Carlos Newton
O leilão do megacampo de Libra está se transformando num escândalo nacional. Hoje, em Brasília, um importante evento pede a suspensão do leilão. Entre os palestrantes, estão o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, Fernando Siqueira; o ex-diretor da Petrobras e professor da USP, Ildo Sauer; o engenheiro e consultor legislativo Paulo César Ribeiro, um dos responsáveis pela recente lei que destina 75% dos royalties para a educação; o professor de criptografia da UnB Pedro Antônio Dourado de Rezende; o ex-presidente do BNDES Carlos Lessa; e o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli, entre outros.
Outros especialistas nomeados pelo então presidente Lula também estarão presentes, como o renomado geólogo Guilherme Estrella, diretor de Exploração & Produção da estatal quando os campos do pré-sal foram descobertos. Ele compara o leilão de Libra ao episódio da descoberta pela Petrobras do megacampo iraquiano de Majnoon, em 1975, com 12,6 bilhões de óleo in place. Embora Brasil e Iraque fossem “países amigos” na ocasião, o governo iraquiano retomou o campo da estatal.
“O governo iraquiano nos chamou e disse: com toda a amizade que temos com o Brasil, mas vocês descobriram algo muito grande. Não vai dar para ficar com uma empresa estrangeira, ainda que estatal e ainda que de um país amigo como o Brasil”, relatou o especialista.
As reservas de Libra são estimadas entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris, praticamente do mesmo tamanho das reservas atuais da Petrobras. O ex-diretor de Gás & Energia da Petrobras, Ildo Sauer, que é diretor do Instituto de Energia e Água da USP, o Brasil estará cometendo um erro estratégico ao licitar Libra e acelerar o seu desenvolvimento. “A aceleração dessa produção não é estratégica e só favorece aos Estados Unidos e à China”, afirmou. O especialista argumenta que, ao leiloar o campo, o governo brasileiro contribui com a estratégia dos dois países de ampliar a oferta do produto no mercado internacional para reduzir o seu preço.
Na mesma linha, o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, também defende a suspensão do leilão. “É muito petróleo em um campo só, ainda mais para dar para os chineses”, acrescentou o acadêmico, em referência ao fato de que três empresas chinesas (CNPC, Cnooc e Sinopec) se inscreveram para disputar o leilão e são apontadas como as favoritas.
Traduzindo: é uma situação da maior gravidade. Que país é esse, que se vende por 30 dinheiros?