O senador Barack Obama continua obtendo importantes vitórias com sua mensagem de esperança. Nesta terça-feira obteve mais três: Washington (DC), Virgínia e Maryland. A diferença de votos em relação à Hillary superou as previsões mais otimistas, numa clara demonstração de que passou a obter votos da base de sua adversária: mulheres brancas, eleitores mais velhos e hispânicos. O Barack Obama candidato tem uma plataforma ousada. O senador por Illinois condenou a política do medo instaurada após o 11 de setembro: não foi usada para unir o país, mas para levar medo à população americana. Sua plataforma eleitoral inclui: (i) aumentos anuais no salário mínimo; (ii) um sistema nacional de saúde; (iii) a retirada de tropas americanas do Iraque; e (iv) a controversa diplomacia com países “inimigos” dos EUA na atualidade, como Irã.
Ninguém pode negar que ele é um político corajoso. Isso pode representar uma vantagem na sua luta para conquistar a indicação democrata, em confronto com o discurso tecnicamente correto (e em certa medida conservador) da senadora Hillary Clinton. Só que não dá para saber pelo simples resultado das primárias, que traduz o sentimento de parcela do eleitorado, até que ponto a conservadora sociedade americana aceitará mudanças significativas de rumo, especialmente na política externa e segurança nacional.
Tanto Obama quanto Hillary prometem reformar o sistema nacional de saúde. Mas há divergências em suas propostas. A senadora Hillary pretende implantar um sistema de seguro saúde para toda a população, enquanto Obama quer implantar um programa apenas para aqueles trabalhadores em que o empregador não fornece o benefício. Na área externa, Obama é mais arrojado que sua adversária democrata. Hillary votou pela guerra do Iraque, embora condene a atuação americana. Mas é incapaz de admitir o erro, e isso pode estar tirando preciosos votos nas primárias democratas. Barack Obama, por outro lado, votou contra a guerra, e inclui na sua plataforma a retirada das tropas americanas do Iraque e a possibilidade dos EUA abrir conversas diplomáticas com países “inimigos”, a exemplo do Irã. Hillary, por sua vez, manifestou o desejo de melhorar as relações com os países da América Latina. Dificilmente adotaria o programa do adversário.
Há ainda uma discussão sobre a imigração que está deixando os republicanos mais conservadores desconfiados do seu próprio candidato mais bem colocado, John McCain. Os conservadores mais ferrenhos não admitem concessões para os imigrantes ilegais, de origem principalmente hispânica. Porém, Hillary, Obama e o candidato republicano McCain deram mostras de maior flexibilidade, podendo apoiar uma política de regular o sistema imigratório, inclusive legalizando aproximadamente 12 milhões de imigrantes ilegais. Os candidatos democratas admitem publicamente a necessidade de regular o sistema imigratório, enquanto o republicano já manifestou simpatia pela idéia. De fato, existe um projeto de sua autoria nesse sentido no congresso americano.
A senadora democrata também tenta puxar a discussão para o lado da economia. Os americanos têm boa lembrança dos bons ventos para a economia dos anos Clinton, além da senadora mostrar-se maior habilidade nos temas econômicos que seu rival democrata. A expectativa é que a economia torne o ponto central da política americana nesse ano, mas até agora outros temas tem ganhado destaque na pauta política: imigração, seguro saúde, política externa. Nesse sentido, o senador Obama tem-se beneficiado por conseguir trazer a campanha para esses outros temas. Além disso, a economia é um assunto bom para debates, mas ainda não ocorreram muitos. Os debates podem equilibrar a brutal diferença de fundos em favor de Obama na campanha democrata, pois representam tempo de televisão gratuito (isto porque os candidatos não pagam para ir aos debates promovidos pelas redes de televisão, apenas comparecem). Nos discursos de campanha, Obama tem conseguido entusiasmar o eleitorado, principalmente os jovens. O apoio dos jovens e do eleitorado negro é que traz a vantagem para Obama sobre Hillary. Hillary ainda tem vantagem com os eleitores hispânicos.
No lado republicano, com a saída de Mitt Rommey, a indicação de John McCain tornou-se praticamente certa. Além disso, é o único candidato do partido com condições de vencer os candidatos democratas. É o que mostra todas as pesquisas. Dizem que a galera conservadora americana detesta John McCain e que poderia votar até mesmo num candidato democrata. A tese é muito fraca. Os republicanos conservadores detestam Hillary, bem como seu colega democrata. Por outro lado, McCain deve buscar um vice para sua chapa da ala mais conservadora do partido, o que os deixará sem condições de negar o voto ao candidato McCain. Política é assim. Cada candidato busca camuflar suas fraquezas.
Há uma tese que deveria deixar os partidários democratas de cabelo em pé. É verdade que os EUA são um país de direita, não existem dúvidas sobre isso. Bill Clinton chegou ao poder porque soube fazer inúmeras concessões aos conservadores americanos, ou seja, à direita do seu partido. Segundo essa versão, John McCain vencerá as eleições americanas porque representa os conservadores americanos. Nesse sentido, o favoritismo democrata poderia não confirmar na hora do voto. É que os eleitores americanos deparando-se com um candidato negro e progressista ou uma mulher, também progressista, acabarão elegendo um candidato branco, seja ele quem for. E John McCain é o nome do momento.
Tal tese foi defendida por Sheila Machado, editora Internacional do Jornal do Brasil, segundo Tales Faria do Blog dos Blogs. Conspiro contra a tese, pois prefiro uma vitória democrata. É minha torcida. Mas a tese é aceitável. Não sei até que ponto a sociedade americana estaria preparada para eleger um candidato negro ou uma mulher, sendo ambos progressistas. O choque não é pequeno. Um pouco de conservadorismo poderia facilitar as coisas. É o que parece fazer a candidata democrata. De repente o entusiasmo dos eleitores democratas podem não contagiar a maioria dos eleitores americanos. As primárias não captam o sentimento de todo o eleitorado americano, pois somente votam eleitores filiados ao partido ou simpatizantes. Prevalecendo o conservadorismo, o republicano liberal de direita John Mccain pode ter a chance de chegar à presidência dos EUA, apesar da desastrosa administração Bush. Venceria a própria desconfiança dos conservadores republicanos.
Ninguém pode negar que ele é um político corajoso. Isso pode representar uma vantagem na sua luta para conquistar a indicação democrata, em confronto com o discurso tecnicamente correto (e em certa medida conservador) da senadora Hillary Clinton. Só que não dá para saber pelo simples resultado das primárias, que traduz o sentimento de parcela do eleitorado, até que ponto a conservadora sociedade americana aceitará mudanças significativas de rumo, especialmente na política externa e segurança nacional.
Tanto Obama quanto Hillary prometem reformar o sistema nacional de saúde. Mas há divergências em suas propostas. A senadora Hillary pretende implantar um sistema de seguro saúde para toda a população, enquanto Obama quer implantar um programa apenas para aqueles trabalhadores em que o empregador não fornece o benefício. Na área externa, Obama é mais arrojado que sua adversária democrata. Hillary votou pela guerra do Iraque, embora condene a atuação americana. Mas é incapaz de admitir o erro, e isso pode estar tirando preciosos votos nas primárias democratas. Barack Obama, por outro lado, votou contra a guerra, e inclui na sua plataforma a retirada das tropas americanas do Iraque e a possibilidade dos EUA abrir conversas diplomáticas com países “inimigos”, a exemplo do Irã. Hillary, por sua vez, manifestou o desejo de melhorar as relações com os países da América Latina. Dificilmente adotaria o programa do adversário.
Há ainda uma discussão sobre a imigração que está deixando os republicanos mais conservadores desconfiados do seu próprio candidato mais bem colocado, John McCain. Os conservadores mais ferrenhos não admitem concessões para os imigrantes ilegais, de origem principalmente hispânica. Porém, Hillary, Obama e o candidato republicano McCain deram mostras de maior flexibilidade, podendo apoiar uma política de regular o sistema imigratório, inclusive legalizando aproximadamente 12 milhões de imigrantes ilegais. Os candidatos democratas admitem publicamente a necessidade de regular o sistema imigratório, enquanto o republicano já manifestou simpatia pela idéia. De fato, existe um projeto de sua autoria nesse sentido no congresso americano.
A senadora democrata também tenta puxar a discussão para o lado da economia. Os americanos têm boa lembrança dos bons ventos para a economia dos anos Clinton, além da senadora mostrar-se maior habilidade nos temas econômicos que seu rival democrata. A expectativa é que a economia torne o ponto central da política americana nesse ano, mas até agora outros temas tem ganhado destaque na pauta política: imigração, seguro saúde, política externa. Nesse sentido, o senador Obama tem-se beneficiado por conseguir trazer a campanha para esses outros temas. Além disso, a economia é um assunto bom para debates, mas ainda não ocorreram muitos. Os debates podem equilibrar a brutal diferença de fundos em favor de Obama na campanha democrata, pois representam tempo de televisão gratuito (isto porque os candidatos não pagam para ir aos debates promovidos pelas redes de televisão, apenas comparecem). Nos discursos de campanha, Obama tem conseguido entusiasmar o eleitorado, principalmente os jovens. O apoio dos jovens e do eleitorado negro é que traz a vantagem para Obama sobre Hillary. Hillary ainda tem vantagem com os eleitores hispânicos.
No lado republicano, com a saída de Mitt Rommey, a indicação de John McCain tornou-se praticamente certa. Além disso, é o único candidato do partido com condições de vencer os candidatos democratas. É o que mostra todas as pesquisas. Dizem que a galera conservadora americana detesta John McCain e que poderia votar até mesmo num candidato democrata. A tese é muito fraca. Os republicanos conservadores detestam Hillary, bem como seu colega democrata. Por outro lado, McCain deve buscar um vice para sua chapa da ala mais conservadora do partido, o que os deixará sem condições de negar o voto ao candidato McCain. Política é assim. Cada candidato busca camuflar suas fraquezas.
Há uma tese que deveria deixar os partidários democratas de cabelo em pé. É verdade que os EUA são um país de direita, não existem dúvidas sobre isso. Bill Clinton chegou ao poder porque soube fazer inúmeras concessões aos conservadores americanos, ou seja, à direita do seu partido. Segundo essa versão, John McCain vencerá as eleições americanas porque representa os conservadores americanos. Nesse sentido, o favoritismo democrata poderia não confirmar na hora do voto. É que os eleitores americanos deparando-se com um candidato negro e progressista ou uma mulher, também progressista, acabarão elegendo um candidato branco, seja ele quem for. E John McCain é o nome do momento.
Tal tese foi defendida por Sheila Machado, editora Internacional do Jornal do Brasil, segundo Tales Faria do Blog dos Blogs. Conspiro contra a tese, pois prefiro uma vitória democrata. É minha torcida. Mas a tese é aceitável. Não sei até que ponto a sociedade americana estaria preparada para eleger um candidato negro ou uma mulher, sendo ambos progressistas. O choque não é pequeno. Um pouco de conservadorismo poderia facilitar as coisas. É o que parece fazer a candidata democrata. De repente o entusiasmo dos eleitores democratas podem não contagiar a maioria dos eleitores americanos. As primárias não captam o sentimento de todo o eleitorado americano, pois somente votam eleitores filiados ao partido ou simpatizantes. Prevalecendo o conservadorismo, o republicano liberal de direita John Mccain pode ter a chance de chegar à presidência dos EUA, apesar da desastrosa administração Bush. Venceria a própria desconfiança dos conservadores republicanos.