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Homofobia, negação e projeção

Creio que o seguinte trecho de um conhecido estudo sobre as bases evolutivas do autoengano tem relevância para a compreensão de fenômenos que circundam alguns temas que ganharam as manchetes nos últimos meses:
Muitas vezes a negação dos próprios erros requer fortemente sua projeção nos outros. Uma vez, anos atrás, enquanto eu estava dirigindo, fiz uma curva muito fechada, daí meu bebê de um ano caiu no banco de trás do carro, e começou a chorar. Me escutei xingando sua meia-irmã de nove anos - como se ela devesse saber que eu gosto de fazer curvas em duas rodas, e abraçar sua irmã da maneira requerida. Mas a própria rispidez da minha voz serviu para me alertar de que algo estava errado. A responsabilidade da criança era, no máximo, 10%. Os outros 90% pertenciam a mim, mas ao negar meu próprio papel, algum outro deveria carregar esse peso. Isto é, a negação da minha própria responsabilidade exigiu que a responsabilidade fosse fortemente projetada em alguma outra pessoa, para balancear a "equação da responsabilidade".

De maneira similar, se alega que a negação das próprias tendências homossexuais fará a pessoa projetar suas tendências sexuais nos outros. É como se nós estivéssemos cientes de haver algum conteúdo homossexual na vizinhança imediata e, negando nossa própria porção, começássemos a procurar nos outros a homossexualidade que falta. Um trabalho experimental impressionante sustenta essa possibilidade. Homens que se declaram completamente heterossexuais (sem comportamente homossexual, sem fantasias homossexuais) estão divididos entre aqueles que são relativamente homofóbicos e aqueles que não são. Homens homofóbicos são definidos como aqueles que se sentem desconfortáveis, têm medo ou são hostis com homens homossexuais. A homofobia é medida por uma série de 25 questões. Um .... pletismógrafo foi preso à base do pênis, o qual media mudanças na circunferência, enquanto entrevistas forneciam informação sobre a percepção consciente da tumescência e da excitação. ....

Quando os dois grupos de homens são expostos a vídeos sexuais de quatro minutos (heterossexuais, lésbicos, e homossexuais masculinos), o pletismógrafo mostra que os dois conjuntos de homens respondem com níveis similares de excitação aos vídeos heterossexuais e lésbicos, mas apenas os homens homofóbicos mostram uma resposta significativa aos vídeos homossexuais masculinos. Entrevistas posteriores mostram que ambas categorias de homens dão estimativas acuradas do seu grau de tumescência e excitação a todos os estímulos, com uma única exceção: os homens homofóbicos negam sua reação ao vídeo homossexual masculino!

Esses resultados fazem um certo tipo de sentido superficial. Dos homens heterossexuais que são, segundo seus próprios relatos, totalmente heterossexuais no comportamento e na fantasia, mas que apesar disso de fato experimentam excitação quando veem dois homens fazendo amor, seria de se esperar maior desconforto na vizinhança de homens homossexuais. Afinal de contas, esses últimos representam fontes contínuas de excitação para o afeto homossexual latente dos primeiros. Pode-se esperar que o desconforto, desgosto e raiva com relação aos homossexuais seja maior onde a ameaça homossexual é maior. Note novamente uma dinâmica entre negação e projeção. Negar os próprios sentimentos homossexuais pode forçar o indivíduo a projetar um maior perigo das mesmas tendências nos outros.
O trecho vem do artigo "The elements of a scientific theory of self-deception" (PDF), do antropólogo da Universidade de Rutgers Robert Trivers.
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Histeria e fotografia


«Visualmente era um mundo novo, criado não só por artistas mas também pela máquina fotográfica. A câmera era verdadeiramente objetiva, pois nenhum observador humano intervinha entre o objeto e o registro. Ao lado das impressões criadas pela pintura, devemos inserir as imagens reproduzíveis captadas pelas lentes. No final dos acima mencionados doze anos [1874-1886], Jean-Martin Charcot, mestre da neurologia, tornou-se fascinado pelas representações pictóricas da histeria, antigas e novas. Ele e seus estudantes tornaram visual a doença. Os histéricos tinham de ter alguma aflição que pudesse ser fotografada.»

Foto de Jean-Martin Charcot, ataques epiléticos induzidos por histeria, 1878, via theslideprojector.com.
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A moralidade é algo separado da religiosidade

[...] a new paper by psychologists Ilkka Pyysiäinen of the University of Helsinki and Marc Hauser of Harvard University in Cambridge, Massachusetts [...] point out that individuals presented with unfamiliar moral dilemmas show no difference in their responses if they have a religious background or not. [...]

Thousands of people — varying widely in social background, age, education, religious affiliation and ethnicity — have taken the tests. Pyysiäinen and Hauser say the results (mainly still in the publication pipeline) indicate that "moral intuitions operate independently of religious background", although religion may influence responses in a few highly specific cases. [...]

The authors' paper may annoy both religious and atheistic zealots. By taking it as a given that religion is an evolved social behaviour rather than a matter of divine revelation, it tacitly adopts an atheistic framework. Yet at the same time it assumes that religiosity is a fundamental aspect of human psychology, thereby undermining those who see it as culturally imposed folly that can be erased with a cold shower of rationality. [...]

All the same, the tests show that neither culture nor religion matter very much: other factors — presumed to be inherited — dictate our judgements.
Philip Ball, na Nature News
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