A mídia do povo

Recebo um simpático comentário do John Cutrim e percebo uma grande injustiça do nosso blog ao esquecer de linkar o Jornal Pequeno, bravo representante da imprensa alternativa no Maranhão, com bela história que começa em 1951. Agora, nas manhas da web, dando espaço para vários blogueiros atuantes. Estamos corrigindo a injustiça e atentos para divulgar o jornal.

Fico impressionado com a abundância de blogs políticos gaúchos. São muitos, atuantes, e fazem um bonito contraponto às pretensões do cartel da RBS. Mais um blog aparece com verve das boas, o Cloaca News, com propósitos claros de desmascarar a máfia midiática. Vale a pena acompanhar.

Outro jovem blog de política que começa com gás é o Brasil Mobilizado. Mais um bom canal para desmistificar a corrompida mídia brasileira.

Longa vida para todos.

Atualizando: Outro que injustamente faltava em nossa lista é o Blog de um sem-mídia, do Carlos Augusto Dória. Comentarista compulsivo em jornais e blogs, leitor voraz, reúne uma ótima seleção de posts em seu blog. É leitura obrigatória.
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Realeza


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O efeito Obama





A eleição de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos já foi submetida a todo tipo de avaliação. Porém, como todo fato histórico, continua a desafiar os analistas.

Foi sem dúvida o principal acontecimento de um ano sacudido mais pela crise financeira internacional do que por fatos políticos particularmente expressivos. Terá força para repor a política no centro da vida e das atenções, ao menos nos Estados Unidos? Muito se falou da dimensão simbólica da vitória de Obama. Um negro, que veio de baixo, um político formado por Harvard, estranho às aristocracias políticas norte-americanas, não poderia mesmo deixar de produzir impacto, despertar emoções, dar esperança a milhões de pessoas que se sentem derrotadas e humilhadas, que ainda se lembram do apartheid racial que devassou a convivência e a dignidade humana dentro e fora da nação tida como “pátria da Liberdade”. Mas Obama também incendiou os jovens e conseguiu assimilar o eleitorado feminino que torcia por Hillary Clinton. Estabeleceu empatia com todos os setores da sociedade americana. Foi emocionante ver as multidões que o saudaram em Chicago e comemoraram sua vitória em várias partes do mundo. Num momento de refluxo no envolvimento com a política, a centelha de mobilização que acompanhou Obama merece no mínimo um acompanhamento cuidadoso.

Dado o peso dos Estados Unidos, tudo o que ali acontece pode repercutir no modo como se vive no mundo. Mas não em termos imediatamente econômicos, pois parece difícil que se consiga, pelo efeito mágico de um gesto, estancar de imediato a crise financeira, modificar a predisposição consumista das massas e arrefecer o afã desenvolvimentista que grassa forte neste início de século. Consumismo desenfreado e crescimento econômico a qualquer preço são duas das principais pragas da modernidade, e a elas devemos imputar boa parte das mazelas com que convivemos. Trocar consumo e desenvolvimento por investimentos sociais, por democracia, igualdade, respeito ao meio ambiente e desaquecimento, não é seguramente operação simples. Requererá décadas de empenho político, criatividade e reeducação.

Obama não tem como nos fornecer isso, mas pode agir como catalisador. Pode, por exemplo, repor na cena política uma agenda progressista, voltada mais para a população do que para a economia, ainda que sem abandonar a convicção de que é preciso ajudar os mercados a sair da lambança em que se meteram. Voltar-se para a população significa fazer o governo funcionar para promover as pessoas, provê-las de serviços e suportes que as façam crescer e viver com dignidade. Obama pode ajudar a que se passe a ver o bom governo como aquele que colabora para que se tenha boa vida, não tanto boa economia. Pode ser uma diferença sutil, mas não deixa de ser decisiva. Dar-se-ia o mesmo na frente administrativa. Uma guinada progressista de Obama jogaria por terra o palavrório insosso do “choque de gestão” e do Estado mínimo.

Muitos manifestaram preocupação com o protecionismo do Partido Democrata e do próprio Obama, que desde a campanha sempre se manifestou favorável aos interesses de seu país. Os que não gostaram disso pareciam querer que o novo presidente governasse para o mundo e para os países mais pobres. O protecionismo democrata é tradicional. Sempre existiu e sempre existirá, especialmente em momentos de crise aguda, como o atual.

Uma eventual agenda progressista de Obama não abandonará o protecionismo, e não fará isso por vários motivos. Mas poderá contribuir para que se criem novos canais de negociação, novos relacionamentos comerciais e novas modalidades de cooperação e ajuda internacional. Se for assim, será um passo de gigante.

Não houve quem não lembrasse que uma coisa é o discurso de campanha, outra coisa é a prática efetiva do governo. Trata-se de uma lembrança oportuna, ainda que óbvia e elementar. Todo governante eleito vive tal situação, mesmo aqueles que prometem pouco e se apresentam como técnicos ou “gerenciais”. Campanha e governo implicam lógicas distintas, condutas e discursos específicos. O importante é compreender como o candidato se prolonga no governante. Política e governo são sempre um ator e certas circunstâncias. Faz-se o que se pode, não o que se deseja fazer. Mas sempre dá para ligar o desejável e o possível, graduá-los e equilibrá-los, de modo a que a prática dura e fria do governo contenha uma dose de fantasia e facilite às pessoas a continuidade de uma esperança. Obama enfrentará dificuldades enormes para transformar em fatos muitos de seus compromissos de campanha. Mas poderá fazer com que seus recuos e fracassos se convertam em fatores de mobilização para novas tentativas futuras.

Obama tem tais condições porque representa um sopro de renovação e vem embalado pelo entusiasmo das multidões. Sua legitimidade mistura respeito racional-legal e adesão ao carisma do líder. Representa o negro pobre e o branco liberal, o branco atingido pela crise e o negro progressista, a classe média que se empobreceu e as elites democráticas, os jovens, os mais velhos e as mulheres de todas as etnias.

Torcer por seu sucesso, e admitir que ele possa acontecer, não autoriza ninguém a se pôr diante dele com a ingênua expectativa de que tudo agora será diferente. Obama não trará o céu à terra até mesmo porque não se comprometeu com isso. Não é anticapitalista nem reformista convicto, menos ainda um socialista moderado. É somente um político jovem, talentoso, pragmático e determinado, em cujas veias parece correr o sangue secular do que há de melhor na sociedade americana. Mais que um sonho, ele expressa o fim de um pesadelo, a era Bush. Pode não ser suficiente, mas é sem dúvida muita coisa. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 22 de novembro de 2008, p. A2]



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O riso é livro

Para quem não conferiu ao vivo na Feira do Livro, aí vai o projeto e a versão final, pintada em placa de MDF, do cartum sobre livros, parte do evento O Riso é Livro, genial invenção do Fraga. O Peter Pan ficou de fora da versão final por falta de espaço...


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Drops Pós-Eleitorais - Parte II: Más Companhias.

Gabeira e seu candidato a vice-prefeito, Luís Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), que foi vice-governador do estado do Rio de Janeiro, na “inesquecível” gestão de Marcello Alencar.

A edição de "O Globo" do último sábado, dia 15/11, trouxe uma notícia muito reveladora para aqueles que acreditaram - apesar de todas as evidências em contrário - que a candidatura de Fernando Gabeira à prefeitura do Rio de Janeiro representava uma alternativa à "política tradicional", que ele era, efetivamente, um candidato "independente" e "fora das estruturas partidárias convencionais" e que estava disposto a fazer um governo - caso fosse eleito - com uma "equipe de técnicos competentes e sem vínculo partidário". Na coluna "Panorama Político" foi noticiado que José Serra - o mesmo que conseguiu que o PSDB investisse R$ 1 milhão na campanha à prefeitura do candidato do PV - estava convencendo Gabeira a se candidatar ao governo do Rio de Janeiro, em 2010, pois precisa de um palanque forte no estado. Imediatamente, lembrei-me da quadrinha popular que foi cantada em várias capitais do Brasil, quando - através do grande "acordão das elites" que foi o "Golpe da Maioridade" - Pedro II pôde assumir o trono brasileiro com apenas 15 anos:

Por subir Pedrinho ao trono
Não fique o povo contente
Não pode ser boa coisa
Servindo com a mesma gente.
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