A gastronomia como prazer e política

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  • quarta-feira, 22 de abril de 2009
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  • Se futebol também é política, como se tem sustentado nesse espaço, o que dizer da gastronomia?

    Não vou me estender no assunto, que foge do meu conhecimento. Mas todo mundo sabe que comer é historicamente um ato social, ao menos entre os humanos. Elaborar pratos com mais ou menos requinte, servi-los com algum cuidado estético e reunir os amigos em torno deles é uma das mais antigas tradições, creio que todos os povos e civilizações. Tem sido em torno de mesas, bares e restaurantes, nas salas ou cozinhas domésticas, que muitos problemas e negociações são resolvidos. Pactos, armistícios, planos revolucionários, conspirações e estratégias de ataque ou defesa nasceram e estão sempre a renascer em almoços e jantares públicos ou privados, ostensivos ou clandestinos. Não precisaríamos sequer recorrer a exemplos como a Santa Ceia ou os banquetes que prepararam a Revolução Francesa para atestar isso.

    Não é que o ato de comer seja imediatamente político no sentido mais simples da palavra política: disputa pelo poder. Mas é certamente político naquela dimensão da política como polis, vida civilizada, disposição para conviver e divergir mediante diálogos reflexivos.

    Tudo isso para informar que Senhor Prendado agora virou um sítio, ganhando mais densidade e beleza. Bolado e alimentado pelo designer gráfico João Baptista da Costa Aguiar – um cobra na área, autor de algumas das mais belas capas de livros que conheço –, o espaço é gastronômico, mas enche os olhos e aguça os sentidos. Informa, ensina, incentiva a que se cozinhe e a que os amigos se reúnam. O Baptista se diverte, como ele mesmo diz, e ao fazer isso abre o apetite de todos os que gostam de comer e, vá lá, fazer política!

    Visitem e aproveitem. Se possível, sem moderação.

     
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