Corrupção do PSDB deve ser punida com rigor

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  • quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
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  • Editorial do sítio Vermelho:

    As denúncias do ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, apontando o envolvimento direto de dois secretários do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) – Edson Aparecido, chefe da Casa Civil, e Rodrigo Garcia, do Desenvolvimento Econômico – no esquema de corrupção em contratos de trem e metrô em São Paulo constituem fato político da maior relevância, para além de ser um rumoroso caso policial e judicial. Vai ficando evidente tratar-se da formação de aparatosa quadrilha que assalta os cofres públicos, sob o manto esfarrapado da falsa ética tucana.

    É também fato político novo e significativo que o caso tenha sido remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF). A Suprema Corte ainda vai decidir se aceitará conduzir o caso, que conta com alentado e minucioso inquérito realizado pelo Conselho de Administração e Defesa Econômica (Cade), o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Polícia Federal, além de estar sendo investigado por autoridades brasileiras e suíças no exterior, que tem por alvo a empresa Alstom, também suspeita de pagar propinas.

    As denúncias atingem o PSDB em seu principal reduto político e comprometem não só os indigitados secretários de Alckmin. É incontornável que a responsabilidade política principal recaia sobre o governador atual e o ex-governador, José Serra, em cujas gestões ocorreram as falcatruas que levam o sugestivo nome de “propinoduto tucano”.

    A reação da cúpula do PSDB e do governo paulista oscila entre o patético das negativas, o oportunismo político, que consistiu em atribuir ao ministro da Justiça a responsabilidade pelo vazamento de informações, e a tergiversação, tentando atribuir a interesses eleitorais do PT a dimensão que o caso está tomando. Acuado no Palácio dos Bandeirantes, o governador de São Paulo teria feito um “desabafo” perante auxiliares, queixando-se de que os “vazamentos de informação” teriam como objetivo atingir sua campanha para a reeleição em 2014, segundo notícia divulgada pelo jornal paulistano Folha de S. Paulo.

    O essencial, porém, na atitude do governador e dos secretários de seu governo acusados de receber propinas é pedir a “investigação do vazamento de informação”, enquanto procuram entrincheirar-se nos postos que ocupam e desqualificar as denúncias. Um governo sério e responsável já deveria ter afastado dos cargos que ocupam pessoas que, se prevalecerem critérios de rigor nas investigações e de justiça no julgamento de um dos mais graves casos de corrupção da história de São Paulo, inexoravelmente estarão em breve no banco dos réus.

    Politicamente a atitude da cúpula tucana não surpreende. Não são apenas dois secretários os apontados de envolvimento. O ex-diretor da Siemens acusou também deputados federais de partidos aliados do governador, além de um deputado federal e um senador do PSDB. Tudo leva a crer que em torno do escândalo do cartel das licitações do Metrô de São Paulo e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, a CPTM, haverá renhida disputa política.

    Esta disputa política envolverá inevitavelmente o STF, agora que foi acionado. Não pode a mais alta Corte do país, que já remanchou em demasia no outro caso de corrupção que envolve o PSDB – o famigerado mensalão mineiro – deixar de julgar as denúncias de formação de cartel e fraudes em licitações, mediante pagamento de propinas a figuras de maior destaque do partido que fez da defesa da ética e do denuncismo a sua maior bandeira, cujo pano está visivelmente esfarrapado sobre um mastro em evidente queda.

    A opinião pública não aceitará que, tendo agido com extremo rigor na Ação Penal 470, que se voltou politicamente contra o PT, o STF use um peso e duas medidas, deixando impunes os receptadores de propinas do principal partido oposicionista.
     
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