O Cenário de Janeiro

Do cientista político Marcos Coimbra, publicado no Correio Braziliense

Janeiro terminou cheio de boas notícias para Lula, pensando no seu projeto principal, aquele ao qual dedica seu melhor esforço: dar a vitória a Dilma em outubro.
Nas duas pesquisas nacionais divulgadas nos últimos dias, os resultados são-lhe todos favoráveis: sua popularidade subiu, sua candidata melhorou, o principal adversário parou ou retrocedeu um pouco, aumentou a tendência à polarização.
A primeira foi feita pela Vox Populi entre os dias 14 e 26 e a segunda pela Sensus, entre os dias 25 e 29, as duas em janeiro. Nelas, não há nenhum resultado que surpreenda pelo ineditismo, tudo sendo coerente com o panorama que outras pesquisas, feitas no correr de 2009, já apontavam.
Elas apenas mostram que a passagem do tempo está contribuindo para provocar a situação desejada pelo presidente.
Ambas testaram duas hipóteses nas perguntas de intenção estimulada de voto, uma com e outra sem o nome de Ciro Gomes. Nos dados da Vox, Serra continua liderando, mas com vantagem significativamente menor.
Com Ciro na lista, Serra tem 34% e Dilma 27%, ele 11% e Marina 6%. Sem, Serra sobe para 38%, Dilma fica com 29% e Marina com 8%. Na Sensus, Serra teria 33% e Dilma 28%, ficando Ciro com 12% e Marina com 7%. No outro cenário, Serra 41%, Dilma 28% e Marina 10%.
Olhando para o que tínhamos há alguns meses, as mudanças são grandes. Não faz muito tempo, Serra reunia, sozinho, intenções suficientes para vencer a eleição em primeiro turno, ao fazer mais que a soma de seus oponentes.
Nessas pesquisas, mesmo no cenário sem Ciro, a possibilidade parece remota.
A dianteira de Serra sobre Dilma foi o que mais mudou. Na pesquisa anterior da Vox, feita em meados de dezembro, sua vantagem passava de 20 pontos percentuais, que se reduziram a 7% ou 9% agora.
Algo parecido acontece nos dados da Sensus, embora sua pesquisa anterior seja de novembro: a diferença entre os dois iria de 5%, com Ciro na lista, a 13%, sem ele.
O encurtamento da vantagem do governador em relação à ministra já tinha sido constatado em outras pesquisas feitas em dezembro. O Datafolha, por exemplo, havia indicado uma queda de 21 para 14 pontos entre agosto e o final de 2009, depois dela ter estado em 25% alguns meses antes.
As duas pesquisas concordam que a candidatura de Ciro se mantem em um patamar entre 10% e 15%, mais perto do limite de baixo que de cima dessa faixa. E ambas mostram que Serra é quem mais se beneficia da retirada de Ciro das listas, pois é quando seu nome delas consta que Serra se sai pior.
É fácil se confundir na interpretação desses resultados, deles deduzindo que “Dilma precisa de Ciro”. Trata-se, no entanto, de um equívoco, que decorre de não se considerar o nível de conhecimento muito desigual que ainda há entre os candidatos.
Serra e Ciro são os únicos que muitos eleitores conhecem, pois disputaram eleições nacionais, coisa que nem Dilma, nem Marina fizeram. A proporção dos que nunca sequer ouviram falar nelas permanece perto de 35%.
Quando essas pessoas consideram listas onde estão os nomes dos dois, optam, na maioria das vezes, por um ou outro. E, quando um sai, pelo que resta.
Ou seja, não é que “Ciro tira mais votos de Serra que de Dilma”, apenas que quem não conhece (ainda) Dilma ou Marina tende a ir para Serra quando só resta ele de conhecido. Isso fica aritmeticamente claro nos dados da Sensus:
Dilma permanece exatamente igual nos cenários com e sem Ciro, mostrando que, quando ele sai, ela não ganha (por enquanto) nem um ponto.
À medida, no entanto, que avançar o conhecimento das duas, o que vai acontecer mais rapidamente de agora para frente, esse efeito se reduzirá. Aí sim será possível falar alguma coisa sobre a transferência de votos de Ciro (ou qualquer outro candidato) para os demais. As pesquisas de agora nada dizem sobre esse fenômeno.
Com Ciro parado e Marina sem dar mostras de crescer, outro dos projetos de Lula para as eleições está se materializando. Tudo indica que teremos a polarização que ele sempre buscou, um embate PT vs. PSDB já no primeiro turno, em que ele tudo fará para que os eleitores confrontem seu governo ao do antecessor.
Ajudando a entender seus resultados eleitorais (e o que permitem antever), as pesquisas mostram que Lula sobe mais um degrau em um tipo de popularidade que não conhecíamos em nossa experiência como país democrático.
Há tempos se sabe que ele tem, atualmente, uma avaliação positiva quase consensual, mas é sempre surpreendente constatar que ela continua a melhorar. No final de janeiro, segundo os dados da Vox, 74% dos brasileiros achavam seu governo “ótimo” ou “bom”, ou seja, 3 em 4 pessoas. Como outros 20% consideram o governo “regular”, restam 6% para reprová-lo.
Com uma insatisfação desse porte, podemos ter uma ideia do tamanho do desafio que aguarda Serra.

Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
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Manifesto pelo domínio público (Poder pras pessoas)

Reproduzo do P2PCultura Digital um manifesto proposto pelo grupo europeu Communia:
1. O domínio público é a regra, proteção de direitos autorais é a exceção.

2. A proteção de copyright deve durar apenas o tempo necessário para alcançar um equilíbrio razoável entre (1) a proteção para recompensar o autor por seu trabalho intelectual, e (2) a salvaguarda do interesse público na divulgação da cultura e conhecimento.

3. O que está em domínio público deve permanecer no Domínio Público.

4. O utilizador legítimo de uma cópia digital de uma obra em domínio público deve ser livre para (re) utilizar, copiar e modificar esse trabalho.

5. Contratos ou medidas técnicas de proteção para restringir o acesso e re-utilização de obras em domínio público não devem ser aplicados.
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EUA e França precisam reembolsar o Haiti

A opinião é de Gary Younge, no jornal inglês The Guardian. Ele diz que França e EUA estão na base histórica da atual situação de vida deplorável dos haitianos:
O Haiti conquistou sua independência da França em 1804, através de uma rebelião de escravos - a primeira nação independente liderada por negros do mundo pós-colonial. Por essa ousadia eles pagariam por gerações. Napoleão disse a um de seus ministros na época: "A liberdade dos negros, se reconhecido em São Domingo [como o Haiti era então conhecido] e legalizada pela França iria ser sempre um ponto de encontro para os que buscam a liberdade no Novo Mundo". O presidente dos EUA Thomas Jefferson também se achou que o Haiti seria um mau exemplo.

Os EUA se recusaram a reconhecer o novo país por mais de meio século, e então passaram a ocupá-lo por 20 anos entre as guerras. Os franceses o sobrecarregaram com uma dívida punitiva do país empurrada por mais de um século.
Além disso, Younge compara a ajuda que se discute de maneira titubeante, de 1 bilhão de dólares, com o pronto auxílio de 85 bilhões de dólares a um único banco privado, o AIG. O secretário do tesouro dos EUA, Timothy Geithner, disse que esse auxílio do governo dos EUA a uma única empresa privada era "a escolha moral e justa para proteger o inocente".

Em suma, Younge está dizendo que EUA e França devem ajudar o Haiti porque são os responsáveis pelo estado deplorável do país. Essa é uma maneira leve de encontrar responsáveis. Uma maneira mais forte diria que esses países, e outros países desenvolvidos devem ajudar o Haiti e outras nações pobres simplesmente porque podem fazê-lo. Quem pode salvar uma vida com algum dinheiro, mas não o faz por preferir gastar em supérfluos ou conforto a mais, é responsável pela morte do pobre, tal como se desse um tiro na sua cabeça. Esse é o argumento do filósofo Peter Unger em um livro que precisa ser traduzido para o português, Living High and Letting Die: Our Illusion of Innocence [Vivendo Bem e Deixando Morrer: Nossa Ilusão de Inocência].
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Itália na Lista da Vergonha de Bill Gates

O bilionário Bill Gates disse ao jornal alemão Frankfurter Rundschau que fez uma Lista da Vergonha, a qual tem apenas um país como membro, a Itália.

O motivo é o reduzido auxílio da Itália aos países pobres.

Gates também disse que os ricos gastam mais com futilidades como a calvície do que com doenças mortais como a malária. Recentemente a Fundação Bill e Melinda Gates doou 10 bilhões de dólares para a pesquisa de vacinas.

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Forno Alegre

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