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Pimentel foi traído por Aécio?

Guilherme Evelin, do Blog Boca de Urna da Revista Época


Quem corre o risco de terminar as eleições como um dos grandes derrotados nas urnas, por uma dessas ironias da política, é justamente um dos grandes amigos da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, favorita para conquistar o Palácio do Planalto. O amigo é o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (foto ao lado), que aparecia, no começo da campanha eleitoral, como cotadíssimo para ser um dos homens fortes de um eventual governo Dilma. Os dois têm uma ligação histórica, que remonta ao final da década de 60, quando ambos foram militantes do Colina, grupo da luta armada contra a ditadura militar.

No começo da campanha eleitoral, Pimentel foi escalado para ser um coordenadores da campanha presidencial do PT, onde ele atuaria como uma espécie de porta-voz de Dilma. Uma série de erros cometidos, desde então, diminuíram a sua influência, com possíveis consequencias no papel que ele poderá vir a exercer em um governo Dilma. O primeiro foi o envolvimento na trapalhada da montagem de um “setor de inteligência” da campanha de Dilma, com o objetivo de montar dossiês contra os adversários e fazer contra-espionagem. Pimentel foi o responsável pela indicação do jornalista Luiz Lanzetta, que estava à frente das negociações com um grupo de arapongas para a criação do tal “setor de inteligência”, desmontado depois de descoberto.

O segundo erro de Pimentel foi insistir, até o último momento, na sua candidatura ao governo de Minas Gerais, apostando que a aliança do PT com o PMDB em torno da candidatura do ex-ministro Hélio Costa não iria adiante. Pimentel esticou a corda e acabou irritando o presidente Lula, grande avalista da coligação dos dois partidos. Ao dar prioridade a Minas Gerais, Pimentel perdeu espaço também para o ex-ministro e deputado Antonio Palocci, que virou o principal interlocutor de Dilma na coordenação de campanha.

Muitos petistas mineiros avaliam, porém, que o grande erro de Pimentel pode ter sido ter confiado em demasia na relação construída com o tucano Aécio Neves (foto ao lado), quando um era prefeito de Belo Horizonte e o outro governava Minas Gerais e ambos propagavam um discurso de união de PT e PSDB e de superação das rivalidades entre os dois partidos. Em nome da conciliação de petistas e tucanos, Pimentel fez o PT abrir mão, em 2008, de uma candidatura própria à prefeitura de Belo Horizonte e abraçar a candidatura de Márcio Lacerda, o atual prefeito, filiado ao PSB e ex-secretário de Aécio. Com esse gesto, Pimentel angariou a antipatia de uma larga fatia do PT mineiro, que o acusa de entregar de mão beijada a prefeitura para adversários históricos.

Ao se lançar candidato ao Senado, Pimentel estava esperando, talvez, um gesto de retribuição de Aécio – como um acordo branco que facilitasse a sua eleição para uma das duas vagas em disputa. O gesto não veio. Além de se lançar na disputa, Aécio patrocinou também a candidatura ao Senado do ex-presidente Itamar Franco, pelo PPS. Esta semana, uma pesquisa do Ibope mostrou que Pimentel dificilmente conseguirá se eleger senador. A pouco mais de um mês das eleições, a pesquisa dá a Aécio 69% das intenções de voto, a Itamar 43%, e a Pimentel 19%.

Uma derrota na eleição para o Senado poderá minar a influência de Pimentel em um governo de Dilma, a despeito da amizade que os une. Eleito senador, Pimentel poderia mais facilmente assumir um ministério de primeira linha. Derrotado, sua nomeação será vista como uma compensação política, e o mais provável será um cargo de escalão médio.

Em Minas, diz-se que Aécio não quis facilitar a eleição de Pimentel por temer o fortalecimento de um possível adversário no futuro. No PT, os adversários internos de Pimentel se regozijam com as suas dificuldades. Nos bastidores, o ex-prefeito reclama de um certo abandono pela campanha nacional e da atitude de Aécio. Nas avaliações feitas por Pimentel, se Aécio tivesse facilitado sua eleição, a vida do candidato do PSDB ao governo de Minas, Antonio Anastasia, que disputa a reeleição, também poderia estar mais fácil, porque haveria retribuição por parte de seus seguidores.

Segundo a última pesquisa Ibope, embora tenha encurtado a distância em relação a Hélio Costa, Anastasia ainda aparece 11 pontos atrás do oponente.Na semana passada, em Brasília, um jantar organizado pelo deputado Fábio Ramalho (PV-MG) tentou articular uma manobra capaz, em tese, de facilitar tanto a vida de Pimentel quanto a Anastasia: a transformação de Itamar em candidato a vice-governador na chapa de Anastasia, com a sua retirada do páreo do Senado. Pareceu, a essa altura do campeonato, uma tentativa um tanto desesperada de remendar os cacos da relação “Pimentécio” para que ela não termine nas urnas como um abraço de afogados.
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Minas: Diminui a vantagem de Hélio Costa (PMDB)

A primeira pesquisa IBOPE após o horário eleitoral em Minas Gerais apontou queda na vantagem de Hélio Costa (PMDB) contra o tucano Antônio Anastasia (PSDB). A diferença caiu de 18% para 11%. O peemedebista mantém a liderança com 38%, contra 27% do candidato tucano. Na pesquisa anterior, Hélio Costa tinha 39% (menos 1%) e Anastasia aparecia com 21% (mais 6%). 

Em Minas, as eleições são de continuidade, tanto no plano federal quanto estadual. Os governos de Lula e de Aécio Neves obtêm altos índices de aprovação no Estado, o que favorece a continuidade. Essa é a principal explicação para a subida de Dilma Rousself (PT) nas pequisas em Minas Gerais, ultrapassando José Serra (PSDB). Nesse sentido, era apenas uma questão de tempo a subida de Anastasia após o início do horário eleitoral. Afinal, o candidato tucano possui como principal cabo eleitoral justamente Aécio Neves, com seus altos índices de aprovação. 

A pergunta a ser respondida é se Anastasia conseguirá levar a eleição para o segundo turno, tendo em vista que os demais candidatos são inexpressivos. Caso se configure segundo turno, Anastasia entraria com franco favorito, podendo derrotar dois ex-ministros de Lula (Hélio e Patrus). 

Na disputa para o Senado, Aécio lidera com folga com 69% (contra 70% da última pesquisa). O segundo colocado, o ex-presidente e ex-governador Itamar Franco (PPS) subiu 4 pontos e atingiu 43%. Já o petista Fernando Pimentel teve leve alta, de 18% para 19%, mas ainda distante do segundo. A eleição de Pimentel está cada vez mais difícil, desenhando um quadro que pode dar tripla vitória para Aécio: sua própria eleição, o governo estadual e a eleição de Itamar. 

Em verdade, a coligação formada em Minas favorecia o Dilmasia, não a eleição estadual. O PT tinha os dois melhores candidatos para interromper o ciclo tucano no Estado (Patrus e Pimentel), mas como não houve entendimento, a eleição caiu no colo do PMDB de Hélio Costa. O problema é seu alto índice de rejeição, além da grande volatilidade verificada nas suas intenções de voto. 

Considerando a aliança PMDB-PT, como ocorreu, o melhor candidato ao Senado era o vice-presidente José de Alencar (PRB), atualmente o político mais popular de Minas depois de Lula e Aécio Neves. Com Alencar na disputa, dificilmente Itamar encararia o pleito, e mesmo que fosse candidato, dificilmente seria eleito. Assim, o futuro governo Dilma, caso seja confirmado nas urnas, teria um senador de oposição a menos. 

A presença de Alencar na chapa reforçaria enormemente a campanha da dupla Hélio-Patrus. Pimentel, por outro lado, puxaria votos para a Câmara Federal, ajudando a eleger uma grande bancada do PT e aliados (em Pernambuco, o popularíssimo ex-prefeito de Recife, João Paulo, desempenhará o papel de puxador de votos para o PT). 

Resta saber se o vice-presidente aceitaria a incumbência de candidatar ao Senado ou simplesmente foi alijado do processo eleitoral mineiro em virtude das ambições políticas de Pimentel. Pelo trator imposto ao PT mineiro pelo grupo de Pimentel, a segunda opção é mais provável. Sobrou voluntarismo e faltou cálculo político.
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Quem confia em Aécio Neves?

Não há qualquer diferença entre as prioridades do "construtor de pontes" e o ideário neoliberal da cúpula tucana. As reformas estruturais mais importantes - agrária, habitação, educação e a do saneamento básico- não têm lugar na sua agenda. Como não teve nas de FHC, Serra e Alckmin.

Gilson Caroni Filho, da Carta Maior

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, gosta de aparecer na grande imprensa como o “tucano diferente". Um oposicionista que caminha na contramão da política pequena de seus companheiros de partido, apresentando-se como um homem público preocupado com o desequilíbrio federativo, originado pelo que chama de “hegemonia paulista na política". Sua originalidade residiria no fato de ser um oposicionista com propostas para o país, ave rara no bloco conservador. Nada mais enganoso. Nada mais perigoso.

Suas críticas mais recentes ao governo do presidente Lula desmontam os elementos discursivos empregados na tentativa de produzir sua significação, de elaborar uma persona que o defina como "construtor de pontes" entre partes que, segundo ele, estão "cegas por radicalizados projetos de poder".
Segundo o jornalista Ricardo Noblat, o governador lamenta que Lula desperdice o seu segundo mandato não promovendo reformas na Previdência Social, na área tributária e nas relações trabalhistas. Todas elas, segundo Aécio, ”indispensáveis para a fundação de um Estado moderno, ficarão para ser feitas pelo sucessor de Lula. Que ainda será obrigado a enxugar despesas governamentais que não param de crescer”.
Como se vê, não há qualquer diferença entre as prioridades do "construtor de pontes" e o ideário neoliberal da cúpula tucana. As reformas estruturais mais importantes - agrária, habitação, educação e a do saneamento básico-não têm lugar na sua agenda. Como não teve nas de FHC, Serra e Alckmin.
A reforma da Previdência é uma bandeira cara ao neoliberalismo. Com o "nobre" propósito de combater um falso déficit, o objetivo é a supressão de direitos, principalmente de mulheres e beneficiários do salário mínimo. Aécio finge ignorar que as receitas superam as despesas, mesmo após três anos seguidos de aumentos reais do mínimo.
Simula desconhecer que o presidente já afirmou que a reforma será pautada pelo Fórum de Negociação da Previdência, como proposta amadurecida na sociedade civil, ”permitindo que as novas gerações tenham um sistema mais condizente com as necessidades dos trabalhadores”. Um foco bem diferente do que reza o receituário mercantil.
Não sabe também que, em fevereiro, o governo encaminhou projeto de reforma tributária que pretende desonerar empresas, gerar mais empregos e acabar com a guerra fiscal entre os Estados. Em que nuvem anda o jovem Aécio? Ou em que praia do litoral fluminense tem surfado o neto de Tancredo?

Para o “construtor de pontes", o PAC ( Programa de Aceleração do Crescimento) não passa de uma jogada marqueteira."Rode por Minas. Tente encontrar alguma obra de vulto financiada pelo PAC. Não encontrará", aconselha.

Pena que tenha esquecido de dizer que o Estado que governa tem 114 das 119 prefeituras envolvidas em desvios de verbas do programa. E que o PSDB detém o maior número de prefeitos sob suspeita de fazer parte do esquema de apropriação ilegal dos recursos. Alguém precisa lembrar ao governador que obras de vulto não brotam do chão, ainda mais se no subsolo há dutos duvidosos. E que, como liderança estadual, cabe a ele alertar seus correligionários quanto a esse pequeno deslize ético.
Em visita ao Rio, na manhã de um ensolarado 15 de agosto, Aécio atacou supostas falhas do governo na segurança pública, argumentando que "o governo federal não assumiu a sua responsabilidade na questão da segurança pública, contingenciando recursos do Fundo Penitenciário e do Fundo Nacional de Segurança". É uma pena que a censura da imprensa mineira, praticada em proveito do seu próprio governo, deixe o fenômeno de Minas tão desinformado.

Uma breve leitura do jornal Brasil de Fato, em 14 de maio de 2007, faria com que tomasse ciência de que na sua gestão ", os investimentos em saúde, segurança pública e educação caíram, de R$ 11,6 bilhões para R$ 8,7 bilhões, impactando a vida de milhares de pessoas na capital e no interior do estado."

Há algum tempo, a vereadora petista Neila Batista, em artigo intitulado "MG: Quase um Estado de exceção" afirmou que "o silêncio da Assembléia Legislativa de Minas, com exceção das poucas vozes do PT e do PC do B, e o pacto da maior parte imprensa regional, que se engajou em sua carreira rumo à Presidência da República confirmam a regra... ou a exceção".
Fragilizando instituições caras ao jogo democrático, ignorando a importância do sistema partidário e “fazendo uso de uma máquina de marketing inigualável no país”, a "novidade" que vem das alterosas é a melhor expressão do mandonismo risonho que segue à risca os preceitos neoliberais.
Seria interessante que Aécio aproveitasse a segunda metade do mandato para redemocratizar o Estado, dialogar com os movimentos sociais e, se der tempo, conhecer Minas Gerais. É uma das unidades federativas mais ricas do país. Bem mais surpreendente que as noites do Leblon.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.
Comentário do blogueiro: De fato, o governo Aécio já demonstrou o descaso com as áreas que afetam diretamente a população. É só conferir o seu baixo investimento em saúde. O choque de gestão tucano só tem uma perna: redução dos gastos sociais. No geral, a chamada boa gestão tucana não representa qualquer melhoria dos indicadores para a população. Basta olhar a Educação em São Paulo e a segurança e saúde púbica em Minas Gerais. A única coisa que melhora mesmo é o humor da mídia com o mandante de plantão. Afinal, os interesses do governo tucano e da mídia são coincidentes.
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