A tragédia das águas
André Henrique, que foi meu aluno na Unesp em Araraquara, faz um blog muito legal e dinâmico. Chama-se Via Política. Sua galera de amigos está sempre por lá, comentando e criticando as postagens.
Ontem, o André abriu um debate sobre as chuvas de verão. Ou melhor, sobre a tragédia das chuvas, em Angra dos Reis, em outras áreas da região e em muitas cidades do sul e sudeste. É um problema que se repete ano após ano, a um ponto que parece não ter mais solução. Desequilíbrio ambiental, aquecimento global e agressões à natureza se somam à ocupação irregular do solo, à voragem da especulação imobiliária, ao descaso governamental e às dificuldades reais que os gestores têm de lidar com a situação. O verão perde boa parte de seu encanto. Mortes, cidades submersas, patrimônios históricos e vidas destruídas, caos por todo lado.
As vítimas se acumulam, entristecem a todos, causam pasmo e horror. Quase sempre no silêncio de seu lamento pungente, impõem uma agenda para o país. Até quando teremos de conviver com isso?
Vale a pena visitar o blog do André.
Yeda, ACM, e o terreno da ex-Febem
ACM, quando Prefeito biônico de Salvador, entregou à especulação imobiliária 25 milhões de metros quadrados de terras, ou seja, quase 10% da superfície de Salvador, através da Lei da Reforma Urbana, promulgada às vésperas do natal de 1968. Com isso, o ACM liquidou os estoques de terras públicas da capital baiana, inviabilizando qualquer possibilidade de a cidade criar planos de habitação. As terras foram vendidas ao preço de CR$ 2,35 o metro quadrado. Terras preciosas situadas no núcleo de expansão da cidade, entre a BR 324 e a orla, sobretudo aquelas que se encontravam onde viria a ser a Avenida Paralela e que se mantinham imunes aos especuladores, por força das clausulas de aforamento, foram para eles transferidas da noite para o dia.
Apresentador André Machado: Para entender como funciona, essa área extremamente valorizada da Padre Cacique, especialmente agora com a Copa do Mundo chegando e o Beira Rio vai ser o palco dessa área, uma empresa, possivelmente uma construtora, tem interesse ali e ao pegar aquela área, ela vai construir unidades da Fase em outros municípios. É isso?
Secretário de Justiça e Desenvolvimento Social do Estado, Fernando Schiller: Exatamente. É uma permuta por licitação. Teremos um comitê de acompanhamento externo amplo, mas essencialmente há uma concorrência direta e o vencedor terá a obrigação de construir no padrão determinado pelo Estado, com controle bastante forte, essas unidades adaptadas dentro do padrão. O projeto arquitetônico é feito pelos técnicos da própria Fase, a empresa que ganhar a licitação faz a construção e evidentemente a melhor proposta a partir da construção das unidades e dos valores que forem oferecidos será a vencedora. Um ponto central do projeto é que todo o recurso obtido ou toda permuta direta será utilizada apenas na construção das unidades descentralizas. Ou seja, é uma forma que o Estado encontrou de preservar o seu patrimônio. Hoje é um patrimônio que não serve para sua finalidade, nós teremos um outro patrimônio público, ele será todo público, tombado para o Estado, mas adequado à finalidade que é a recuperação socioeducativa dos adolescentes infratores.
Sem tirar recursos do orçamento, será uma pequena revolução no sistema da Justiça Juvenil.
É vergonhoso dar R$ 150 milhões para um empreendimento que gera 250 empregos. Qualquer que seja o ponto de vista que se olhe, isso não faz sentido.
Cada emprego custou R$ 600 mil. Com esse dinheiro, você poderia pagar R$ 1.300 por mês para um professor por 35 anos. E ele daria aula, não fabricaria cigarro.
A indústria lucra e deixa o prejuízo do tratamento para a sociedade como um todo. Não tem o menor sentido essa política. O governo gaúcho está na contramão das boas práticas contra o fumo.
EDITORIAL DE JORNALÃO CARIOCA PODE DAR TRÊS ANOS DE CADEIA PARA FAMIGLIA MARINHO
.
.
Em sua edição de ontem, 5 de janeiro, o jornal O Globo, principal braço impresso da maior corporação mafiomidiática brasileira, publicou, à guisa de Editorial, artigo intitulado "Ponto nevrálgico", repleto de ilações baseadas na entrevista que o Ministro Joaquim Barbosa, do STF, concedeu ao mesmo jornal na edição do último dia 3. O afamado barrigueiro e tocador-de-jazz Ricardo Delgado, como sói, reproduziu o troçulho em seu afamado blog.
Primeiro, leia a entrevista:
Mais tarde, coerente, repetiu a dose com o senador tucano Eduardo Azeredo (MG), financiado em campanha pela mesma engenharia financeira ilegal de que se valeriam petistas no governo Lula.
É com a experiência de atuar nesses casos que Barbosa, em entrevista publicada no GLOBO de domingo, declarou ser a atuação do Poder Judiciário uma das causas do aumento dos casos de corrupção, estimulada pela impunidade.
Com “práticas arcaicas”, “interpretações lenientes” e “falta de transparência” no processo decisório, entende o ministro, a Justiça tem culpa nesse cartório.
Pode-se acrescentar a leniência de certas legislações, como a eleitoral, uma enorme porta escancarada para donos de vergonhosos prontuários criminais entrarem na vida pública em busca de imunidades.
Na entrevista, Joaquim Barbosa tratou, ainda, da “passividade com que a sociedade assiste a práticas chocantes de corrupção”.
Colocou o dedo em um ponto nevrálgico da atual conjuntura política: como o governo Lula abriu os cofres do Tesouro para cooptar de vez sindicatos — aliados antigos — e organizações da sociedade civil tradicionalmente ativas na fiscalização do poder público, caso da UNE.
Porque todos, ou quase todos, se converteram em correias de transmissão do lulismo, paira grande e conivente silêncio no meio sindical, em organizações ditas sociais e adjacências diante de aberrações no manejo do dinheiro público e de cenas de fisiologia explícita.
No mensalão do DEM, em Brasília, houve manifestações — mas porque era o DEM.
No mensalão petista, silêncio quase absoluto. Até mesmo alguns “intelectuais orgânicos” criaram a figura da “imprensa golpista”, uma forma de culpar o mensageiro pelo teor da notícia, e assim tentar encobrir a responsabilidade dos mensaleiros petistas — manobra rejeitada pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, onde Joaquim Barbosa conseguiu apoio para seu relatório.
O ministro concorda que a intelectualidade — em grande parte, devido a razões ideológicas, cooptada para erguer esta cortina de proteção ao lulismo — deveria abandonar a “clivagem partidária” e se manifestar contra a corrupção.
Tem óbvia razão.
Em que parte da entrevista Joaquim Barbosa declara que organizações da sociedade civil "se converteram em correias de transmissão do lulismo"?
A pena para os incursos no artigo 299 do Código Penal é : reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular.
Se houvesse penas, também, para os casos de lesa-jornalismo, lesa-verdade e lesa-inteligência, certamente os proprietários-editorialistas da corporação platinada pegariam prisão perpétua. Sem direito a sursis.
BRIGADEIRO DESDIZ FUXIQUEIRA DA FOLHA
Em nota oficial, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (clique aqui para ler) declara que não entregou relatório algum sobre coisa alguma ao Ministério da Defesa, diferentemente do que estampou a coluna da Miss Yellow Fever (imagem abaixo) .