesa da aliança do PT com o PSDB do governador Aécio Neves. 
Miguelzinho entrou em rota de colisão com pesos pesados do partido, como os ministros Luiz Dulci (secretário- geral da Presidência da República) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). "Se me expulsarem, terão que tirar mais nove deputados", defende-se. Na disputa petista de 2010, ele trabalha contra a candidatura de Patrus à sucessão estadual e a favor de Pimentel - candidato do ex-ministro José Dirceu. Aliás, que considera Miguelzinho um dos jovens políticos mais promissores de Minas Gerais.

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E assim se passaram treze anos: de Eldorado dos Carajás ao discurso neoescravocrata do DEM.

No dia 17 de abril de 1996, em Eldorado dos Carajás, a Polícia Militar do estado do Pará foi responsável pela morte de dezenove trabalhadores rurais sem-terra, naquele que se tornou o mais conhecido de todos os massacres de camponeses que, cotidianamente, acontecem por este Brasil afora. Na época, o governador do Pará era o tucano Almir Gabriel e a Presidência da República era ocupada pelo outrora "Príncipe dos Sociólogos", Fernando Henrique Cardoso, da coligação tucano-pefelê. Hoje, treze anos depois, os sem-terra e seus defensores - como a Irmã Dorothy Stang - continuam sendo mortos, os responsáveis pelos crimes continuam a utilizar chicanas jurídicas para permanecerem impunes, a mídia continua demonizando o MST (dentro da lógica de culpar as vítimas pela ação dos criminosos) e os setores que estavam no governo à época - tanto à nível estadual, quanto federal - continuam a aprontar das suas. O líder do DEM (nome de fantasia do velho PFL) na Câmara de Deputados, Ronaldo Caiado (que se tornou conhecido nacionalmente, na década de 1980, como presidente da famigerada União Democrática Ruralista-UDR), tem feito de tudo para impedir a aprovação de um projeto de lei que prevê a desapropriação de terras onde existam, comprovadamente, trabalhadores sendo explorados em condições análogas ao trabalho escravo. Pois é: são estes mesmos setores que aparecem diariamente nos meios-de-comunicação criticando o governo e defendendo a "modernização das relações trabalhistas" no Brasil. Provavelmente, "modernizar" para eles significa o retorno à época moderna (lá pelos idos dos séculos XVII e XVIII) quando, nas possessões portuguesas do lado de cá do Atlântico, predominava um certo tipo de mão-de-obra , a escrava, do qual esses senhores parecem ter tanta saudade...
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Living La Vida Loca - 07

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Um domingo de política e paixão

Em campo, não houve guerra, mas tensão e conflito. protagonizado por militantes aguerridos de uma causa: levar o time às finais. Arrastaram multidões. À beira do campo, antes da partida começar e durante ela, houve muita estratégia, tática, simulações e dissimulações. Os técnicos analisaram o jogo, buscaram conhecer o adversário e orientar os jogadores. No conjunto, foi um diálogo de tipo especial, mas nem por isso desprezível como arte política. Menor, dirão muitos. Tenho minhas dúvidas.

Um personagem meio gordo, já com alguns cabelos brancos, mostrou que clássicos de futebol também precisam de heróis. Não que tenha resolvido a partida, que terminou 2 a 0, com direito a um golaço dele. Mas foi o coadjuvante magnético de um coletivo bem organizado e determinado, que não tremeu e soube se impor.

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Reportagem do Estado de Minas escancara os métodos do grupo Pimentel-Virgílio

Em reportagem, o EM denuncia o processo de refiliação a todo custo no PT de Belo Horizonte. Embora o EM não cite os nomes do ex-prefeito Fernando Pimentel e dos deputados federais Virgílio Guimarães e Miguel Correa Júnior, o processo de filiação em massa, com fraudes de todo tipo, foi desencadeado para sustentar o projeto político de Pimentel, o que incluía entregar a PBH e a futura candidatura ao governo estadual. Ou seja, são eles os beneficiários, não o PT como partido, mas seus nomes são protegidos pela mídia.

O uso de dados de pessoas simples, cadastradas em programas sociais ou projetos de participação estruturantes, como o Orçamento Participativo, sem o conhecimento dessas pessoas, para fraudar filiações merece punição com mais rigor pela Executiva Nacional do PT. O partido, na esfera estadual e nacional, precisa dar basta a essa malandragem, que procura construir maioria fraudada para determinados grupos políticos do PT, ligados à pré-candidatura de Pimentel. Segue abaixo a reportagem do EM:

PT faz refiliação a todo custo em BH

Maria Anselma de Souza Melo, de 78 anos, teve de ser escorada por duas filiadas do PT para conseguir confirmar a ficha de filiação na sede do partido em Belo Horizonte, no fim da tarde de sexta-feira. Ela não conhece muito do partido, mas a vizinha Maria Carmen, uma das que a ajudavam a sair do carro enviado pelo diretório para buscá-la em casa, num bairro da Zona Norte, lhe garantiu que com o gesto estavam ajudando o Dr. Nilton, candidato derrotado à Câmara Municipal no ano passado.

Antes de Maria Anselma, em menos de meia hora, três veículos entraram e saíram do diretório municipal do PT carregando pessoas para confirmar a filiação no ano passado. Apesar do esforço, menos de um terço dos 6.802 novos pedidos feitos em setembro do ano passado foram confirmados.

O recadastramento, que começou em 30 de março, atendeu à determinação das executivas estadual e nacional que acataram recurso assinado pelo ex-vereador Carlão Pereira e pelo vereador Arnaldo Godoy. O recurso dos dois integrantes do partido foi baseado em dezenas de denúncias de fraude.

Assista aqui vídeo de moradora que fala como seu nome foi parar na lista de filiados do PT.

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