O rolezinho e um Natal na periferia

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  • quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
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  • Por Renato Rovai, em seu blog:

    A mãe que trabalha de manicure e faxineira comprou um lindo relógio de presente de Natal para o marido, que é empreiteiro.

    O filho, de 16 anos, que trabalha com o pai, pediu pra dar uma volta com o presente novo. Queria mostrar pros amigos. Saiu de casa e em menos de 30 minutos estava de volta.

    Tinha sido assaltado.

    Um carro da PM parou os garotos, deu uma blitz e um dos policiais ficou indignado com o que viu.

    - Como você tem um relógio desses, garoto? Ladrãozinho, né?

    O garoto tentou explicar que era do pai.

    Não adiantou.

    Tomou um chacoalhão e ainda viu o policial levar os 30 reais que tinha na carteira.

    Voltou para casa desolado, com raiva e chorando.

    A mãe me contou essa história hoje pela manhã, remediada.

    É comum, me disse.

    Garotos de periferia que saem bem vestidos e são parados em blitz costumam ser assaltados e apanhar da polícia.

    São tratados como malandros.

    Ladrãzinhos.

    Os rolezinhos que assustam os frequentadores de shopping centers são café pequeno. Sobremesas do que essa garotada passa diariamente.

    E são apenas um alerta.

    Um grito de existência.

    Por enquanto eles só estão pedindo para que se respeite o direito deles à diversão. A poder fazer seus bailes funks sem serem atormentados e agredidos.

    Atendê-los o quanto antes, entender por que eles tem um ódio imenso da polícia e tentar criar uma nova situação é fundamental.

    É bizarro que a gente considere esse apartheid social algo normal.

    Feliz Natal para todos.
     
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