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Eu tinha rabiscado esta charge há algum tempo. É bem apropriada para momentos em que há uma superexploração de uma tragédia por parte da mídia, sobretudo os telejornais. Como está acontecendo agora e acontece quase sempre.

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D. Miriam Leitão e a eleição para a direção da UNESCO.

Há cerca de duas semanas, comecei a escrever um post sobre a polêmica em torno do não-apoio do governo Brasileiro à indicação de Márcio Barbosa para a direção-geral da UNESCO. Tive esta idéia porque, em uma de minhas aulas sobre Política Externa Brasileira, uma aluna comentou que achava um “absurdo” o Itamaraty estar apoiando a candidatura do egípcio Farouk Hosny quando há um brasileiro no páreo. Na ocasião, repeti o discurso que faço sempre, dizendo que alguém que pretende ser um especialista em Relações Internacionais não pode pautar suas análises por aquilo que é exposto na grande imprensa, devido à, essencialmente, dois fatores:

1- Os artigos jornalísticos de opinião, na maioria dos casos, nada mais são do que o supra-sumo do senso comum, já que os argumentos são lançados de forma rasteira e juízos de valor são emitidos sem o mínimo compromisso com a realidade dos fatos;
2- A maior parte da mídia brasileira adotou nos últimos anos uma postura de oposição extremamente raivosa em relação ao governo Lula. Logo, as suas análises sobre a Política Externa Brasileira acabam sendo contaminadas pelas paixões da luta política.

Mas depois, com o passar dos dias, acabei deixando de lado a idéia de terminar o post devido, em primeiro lugar, ao excesso de compromissos e afazeres profissionais, mas também – confesso – por uma certa falta de saco em escrever, mais uma vez, sobre a parcialidade da mídia (é por isto que os meus últimos posts foram sobre cultura e não sobre política!). No entanto, depois de ler a coluna de hoje da Sra. Miriam Leitão, em “O Globo”, intitulada “Frente Externa”, não posso deixar de me manifestar (é o anjo torto que vive a sussurrar em meus ouvidos!). A “ilustre” economista/jornalista global voltou a atacar, pra variar, as linhas gerais da política externa do atual governo, utilizando-se, desta vez, dos comentários do ex-ministro das Relações Exteriores de FHC, Luiz Felipe Lampreia. A coluna inicia-se com um comentário do ex-chanceler tucano que disse que nunca viu "tamanha série de enganos e equívocos" no Itamaraty e a partir daí continua a transcrever (e a endossar, é claro) os argumentos do embaixador, que reproduzo abaixo, com alguns grifos meus:

“Nessa lista de equívocos, Lampreia inclui a idéia de mandar um embaixador para a Coréia do Norte — que teve de ser abortada — e a decisão de apoiar a candidatura do egípcio Farouk Hosny para a direção-geral da Unesco: — Eu creio, sinceramente, que a explicação básica está no fato de que o dr. Márcio Barbosa, um homem de extrema competência e grande posição na Unesco, padece de um vício enorme: o de ter servido ao governo Fernando Henrique Cardoso. O Itamaraty tem longa tradição de respeitar posições diferentes e não ter facciosismo. Ele acha que os árabes merecem um gesto nosso, mas esse foi o sinal errado.— Primeiro, há um candidato brasileiro. Segundo, o egípcio é uma pessoa inaceitável. Uma organização que se propõe a defender a educação e a cultura não pode ter como diretor um homem que diz que vai queimar livros. É uma contradição — afirmou”.

Não pretendo me aprofundar na discussão sobre o apoio brasileiro à candidatura de Hosny (discussão esta que, como já disse, não estou com muita paciência para travar. Porém, não posso deixar de assinalar o quão deprimentes foram as defesas “patrióticas” do nome de Márcio Barbosa feitas por “nacionalistas” convictos como Diogo Mainardi e a própria Miriam Leitão. Mais do que nunca, percebo a atualidade da célebre frase de Samuel Johnson: “O patriotismo é o último refúgio dos canalhas”), mas tenho o dever de ofício de recordar ao excelentíssimo Senhor Embaixador alguns episódios que ilustram como são falaciosos os seus comentários. Ao afirmar que no Itamaraty há “uma longa tradição de se respeitar posições diferentes”, o ex-chanceler (e a D. Miriam) esquece-se de dois casos ocorridos no governo a que serviu:

1- A demissão do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães (atual secretário-geral do MRE), em 2001, da direção do Instituto de Pesquisas e Relações Internacionais (IPRI) do Itamaraty, por emitir opiniões contrárias à adesão do Brasil à Associação de Livre Comércio das Américas (ALCA).;
2- A falta de empenho do MRE, através do então ministro Celso Lafer, na manutenção do Embaixador José Maurício Bustani, na direção da Opaq (Organização para a Proscrição das Armas Químicas). Bustani foi derrubado do comando da Organização, em 2002, por pressões do governo Bush, já que desagradou ao “grande irmão do norte” por sua insistência em negar tratamento preferencial aos Estados Unidos no que diz respeito às inspeções militares e industriais e por não admitir interferências, de nenhum tipo, na administração da Opaq. Como ressalta, o próprio Bustani em artigo publicado na revista “Estudos Avançados”, da USP (José Mauricio Bustani, "O Brasil e a Opaq: Diplomacia e Defesa do Sistema Multilateral sob Ataque", "Estudos Avançados", vol. 16, nº 46, setembro/dezembro de 2002), Lafer fez um acordo de bastidores com o Secretário de Estado dos EUA de que o Brasil não faria nenhum lobby em favor de sua permanência.

Ora, é importante ressaltar que Márcio Barbosa lançou sua candidatura à direção-geral da UNESCO, de forma avulsa e não-orgânica, sem nenhuma consulta prévia ao governo brasileiro. Logo, estava preparado (ou, pelo menos, deveria estar) para a possibilidade de não receber o apoio do Brasil, que foi o que efetivamente aconteceu, visto que, em nome de interesses geopolíticos e dos próprios objetivos gerais de nossa política externa atual, o Itamaraty optou por apoiar a candidatura de Hosny. Tudo isto aconteceu de forma legítima e transparente, destacando-se o fato de que, em nenhum momento, o MRE trabalhou contra a candidatura de Barbosa ou mesmo procurou tentar inviabilizá-la: simplesmente uma outra opção foi feita, de maneira coerente com as diretrizes de política externa do governo Lula (abrindo um rápido parênteses: esta história do governo ter que apoiar a candidatura de alguém – mesmo que tal pessoa não esteja alinhada com suas posições – só por este alguém ser brasileiro, lembra-me aquele discurso dos narradores esportivos quando algum time brasileiro está na final da Libertadores ou do Mundial Interclubes: “É o Brasil na Final!”. E desde quando um torcedor do Vasco vai torcer pelo Flamengo numa situação destas? Ou o do Atlético pelo Cruzeiro, ou o do Palmeiras pelo Corinthians, ou o do Colorado pelo Grêmio, e por aí afora? Poupem-nos destes argumento esdrúxulos). Repito mais uma vez: mesmo tendo feito uma outra opção, o Itamaraty em nenhum momento atuou nos bastidores contra a candidatura de Barbosa. Como vimos, não foi isto que o governo FHC fez no caso Bustani: para atender subservientemente aos interesses norte-americanos, o ex-ministro Celso Lafer (aquele mesmo que tirou os sapatos!), literalmente, puxou o tapete do Embaixador na Opaq (é importante notar que nenhum dos “patriotas de ocasião”, que recentemente apareceram na mídia, levantou-se, naquele momento, em defesa de Bustani!). Já a demissão de Samuel Pinheiro Guimarães, do IPRI, foi um caso claro de perseguição ideológica, a mesma que o ex-Chanceler Lampréia afirma que nunca ter havido no Itamaraty.

Pois é: estas questões nunca aparecem na coluna da D. Miriam Leitão...
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O VII Encontro Internacional do FOMERCO



Estão abertas até o próximo dia 15 de junho as inscrições para a proposição de papers aos Grupos de Trabalho do VII Encontro Internacional do Fórum Universitário Mercosul-FOMERCO. O evento terá lugar na Universidade Latinoamericana (UNILA) em Foz de Iguaçu, de 09 a 11 de setembro, e reunirá, além dos 28 GTs existentes, diversas outras sessões e mesas-redondas.

Eu e Ingrid Sarti, professora da UFRJ, coordenamos o GT 8, que integra o 5º eixo temático do Encontro, dedicado a discutir os principais desafios teóricos do processo de integração.

O GT 8 se chama “Novos paradigmas políticos para a integração regional” e pretende acolher papers que se proponham a investigar e discutir as questões políticas que se anunciam paradigmáticas no atual quadro da América do Sul, tendo em vista especialmente (mas não exclusivamente) a agenda da integração. Nosso interesse é pensar as diferentes formas que vêm assumindo, no continente, os processos de democratização, os procedimentos e problemas de governo, as relações Estado-sociedade civil e a cultura política.

A agenda do GT é aberta e procura dialogar com diferentes temas e perspectivas teóricas. Seu objetivo é promover aproximações entre análises que privilegiem os sistemas e os processos, os atores (movimentos, partidos, associações, governos) e as estruturas estatais, as idéias e os programas políticos. Uma questão pode ser apresentada como vertente de animação: em que medida o atual modo de pensar e fazer política interfere no processo da integração regional? Estão os sistemas políticos, as regras do jogo democrático e os atores políticos (tanto os do Estado quanto os da sociedade) suficientemente preparados para dinamizar democraticamente a integração, ou seja, para fazer com que ela caminhe além da consolidação de pactos e acordos de cooperação comercial? Se a política eventualmente está falhando, isso se deve a um problema imediatamente político (relacionado, por exemplo, à qualidade dos diferentes sistemas e atores nacionais) ou é um desdobramento da reorganização por que passam as sociedades, refletindo assim o modo mesmo como elas estão se transformando e/ou reagindo às novas circunstâncias histórico-universais?

As propostas devem ter entre meia e uma lauda, espaço 1.5 e incluir dados curriculares, vinculação institucional e e-mail, além de indicarem o número e o título do GT a que se dirigem. Devem ser enviadas até o dia 15 de junho para os e-mails viifomerco@pti.org.br, marcoscostalima@terra.com.br e ingrid.sarti@ufrj.br

O FOMERCO é uma rede acadêmica de universidades sul-americanas que se reúne anualmente para discutir e analisar as implicações, as trajetórias, os problemas e os avanços relativos ao processo de integração do Mercosul. Seu atual presidente é o cientista político Marcos Costa Lima, da UFPE.

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SIMON, o Senador das duas caras.


Os últimos escândalos do desgoverno de Yeda Crusius, expuseram o Senador Pedro Simon(“MDB-RS”) de uma maneira inusitada. O Senador tido como “ético” e considerado por alguns jornalistas como “O ORÁCULO” está numa saia justa.

Sobre os escândalos sul-mapitubenses, SIMON esqueceu a ênfase de seus discursos contra a corrupção em seu escaninho no plenário do Senado Federal. As falcatruas do governo do estado do RS são tratadas com comedimento e reticências pelo Senador.
Simon publicou um livro com seus discursos em 2005 no Senado Federal sob o título: “ Boicote às CPIs facilitou a corrupção”; hoje o Senador esquece o que escreveu e disse. Parece um “déjà vu”.

No RS ele articula o PMDB para não apoiar a CPI da CORRUPÇÃO e impedir sua saída do Governo Yeda Crusius e, logicamente, manter seus militantes nos cargos “sangrando” o BANRISUL, entre outros e escondendo seus afiliados investigados pela Polícia Federal.
Várias informações “sigilosas” de como funcionam o financiamento de campanhas eleitorais e que só os TSEs não sabem, foram graciosamente passadas à plebe por Busatto e o Vice-Governador Feijó. Simon e o PMDB ameaçaram processar Busatto. Simon estava indignado com a divulgação, não com o financiamento ilegal, pois como qualquer editorialista sabe, Simon é “ético”.

Mas a cara e a ética do Senador muda conforme sua conveniência geográfica. E digo isso com a convicção de ex-eleitor de Pedro Simon em 1978, em plena ditadura militar.
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A Pequena África no Rio de Janeiro.

“Pequena África” era o nome que se dava – até as primeiras décadas do século XX - à região formada pelos bairros da Zona Portuária do Rio de Janeiro – Saúde, Gamboa, Santo Cristo – indo até a antiga Praça XI (demolida para dar lugar à Avenida Presidente Vargas) e que era ocupada, já na segunda metade do século XIX, por um grande contingente de negros libertos, escravos de ganho e remanescentes do antigos Quilombos da Pedra do Sal. Carlos Lessa, em seu “O Rio de todos os Brasis” (Editora Record, 2000), ao escrever a respeito da “anatomia social” do Rio de Janeiro do século XIX afirma que apesar dos homens livres e pobres competirem entre si na esfera da produção, sua cidadania precária e incompleta levava-os, "ao mesmo tempo, com suas famílias a desenvolverem sistemas de organização, co-gestão e solidariedade nas zonas de moradia. A Pequena África no Rio de Janeiro é um excelente exemplo de organização solidária a partir de um território próprio da pobreza”. Para este território negro no coração da corte, vieram também inúmeros libertos oriundos da Bahia - então em acentuado processo de decadência econômica, dentre os quais as famosas “tias”, que estão nas origens do samba, e D. Obá II, ex-combatente da Guerra do Paraguai, que se tornou uma espécie de Rei da Pequena África. Ele chegou a liderar uma série de manifestações pró-Imperador, nos primórdios da República, o que ressalta a popularidade que a monarquia possuía entre as camadas mais pobres. Nesta parte da velha Cidade de São Sebastião proliferaram os terreiros de candomblé, descritos por João do Rio em “As Religiões do Rio” e constituiu-se o caldo de cultura que possibilitou o surgimento do samba e de tantas outras manifestações culturais com forte presença da matriz africana. Bem, toda esta introdução é para dizer que, no último sábado, ao dar uma aula sobre a História do Rio de Janeiro, em um curso de atualização para professores de História, comentei sobre um trabalho fundamental a respeito desta temática, o livro “Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro”, do Roberto Moura. Tendo sido editada pela coleção “Biblioteca Carioca”, da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, em meados da década de 1990, tal obra encontra-se esgotada há um bom tempo e não é muito fácil conseguí-la, mesmo nos melhores sebos. Dois dias depois, recebi um e-mail de uma das alunas do curso – valeu, Viviane! – passando-me um link onde o livro do Roberto Moura pode ser baixado gratuitamente. Para quem não conhece esta obra fantástica é uma ótima oportunidade para se ter acesso à ela.

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