ERAM AMIGOS...
O jornalista Merval Pereira em sua coluna de O Globo no dia de hoje  (12/11) investe contra o pretendente a candidato" pelo PSDB nas eleições  presidenciais de 2014, José Serra. Numa análise que se mostra  "apaixonada", e deixa escapar o quanto tem de ligação com os tucanos e  se incomoda com as 'trapalhadas' que a oposição comete, Merval Pereira  se comporta muito mais como um membro partidário do que como jornalista  que analisa situação política. Fica evidente que Merval não aceita a  postura de José Serra de se manter como opção dos tucanos, se  contrapondo a tendência majoritária do PSDB em ter Aécio Neves como o  candidato do partido. O artigo de Merval Pereira é ainda, pela sua  ligação unha e carne com os tucanos e por ser reconhecido como braço do  partido na MÍDIA, um FORTÍSSIMO sinal do tamanho da fragilidade do PSDB,  que se encontra dividido. Assim como Aécio ignorou de fato a José Serra  em eleições anteriores, Serra dá mostras de que, ele e seu grupo  paulista farão o mesmo agora em relação a Aécio. 
Os TUCANOS estão divididos, e MERVAL PEREIRA inconformado com isso. 
REPRODUÇÃO DO ARTIGO
CHOQUE DE REALIDADE
Enviado por Ricardo Noblat - 
12.11.2013
| 8h00m
POLÍTICA
Merval Pereira, O Globo
Na mesma semana em que o PT dá mais uma demonstração de unidade,  reelegendo com larga margem o deputado Rui Falcão, candidato de Lula e  Dilma, para sua presidência nacional, o PSDB repete comportamento  autodestrutivo, exibindo suas divergências ao respeitável público a  menos de um ano da eleição presidencial que pode ser a mais difícil para  os petistas, mas que os tucanos teimam em facilitar para o adversário.
Não é que os petistas tenham escondido suas divergências, ao  contrário. Há muito tempo o governo Dilma não era tão criticado pelas  diversas correntes em que se divide o partido.
E houve até mesmo quem defendesse o fim da aliança com o PMDB, o  maior trunfo que o governo Dilma tem no momento para tentar a reeleição.  Os críticos, no entanto, a partir deste fim de semana, terão que se  recolher à sua insignificância, pois a maioria se pronunciou.
O ex-governador José Serra, obcecado com uma candidatura à  Presidência da República, que já tentou duas vezes sem sucesso, exibe a  frustração pessoal de não poder tentar uma terceira vez, fazendo  críticas públicas à legenda que ajudou a fundar.
Todos sabem, até mesmo Serra, que a maioria do PSDB considera que em  2014 a vez é do ex-governador mineiro Aécio Neves. Ao decidir permanecer  no PSDB, em vez de se jogar em uma aventureira candidatura à  presidência pelo PPS, tudo indicava que o ex-governador aceitara a  realidade política que tem pela frente: encerrar sua carreira como  deputado federal ou senador, mantendo o prestígio dentro do partido.
Ia tudo dentro do script combinado com as lideranças tucanas, entre  elas, a maior de todas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que  já lhe dissera em particular o que declarou em recente entrevista: Serra  tem que dar um tempo, a vez é de Aécio.
O próprio Aécio saiu em sua defesa, dizendo que ele tem todo o  direito de sair pelo país fazendo palestras, e que sua imagem nacional  só ajudaria o PSDB.
Mas, na última semana, a receita desandou. Em uma palestra para a  juventude do PSDB, Serra simplesmente chutou o pau da barraca. Disse que  o PSDB “tem necessidade de ser aceito pelo PT”.
E deu uma explicação psicológica adaptada às circunstâncias: “(...) o  problema da Madame Bovary é querer ser aceita pelo outro lado. Ela vai à  loucura, quebra a família e trai o marido com Deus e todo mundo para  ser aceita. O PSDB tem um pouco do bovarismo”.
Serra tem até certa razão, e basta lembrar que nem ele nem Geraldo  Alckmin usaram as conquistas do PSDB para se opor ao PT quando foram  candidatos à Presidência, até mesmo escondendo o ex-presidente FH.  Alckmin com aquele ridículo colete cheio de logos de empresas estatais é  uma imagem inesquecível.
Mas, mesmo se a definição correta de bovarismo fosse a dada, a  comparação não ficaria bem para ele. Afinal, quem foi que iniciou a  campanha presidencial de 2010 querendo fazer-se passar por amigo de  Lula, pensando em receber os votos petistas descontentes com a  candidatura de Dilma?
Após usar o nome do ex-presidente em jingle na propaganda eleitoral  (“Quando o Lula da Silva sair, é o Zé que eu quero lá”), sua campanha  exibiu imagens em que Serra e Lula se abraçam.
Mas bovarismo, no sentido mais amplo que o psicólogo Jules de  Gaultier deu em 1892, não é a tentativa de ser aceito pelo outro, ou  pelo menos não é só isso. Na verdade, o bovarismo passou a designar  fenômeno psíquico produzido pelo choque entre as aspirações de uma  pessoa e a realidade que está acima de suas possibilidades.
É justamente o que ocorre hoje com Serra, político de inegáveis  qualidades, que tem todo o direito de querer ser presidente, mas não  aceita a realidade que o impede de atingir o objetivo.
O psiquiatra Joel Birman identifica na irritabilidade de Serra  sintoma desse mal-estar provocado pela impossibilidade de realizar sonho  que acalenta desde a juventude.
