Poema

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  • domingo, 11 de agosto de 2013
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  • As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
    sobre um fundo de manchas já cor de terra
    — como são belas as tuas mãos —
    pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
    na nobre cólera dos justos...

    Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
    essa beleza que se chama simplesmente vida.
    E, ao entardecer, quando elas repousam
    nos braços da tua cadeira predileta,
    uma luz parece vir de dentro delas...

    Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
    vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
    como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?

    Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
    com o milagre das tuas mãos.

    E é, ainda, a vida
    que transfigura das tuas mãos nodosas...
    essa chama de vida — que transcende a própria vida...
    e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...

                                              (Mario Quintana)
     
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