Ainda retomo o cotidiano depois de férias. Confesso a irritação com a enfadonha leitura das notícias. Preciso de tempo para me readaptar. Um pouco de tanto já tenho opinião para compartilhar:
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A campanha contra a reforma constitucional na Venezuela em nossa mídia beira o ridículo. O jornal O Globo decidiu ser didático. Para cada item da constituição é chamado um especialista para “explicar” ao populacho o quão Chávez é anti-democrático. Sobre o artigo 318, que cuida das atribuições do Banco Central, chamaram Gustavo Franco, que afirmou estarem inventando algo ridículo, “não há nada parecido no mundo”. Muito esclarecedor. Mas ridículo mesmo é terem chamado um sábio das finanças deste quilate, alguém que à frente do nosso BC no governo FH supervalorizou o real, quase quebrando o país. Claro, não podemos dizer que tudo foram perdas: sua conta pessoal e a de André Lara Rezende engordaram muito. Imagina se Chávez fizesse algo assemelhado. Paredão, no mínimo. Mas nosotros somos diferentes, mais “ajuizados”. Li no
Blog do Mello.
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Lula deu entrevista ao Globo, publicada no domingo. Ainda não li. Mas já tomei conhecimento de que nada apareceu de novidade. Como não, trataram hoje de publicar um grande editorial sobre o dito, tentando dizer o que pensa esta mídia e, por incrível coincidência, os liberais do PSDB e afins. Começam por um leve elogio aos resultados do governo, creditando em grande parte a sorte e a “conjuntura internacional incrivelmente favorável”. Logo, no quarto parágrafo, vem o recado: a falta de austeridade nos gastos públicos. Lula disse que para governar é preciso gastar. O editorial o chama de perdulário. Em confuso raciocínio, seguem adiante lembrando as dificuldades financeiras do estado para explicar o controle dos gastos: “temos municípios com renda insuficiente para justificar sua existência”. Citam números para dizer que sobra pouco para investimentos, este estado toma “35% ou 36% da riqueza nacional”, muito acima de outros países, mas deveria “estar investindo 25% do PIB para acompanhar o avanço dos nossos concorrentes. Mal chegamos hoje a 17% ou 18%”. Interessante a precisão de centésimos. Falta uma maior exatidão, mais esclarecedora, que indicaria que o custo, em grande parte, pertence ao pagamento de juros de dívidas passadas. Falta dizer que o jornal, e seus coincidentes partidos políticos amigos, fazem campanha contra a prorrogação da CPMF, um imposto mais democrático que os vários embutidos em cada mercadoria, que independem da renda de quem os compra. Mais ainda, embora não claramente dito, desejam um estado para seus favores, motivo que tanto os unem para retomar o poder, sem concessões ao andar de baixo, certamente aí um desperdício de recursos na sua ótica de classes.
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Uma pérola surreal a do João Ubaldo: “Paranóia ou não, delírio ou não, está na cara que o presidente quer o terceiro mandato”. Quer dizer, está na cara que o escritor, baba-ovo das elites, está delirando. Juntinho aos seus mecenas da mídia, que fazem de tudo para emplacar esta provocação, na falta de maiores notícias. Li no ótimo
Óleo do Diabo.
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Ali Kamel voltou. Demorou a achar um tema à sua altura. Enfim, agora fala sobre Deus. O propósito é o livro “Deus, um delírio” do biólogo Richard Dawkins, já resenhado há várias semanas por diversos jornais e revistas. Sua crítica é sobre a falta de rigor científico do autor, seus argumentos pouco plausíveis, “que não levam a lugar algum”. Interessante tal crítica de quem já defendeu a isenção da rede globo na campanha das diretas. Deve ser inveja. Ali adoraria uma encomenda da família Marinho para um artigo sobre Deus. Certamente perguntaria: contra ou a favor?
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Haja saco!