A notícia de que se tentou subornar o motorista do ônibus que, na versão oficial teria provocado o acidente que matou, em 1976, o ex-presidente Juscelino Kubitscheck, coloca o Supremo Tribunal Federal diante da obrigação de rever sua malsinada decisão de considerar prescritos os crimes cometidos durante a ditadura.
Os indícios são cada vez mais indesmentíveis de que houve, ali, não um acidente, mas um assassinato.
O argumento de que aqueles fatos são passado, “são história”, já não servem para que deles fique afastada a apuração com fins de responsabilização que afaste o caráter diletante de uma investigação.
Porque Juscelino – como João Goulart – são a própria história e não há país no mundo que possa se conformar com a obscuridade sobre um assassinato de um Presidente da República.
Não podemos continuar a ter esta história contada por desvãos, metáforas ou livros romanceados como o premonitório “Beijo da Morte”, de Carlos Heitor Cony e Ana Lee, que descreve este complô e assassinato.
A insistir numa visão míope, de que uma anistia possa simplesmente apagar os fatos do passado, o Supremo, em última análise, estará se mantendo como cúmplice de assassinatos premeditados e cruelmente urdidos.
Assassinatos de pessoas, inclusive o de um (ou, quem sabe, dois) Presidente da República.
E assassinato, também, da história brasileira.
E deixando de mostrar aos mais jovens do que é capaz uma ditadura, que a direita vive apresentando como sinônimo de ordem.
Quando é sinônimo de morte.
Por: Fernando Brito - via http://tijolaco.com.br