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PT quer saber quem liberou senha para espião do PSDB


Ayrton Centeno para Brasília Confidencial - 08/09/2010

Convencida de que o sargento César Rodrigues de Carvalho – que espionou o candidato petista ao governo gaúcho, Tarso Genro, além de outros políticos, jornalistas, advogados e delegados – atuou a mando de seus superiores no Governo Yeda Crusius (PSDB), a bancada do PT na Assembleia Legislativa pediu ontem ao Executivo que informe quem liberou a supersenha para o autor da violação. Apenas 20 pessoas teriam acesso à senha master, uma delas o sargento.

“É um Estado policialesco, autoritário”, criticou a deputada Stela Farias, uma das vítimas da espionagem feita pelo militar.

A oposição ao governo tucano quer saber também para que bolsos rumava o dinheiro arrecadado entre contraventores pelo sargento lotado na Casa Militar do Palácio Piratini.

“Sabemos que o dinheiro não ficava apenas com o sargento. Queremos saber com quem era dividido”, adiantou a deputada. Carvalho recolheria até R$ 40.000,00 mensais da contravenção.

Ela ainda observou que a bancada pedirá ao Ministério Público Estadual que transfira a custódia de Carvalho – preso em dependências da Brigada Militar – para a Polícia Federal, argumentando que ele é “uma peça-chave” e que sua integridade não pode correr riscos.

Para a deputada petista, a espionagem de adversários políticos através do Sistema de Consultas Integradas, instalado na sede do governo gaúcho, é antiga.

“É o método de um governo que se desmoralizou”, entende. Stela suspeita que Ricardo Lied, ex-chefe de gabinete de Yeda Crusius – flagrado em 2008 em grampo telefônico revelando a violação do sigilo de um ex-prefeito petista – seja parte do mesmo processo.

“Não podemos ser levianos, mas queremos puxar este fio e ver aonde vai levar”, comentou. Homem da confiança de Yeda, Lied, apesar da denúncia, foi mantido no cargo do qual se afastou apenas no mês passado.

Ex-presidente da CPI da Corrupção, que averiguou o sumiço de R$ 344 milhões dos cofres do Estado durante a gestão do PSDB, a deputada teve sua família ilegalmente investigada. O militar acessou até mesmo fotos e roteiros de seus três filhos, um deles de oito anos.

“O que uma criança representa de risco para o Estado?”, questiona Stela.

“Quando o promotor (Amilcar Macedo, responsável pelo processo) me contou isso, eu não acreditei. É um grande absurdo, uma coisa sem precedentes na história do Rio Grande”, reagiu.

No Legislativo gaúcho, o deputado Luis Augusto Lara (PTB) também teve seus dados violados. Lara tentou ser candidato ao governo do Estado, mas não teve respaldo. Seu partido foi parceiro disputado por várias siglas, mas acabou sem apoiar nenhuma delas.



“MUITO MAIS VÍTIMAS”

Inicialmente acusado de extorquir donos de bingo e bicheiros, o sargento César de Carvalho logo se tornou um personagem muito mais importante. Constatou-se que ele espionou, além de Tarso Genro, também vários diretórios do PT. Obteve ilegalmente dados sigilosos do senador Sérgio Zambiasi (PTB); do coordenador da campanha estadual do PT, ex-deputado Flávio Koutzii; do deputado federal Luis Carlos Busato (PTB) e do ex-vice-prefeito de Porto Alegre, Eliseu Santos, assassinado em fevereiro.

“Temos certeza de que muito mais gente foi vítima da mesma espionagem e outros nomes irão aparecer”, afirmou a deputada Stela Farias.

Nesta quinta-feira, Carvalho será ouvido no Foro de Canoas. Seu advogado, Adriano dos Santos Pereira, já adiantou que a intenção do cliente é de colaborar e que não assumirá responsabilidades que não são suas. Dois oficiais e dois civis vinculados ao Palácio Piratini estão sob investigação.

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Araponga do Piratini


Espionagem política
Para o PT, sargento agiu com a concordância do centro do governo

A bancada do PT está convencida de que o sargento Cézar Rodrigues de Carvalho, suspeito de ter violado o Sistema de Consultas Integradas da Polícia, não agiu sozinho. Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira (8), os deputados Raul Pont e Stela Farias afirmaram que há fortes indícios de que o esquema de espionagem não é novo e foi arquitetato por integrantes da cúpula do governo gaúcho. “Tudo leva a crer que a ação do sargento contava com o conhecimento do centro de governo e era acobertado por integrantes da Casa Militar”, afirmou a deputada Stela, uma das parlamentares que teve a vida bisbilhotada pelo militar.

Entre janeiro e agosto de 2009, o sargento teria realizado mais de 10 mil acessos, utilizando duas senhas – a comum e a máster, de caráter restrito. Entre os investigados, estão o ex-deputado Flavio Koutzii (PT), o deputado Luís Augusto Lara (PTB) e Stela, que presidiu a CPI da Corrupção. Os acessos às informações dos petistas ocorreram em outubro do ano passado, no ápice das investigações da comissão parlamentar de inquérito. “Chama a atenção o período em que os acessos foram realizados. Não é exagero concluir que as pesquisas tinham objetivos políticos, muito provavelmente de atemorizar parlamentares em pleno exercício de seus mandatos”, frisou Pont.

A arapongagem não se restringiu a vasculhar a vida de deputados, mas invadiu também a intimidade de seus familiares. Na segunda-feira (6), Stela foi alertada pelo promotor que cuida do caso, Amílcar Macedo, que seus três filhos, um deles de apenas oito anos de idade, também foram alvos de espionagem. “O papel da Casa Militar é o de garantir a segurança institucional da governadora. Dentro desta concepção, não há nada que justifique o monitoramento de uma criança de oito anos”, apontou Stela, que deverá nomear um advogado para acompanhar as investigações do caso.

Medidas

Os deputados do PT anunciaram também as medidas que deverão tomar em relação ao episódio. A primeira delas é de requerer que o colégio de líderes (instância que reúne os líderes de todas as bancadas da Assembleia Legislativa) exija esclarecimentos do governo. “Trata-se de uma prática inaceitável, cujo objetivo é o atemorizar deputados. Um parlamento livre não pode conviver com este tipo de ação governamental”, salientou Pont.

O deputado quer que o Executivo informe quem liberou a senha máster para que o sargento violasse o sistema. “É uma senha a que poucas pessoas têm acesso. Portanto, para saber quem a forneceu, não é preciso uma longa investigação. Basta vontade política de elucidar os fatos”, acredita.

O PT quer esclarecimentos também sobre o destino dos recursos provenientes da extorsão de contraventores. “Temos informações de que o dinheiro não ficava só com o sargento, mas era dividido. Queremos saber com quem”, apontou Stela.

A parlamentar anunciou, ainda, que a bancada irá solicitar ao Ministério Público a transferência de custódia do sargento da Brigada Militar para a Polícia Federal. “O sargento é peça chave para esclarecer os fatos. É preciso toda a garantia de preservação de sua integridade.”

Banrisul

O rombo de mais de R$ 10 milhões do Banrisul também deverá ser investigado pela bancada petista. A primeira providência dos parlamentares será solicitar ao Conselho Nacional de Justiça a avaliação da conduta do juiz militar Fernando Lemos, que presidiu o Banrisul e está sendo processado por gestão temerária do órgão. “Queremos saber se, nesta condição, ele pode ocupar a vaga de juiz do Tribunal Militar”, declarou Pont.

O PT deverá solicitar, ainda, a realização de uma audiência pública na Comissão de Serviços Públicos da Assembleia Legislativa para tratar do desvio de recursos do banco gaúcho.

Foto: Kiko Machado no RSurgente
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