Sobre Battisti, Troccoli e a mídia tupiniquim: algumas ponderações.

Após o meu último post sobre o caso Jorge Troccoli – que foi repercutido por outros blogs como o “Cloaca News” e o “Abunda Canalha” -, recebi diversas mensagens no endereço eletrônico do "Abobrinhas Psicodélicas" e ouvi muitas opiniões de colegas que o leram, além, é claro, dos comentários que foram postados no próprio blog. No geral, a repercussão do texto foi bastante positiva. Porém, uma pequena minoria discordou de seu teor – educadamente, na maioria das vezes; com uma grande dose de rancor ideológico, em algumas poucas outras. Grosso modo, os que criticaram o texto alegaram que eu estava querendo “justificar um erro do governo brasileiro com outro erro do governo italiano”. Em vista disto, resolvi fazer estas breves ponderações:

1- Parte de uma leitura equivocada do meu texto, a afirmação de que procurei justificar a decisão do Ministro Tarso Genro sobre Cesare Battisti , contrapondo à ela a postura do governo italiano em relação a Jorge Troccoli. O principal objetivo daquele post foi mostrar a parcialidade da mídia brasileira na cobertura do caso Battisti, omitindo uma série de informações que seriam necessárias ao público para que este possa construir a sua própria opinião (não seria esta a principal missão de uma imprensa que se diz livre e democrática?). Quem não percebeu isto é porque: I- ou leu o texto e não entendeu; II- ou o leu, mas fez uma interpretação ofuscada pelo preconceito ideológico;

2- Seguindo esta linha de raciocínio, uma “imprensa livre e democrática” deveria enfatizar que a decisão do Ministro seguiu estritamente o que estabelece a lei brasileira sobre refugiados, que por sua vez atende a uma série de convenções e acordos internacionais. No entanto, isto só tem sido mencionado de forma passageira e sem muito destaque. Para ilustrar tal fato, reproduzo a seguir alguns dos artigos da Lei 9.474/97:

Art. 12. Compete ao CONARE (Comitê Nacional de Refugiados), em consonância com a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, com o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967 e com as demais fontes de direito internacional dos refugiados:
I - analisar o pedido e declarar o reconhecimento, em primeira instância, da condição de refugiado (...)
Art. 29. No caso de decisão negativa, esta deverá ser fundamentada na notificação ao solicitante, cabendo direito de recurso ao Ministro de Estado da Justiça, no prazo de quinze dias, contados do recebimento da notificação.
Art. 31. A decisão do Ministro de Estado da Justiça não será passível de recurso, devendo ser notificada ao CONARE, para ciência do solicitante, e ao Departamento de Polícia Federal, para as providências devidas.
Art. 33. 0 reconhecimento da condição de refugiado obstará o seguimento de qualquer pedido de extradição baseado nos fatos que fundamentaram a concessão de refúgio.

Para que as pessoas possam ter suas próprias opiniões, o acesso à informação é fundamental. Reflitamos: a cobertura da grande imprensa tem permitido que nós, cidadãos, tomemos uma posição consciente sobre o caso ou o que está havendo é mais uma tentativa de jogar a opinião pública contra o governo?

3- Ao mostrar as repercussões do caso na imprensa italiana, algum “veículo de comunicação” tupiniquim lembrou de informar que o Sr. Silvio Berlusconi é o maior controlador da mídia privada italiana e que depois que retornou ao cargo de Primeiro-Ministro ele tem promovido um verdadeiro expurgo na mídia estatal, pressionando e/ou demitindo jornalistas independentes ou que lhe são críticos?

4- Para que o público pudesse se informar melhor, não seria importante que nossos "veículos de comunicação" mostrassem o contexto histórico da Itália na década de 1970, quando o grupo armado do qual Battisti fazia parte estava na ativa, ao invés de repercutir a fala de autoridades italianas quando estas afirmam que “não se pode comparar os grupos da esquerda armada italiana na década de 1970, com aqueles que lutavam contra ditaduras militares aqui na América Latina, já que a Itália era um país democrático”? Portanto, não seria interessante lembrar que esta “democracia” era marcada pela corrupção nos altos escalões do Partido Democrata-Cristão (que esteve no governo da Itália, durante praticamente toda aquela década), pela livre atuação da máfia (infiltrada nos vários escalões governamentais), por um judiciário venal e conivente com o crime organizado e por uma série de operações e eventos suspeitos que envolveram até a cúpula da Igreja Católica?

5- A questão central é a seguinte: ao contrário do que a mídia brasileira afirma, NÃO há um incidente diplomático em andamento entre Brasil e Itália. O que ocorre é que agrupamentos políticos dos dois países estão tentando criar este incidente, para se fortalecer no jogo de suas respectivas políticas internas. Na Itália, durante a campanha eleitoral, Berlusconi tratou o caso Battisti como uma “questão de honra” e, portanto, pretende faturar politicamente em cima de uma eventual extradição do ex-ativista; no Brasil, a oposição a Lula procura desesperadamente alguma coisa que possa atingir o Presidente da República - já pensando nas eleições de 2010 - e para isto tem contado com o apoio irrestrito da nossa mídia golpista.

Em tempo: Recomendo a leitura de um artigo intitulado “Condor, P2 e a fênix”, postado em 25 de fevereiro de 2008 no blog “Conexão Diplomática”, pois ele fornece alguns elementos bem interessantes para uma melhor compreensão do caso Troccoli.



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Paz e união por meio da música



Que podemos encontrar de tudo (ou quase) na internet é algo que todos sabem. Mas a grande rede não cansa de nos surpreender e de nos oferecer bons motivos para olhar o mundo atual com mais esperança, generosidade e emoção.

Nas últimas semanas, milhões de pessoas foram ao youtube para assistir a um vídeo sensacional, no qual músicos de rua de diversas partes do mundo foram reunidos virtualmente para cantar e tocar "Stand By Me", conhecido clássico de Ben E. King. Valendo-se da tecnologia e de uma idéia simples mas poderosa, Mark Johnson e Jonathan Walls gravaram a performance de cada músico, mixaram e editaram tudo em um único clip. O resultado é simplesmente espetacular.

A iniciativa é do movimento multimídia Playing For Change, que foi criado “para inspirar, conectar e trazer paz para o mundo por meio da música”. O cover de “Stand By Me” faz parte do documentário Playing For Change: Peace Through Music, a ser lançado em 2009. O criativo e inteligente trabalho revela a singularidade de diferentes artistas, povos e culturas, mostrando o modo como cada um se relaciona com a música e dela faz uma forma de expressão. Fica assim evidente que, desta diversidade e da potência envolvente da música, uma linguagem comum se constitui.

Para conhecer o movimento, vá a sua página.

Para assistir particularmente a “Stand By Me”, vá ao youtube.

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Pimentel e Veja: A bala perdida no Palácio do Planalto

"O que mais irritou o presidente Lula é tratado no Palácio do Planalto como o crime confesso. Pimentel disse à revista que iria usar o cargo público para fazer campanha eleitoral para Dilma"

Da Coluna de Baptista Chagas de Almeida, do Estado de Minas

A metralhadora giratória acionada pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, em entrevista à revista Veja, mandou uma bala perdida para o principal gabinete do Palácio do Planalto. Atingiu em cheio o próprio presidente Lula, que está irritado com as declarações e é apontado como responsável pela ausência da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, do encontro que o PT fará este fim de semana em Belo Horizonte. É claro que há um silêncio em torno do assunto. A própria influência presidencial na decisão de Dilma é apenas especulação. É certo, contudo, que Pimentel conseguiu desagradar a todo mundo com a entrevista. Do presidente Lula ao governador Aécio Neves, que ontem reagiu, pela primeira vez, publicamente. Sem contar os colegas de partido, os ministros Patrus Ananias, de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência, que tinham optado por uma postura de armistício interno no PT. Sem contar a ministra Dilma, também atingida indiretamente pelas palavras mal formuladas.

O que mais irritou o presidente Lula é tratado no Palácio do Planalto como o “crime confesso”. Pimentel disse à revista que iria usar o cargo público para fazer campanha eleitoral para Dilma, pré-candidata à sucessão de Lula. Também desagradou ao presidente o fato de Pimentel ter relatado que teria um cargo no governo, passando o carro na frente dos bois e desrespeitando a liturgia do rito que este tipo de coisa deve ter. No caso do crime eleitoral, atingiu também Dilma.
Não é à toa que a oposição, em especial o PSDB, o DEM e o PPS, estuda ir à Justiça para acusar Lula e Dilma de campanha antes da hora, o que é proibido pela Justiça Eleitoral.

O resultado é o completo esvaziamento do encontro que o PT mineiro fará neste fim de semana para marcar o início de seu processo interno de eleição e começar as discussões em torno do programa de governo para a disputa pelo Palácio da Liberdade no ano que vem. Quem fala demais...

Comentário do blogueiro: Pimentel conseguiu com a entrevista da Veja desagradar a todos: Lula, Dilma e Aécio. E ainda atacou Patrus e Dulci e seus aliados, “o setorzinho xiita do PT”. O ex-prefeito petista continua no estilo atropela todo mundo, e se achando o todo poderoso. Cantando ao quatro ventos o preferido de Lula e Dilma. Sabemos que ele é o preferido de Dirceu, mas até aí tudo bem. A Dilma também é. Mas a atitude de Pimentel é mais prova inequívoca de que ele se julga acima dos partidos, em que o PT é somente um instrumento de seus projetos pessoais. Acorda PT. Está na hora de dar um basta em tudo isso: Patrus 2010. Os mineiros merecem o melhor. E o Brasil também.
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Xenofobia e ceticismos

Volto de um encontro com amigos, velhos e novos conhecidos, reunidos no álibi de aniversário de um dos presentes. Muitos e variados assuntos pautados em espaçosa e farta mesa de bar, aqui na Lapa. Eternas rivalidades futebolísticas, escárnio com a política das elites, fuxicos internos, tudo foi assunto. Mas, para minha surpresa, um tema que imaginava consenso teve forte polêmica: o ataque hediondo à brasileira Paula Oliveira, na Suíça, praticado por um grupo de neonazistas. Alguns alegaram ceticismo, motivados pela forma dos desenhos, incompatíveis com um ataque rápido. Outro, médico, lembrou de distúrbios na gravidez. E ainda lembraram das várias “barrigas” do Noblat, autor da notícia. Bom, quanto ao último argumento, impossível não concordar, mas do resto fui veemente em creditar o fato ao crescimento do fascismo no primeiro mundo, tendendo a ficar ainda mais acirrado com a crise do capitalismo. Voltei para casa. Aqui e agora, para ainda mais surpresa, vejo no Luis Nassif um post com o mesmo ceticismo assinado por membro de sua comunidade, com igual polêmica reproduzida nos comentários.

Já viajei pelo mundo, já vi de perto a cara da xenofobia, como se manifesta. E mais sei que o fascismo é um germe que está incubado no primeiro mundo. A cada momento ele pode aparecer. E a todo instante se revela, com a ameaça de assolar mais uma vez o mundo tal qual uma praga. O SVP, o Schweiz Volkspartei, é autor de cartazes onde três ovelhas brancas expulsam a pontapés uma ovelha negra. Nada mais explícito sobre o racismo que grassa naquela terra. E por mais contraditório, país formado por uma suruba de etnias: Celtas, entre eles os Helvéticos, submetidos ao império romano, depois invadidos pelos germânicos com Bargúndios, Alamanos e Lombardos, e pelos Francos, de Carlos Magno. Tudo isso para fazerem queijos, chocolates e tomar conta do dinheiro fajuto do planeta.

Não é só na Suíça. Nos EUA, formado por emigrantes há não muito tempo, a xenofobia se manifesta forte, inclusive contra brasileiros, aqui já mostrada em um vídeo. Continuo acreditando que é a História que tem como explicar o fenômeno. E o triste caso da brasileira Paula que explique a polícia, não a psicologia.
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Pausa nas férias: Clássicos no interior - 2

Estou chegando agora do Aldo Dapuzzo após assistir a um sensacional clássico Rio-Rio. O "Vovozão" Rio Grande saiu na frente e abriu 3x0 aos 20 minutos do segundo tempo. Quando todos esperavam uma goleada, o técnico do "Guri Teimoso" mexeu no time, tirou os meio-campistas Beiço e Conga, mexeu no ataque e conseguiu o empate.


Na decisão por pênaltis, o zagueiro Pelé, do Riograndense, deslocou o goleiro Patrick, mas chutou na trave. O Rio Grande classificou-se para as finais contra o São Paulo, mas o Riograndense teve um retorno digno ao futebol no ano de seu centenário. Como bem definiu o comentarista de uma rádio da região, foi um espetáculo espetacular!
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