Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
A dez meses das eleições presidenciais, tivemos nesta terça-feira a reestreia de um velho filme que já vimos tantas vezes: o faroeste de acusações entre o PT e o PSDB. Desta vez, o enredo é uma confusa história baseada em documento apócrifo com denúncias contra altos dirigentes de governos tucanos em São Paulo enrolados com carteis no setor de transportes sobre trilhos, uma história antiga que se arrasta em investigações sem fim aqui no Brasil e na Suíça.
O tiroteio começou na quinta-feira passada, com uma reportagem do Estadão, que revelava pela primeira vez nomes do alto tucanato citados num relatório com denúncias sobre propinas, que teria sido entregue ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em abril, por um ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, e encaminhado à Polícia Federal.
Antes da semana acabar, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, veio a público para informar que o relatório foi entregue por ele mesmo e não pelo Cade à Policia Federal, depois de recebe-lo das mãos de Simão Pedro, deputado estadual licenciado do PT, atualmente secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo. Vinicius Carvalho, atual presidente do Cade, havia sido chefe de gabinete de Simão Pedro e, por isso, o PSDB pediu seu afastamento do cargo. Rheinheimer, por sua vez, negou ser o responsável pela denúncia.
Em meio a este imbróglio, o PSDB resolveu reagir e reuniu sua cúpula em torno do presidenciável Aécio Neves, em Brasília, para acusar o PT de ter forjado o documento para abafar a prisão dos condenados do mensalão.
"A tentativa de fazer com que outros pareçam iguais não terá êxito, porque nós não somos iguais. Prezamos e praticamos a ética na vida pública", disparou Aécio, depois de acusar o governo petista de manipular as instituições do Estado para prejudicar os adversários. Para os tucanos, o documento sobre o "trensalão" tucano é uma reedição do caso dos "aloprados" do PT que tentaram comprar um dossiê contra José Serra, em 2006.
Entre os tucanos mais revoltados estava o secretário estadual de Energia, José Aníbal, um dos nomes citados no suposto relatório. "Se a presidente não sabia desse episódio, agora sabe. Ou demite o ministro ou é cúmplice deste dossiê aloprado".
Horas depois de os tucanos terem pedido a sua cabeça, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo retrucou em entrevista coletiva: "Acho muito ruim que investigações sejam transformadas em disputa política. Somos todos iguais perante a lei. Só em mentalidades aristocráticas, elitistas e ditatoriais prevalece a ideia de que `conosco, não´. Se há denúncias, o ministro tem que pedir investigação. Se não, é prevaricação."
Em resposta ao PSDB, Cardozo afirmou que "a época do"engavetador geral já acabou" para justificar o envio do documento à Polícia Federal, talvez uma referência ao fato de que, durante quase três anos, o procurador Rodrigo de Grandis tenha engavetado o pedido de colaboração feito pela Justiça suíça às autoridades brasileiras.
Este filme não tem data para sair de cartaz. Provavelmente, continuará em exibição até 5 de outubro do ano que vem, dia das eleições.
A dez meses das eleições presidenciais, tivemos nesta terça-feira a reestreia de um velho filme que já vimos tantas vezes: o faroeste de acusações entre o PT e o PSDB. Desta vez, o enredo é uma confusa história baseada em documento apócrifo com denúncias contra altos dirigentes de governos tucanos em São Paulo enrolados com carteis no setor de transportes sobre trilhos, uma história antiga que se arrasta em investigações sem fim aqui no Brasil e na Suíça.
O tiroteio começou na quinta-feira passada, com uma reportagem do Estadão, que revelava pela primeira vez nomes do alto tucanato citados num relatório com denúncias sobre propinas, que teria sido entregue ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em abril, por um ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, e encaminhado à Polícia Federal.
Antes da semana acabar, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, veio a público para informar que o relatório foi entregue por ele mesmo e não pelo Cade à Policia Federal, depois de recebe-lo das mãos de Simão Pedro, deputado estadual licenciado do PT, atualmente secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo. Vinicius Carvalho, atual presidente do Cade, havia sido chefe de gabinete de Simão Pedro e, por isso, o PSDB pediu seu afastamento do cargo. Rheinheimer, por sua vez, negou ser o responsável pela denúncia.
Em meio a este imbróglio, o PSDB resolveu reagir e reuniu sua cúpula em torno do presidenciável Aécio Neves, em Brasília, para acusar o PT de ter forjado o documento para abafar a prisão dos condenados do mensalão.
"A tentativa de fazer com que outros pareçam iguais não terá êxito, porque nós não somos iguais. Prezamos e praticamos a ética na vida pública", disparou Aécio, depois de acusar o governo petista de manipular as instituições do Estado para prejudicar os adversários. Para os tucanos, o documento sobre o "trensalão" tucano é uma reedição do caso dos "aloprados" do PT que tentaram comprar um dossiê contra José Serra, em 2006.
Entre os tucanos mais revoltados estava o secretário estadual de Energia, José Aníbal, um dos nomes citados no suposto relatório. "Se a presidente não sabia desse episódio, agora sabe. Ou demite o ministro ou é cúmplice deste dossiê aloprado".
Horas depois de os tucanos terem pedido a sua cabeça, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo retrucou em entrevista coletiva: "Acho muito ruim que investigações sejam transformadas em disputa política. Somos todos iguais perante a lei. Só em mentalidades aristocráticas, elitistas e ditatoriais prevalece a ideia de que `conosco, não´. Se há denúncias, o ministro tem que pedir investigação. Se não, é prevaricação."
Em resposta ao PSDB, Cardozo afirmou que "a época do"engavetador geral já acabou" para justificar o envio do documento à Polícia Federal, talvez uma referência ao fato de que, durante quase três anos, o procurador Rodrigo de Grandis tenha engavetado o pedido de colaboração feito pela Justiça suíça às autoridades brasileiras.
Este filme não tem data para sair de cartaz. Provavelmente, continuará em exibição até 5 de outubro do ano que vem, dia das eleições.