O golpe não foi contra Zelaya


A jovem hondurenha Wendy Elizabeth Ávila foi assassinada neste final de semana. Asmática, morreu em conseqüência de gases tóxicos jogados contra a embaixada brasileira. Não foi o gás lacrimogêneo, mas uma combinação de outras químicas que levou vários populares a vomitarem sangue, inclusive dentro da embaixada. Soldados foram vistos usando máscaras. Contraditoriamente, Honduras é um dos 188 países que assinaram a convenção mundial de proibição de armas químicas. Em 28 e setembro de 2005, ratificou a proibição. Não é estranho estar agora descumprindo uma norma internacional se não obedece nem a Constituição do seu país.

A Constituição de Honduras é clara em garantir o direito de participação do povo:

ARTICULO 2.- La soberanía corresponde al pueblo del cual emanan todos los poderes del Estado que se ejercen por representación.
La suplantación de la soberanía popular y la usurpación de los poderes constituidos se tipifican como delitos de traición a la Patria. La responsabilidad en estos casos es imprescriptible y podrá ser deducida de oficio o a petición de cualquier ciudadano.


E determina punição a quem a desrespeitar:

ARTICULO 45.- Se declara punible todo acto por el cual se prohíba o limite la participación del ciudadano en la vida política del país.


O artigo 3 é claríssimo em proibir um golpe de estado como o que foi praticado.

ARTICULO 3.- Nadie debe obediencia a un gobierno usurpador ni a quienes asuman funciones o empleos públicos por la fuerza de las armas o usando medios o procedimientos que quebranten o desconozcan lo que esta Constitución y las leyes establecen. Los actos verificados por tales autoridades son nulos. el pueblo tiene derecho a recurrir a la insurrección en defensa del orden constitucional.


Os solidários golpistas enrustidos daqui, alguns sem subterfúgios, gritam que o problema é Zelaya. Sua culpa? Ser chavista.

Não, meus caros, vamos parar de mentiras. Zelaya não é e nunca foi o problema. O grande problema, como sempre em nossa história, é que o povo hondurenho acreditava em sua Constituição. Imaginava poder expressar nas urnas sua vontade de mudanças. Queria em novembro, quando eleito um novo presidente (não poderia ser Zelaya, aprendam a ler e a entender, fascistinhas), dizer que desejava uma Constituinte.

O que fizeram as oligarquias e seus gorilas? Seqüestraram o presidente, forjaram uma carta de renúncia, assinaram agora um AI-5, cassando direitos dos cidadãos, fechando a mídia que ainda resistia (Alõ, SIP! Alõ ANJ, e agora?) e vem nossos especialistas, como o tucano Francisco Weffort, perguntar em recente artigo no Globo se “teria sido mesmo um golpe?”.

Vamos parar de asneiras. Não há jurista aqui ou acolá que vá nos engabelar. Onde está o direito de defesa, seriamente garantido na Constituição hondurenha? Diz ele:

ARTICULO 82.- El derecho de defensa es inviolable.
Los habitantes de la República tienen libre acceso a los tribunales para ejercitar sus acciones en la forma que señalan las leyes.


Chega! É um golpe clássico. Como tantos outros na história da América Latina. Não foi contra Zelaya, originado na mesma classe dos golpistas, mas contra o povo hondurenho, que acreditava, como a estudante de direito Wendy Elizabeth Ávila, que podia confiar na democracia de seu país. Não podem. Ela é uma fraude. Só funciona se o time dos donos do campo e da bola estiver ganhando. Era certo que perderia à frente. Este é o motivo verdadeiro do golpe. Que fique a lição para todos nós.

Foto: velório da jovem Wendy Elizabeth Ávila/AP
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Chega de saudade

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Dornéu Maciel fala com Walna Vilarins Menezes



Pessoas de confiança da Governadora Yeda Crusius!
Carlos Dornéu Maciel:ex-diretor da Assembléia Legislativa e ex-Presidente da CEEE!
Walna Vilarins Menezes:assessora e braço direito da governadora!
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A Teia: onde todos os caminhos levam ao centro!

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Na Madrugada.

Edvard Munch - "Melancolia" (1892)

Vejo-os: durante a conversa, alguém, de repente, se distrai fica parado e pensativo, talvez por alguns segundos, mas é quanto basta para compreender que sua verdade está lá, naquele silêncio. Como alguém que, defronte de casa, esteja conversando com amigos e de repente se afasta, corre para casa para ver sabe Deus o quê e volta logo depois, com exatamente a mesma expressão de antes e ninguém sabe o que foi fazer, e se alguém lhe pergunta, responde “nada”, e, de outro lado, não se podia ver nada através da porta quando a abriu, o que havia lá dentro, via-se apenas um retângulo escuro.
Uma praça imensa, portanto, tendo ao redor uma infinidade de casas, esta é a vida; e, no centro, os homens que negociam entre si e nunca alguém consegue conhecer as outras casas; somente a sua, e mesmo esta, geralmente mal, porque permanecem muitos ângulos escuros e às vezes quartos inteiros que o dono não tem paciência ou coragem para explorar. E a verdade se encontra somente nas casas e não fora delas. De maneira que, do resto do gênero humano, nunca se sabe nada. O homem passa distraído no meio destes infinitos mistérios e isso finalmente não parece desagradar-lhe demasiadamente.

(BUZZATI, Dino. “A Solidão”. In: Naquele Exato Momento. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2004.)

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Tempos Adversos

Fui eu
Vem ver
Fui eu
Vem ver
Há vidros no chão
Há folhas no chão
Há livros no chão
Lutamos em vão

Claro que temos que andar
são os tempos adversos
Que puxam para trás
É claro que temos que ver a estrada
Que um dia a história acaba...

Quem foi?
Quem viu?
Quem foi?
Quem viu?
Os vidros no chão
São restos de nós
Os vidros no chão
Perdem a voz.

Claro que vamos andar
entre tempos adversos
que puxam para trás
é claro que temos que ver a estrada
Que um dia a história acaba...

...Que um dia a história acaba.

( Toranja, Álbum "Segundo", Universal Music Portugal, 2005)

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Ouça "Tempos Adversos", com o Toranja.


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