Campanha: MV Bil para a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

Esse blogueiro entrou na campanha MV Bill lançada pelo sítio do Blog do Desemprezo Zero. A escolha de ministros é uma prerrogativa do Presidente da República. A campanha visa convencer o presidente Lula da importância de se colocar nesta pasta alguém com o perfil do MV Bill. Não temos patrocínio de nenhum partido ou corrente política, ONGs ou de algum movimento social. Apenas colocamos o nome do MV Bill pela sua representatividade, seriedade e compromisso demostrados em sua atuação junto a movimentos sociais e outras entidades da sociedade civil.
Quem apóia ou não a idéia pode deixar um comentário.
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Gastos com cartão corporativo derrubam ministra Matilde Ribeiro

Na tarde desta sexta-feira a ministra Matilde Ribeiro (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) anunciou seu desligamento do governo em entrevista coletiva, após reunir-se com o presidente Lula. O desgaste da ministra tornou-se politicamente incômodo assim que a imprensa publicou seus gastos com cartões corporativos referentes ao ano de 2007. O destaque ficou por conta do pagamento indevido de uma fatura em free shopping e gastos supostamente excessivos com aluguéis de carros. Destaque que entre os ministros que utilizam o cartão, a ministra é recordista nas despesas, somando-se mais de R$ 171 mil.

A ministra assumiu o erro pelo uso incorreto dos cartões corporativos, porém argumentou ter sido mal orientada por dois servidores, que já estariam demitidos. Matilde Ribeiro também disse não estar “arrependida”. Ela leu a carta de demissão entregue ao presidente Lula e respondeu a perguntas dos jornalistas.

Importante é que a demissão da ministra sirva para orientar o governo a tomar medidas eficazes que permitam maior controle dos gastos com cartões corporativos. Por outro lado, espera-se que o governo não recue na sua política de inclusão social e promoção da igualdade racial. Conforme já dito em outros dois artigos, os cartões corporativos conferem maior transparência que a simples entrega de dinheiro para comprovação por meio de notas fiscais e outros papéis. Por outro lado, esse caso mostra o papel do sítio Portal da Transparência para que a sociedade possa acompanhar a aplicação do dinheiro público.



Leia a íntegra da carta de demissão da ministra:



Carta da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, ao presidente Lula

“Excelentíssimo Sr. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Foi importantíssima para a história do Brasil Vossa decisão de criar a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, em resposta à demanda do movimento negro. A necessidade se justifica ante a realidade brasileira, que é de ter vivido um período de mais de 300 anos de escravidão e apenas 120 anos da abolição, sem que a população negra tenha efetivo acesso à cidadania, bens e serviços. Também incluindo os indígenas, os ciganos, os árabes e palestinos.

É extremamente importante que o Brasil reconheça a necessidade de pagamento da dívida histórica que tem para com os negros e negras, praticamente 50% da população. Sabemos que o caminho para isso é a política pública com inclusão social.

Agradeço a confiança em mim depositada, a considerar a construção de caminhos para a superação do racismo e para a inclusão social e racial. Foram cinco anos de árduo trabalho, muito diálogo e dedicação junto às estruturas governamentais e não governamentais. Efetivamente me entreguei a essa difícil tarefa, sem preocupação com ganhos pessoais.

Considerando a pequena estrutura da Seppir, fiz vários exercícios e formatações internas, para dar conta desse órgão que necessita cada vez mais de aprimoramento de gestão, técnico e político. Isso se faz necessário para o cumprimento da missão do órgão e a garantia dos princípios da transversalidade junto ao governo federal e a gestão democrática junto aos movimentos sociais.

A agenda de trabalho dessa Secretaria é bastante complexa, exigindo as relações institucionais e também contatos miúdos e contínuos com pessoas, movimentos sociais, organizações não governamentais, instituições públicas e privadas. Por isso, há um número significativo de atividades fora de Brasília, não havendo estrutura descentralizada. Informo ainda que a agenda externa intensifica-se em meses que têm datas comemorativas alusivas à igualdade racial.

São inúmeros os desafios colocados para o desenvolvimento dessa política, do ponto de vista logístico, organizacional, técnico e político. Porém, o desafio mais forte é o “convencimento” da sociedade da necessidade de superar o racismo, tendo como um dos principais caminhos as ações afirmativas como, por exemplo, as cotas nas universidades e as políticas em quilombos.

Tendo como único interesse viabilizar as ações necessárias para o desenvolvimento do trabalho, assumo o erro administrativo no uso do Cartão de Pagamento do Governo Federal.

Os fatos que me levaram a essa escolha partiram das dificuldades com deslocamentos e hospedagem fora de Brasília. Em julho de 2006, fui orientada pela minha assessoria a utilizar o Cartão de Pagamento do Governo Federal (a partir do dia 18) concentrado em três modalidades: hospedagem, alimentação e locação de veículos.

Quanto ao uso desse Cartão, reitero que se trata de um erro administrativo que pode e deve ser corrigido.

A minha vida pessoal sempre foi pautada pela honestidade, responsabilidade, busca de aprofundamento de conhecimento e, acima de tudo (há 20 anos), pelo investimento em ações políticas coletivas junto ao Partido dos Trabalhadores, movimento negro e movimento feminista.

Quanto à política de igualdade racial, nos cinco anos de existência dessa Secretaria foi possível realizar ações importantes, assim como preparar gestores e servidores para a atuação nas políticas públicas. Muito ainda resta ser feito, como constatamos no planejamento de 2008/2010. Portanto, não me resta dúvida da necessidade de continuidade desse processo, com as devidas adequações.

Diante dos fatos, que estão ainda em avaliação, mas sabedora da implicação administrativa, solicito o meu desligamento desse governo, colocando-me ainda à disposição para as tratativas que se fizerem necessárias.


Matilde Ribeiro
1º de fevereiro de 2008”
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CGU: Gastos com suprimento de fundos caíram no atual governo

Enquanto em 2001 e 2002 os gastos do governo federal com suprimento de fundos (que envolvem o uso dos cartões corporativos e as chamadas contas tipo B) foram de R$ 213,6 milhões e R$ 233,2 milhões respectivamente, a partir de 2003 esse tipo de gasto foi significativamente reduzido, mantendo-se, nos últimos cinco anos, a média anual de R$ 143,5 milhões. Em 2003 as despesas com suprimento de fundos foram de R$ 145,1 milhões; em 2004 de R$ 145,9 milhões: em 2005 de R$ 125,4 milhões; no ano seguinte de R$ 127,1 milhões. No ano passado, em decorrência de algumas excepcionalidades, chegaram a R$ 176,9 milhões, ainda assim muito longe dos gastos registrados em 2001 e 2002

O crescimento dessas despesas em 2007 deveu-se à realização de dois censos pelo IBGE (censo agropecuário e contagem da população nos pequenos e médios municípios), às ações de inteligência da Abin visando a segurança durante os jogos Pan-americanos e a intensificação das operações especiais da Polícia Federal.

Nesses três órgãos, a soma das despesas pagas com o uso dos cartões chegou, em 2007, a R$ 41,4 milhões e representou 82,4% de todo o aumento de gastos do governo federal pagos com os cartões durante o ano. As informações estão disponíveis no Siafi e no Portal da Transparência, este último implantado a partir de 2004.

Situações como essas do IBGE, do PAN e da PF explicam não só o crescimento do uso do cartão, como também a expansão do volume de saques, em vez do faturamento direto, já que se trata da realização de despesas em áreas rurais e de pequenas comunidades onde não funcionam as redes afiliadas aos cartões eletrônicos, ou, no caso do PAN e da PF, de movimentação necessariamente sigilosa de agentes da Abin e outros órgãos de inteligência e segurança.

Ao divulgar essas informações, o secretário executivo da Controladoria-Geral da União, Luiz Navarro, informou que o cartão de pagamento foi instituído no final de 2001. Segundo ele o crescimento do uso do cartão é uma política de governo, que vem sendo intencionalmente estimulada em substituição às contas tipo B, em que o funcionário recebe o suprimento, deposita no banco e vai emitindo cheques.

“O cartão é um instrumento mais moderno, que permite melhor controle do que o velho talonário de cheques”, disse ele, acrescentando que “o aumento das despesas pagas com o uso do cartão nos últimos anos acontece, na grande maioria dos casos, simultaneamente a uma redução no volume de pagamentos feitos pelo sistema antigo (tipo B) e corresponde à gradativa migração de um sistema para o outro.”

No entendimento da CGU, a utilização do cartão eletrônico em lugar das tradicionais contas com talão de cheque é muito positiva na medida em que facilita o controle tanto pelo próprio gestor sobre os funcionários que efetuam os pagamentos das pequenas despesas e dos gastos em viagens, como pela Controladoria, por meio dos extratos eletrônicos emitidos pela administradora do Banco do Brasil.

O que deve ser observada é a preferência pela compra direta mediante faturamento e a limitação dos saques em dinheiro para os casos em que isso seja inevitável, como os revelados acima e outros órgãos que operam em zonas rurais, como o Ibama, o Incra, a Funai; e dos que têm de fazer deslocamentos constantes e sigilosos como a Polícia Federal e a Abin.

A CGU e o Ministério do Planejamento (órgão competente para disciplinar a matéria) vêm estudando formas de estabelecer limites para os saques em espécie, sabendo, entretanto, que isso não pode ser feito de forma linear, mas observando-se o perfil de cada órgão e contemplando-se as excepcionalidades, como as já citadas.

Importante observar que a despesa total com cartão corporativo situa-se entre 0,002% e 0,004% da despesa total do Poder Executivo. “Quanto às despesas sigilosas”, lembra o secretário executivo da CGU, “além de representarem uma pequena porcentagem do total, elas são previstas em lei há muito anos, não sendo criação do atual governo, nem particularidade do Brasil, pois existem em qualquer país do mundo”.

Por fim, diz ele, “cabe lembrar que a imprensa e, por meio dela, a sociedade hoje podem acompanhar fácil e completamente tudo isso graças à política de transparência pública adotada pelo atual governo – por exemplo, por meio do Portal da Transparência. Até 2004 essa possibilidade simplesmente inexistia”, conclui.
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Governo anuncia medidas para controle dos cartões corporativos

As denúncias de despesas irregulares com cartões corporativos fizeram o governo editar novas medidas para sua utilização. Os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Jorge Hage (Controladoria Geral da União) anunciaram nesta quinta-feira restrições ao uso de cartões. Entre as medidas anunciadas estão:

(1) a vedação de saques em dinheiro para pagamentos de despesas cobertas pelo cartão, exceção as despesas dos órgãos que têm peculiaridades (órgãos essenciais da Presidência, Vice-Presidência, Saúde, Fazenda, Polícia Federal e repartições do Ministério das Relações Exteriores no exterior) e as despesas de caráter sigiloso;

(2) a permissão que os Ministros de Estados, mediante circunstanciada justificativa, autorizem a execução de até 30% do total de suprimentos de fundos mediante saque em espécie; e

(3) a exclusão da possibilidade de uso do cartão para o pagamento para emissão de bilhetes de passagens e diárias de servidores.

Há um conjunto de outras medidas que disciplinam o chamado suprimento de fundos, que inclui os cartões corporativos. O Governo deverá editar decreto alterando a sistemática de uso dos cartões corporativos, bem como das contas de suprimentos de fundos (para saber mais sobre as novas regras).

Não há dúvida de que as medidas anunciadas são positivas. Aumentam a transparência dos cartões corporativos, e das despesas de suprimentos de fundos em geral. A sociedade merece maior transparência. E como já disse em outro artigo, os cartões corporativos são instrumentos que elevam a transparência, não o contrário.


Por essa razão, não vejo porque fazer um patrulhamento dos cartões corporativos. Deve-se coibir os abusos, os excessos, não condenar a utilização dos cartões. O aumento verificado no uso de cartões no ano passado é plenamente justificável. Na verdade, dos R$ 75,6 milhões gastos em 2007, R$ 41,4 milhões referem-se a despesas que não estavam presentes em 2006 (censo agropecuário, contagem da população em pequenos municípios, ações da ABIN para os jogos do PAN e ações especiais da Polícia Federal). Considerando que em 2006 foram gastos R$ 33 milhões, o que houve foi uma estabilização das outras despesas com cartões corporativos.

Não vejo nenhum problema nas despesas com cartões em 2007, a não ser que se mostrem os supostos desvios. O simples aumento não é sinônimo de desvio. Até mesmo porque não dá para acreditar que outras modalidades de suprimentos de fundos seriam mais vantajosas para o controle. Não é possível condenar o uso de cartões corporativos do governo simplesmente pela atitude indevida de uma ministra ou pela tapioca de R$ 8,30. Isso sim seria um despropósito.

Como o patrulhamento é ostensivo, vale a pena uma comparação entre os gastos com suprimentos de fundos dos governos Lula e FHC. Muita gente hoje indignada, dizendo que o governo tem uma turma que assalta o governo, provavelmente nunca questionou os gastos da era FHC. A indignação pode ser resultado da distância do poder. Como não estou aqui para defender abusos de autoridades, contento em apresentar os dados apresentados pelo governo. Quem se julgar injustiçado que questione, mas tragam dados, não frases soltas e raivosas.

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Entrevista: Gramsci, esquerda, democracia

Setenta anos depois de sua morte, Gramsci persiste como grande interlocutor da esquerda. Ao lado da valorização da cultura, da política e da sociedade civil, seus Cadernos do cárcere repuseram a questão do Estado como eixo de qualquer movimento político dedicado a influir nos embates de hegemonia e na proposição de novos projetos para a sociedade. Para ele, reforma e revolução são termos que se interpenetram e se complementam. E aqueles que se põem desta perspectiva se caracterizam, não pelo respeito canônico a princípios abstratos, frases e pensamentos cristalizados no tempo, mas por uma interação ativa e criativa com a realidade.

Na entrevista que concedi à Revista IHU Online (Edição 231, Agosto de 2007), vinculada ao Instituto Humanitas Unisinos, discuto, entre outras coisas, a idéia de que os movimentos e partidos que continuarem a imaginar a sociedade atual como se fosse a "mesma sociedade de classes claramente definidas e posicionadas umas contra as outras, como na época de Gramsci, não terão condições de exercer funções positivas de direção política e cultural”.

Leia a entrevista

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