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Descanse em paz, dependência do Ocidente

Eis uma listinha curta, levando em conta só alguns fatos bem recentes:

  • A cara da África tá mudando. Pontes e outras obras de infraestrutura pipocam por todos os lados. A razão é a grana chinesa, 9 bilhões de dólares nos últimos seis anos. 
    • Moral da história: a África não depende do Ocidente pra se desenvolver. 
  • No Fórum Social Mundial, Lula dá a real: o Ocidente tá cagando e andando para a fome e a miséria pelo mundo afora, só tem olhos pro próprio umbigo. 
    • Moral da história: se queremos justiça e desenvolvimento, temos que contar só com nós mesmos. 
  • Cuba ganha cabos de fibra ótica, com a ajuda da Venezuela, China, Jamaica (e também França, é verdade). 
    • Moral da história: O Caribe vai se desenvolvendo, apesar do esforço estadunidense em contrário. 
  • O melhor de todos os fatos: o povo egípcio, incluindo mulheres, sai às ruas para exigir a realização nacional de uma organização social tipicamente atribuída aos povos ocidentais, a democracia -- mas os ocidentais vacilam em apoiar, acham que não é uma boa ideia
    • Moral da história: não é preciso ter apoio de ocidentais para defender aqueles que são considerados seus valores intrínsecos. 
  • A coisa da dispensabilidade do Ocidente vale até para o mal: ante a remotíssima possibilidade dos EUA tirarem o 1,5 bilhão de dólares de "ajuda militar" ao Egito, o rei (ditador?) da Arábia liga o foda-se, e diz que se os EUA tirarem a grana, ele a dará para Mubarak em seu lugar
    • Moral da história: o exército do Egito não depende do Ocidente pra ter sua bolsa-ditadura. 
Dá para continuar listando fatos como esses por bastante tempo. Todos têm a mesma moral: seja qual for a meta, boa ou má, o mundo vai dando um jeito de seguir seu caminho independentemente do apoio do tal do Ocidente. 
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Você consegue imaginar o Panamá livre dos EUA?

Você consegue imaginar o Panamá livre dos EUA? Eu confesso que não consigo, e creio não estar curto de imaginação.

Trato isso à baila porque Panamá, Egito, é tudo ao mesma coisa, em ao menos dois aspectos: são países com canais artificiais que permitem ir de um mar a outro, e são países na área do tráfico de influência dos EUA. Os EUA gastam bilhões corrompendo capangas locais para transitarem numa boa por tais canais, e nada indica que isso vá mudar.

Dá pra imaginar isso mudando? Claro que não! Isso quer dizer que a corrupção de autoridades egípcias vai continuar de qualquer jeito.

Quer dizer, também, que não há nenhuma perspectiva crível de mudança política no Egito. (Nem no Panamá, é óbvio.)

O que se poderia esperar de melhoria social da tal revolução egípcia? A meu ver, forçando muito, no máximo a passagem de uma ditatura economicamente estagnada a algo como o capitalismo autoritário de Cingapura, isto é repressão política continuada, mas com desenvolvimento econômico. Mas isso também é inacreditável, pois não há base alguma para achar que algo assim vai acontecer. Quer dizer, há base para achar que o autoritarismo político vai continuar, mas não há base alguma para achar que a economia vai se mexer. O provável é que a situação econômica da população continue ruim, e a situação política leve, no máximo, à troca do capanga no poder.

Ainda assim, é óbvio que a movimentação dos egípcios é salutar, principalmente porque destroi o néscio dualismo repetido pelos islamófobos estadunidenses e seus papagaios locais. Não é o caso que no imaginário islâmico só há ditadura ou jihad. Há muito mais do que isso. Há, principalmente, um desejo de democracia tal qual aquele que se atribui aos ocidentais. Aliás, é uma pena que os tais ocidentais façam de tudo para frustrar tal desejo.
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Crise na Toyota dá chance pra catarse e preconceito no WSJ

Trechos:
Não surpreende que a reação da Toyota tenha sido inepta e procrastinada, porque administração de crises é algo extremamente subdesenvolvido no Japão. [...] O padrão já é conhecido demais e geralmente envolve resposta inicial lenta, minimização do problema, lentidão para retirar o produto do mercado, falta de comunicação com o público e pouquíssima compaixão pelos consumidores afetados por seus produtos. [...] o que acontece normalmente é que os interesses dos produtores pesam mais que a segurança do consumidor.

Existe um fator cultural nessa tendência de não conseguir administrar as crises. A vergonha de admitir um recall num país obcecado com qualidade e habilidade técnica dificulta a transparência e o reconhecimento da responsabilidade. [...] Também há uma cultura de deferência nas empresas que dificulta que os que estão embaixo na hierarquia questionem os superiores ou informem os problemas a eles.
Jeff Kingston, pro Wall Street Journal, no Valor Econômico

Comentário: O texto de Kingston é objetivamente pobre, mas subjetivamente rico. Com ele pouco aprendemos sobre a crise na Toyota, muito aprendemos sobre os preconceitos contra o Japão arraigados entre as pessoas educadas do ocidente. Só faltou ele dizer que já sabia desde sempre que um dia isso ia acontecer, assim desse jeito.
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