Tucanos em guerra: baixaria no ninho tucano

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  • quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
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  • A imprensa minimiza, mas a briga interna do PSDB está cada vez mais quente. Na escola do líder da bancada do PSDB, o governador mineiro Aécio Neves (PSDB) entrou em campo e garantiu a permanência de José Aníbal, do PSDB paulista, na liderança do partido na Câmara. Os deputados serristas (Antônio Carlos Pannunzio, Paulo Renato e Jutahy Magalhães, entre outros) não aceitaram a decisão da bancada e se rebelaram contra o líder da bancada eleito. 
    O fato é que a disputa interna do PSDB está acirrada, e o governador Serra não quer deixar espaço para Aécio Neves e a chamada prévias partidárias. Do outro lado, Aécio não está morto, e tem alguma margem de manobra para operar, podendo inclusive forçar que o partido realize as prévias para a escolha do candidato presidencial. Prova disso é justamente a disputa pela liderança da bancada. Até 2010 muita água vai rolar. 
    Imaginem se a baixaria que está ocorrendo no ninho tucano fosse no PT. Seria um escândalo, matérias de jornais sobre o tema em tom de denúncia, um verdadeiro carnaval. Como é no PSDB, a mídia minimiza e esconde a disputa fraticida travada nos bastidores entre Serra e Aécio, inclusive com lances nem sempre leais. Fica parecendo que é uma briga restrita à bancada do partido na Câmara, algo que estaria movido por simples vaidades, e não disputa de espaço de poder, como realmente é. Segue um post bastante elucidativo a esse respeito publicado no Blog da Kika Martins:

    Barraco tucano. As penas voam 

    Sob as acusações de "golpista", "antidemocrático" e "antiético", o deputado José Anibal (SP) foi reconduzido ontem à liderança da bancada no PSDB na Câmara. A resposta de Anibal foi à altura: "São uns falastrões". A troca de acusações entre os tucanos durou todo o dia de ontem, depois da escolha do líder, e deixou clara a divisão do maior partido de oposição na Câmara. Nos bastidores da reeleição de Anibal, os deputados apontavam a participação do governador de Minas, Aécio Neves, na disputa. 
    No começo da manhã o clima entre os tucanos já era tenso. Da bancada de 57 deputados, 36 votaram a favor de Anibal; um voto foi nulo e 20 deputados decidiram não participar da escolha. Eles criticavam o fato de Anibal ter alterado o regimento da bancada na noite anterior para poder manter-se no cargo. O regimento dizia que o líder não poderia ser reeleito consecutivamente, de forma a garantir a alternância de deputados no cargo. Com a mudança das regras às vésperas da eleição, os outros candidatos ao cargo retiraram-se da disputa indignados. 
    No fim da tarde, o grupo de 20 parlamentares distribuiu uma nota no plenário da Câmara, com duras críticas a Anibal. "A atitude golpista e antidemocrática da liderança do PSDB na Câmara dos Deputados levou à dissidência um grupo expressivo de deputados", escreveram na nota. Os parlamentares dissidentes, em sua maioria da bancada de São Paulo, consideraram ainda a atitude de Anibal como "típica de regimes autoritários, que fere os "princípios de boa convivência" e "é inaceitável para um tucano que tenha ética e respeito ao estatuto do partido". Um dos redatores da nota foi o ex-ministro Paulo Renato Souza, que retirou a candidatura na noite anterior. 
    A briga foi relatada à direção nacional, cujo presidente é o senador Sérgio Guerra (PE). O grupo dissidente transformou-se no "Movimento Unidade, Democracia e Ética" e o deputado Gustavo Fruet foi o porta-voz dos parlamentares. "Anibal quebrou uma regra escrita, que é o estatuto, e o modificou na véspera da eleição e quebrou uma regra não escrita, que é a da convivência", declarou Fruet. "Os fins não justificam os meios e não se pode mudar as regras para manter-se no cargo". 
    O deputado não deixou de ressaltar que o governador Aécio Neves orientou a bancada mineira a votar em Anibal, como aconteceu de fato, e que o governador paulista, José Serra "não participou dessa eleição". Na bancada paulista, até mesmo os políticos mais próximos do ex-governador Geraldo Alckmin - e menos chegados a Serra - não ficaram com Anibal, como Emanuel Fernandes, Julio Semeghini e Vanderlei Macris. Nem o antigo aliado paulista Edson Aparecido votou no deputado. 
    Até Mendes Thame (SP), conhecido por sua calma, mostrou-se visivelmente incomodado com a atitude de Anibal. Para os dissidentes, o processo foi "ilegítimo" e eles não vão seguir a orientação do atual líder. Chegam a dizer que não vão nem participar das reuniões da bancada. "Nós somos um grupo, que vamos nos reunir todas as semanas", relatou Vanderlei Macris. 
    O maior partido de oposição mostrou-se rachado e os dissidentes deram ainda mais visibilidade aos problemas. "O PSDB não tem movimento social, não tem organização de base. O único espaço que temos para debates é aqui no Congresso. Se nossa bancada se mostra dividida, que mensagem passamos à população?", questionou Fruet. 
    "A atitude dele é chavista", declarou o deputado Arnaldo Madeira (SP), que disputou com Anibal a última escolha de líder, referindo-se ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "Ele só pensa nos seus interesses individuais". 
    Os dissidentes acusam ainda Anibal de tentar manter-se na liderança para cacifar-se dentro do partido na escolha do candidato que disputará o governo de São Paulo, em 2010. O deputado é pré-candidato, assim como o ex-governador Geraldo Alckmin e o secretário estadual Aloysio Nunes Ferreira. 
    As declarações dos dissidentes deixaram Anibal furioso. "Mário Covas dizia que problema interno se resolve dentro do partido. A partir de agora, só falo com a direção", afirmou. "Você acha que eu vou responder a esse pessoal? Eu já fui presidente do PSDB, líder duas vezes no governo Fernando Henrique. Sou autor do único estatuto da bancada. O que eles dizem para mim é irrelevante", disse. Anibal disse que teve respaldo da maioria do partido para alterar o estatuto da bancada. 
    No DEM, a escolha do líder em nada lembrou a dos tucanos. Ronaldo Caiado (GO) assumiu o cargo de Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), aclamado por toda a bancada, que desde o ano passado havia feito um acordo para elegê-lo. ACM Neto emocionou-se e chegou às lágrimas quando transmitiu a liderança ao colega, ao lembrar-se de seu tio, Luís Eduardo Magalhães, ex-presidente da Câmara. O PDT, que no domingo havia escolhido Brizola Neto (RJ) para a liderança, ontem disse que fará rodízio entre os deputados na liderança. Em julho, Brizola Neto dará lugar a Dagoberto, que disputou o cargo com o colega.

     
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