História.

Paul Klee - "Angelus Novus"

No início de setembro de 1939, a invasão alemã na Polônia deu início à Segunda Guerra Mundial que, ao seu final, deixou um saldo de mais de cinquenta milhões de mortos, praticamente o triplo da Primeira – aquela que na época foi chamada de “a guerra que iria pôr fim a todas as guerras” – com seus quase 20 milhões de vítimas fatais. Em 1920, após a tragédia sem precedentes do conflito de 1914-1918, o pintor suíço-alemão Paul Klee pintou o seu célebre quadro “Angelus Novus”. Vinte anos depois, sob o impacto da assinatura do Pacto Germano-Soviético e da invasão da Polônia, o filósofo Walter Benjamin lançou suas “Teses sobre o Conceito de História” (publicadas em português, pela Editora Brasiliense, no livro "Obras Escolhidas: Magia e Técnica, Arte e Política", com tradução de Sergio Paulo Rouanet). A partir da análise do quadro de Klee, ele enxerga o drama e a dor da sua época e, de forma profética, antevê os horrores dos anos seguintes - dos quais ele seria uma das vítimas - e expõe a sua trágica visão sobre a História:

Existe um quadro de Paul Klee que se intitula “Angelus Novus”. Ele representa um anjo que parece ter a intenção de distanciar-se do lugar em que permanece imóvel. Seus olhos estão encarquilhados, sua boca aberta, suas asas estendidas. Tal é o aspecto que deve ter necessariamente o anjo da história. Ele tem o rosto voltado para o passado. Onde se nos apresenta uma cadeia de eventos, ele não vê senão uma só e única catástrofe, que não cessa de amontoar ruínas sobre ruínas e as joga a seus pés. Ele bem que gostaria de se deter, acordar os mortos e reunir os vencidos. Mas do paraíso sopra uma tempestade que se abate sobre suas asas, tão forte que o anjo não as pode tornar a fechar. Essa tempestade o empura incessantemente para o futuro, para o qual ele tem as costas voltadas, enquanto diante de si as ruínas se acumulam até o céu. Essa tempestade é o que nós denominamos progresso.

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A Segunda Guerra Mundial também vitimou o grande historiador francês Marc Bloch, fundador - com Lucien Febvre – da “Revue des Annales” (1929). Militando na Resistência Francesa, Bloch foi detido pelos nazistas e fuzilado em junho de 1944. Na prisão, escreveu a sua “Apologia da História ou o Ofício do Historiador” (A edição brasileira é da Jorge Zahar), dedicada ao seu filho Étienne. É deste livro que retiro o trecho abaixo:

(...) mesmo que julgássemos a história incapaz de outros serviços, seria certamente possível alegar a seu favor que ela distrai. Ou, para ser mais exato – pois cada um procura as distrações onde lhe apraz, - tal se afigura, incontestavelmente, a um grande número de homens. Pessoalmente, tão longe quanto a minha memória abarca, a história sempre me divertiu muito. Como sucede com todos os historiadores, creio eu. De outro modo, por que razões teriam escolhido tal ofício? Aos olhos de quem não seja tolo chapado, todas as ciências são interessantes. Mas cada sábio quase só encontra uma cuja prática o divirta. Descobri-la para consagrar-se a ela, é o que se chama propriamente vocação.

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Eric Hobsbawm, um dos maiores historiadores contemporâneos, também vivenciou de perto os horrores da Segunda Guerra. Filho de um britânico e de uma austríaca, ambos judeus, ele passou seus primeiros anos de vida em Viena e Berlim, de onde saiu em 1933, fugindo das perseguições nazistas. Durante a guerra, serviu no exército britânico, onde atuou no Setor de Inteligência. O trecho abaixo foi retirado de uma palestra que ele ministrou, na década de 1990, em uma Universidade do leste europeu, após o colapso do chamado“Socialismo Real” e que está na coletânea de ensaios intitulada "Sobre História" (Cia. das Letras):

O que eu quero lembrar a vocês é algo que me disseram quando comecei a lecionar em uma Universidade. “As pessoas em função das quais você está lá”, disse meu próprio professor, “não são estudantes brilhantes como você. São estudantes comuns com opiniões maçantes, que obtêm graus medíocres na faixa inferior das notas baixas, e cujas respostas nos exames são quase iguais. Os que obtêm as melhores notas cuidarão de si mesmos, ainda que seja para eles que você gostará de lecionar. Os outros são os únicos que precisam de você”. Isso não vale apenas para a universidade, mas para o mundo. Os governos, o sistema econômico, as escolas, tudo na sociedade, não se destina ao benefício de minorias privilegiadas. Nós podemos cuidar de nós mesmos. É para o benefício da grande maioria das pessoas, que não são particularmente inteligentes ou interessantes (a menos que, naturalmente, nos apaixonemos por uma delas), não têm um grau elevado de instrução, não são prósperas ou realmente fadadas ao sucesso, não são nada de muito especial. É para as pessoas que, ao longo da história, fora de seu bairro, apenas têm entrado para a história como indivíduos nos registros de nascimento, casamento e morte. Toda a sociedade na qual valha a pena viver é uma sociedade que se destina a elas, e não aos ricos, inteligentes e excepcionais, embora toda a sociedade em que valha a pena viver deva garantir espaço e propósito para tais minorias. Mas o mundo não é feito para o nosso benefício pessoal, e tampouco estamos no mundo para nosso benefício pessoal. Um mundo que afirme ser essa o seu propósito não é bom e não deve ser duradouro.

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Yeda, uma patriota "exemplar"!

Ontem fui ao desfile comemorativo ao 7 de Setembro, só para capturar a "tia" chegando ao evento. Um pouco quente, com sol na nuca, fumaça de churrasquinho de gato, e o povo bem distante do palanque, evitando-se protestos contra a desgovernadora.

Fiquei uns 15 minutos, tempo para tirar algumas fotos da "direita" local se refestelando no palanque, como se patriotas fossem, lambendo-se uns aos outros, e tempo também para ouvir uma efusiva vaia ao ser anunciada a chegada de Yeda Rorato Crusius, protagonista do governo mais corrupto de nossa história.

Yeda estava vestida de blusa amarela e uma calça azul-marinho, provavelmente seguindo à risca os conselhos de algum "çábio" do jornaleco da Azenha sobre uma temática bem ao seu estilo: "O que vestir no desfile de 7 de Setembro" .

Passei o resto do dia vomitando!

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O pré-sal e a Nação

Luiz Carlos Bresser Pereira, do Blog Leituras do Favre

AO CRITICAR o governo Fernando Henrique Cardoso no lançamento dos projetos do marco regulatório do pré-sal, o presidente Lula errou porque deu a um problema que deve unir a nação um viés político-partidário. Errará também a oposição se adotar uma posição contrária ao cerne de um plano que é do maior interesse nacional.
Se a regulação do pré-sal continuar sob a legislação atual ou for malfeita, essa bênção da natureza pode se transformar em uma maldição, porque significará que não soubemos neutralizar a “doença holandesa” associada à abundância de petróleo. O governo compreendeu esse fato, e, nesses dois anos, realizou os estudos necessários para evitar esse mal. As três decisões que constituem o cerne de seu plano são a opção pelo sistema da partilha, a criação da Petro-Sal e a criação de um fundo soberano para receber os recursos da partilha. Asseguradas essas três coisas, o Brasil terá a flexibilidade necessária para neutralizar a “doença holandesa” e promover o desenvolvimento nacional. A opção pelo mecanismo da partilha, em vez do das concessões, está correta porque os riscos das empresas serão pequenos, e porque esse mecanismo facilita à nação se assenhorear das “rendas” do petróleo (os ganhos decorrentes da maior produtividade dos recursos naturais), ficando para as empresas exploradoras os lucros -os ganhos que dão retorno ao investimento e à inovação. A legislação em vigor, de 1997, usou o mecanismo da concessão porque naquela época o risco era grande e o tema da “doença holandesa” não estava na agenda nacional. Diante dos fatos novos, porém, não faz sentido apegar-se a ela.
O conservadorismo local, entretanto, está acusando os quatro projetos de “nacionalistas” e “estatizantes”? Quanto ao primeiro epíteto, não é acusação, é elogio. Os cidadãos dos países ricos são todos nacionalistas -tão nacionalistas que não precisam usar essa palavra para se distinguir uns dos outros. Por isso, seus ideólogos podem usar essa palavra de forma pejorativa procurando, assim, neutralizar o necessário nacionalismo econômico dos países em desenvolvimento. E o que dizer do epíteto de “estatizante” porque cria a Petro-Sal? Isso também não faz sentido. O Brasil já passou a fase em que o papel do Estado é o de realizar investimentos nas indústrias de base. O setor privado já tem suficiente capital para isso e é reconhecidamente mais eficiente e mais inovador do que o setor estatal em produzir nos setores competitivos da economia. A Petro-Sal será uma pequena empresa 100% estatal; não será operacional, mas proprietária das reservas. Através dela poderemos ter o sistema de partilha com alíquotas flexíveis dependendo do preço internacional do petróleo.
Mas não será o plano “eleitoreiro”? Será se o PSDB insistir em se opor a suas proposições básicas. Não é a posição do governador José Serra, mas poderá ser a de muitos representantes do partido, que, se criticarem o cerne do plano, estarão se identificando com os interesses das empresas petrolíferas internacionais. E, assim, fortalecerão eleitoralmente o candidato do governo. Há certos problemas que não permitem tergiversação. O Brasil já sofre os males da falta de neutralização da “doença holandesa” oriunda das exportações de ferro e de produtos agropecuários. Se também não souber evitar a sobreapreciação muito maior que será proveniente de um pré-sal mal regulado, o processo de desindustrialização em marcha se acelerará, e seu desenvolvimento econômico estará definitivamente prejudicado.

Artigo publicado originalmente na Folha de São Paulo.

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 75, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de “Macroeconomia da Estagnação: Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994″. Internet: www.bresserpereira.org.br e-mail: bresserpereira@gmail.com
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7 de setembro: Vamos lá Brava Gente Brasileira!!!!





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