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Os pingos nos iis de La Vieja Bruja sobre liberdade de expressão e denúncias vazias

A velha mídia histericou mais uma vez. Como soi acontecer em tais oportunidades, confunde seus desejos com a realidade. O quadro que se repete agora é bem conhecido de quem participou da batalha de 2006, na qual a blogosfera trouxe ao público informações ocultadas ou distorcidas pela velha mídia. Sendo mais do mesmo, dá um certo cansaço, mas também nos leva a agir, pois nos põe a pensar coisas como:

Tá na hora de caminhar pelas ruas do BomFim, comprar pão e pensar que a inteligência vai vencer as sombras e o ódio. De novo.

Isto é, tá na hora de usar argumentos e a razão, pois eles ocupam bem os espaços que a emoção do ódio ocupa tão mal. No quadro em tela, a histericagem é dizer que há alguma ameaça à democracia no ar, e o banho frio de realidade é colocar os pingos nos iis, avaliando a situação de maneira objetiva. É o que La Vieja Bruja fez, mais uma vez, com a competência que já mostrou em 2006. E antes. E depois. Eis seu texto, com meus comentários perturbando a leitura:
Há uma tênue e hipócrita linha separando o editorial de hoje [ontem] do Estado de São Paulo (“O desmanche da democracia”) da cobertura jornalística do “Manifesto pela democracia” (“Após ataques de Lula, juristas lançam ‘Manifesto em Defesa da Democracia’”), ato público realizado ontem, 22, em São Paulo, SP, por intelectuais, juristas, jornalistas e políticos tucanos.
Ainda bem.
Muito embora um “manifesto pela democracia” que condene o direito de um Presidente da República de expressar sua opinião acerca do comportamento da mídia esteja fadado à contradição – o que deve ser atacado é a verdade ou falsidade de suas opiniões, e não seu direito de as externar -, é ótimo que uma linha editorial qualquer assuma abertamente uma posição ideológica no debate público nacional.
La Bruja está nos fazendo ver o esdrúxulo, o contraditório nas ações, ou performativo, da manifestação do Estadão. O jornal louva uma manifestação que se diz pró-democracia. No entanto, e isto é oximorônico, o ato é contra a manifestação de uma opinião! Ora, isto é bizarro, pois qualquer liberal xumbrega, como eu, sabe muito bem que está ok atacar, isto é discutir, os argumentos apresentados, mas não se ataca a manifestação de uma opinião, ou argumento, por si só!

Ainda assim, apesar do bizarro da situação, para La Vieja é um ganho que o Estadão esteja abrindo sua posição ideológica - ainda que de maneira tímida, e, no fundo, ainda de dentro de um armário que não engana a mais ninguém, a não ser à velha mídia ela mesma, no seu armário (mas armários são assim mesmo)... Como o Lula sugere: é hora da imprensa assumir, de maneira categórica, que tem candidato e partido. Veja o vídeo.

A meu ver, isto não é suficiente. O Estadão e o resto da velha mídia ainda estão no armário, apesar de agora só se enganarem a si mesmos, já que todo o mundo já sabe que as organizações Globo, o Estadão e a Folha defendem o candidato Serra, e defendem os interesses do PSDB. É preciso que essa velha mídia saia do armário de maneira clara e explícita, para seu próprio bem, pois essa neurose é cansativa, tem seus tiques repetitivos, e virou mero autoengano. Chega. Basta. Digam claramente que defendem o Serra, e ganhem um pouco do nosso respeito.

Seja como for, o ponto de La Vieja é que o alinhamento do Estadão com uma posição política é um ganho, apesar do bizarro de ser uma posição política que se diz democrática, mas ataca uma manifestação política, ao invés do seu conteúdo veritativo. La Bruja continua:
Mesmo que falacioso – “(…) É claro que o que move o inventor da sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff, é o medo de que a sequência de denúncias – todas elas com foros de verdade, tanto que já provocaram quatro demissões na Pasta, entre elas a da própria Erenice – impeça, na 25.ª hora, a eleição de Dilma no primeiro turno (…)” – e esperançosamente desesperado – “(…) Mas a tal ponto avançou o rolo compressor do liberticídio que diversos setores da sociedade resolveram se unir para dizer “alto lá”. Intelectuais, juristas, profissionais liberais, artistas, empresários e líderes comunitários – todos eles figuras de projeção – lançaram ontem em São Paulo um “manifesto em defesa da democracia”, que poderá ser o embrião de um movimento da cidadania contra o desmanche da democracia brasileira comandado por um presidente da República que acha que é tudo – até a opinião pública – e que tudo pode (…)” –, o editorial do Estadão assume, definitivamente, o discurso da candidatura oposicionista à sucessão presidencial, fato inédito nas mais recentes disputas eleitorais nacionais.
Com a paciência que é preciso ter ante a falácia, La Bruja mostra que os argumentos do Estadão são fracos. Muito fracos. Para o Estadão, a verdade de uma denúncia é medida pelas suas consequências. Ora, mas assim sendo, você prova a verdade de uma acusação falsa quando, por exemplo, você destroi a vida social de um pai de família inocente, acusando-o do estupro de uma criança, e assim fazendo-o mudar de emprego ou cidade, ou ser linchado. Se assim fosse, então a tortura seria um bom método de investigação, pois traz como consequência a confissão. Mas não é assim que se estabelece a verdade de uma denúncia. É preciso provas. Ou, ao menos, não é assim que as coisas devem ser feitas em Estados civilizados. Para não falar de Estados democráticos.

Ainda assim, esta falácia é comemorável, pois é louvável, por si só, que um jornal possa se alinhar a um partido oposicionista. Eu concordo. La Vieja continua:
Antes dessa revelação, os mais importates veículos impressos nacionais – o próprio Estadão, a Folha de São Paulo, o Globo, a Zero Hora, dentre outros –, bem como a mais importante rede de televisão – a Globo -, contentavam-se em repetir o velho, surrado e já senil mantra da imprensa nacional dita “livre”, segundo o qual toda crítica à liberdade de imprensa é, na melhor das hipóteses, uma desfaçatez, um mal-disfarçado ataque à democracia.
Graças, porém, ao amadurecimento de nossa democracia e de nosso republicanismo, que muito deve à garantia da liberdade de opinião sob a qual se vive no governo Lula, veículos de comunicação podem externar sua opinião sobre os rumos sucessórios às claras, bem ao contrário do que acontecia sob os anos de chumbo, quando alguns deles eram obrigados, por forças ocultas, a emprestar seus veículos – não os de comunicação, a bem da verdade – às patrulhas urbanas da força fascista que tripudiava sobre a democracia.
Hoje, no entanto, não há força oculta que proíba o Estadão de desqualificar um Presidente da República, a fim de rebater sua tese de que a imprensa tem apresentado denúncias sem provas. Furioso, corrupto, baixo, antidemocrático, cínico, autoritário e antiético foram os argumentos apresentados pelo Estado de São Paulo, numa tentativa surreal de vender à opinião pública a tese de que toda crítica à atuação da imprensa é uma crítica aos alicerces mesmos da democracia.
O ponto de La Vieja é que hoje, no governo Lula, e também nos governos imediatamente anteriores, temos a esplêndida situação na qual jornais podem falar o que quiserem do presidente, adjetivando à vontade. Isto é louvável, pois não era assim no passado da ditadura. A situação é tão aberta que os jornais podem, até mesmo, chamar a ditadura de "ditabranda", o que vai contra os fatos, mas ainda assim pode ser dito.

Sendo assim, temos que nos alegrar, pois vivemos em uma sociedade na qual os jornais são livres para se opor ao partido situacionista, ainda que usualmente tenham vergonha de admitir que são oposição. Nossa velha mídia é livre para se alinhar ao candidato oposicionista, ainda que não o assuma abertamente.

Mas, é claro, há algo que permanece bizarro: é louvável que vivamos em uma situação na qual temos ampla liberdade de imprensa, mas é reprovável, por ser oximorônico, que ao mesmo tempo se ataque pessoas por apresentarem opiniões e argumentos:
Ora, justamente ao contrário, desqualificar quem apresenta argumentos fundamentados é que é solapar a democracia. Embora não haja prova de que Erenice Guerra não tenha traficado influência a fim de beneficiar x ou y, também não há prova, além do testemunho de um suposto empresário – e convém ter em mente que, nesse caso, estamos tratando da palavra de uma pessoa contra outra -, de que tenha usado sua proximidade com Dilma Rousseff a fim de se locupletar, e muito menos de que a candidata petista à sucessão presidencial tenha sido sua cúmplice.
Portanto, sustentar que a imprensa tem apresentado denúncias sem provas não representa nenhuma ameaça à democracia, e muito menos seu “desmanche”.
O ponto é que muitos e muitos estão dizendo, desde antes de 2006, que a imprensa apresenta denúncias sem provas, e o faz, de maneira casuísta e oportunista, para beneficiar seus candidatos e partidos. E, muitas vezes, quem fez tais acusações apresentou as provas do que diz. Ora, sendo assim, é claro que tais críticos da imprensa não estão atacando a imprensa ou a liberdade de imprensa. O que se faz, em tais ditos, é argumentar em favor da tese da parcialidade da imprensa a partir de provas, e isso está ok. Cabe responder aos argumentos de tais críticos, não atacar suas pessoas, ou suas instituições. E cabe tratar argumentos como argumentos, não como ameaças às instituições, pois instituições sólidas e civilizadas têm como base nada mais, nada menos do que argumentos.

Quanto às denúncias vazias, isto é carentes de provas, elas são um problema. Primeiro, porque é abusivo tomar a consequência de uma denúncia vazia pela demonstração da sua verdade. Segundo, porque é perverso:
Como se prova inocência quando se é acusado de corrupção por uma única testemunha? Nao se prova. O ônus cabe a quem acusa e através dos caminhos competentes para tanto.
Resta a juristas, intelectuais, jornalistas, políticos tucanos e à mídia preocupada com a democracia, portanto, apresentarem provas suficientes do envolvimento de Dilma Rousseff no suposto tráfico de influência supostamente praticado por Erenice Guerra e familiares. E, mais ainda, apresentar provas suficientes do envolvimento da própria Erenice no referido esquema.
Pois é. Na boa, os tais intelectuais cansados e indignados deveriam refletir um pouco, dado que são... intelectuais! Que tal se indignarem com as denúncias vazias? Um bom motivo para isso é o fato delas não serem bem-vindas em sociedades civilizadas. E que tal se indignarem contra protestos contra manifestações de opiniões? Um bom motivo para isso é que o direito à opinião deve ser livre, estando aberto o direito, e por vezes o dever, de se mostrar que uma opinião é verdadeira, ou falsa.

Note que, se o direito à opinião é livre, então o direito à denúncia vazia é livre. No entanto, se uma denúncia vazia traz dano a alguém, como no caso do inocente acusado de estupro, então é preciso que o denunciante repare o dano, de maneira exemplar, pois isto é muito grave. E, obviamente, ainda que qualquer um possa apresentar qualquer denúncia vazia, daí não segue que qualquer um deve esperar que qualquer pessoa deva sofrer as consequências de quaisquer denúncias. Obviamente, em sociedades civilizadas, as pessoas e instituições só devem sofrer as consequências das denúncias sólidas, isto é das denúncias acompanhadas das provas suficientes e adequadas. E, de maneira igualmente óbvia, a credibilidade de um falante ou meio de comunicação é inversamente proporcional à quantidade de denúncias vazias apresentadas. Portanto, ainda que cada um possa denunciar vacuamente o quanto queira, desse tipo de comportamento segue a perda da credibilidade, não o contrário.
Enquanto tais provas não aparecem, a vantagem é toda do presidente Lula, pois afirmar que setores da mídia inventam estórias quando não apresentam provas de acusações que fazem é dizer a verdade.
Nada mais do que a verdade.
Pois é.
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Santa lógica!

O Idelber traz ao debate os abusos de argumentos falaciosos contra as pessoas oponentes, perpretados por alguns jornalistas famosos.

Caso pra sentir #vergonhalheia pelos carinhas, pois estão argumentando de maneira viciosa.

Fica feio para os jornalões, pois até têm revisores de português, mas deixam passar argumentos com erros grosseiros do ponto de vista da prática do bom debate.

Ou seja, nesses casos os jornalões até revisam a forma do texto, mas publicam um conteúdo que é pura meleca do ponto de vista lógico. Rico material para o estudo das falácias, tal como a falácia do argumento ad hominem.
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Por que defender liberdade para os dissidentes cubanos?

Já que é um dos assuntos do momento, vamos falar sobre o caso dos presos políticos de Cuba. Minha posição é parecida com a do NPTO. Acho que Lula deve pedir liberdade para os presos políticos cubanos. Acho que nós com simpatias de esquerda perdemos, visto que não convencemos Lula disso. Acho importante insistir com Lula sobre o ponto.

Por quê? Por três motivos.

Primeiro, porque é isso o que nós fazemos: defendemos o direito das pessoas de pensar e de se organizar livremente. A limitação desse direito sempre ofende, seja nos trópicos, seja onde for.


Terceiro, e mais importante, porque o argumento mais em voga entre o pessoal que se diz de esquerda e defende a posição do governo cubano é algo do tipo "nós só precisamos fazer o que é certo se os críticos também fizerem", e este argumento é fraco. Esse tipo de argumento está por trás de todas as respostas que simplesmente justapõem a repressão avalizada pelos críticos de Cuba à repressão cubana. Isso é simples de se fazer, e posso até dar mais material não usado. Tipo, indo para outra querela atual, EUA versus Irã: "Que moral têm os EUA para falar contra o regime repressivo do Irã, visto que todo o sistema econômico dos EUA está em total simbiose com o sistema econômico da China, sendo que a China é muito mais autoritária e truculenta do que o Irã?"

O problema desse tipo de argumento é que ele erra o alvo. Ao invés de falar do que estava em discussão, no caso o tratamendo de Cuba aos dissidentes, o argumento ataca o interlocutor. Além da lógica, tal tipo de resposta abre espaço pra vários problemas, dentre os quais a possibilidade da desconsideração daquilo que preocupava inicialmente, no caso a liberdade e a igualdade. Pois imagine o seguinte diálogo:
Embaixador A: Vocês Bs precisam libertar os dissidentes!
Embaixador B: Só se vocês As reconhecerem que sustentam a repressão aos Bs em Tal-Lugar.
Embaixador A: Tem razão. Mas não queremos fazer tal coisa. Então façamos o seguinte: cada um reprime os seus, e não se fala mais nisso!
A meu ver, tal efeito seria a derrota da liberdade e da igualdade de pessoas concretas. E é por tais prerrogativas dessas pessoas reais que nós lutamos, certo?

É claro que, muitas vezes, argumentamos da maneira falaciosa indicada acima: quando alguém nos acusa de cometer uma barbaridade, respondemos que o interlocutor faz o mesmo. Essa é uma maneira muito comum de argumentar, mas, apesar do autoengano, sabemos muito bem, em tais ocasiões, que estamos agindo mal.

Esse tipo de argumento tem uma variação em circulação, a qual pode (1) comparar o relativamente bom tratamento dado aos dissidentes cubanos nas prisões ao tratamento absolutamente brutal dado aos "suspeitos de terrorismo" nos calabouços egípcios patrocinados pelos EUA e pela Inglaterra, e (2) alegar que os opositores em geral só podem se queixar caso o outro lado se aprume. Novamente, aqui se erra o alvo, pois não é isso o que se discute. Mas também há outro problema: talvez o crítico não seja um burocrata do governo federal dos EUA ou do reino da Inglaterra. Nesse caso a generalização precipitada colocaria no mesmo saco os defensores das práticas dos EUA/Inglaterra e os defensores dos direitos humanos da Anistia Internacional, o que seria falacioso.

No fundo, se bem entendo, o ponto do NPTO é que temos que defender que se faça o que é certo em boas bases. Acho, também, que essa é uma das coisas boas que as esquerdas em geral podem dar ao debate público sobre esse e outros assuntos, mantendo os princípios, isto é defendendo a igualdade e a liberdade das pessoas que fazem parte deste mundo, não importando origem, etnia, credo, cor ou gênero. Esta seria uma contribuição bem melhor do que a dos caras engraçados e bem-pagos que vociferam contra Cuba em fóruns e jornais, não não estão de fato preocupados com a repressão política por exemplo em Honduras. Nós estamos, e devemos estar.

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Lógica 101 para Magnoli e Demóstenes

Magnoli, digamos que cada um dos escravos brasileiros tivesse sido entregue nas senzalas brasileiras pelo Daomé Delivery embrulhado na bandeira do Congresso Nacional Africano. Em seus mais alucinados delirios de grandeza, esse argumento não consegue ser uma pálida caricatura de algo que tenha a mais remota importância para o debate sobre as cotas. Porque, como disse aí embaixo, é razoável supor que a imensa maioria dos negros brasileiros descende dos que foram escravizados, não dos que foram escravizadores (embora deva haver alguns desses, também). Uma vez no Brasil, eles não eram apenas mantidos escravos; só eles podiam ser escravos. Havia uma cota de 100% para negros nas senzalas.
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