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A derrota de Serra e a renovação

Alberto Carlos Almeida 

No dia 10 de agosto, publiquei nesta coluna um artigo cujo título era: "Serra é o favorito para perder". Nele, fiz a previsão, baseada em dados, de que Serra seria derrotado na eleição para prefeito. O argumento era simples e direto. Serra disputou a eleição como o candidato apoiado pelo prefeito Kassab. Como Kassab tinha uma avaliação muito ruim, a soma de "ótimo" e "bom" dele estava abaixo de 30% e a tendência seria de que não melhoraria, então seu candidato seria derrotado. Acabamos de ver em São Paulo uma eleição de mudança. O raciocínio do eleitor é simples: se o governo está ruim, então ele deve ser mudado; se o governo está bom, então deve ser mantido. Nada mais eloquente quanto a isso do que o fato de que, em toda a série de pesquisas do Datafolha simulando o segundo turno entre Haddad e Kassab, a partir do início de setembro, a vantagem do petista jamais se alterara, como não mudou a soma de "ótimo" e "bom" de Kassab.

Além disso, e também nesta coluna, publiquei um artigo em 23 de março, na antevéspera das prévias do PSDB, mostrando que Serra tinha um histórico de candidato ruim de voto, de candidato que tinha dificuldades para vencer. Mais do isso, nesse artigo chamei atenção para o erro que seria para o PSDB não renovar, não disputar a eleição paulistana com um nome novo. Foi inacreditável que os tucanos tenham escolhido alguém que acabara de perder uma eleição presidencial para uma candidata que nunca havia disputado um voto na vida. Nesse artigo chamei atenção para o fato de que, se o PSDB escolhesse Serra, estaria optando pelo lema de campanha "em time que está perdendo não se mexe". Foi exatamente o que aconteceu.

O PSDB poderia ter sido bem mais competitivo na eleição de São Paulo. Bastaria que tivesse escolhido um nome desvinculado da administração de Kassab. Um candidato com esse perfil ficaria livre para criticar a prefeitura e se colocar como oposição. Fazer exatamente o que Haddad, o vitorioso, fez. Nomes com esse perfil não faltaram e se colocaram nas prévias do partido: José Aníbal e Ricardo Trípoli. Bruno Covas também poderia ter sido esse candidato de oposição, mas decidiu, conciliatoriamente, não concorrer às previas e apoiar Serra. O próprio resultado dessa consulta interna do partido já indicava as dificuldades que Serra enfrentaria. Ele venceu com pouco mais de 50%, o que revelou uma grande rejeição junto àqueles que, teoricamente, deveriam desejar ardentemente que fosse candidato.

O PSDB impediu a renovação, tanto agora como em 2010. Caso Aécio tivesse sido candidato a presidente naquela ocasião, agora seria um nome nacionalmente reconhecido e muito dificilmente haveria a especulação que hoje há sobre Eduardo Campos como possível candidato de oposição em 2014. A eleição em São Paulo teve o mesmo desfecho. Se José Aníbal ou Ricardo Trípoli tivesse sido o escolhido, mesmo derrotado, um deles abriria perspectivas futuras mais promissoras para o partido. Serra é um político em fim de carreira, ainda que se considere revigorado pela derrota.

Fernando Henrique e outros importantes líderes do PSDB declararam, após essa nova derrota de Serra, que o partido precisa de renovação. Levar a sério esse propósito implica não oferecer uma secretaria de Estado para Serra. É hora de o velho político se retirar do cenário. É hora de abrir espaço para outras figuras que esperam que a fila ande. Isso premiaria a lealdade política. É algo importante, porque Serra não é leal a Alckmin, como foi possível constatar na eleição municipal de 2008.

Considerando-se a fama de bem preparado, surpreendem os erros crassos cometidos por Serra em todas as eleições nas quais foi derrotado, em particular na última eleição presidencial. Naquela oportunidade, ele era o candidato de oposição a um governo muito bem avaliado. Tudo indicava que iria perder, inclusive os dados de pesquisas realizadas mais de um ano antes das eleições. Mesmo assim, quis ser candidato. Não fosse esse erro, ele seria hoje um importante ator político, seria reeleito governador de São Paulo e estaria ocupando o segundo cargo mais importante do Brasil. A propósito, Serra jamais será presidente.

As decisões erradas de Serra contrastam com as decisões corretas de Lula. A escolha de Fernando Haddad para prefeito de São Paulo não foi uma renovação em qualquer direção. Pelo contrário, Lula sabe que a cidade de São Paulo é conservadora. Por isso, sua indicação recaiu em um quadro político que se assemelhasse ao mundo tucano. Haddad é professor universitário, tem sólida formação acadêmica e foi ministro da Educação. Nada mais importante para os conservadores do que a educação: é graças a ela que as pessoas podem melhorar de vida pelo próprio mérito. Além disso, Haddad tinha o que mostrar como gestor público durante a campanha. A principal peça de comunicação da campanha petista não foi o bilhete único mensal nem a rede Hora Certa de consultas médicas, mas o próprio candidato.

Mais interessante ainda é como Lula escolhe seus objetivos políticos. Na eleição de 2010 o ex-presidente teve duas metas claras: eleger sua sucessora e aumentar o número de cadeiras do PT no Senado. Várias decisões de aliança abrindo mão de candidaturas a governos estaduais foram tomadas com a finalidade principal de conseguir maioria no Senado. Hoje, o PT tem a segunda maior bancada de senadores, em 2010 elegeu figuras de destaque em seus respectivos Estados, como Lindberg Farias no Rio de Janeiro, Gleisi Hoffman no Paraná, Walter Pinheiro na Bahia, José Pimentel no Ceará e Humberto Costa em Pernambuco. Agora em 2012, a prioridade foi vencer em São Paulo.

Política é relação de poder. Não existe na política a visão cristã de que o certo vence no final e o errado é derrotado. O motivo é simples: não há um lado certo ou errado; são apenas ideologias que estão em jogo. Não existe um Deus acima do bem e do mal que aponte que um lado é o correto e o outro é o errado. Por isso existem as eleições. E há as circunstâncias, que são de grande importância. Muito dificilmente um candidato ligado a Kassab venceria em 2012. Ainda mais, sendo esse candidato alguém como Serra, sem carisma e pouco agregador. O que Lula e seus liderados fizeram foi aproveitar as circunstâncias favoráveis a um candidato de oposição. É bem verdade que, em algum momento da campanha, o risco de o candidato do PT não ir para o segundo turno se tornou grande. Mas, como diz o ditado popular, quem não arrisca não petisca.

Lula sempre foi um tomador de risco. Para aqueles que prezam o empreendedorismo, cumpre reconhecer que, dos anos 1980 para cá, Lula vem sendo o maior empreendedor político do Brasil. A trajetória dele no mundo político se inicia como a maioria dos empreendedores. Lula não tinha nada a perder quando fez a transição do sindicalismo para a política. Não tinha um partido, fundou um e iniciou do zero. Foi por isso que pôde ser candidato a presidente três vezes consecutivas para só vencer na quarta tentativa. O PT ainda era um partido muito pequeno, com pouca competição interna. Agora que o PT é grande e em São Paulo há muitas estrelas, Lula decidiu assumir outro tipo de risco, o de indicar um candidato novato em eleições, um marinheiro de primeira viagem. Ele continua arriscando e empreendendo. Mudou a forma e o estilo, mas o conteúdo é o mesmo.

Depois de oito anos na Presidência, Lula passou a combinar essas características de personalidade com o enorme aprendizado político que teve. Hoje, o PT conta com Dilma cuidando do governo federal e Lula cuidando de conquistar mais espaço político para seu partido. É uma óbvia vantagem sobre seus adversários. Ainda mais quando Serra é visto como alguém eleitoralmente competitivo.

Caso o PSDB leve a sério as palavras de renovação pronunciadas esta semana por seus líderes, será bom para todo o sistema político, inclusive para o PT. Renovar hoje significa livrar-se de Serra, impedi-lo de ser candidato a qualquer cargo majoritário, o que inclui o Senado. É o PT que está obrigando o PSDB a se renovar. Por outro lado, uma eventual renovação do PSDB vai obrigar o PT também a se renovar ainda mais. O Brasil ganhará com isso.

Alberto Carlos Almeida, sociólogo e professor universitário, é autor de "A Cabeça do Brasileiro" e "O Dedo na Ferida: Menos Imposto, Mais Consumo"
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Família de Haddad faz campanha de rua com agenda própria

Por Cristiane Agostine | Valor Econômico 

Na reta final do segundo turno, a família do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, intensificou agendas de rua sem a presença do petista. A mulher, Ana Estela, e o filho, Frederico, têm buscado votos para Haddad em minicomícios, caminhadas e visitas a grupos organizados.

A poucos dias da eleição, Frederico, de 20 anos, reforçou a campanha na região central da cidade, onde o PT historicamente enfrenta dificuldade. Dias antes, participou de eventos na periferia, em bairros como Cidade Tiradentes e São Miguel Paulista e reuniu-se com integrantes da Liga das Escolas de Samba.

Frederico é um dos trunfos do PT para tentar atrair os jovens e reduzir os votos em branco e nulos, que, neste ano, atingiu um alto percentual. Em São Paulo, a abstenção foi de 18,48% e os votos nulos, 7,35%.

"No começo, as pessoas me perguntavam mais sobre o Bilhete Único Mensal, mas depois as principais demandas eram na área de saúde e educação", diz Frederico. "Em todos os lugares falam da falta de creches. Eu explico que os recursos federais estão disponíveis e foi a prefeitura que não quis", afirma.

Na manhã de terça-feira, Frederico reuniu-se com catadores de material reciclável da Cooper Glicério, na região central. Vestido com calça jeans e camiseta, o jovem de 20 anos mais ouviu do que falou. Frederico diz não ter, a princípio, pretensões de seguir na carreira política.

A estudante do primeiro ano de Ciências Sociais, Luna Zarattini, sobrinha de Carlos Zarattini, deputado e um dos integrantes da campanha petista, acompanhou Frederico no encontro com catadores.

Já Ana Estela focou nas áreas mais distantes do centro. No segundo turno, participou de um evento para debater a saúde, fez um minicomício em Parelheiros com a ministra Eleonora Menicucci (Secretaria de Política para Mulheres) e reuniu-se com a vice da chapa, Nádia Campeão. No domingo substituiu Haddad em uma carreata na zona norte.
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Eleitores têm mais renda e escolaridade

A escolaridade avançou mais que a renda, as desigualdades diminuíram, a fatia de eleitores mais maduros, evangélicos e urbanos cresceu e a participação das mulheres aumentou. Estas são as principais mudanças registradas em dez anos no perfil do eleitorado brasileiro, que chegou a 133 milhões, o equivalente a 69% da população. Entre 2000 e 2010, os eleitores dos dois extremos da renda nacional tiveram uma evolução inversa. A faixa que ganha até um salário mínimo passou de 10% a 18% do eleitorado e a que tem renda acima de dez mínimos caiu de 19% para 9%. Hoje a maior fatia dos aptos a votar é formada por eleitores com pelo menos o ensino médio completo.

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Nova petrolífera

Na onda de crescente interesse pela atividade de exploração e produção de petróleo no país, uma nova empresa surge com apetite para ocupar um espaço hoje frequentado por poucas de médio porte. Depois da OGX, Starfish (hoje controlada pela Sonangol) e HRT, só para citar as mais novas no setor, nasce a Barra Energia Petróleo e Gás, administrada pelo ex-presidente da Repsol YPF, João Carlos França de Luca, e pelo ex-presidente da Thompson & Knight nos Estados Unidos e da Petrobras América, Renato Bertani. E a empresa já ganhou um financiador de grande porte, o First Reserve Corporation (FRC). Vai participar com até US$ 500 milhões de investimentos em exploração e produção de petróleo e gás no país.

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Energia solar e indústria brasileira

Telhados solares e a ind�stria fotovoltaica—Portal ClippingMP:
"Os módulos fotovoltaicos já gozam do benefício de isenção de ICMS e IPI e atualmente possuem Imposto de Importação de 12%, ademais, os módulos produzidos na China, Estados Unidos, Europa, ao serem importados, tem o abatimento do Imposto do Valor Agregado no país de origem. Portanto, a isenção do Imposto de Importação a módulos fotovoltaicos, proposto pelo PL336/2009, será uma chuva de granizo na proposta de um programa de telhados solares para o Brasil associado com desenvolvimento da indústria fotovoltaica no país."
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