Maceió em 2009
Depois de quatro anos sem ir a Maceió, fiquei impressionado com os investimentos que a cidade visivelmente teve. Os contrastes continuam. Alagoas concentra o que tem de pior em diversas áreas: IDH, analfabetismo, violência, atendimento de saúde pública péssimo, e dai em diante.
Uma amiga que morava na Pajussara em frente ao mar dizia que diante dos olhos tinha Paris, e quatro quadras para trás, Bombaim. Ela se foi fazem 10 anos e ficaria feliz em saber que não são mais quatro quadras, mas oito...Há muito investimento federal em projetos sociais, mas certamente políticos como Calheiros e seu bando continuam levam uma beirinha, "of course"...
A construção civil está alucinante. O Grupo Wall Mart projeta a construção de mais 6 hipermercados. Grupos extrangeiros estão investindo massivamente na área de "ressorts".
A política local nos iguala a Alagoas em especial Maceió. Políticos canalhas não faltam tanto lá como aqui.
A programação da TV local apresenta inserções onde Renan aparece comentando como autoria de seu partido realizações como o salário mínimo, o PAC, "Luz para Todos", o PROUNI, o projeto de cisternas no sertão alagoano, entre outros; projetos cujas realizações podem ser conferidos em pleno andamento, inclusive no agreste. Calheiros continua mandando em Alagoas ...e no Congresso Nacional, leia-se a eleição do "SirNey" como presidente do Senado, Michel Temer na Câmara e Collor como presidente da Comissão de Infra-estrutura que fiscalizará a execução do PAC. Alagoas tem os Deputados apelidados de "Taturanas*" que lesaram o estado em vários milhões de Reais. Além de várias obras arquitetônicas como avenidas e viadutos com nomes de personalidades vivas, como o Viaduto João Lira. Ta bom ou querem mais?
Mas não somos muito diferentes... Máfia do Detran, Máfia da Merenda Escolar de Canoas, Pró Jovem na Pref. de POA, onde aparecem personalidades como Otávio Germano, Eliseu Padilha e outros... Só gente fina com envolvimento com o núcleo duro do governo Yeda Crusius e que só a imprensa local não vê. Também temos castas de políticos mudos como o Sen. Sérgio Zambiazi, Sen.Pedro Simos (o dedo podre) e o Dep.Vieira da Cunha, que muito pouco ou quase nada tem a dizer sobre o safado e rasteiro Governo de Yeda Crusius.
Antes de algum sábio local falar sobre a ética dos outros, é bom que esteja diante de um espelho....
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*Correio do Povo de Alagoas No final de 2007, a operação Taturana, da Polícia Federal, iniciou uma investigação sobre desvio de verbas na Assembléia Legislativa de Alagoas envolvendo 12 deputados e funcionários do local. No total, R$ 300 milhões foram desviados da Assembléia Legislativa. Os deputados acusados no inquérito foram afastados dos cargos, mas ainda lutam na Justiça para serem reintegrados.
O diálogo das drogas
O Globo gastou ontem uma página inteira com o encontro em Viena da Comissão de Narcóticos da ONU. O relatório e as declarações de seus representantes admitem o fracasso do que foi até agora tentado para o combate às drogas. Segundo eles, os cartéis se modernizaram e estão ainda mais ricos do que há dez anos. O jornal usou uma enormidade de letras para descrever as ações e as modalidades existentes no mundo sobre combate ao tráfico e recuperação de viciados. Dava para resumir em 5 linhas, mas era tanto espaço que o editor não resistiu em contribuir com um agrado à sanha panfletária de seus chefes. No meio do texto, ligando nada a coisa alguma, a seguinte frase:
Justificou a foto da página, Evo segurando uma folhinha. Assim, sem dizer, deixa no ar para o leitor desavisado a impressão de que o governo da Bolívia é um dos entraves ao combate do narcotráfico.
Só na metade do texto entendemos o motivo de tanto esbanjamento de papel e tinta, roubando espaço aos “horrores” da crise. Em Viena também trabalhou a Comissão Latino Americana sobre Drogas e Democracia, aquela do Fernando Henrique Cardoso. Nos 17 nomes da comissão, a presença de João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo.
Se o Globo pode entrar no campo da ficção, inventando uma boba provocação ao Evo, este modesto blog pode também imaginar o diálogo no jatinho entre FH e João Roberto, na volta de Viena:
- FH, estive com tempo nos últimos dias e resolvi estudar melhor o problema das drogas.
- Como assim, João? Eu já te expliquei tudo.
- Sei, sei, mas é que ainda não estava me sentindo preparado, podiam me perguntar alguma coisa...
- Quem vai te perguntar? Fica tranquilo. E o que você está lendo?
- Comprei uns livros. Fiquei ainda mais curioso e pesquisei na internet...
- Cuidado! Não há a menor credibilidade nessa coisa. É terreno do inimigo, nossa grande batalha em breve, vamos acabar com esse lixo...
- Sei sei, mas tem muita coisa que faz sentido...
- Por exemplo?
- Governos, que agora dizem combater as drogas, foram responsáveis pela criação do consumo e do tráfico. Fiquei pensando nisso quando jantávamos com o embaixador inglês em Viena. Que hipocrisia! Lá no início do século XIX, a Inglaterra não tinha o que oferecer aos chineses para trocar por porcelana, seda e chá. Descobriram que ópio bombaria, é fácil “fidelizar” os clientes. Mercado aberto, altíssimo potencial. Criaram uma rota da índia para a China, maior sucesso, até os chineses perceberem o logro. O pau comeu em duas guerras com os ingleses.
- João, isso faz tempo...
- Mas não parou, FH. Em livro de um tal de Alfred W. McCoy, li que de 1945 a 1951 a CIA operou para tirar os sindicatos de Marselha da mão do Partido Comunista, os entregando para a máfia corsa. Bastou terem o controle das docas para Marselha se tornar à época a capital mundial da heroína.
- Mas os comunistas teriam feito estrago pior...
- Em outro livro, de Christopher Robbins, a mesma CIA, no início dos anos 50, organizava o Exército Nacionalista Chinês para combater os comunistas. Este exército se tornou o barão do ópio no Triângulo Dourado (Birmânia, Tailândia e Laos), a maior fonte de ópio e heroína do mundo. Na ajuda, aviões da Air América, companhia aérea da CIA, levavam as drogas...
- Mas eram os comunistas, sempre eles...
- Mas não só. O Nugan Hand Bank, de Sydney, era um banco da CIA. Todos o seu “bord” era de generais, almirantes e burocratas da CIA, incluindo William Colby, seu advogado. Li no livro de Jonathan Kwitny que a grande especialidade do banco era financiar o tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro e os negócios internacionais de armas...
- Isso tem o maior cheiro de teoria da conspiração...
- E o caso do Manuel Noriega, algo bem conhecido. Ele foi muito bem pago pela CIA, apesar dos americanos saberem desde 1971 que o general estava pesadamente envolvido no tráfico e lavagem de dinheiro. E cúmulo do fingimento: autoridades dos EUA, incluindo o então diretor da CIA William Webster e vários responsáveis do DEA, enviaram a Noriega cartas de agradecimento pelos esforços para impedir o tráfico de drogas. Claro, ele e os EUA se ajudaram para acabar com a competição ao Cartel de Medellin. O governo dos EUA só se voltou contra Noriega, invadindo o Panamá em dezembro de 1989 e sequestrando o general, depois de descobrir que ele também fornecia informações e serviços aos cubanos e sandinistas. Ironicamente, o tráfico de drogas através do Panamá aumentou após a invasão dos EUA. Está em outro livro, Our Man in Panama, de John Dinges.
- Geopolítica, João. Já falamos sobre...
- E o caso Irâ-contras? Os EUA vendiam na surdina armas ao governo do Aiatolá Komeini e traficavam drogas para financiar os contra revolucionários na Nicarágua. O San Jose Mercury News fez um série de artigos, ta lá no resultado do comitê Kerry, de 1989.
- Deixa pra lá, esse jornal está morto...
- A CIA criou a Al Quaeda na década de 80 no Afeganistão. Os caras faziam tráfico de drogas enquanto combatiam o governo apoiado pelos soviéticos. O principal cliente da agência era Gulbuddin Hekmatyar, um dos principais senhores da droga e o principal refinador de heroína. A CIA forneceu caminhões e mulas para levar armas e trazer ópio para laboratórios ao longo da fronteira afegã-paquistanesa, onde era transformado em heroína. A produção abastecia a metade da heroína usada anualmente nos Estados Unidos e três quartos daquela usada na Europa Ocidental. Depois, em 2001, vencendo os talibãs, o Afeganistão voltou a produzir heroína, só que agora ele é responsável por 80% do consumo mundial.
- João, você anda lendo muito. Vamos mudar de assunto. Ontem, como sempre de madrugada, o Serra teve uma ótima idéia. Já contei para o Tasso. É o seguinte...
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Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, mascou folha de coca e pediu que a ONU retire a planta da lista de drogas ilícitas nos convênios internacionais.
Justificou a foto da página, Evo segurando uma folhinha. Assim, sem dizer, deixa no ar para o leitor desavisado a impressão de que o governo da Bolívia é um dos entraves ao combate do narcotráfico.
Só na metade do texto entendemos o motivo de tanto esbanjamento de papel e tinta, roubando espaço aos “horrores” da crise. Em Viena também trabalhou a Comissão Latino Americana sobre Drogas e Democracia, aquela do Fernando Henrique Cardoso. Nos 17 nomes da comissão, a presença de João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo.
Se o Globo pode entrar no campo da ficção, inventando uma boba provocação ao Evo, este modesto blog pode também imaginar o diálogo no jatinho entre FH e João Roberto, na volta de Viena:
- FH, estive com tempo nos últimos dias e resolvi estudar melhor o problema das drogas.
- Como assim, João? Eu já te expliquei tudo.
- Sei, sei, mas é que ainda não estava me sentindo preparado, podiam me perguntar alguma coisa...
- Quem vai te perguntar? Fica tranquilo. E o que você está lendo?
- Comprei uns livros. Fiquei ainda mais curioso e pesquisei na internet...
- Cuidado! Não há a menor credibilidade nessa coisa. É terreno do inimigo, nossa grande batalha em breve, vamos acabar com esse lixo...
- Sei sei, mas tem muita coisa que faz sentido...
- Por exemplo?
- Governos, que agora dizem combater as drogas, foram responsáveis pela criação do consumo e do tráfico. Fiquei pensando nisso quando jantávamos com o embaixador inglês em Viena. Que hipocrisia! Lá no início do século XIX, a Inglaterra não tinha o que oferecer aos chineses para trocar por porcelana, seda e chá. Descobriram que ópio bombaria, é fácil “fidelizar” os clientes. Mercado aberto, altíssimo potencial. Criaram uma rota da índia para a China, maior sucesso, até os chineses perceberem o logro. O pau comeu em duas guerras com os ingleses.
- João, isso faz tempo...
- Mas não parou, FH. Em livro de um tal de Alfred W. McCoy, li que de 1945 a 1951 a CIA operou para tirar os sindicatos de Marselha da mão do Partido Comunista, os entregando para a máfia corsa. Bastou terem o controle das docas para Marselha se tornar à época a capital mundial da heroína.
- Mas os comunistas teriam feito estrago pior...
- Em outro livro, de Christopher Robbins, a mesma CIA, no início dos anos 50, organizava o Exército Nacionalista Chinês para combater os comunistas. Este exército se tornou o barão do ópio no Triângulo Dourado (Birmânia, Tailândia e Laos), a maior fonte de ópio e heroína do mundo. Na ajuda, aviões da Air América, companhia aérea da CIA, levavam as drogas...
- Mas eram os comunistas, sempre eles...
- Mas não só. O Nugan Hand Bank, de Sydney, era um banco da CIA. Todos o seu “bord” era de generais, almirantes e burocratas da CIA, incluindo William Colby, seu advogado. Li no livro de Jonathan Kwitny que a grande especialidade do banco era financiar o tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro e os negócios internacionais de armas...
- Isso tem o maior cheiro de teoria da conspiração...
- E o caso do Manuel Noriega, algo bem conhecido. Ele foi muito bem pago pela CIA, apesar dos americanos saberem desde 1971 que o general estava pesadamente envolvido no tráfico e lavagem de dinheiro. E cúmulo do fingimento: autoridades dos EUA, incluindo o então diretor da CIA William Webster e vários responsáveis do DEA, enviaram a Noriega cartas de agradecimento pelos esforços para impedir o tráfico de drogas. Claro, ele e os EUA se ajudaram para acabar com a competição ao Cartel de Medellin. O governo dos EUA só se voltou contra Noriega, invadindo o Panamá em dezembro de 1989 e sequestrando o general, depois de descobrir que ele também fornecia informações e serviços aos cubanos e sandinistas. Ironicamente, o tráfico de drogas através do Panamá aumentou após a invasão dos EUA. Está em outro livro, Our Man in Panama, de John Dinges.
- Geopolítica, João. Já falamos sobre...
- E o caso Irâ-contras? Os EUA vendiam na surdina armas ao governo do Aiatolá Komeini e traficavam drogas para financiar os contra revolucionários na Nicarágua. O San Jose Mercury News fez um série de artigos, ta lá no resultado do comitê Kerry, de 1989.
- Deixa pra lá, esse jornal está morto...
- A CIA criou a Al Quaeda na década de 80 no Afeganistão. Os caras faziam tráfico de drogas enquanto combatiam o governo apoiado pelos soviéticos. O principal cliente da agência era Gulbuddin Hekmatyar, um dos principais senhores da droga e o principal refinador de heroína. A CIA forneceu caminhões e mulas para levar armas e trazer ópio para laboratórios ao longo da fronteira afegã-paquistanesa, onde era transformado em heroína. A produção abastecia a metade da heroína usada anualmente nos Estados Unidos e três quartos daquela usada na Europa Ocidental. Depois, em 2001, vencendo os talibãs, o Afeganistão voltou a produzir heroína, só que agora ele é responsável por 80% do consumo mundial.
- João, você anda lendo muito. Vamos mudar de assunto. Ontem, como sempre de madrugada, o Serra teve uma ótima idéia. Já contei para o Tasso. É o seguinte...
Capa
A capa da Veja da próxima semana certamente será assim. Afinal, há graves denúncias de espionagem ilegal e de seu uso para a prática de chantagens. A Veja, coerente, imparcial e sempre preocupada com o Estado Policialesco e com a Grampolândia, não deixará por menos. No mínimo, fará uma capa igual à dedicada ao Protógenes e sua tenebrosa máquina de espionagem. Aguardemos. Devidamente sentados, é claro.
Um rabisco das férias
Hoje resolvi dar uma folga para a Yeda (por muito pouco tempo!) e postar um desenho que eu fiz durante minhas férias. Um guaipequinha, filhote de ovelheiro, dormindo atrás de uma árvore. Não costumo fazer muito este tipo de desenho, ao contrário de muitos colegas, até por que os meus raramente dão certo. Este foi um dos raros casos.
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