Freire: Do Cavaleiro da Esperança à Triste Figura

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  • domingo, 14 de julho de 2013
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  •                                                       Lacerda, e Freire um pouco mais velho             
     
    Após a saída de Prestes do PCB, do fim da URSS, do fim da moda de Gramsci dentro do Partidão e do caminho direitista que tomou o PCI, o PCB veio parar nas mãos de Roberto Freire.

    Ainda militavam nele velhos comunistas que haviam dado sua vida pelo Partido e pelos ideais socialistas.

    De seis deputados federais eleitos na primeira eleição democrática, caiu o Partido  para três na segunda eleição.

    Numa reunião na casa de Zelito Viana, o cineasta, com artistas, Freire nos disse:

    "- Nós crescemos muito nestas eleições."

    E  eu: "Nós quem cara-pálida?"

    Foi o bastante para que seu autoritarismo e vaidade me desancassem e ele passasse anos sem me dirigir a palavra.

    Militante do PCB desde 1963 participei do Congresso que mudou o nome de PCB para PPS, em Brasília, Mas não me filiei.

    Vim a filiar-me quando o PPS apoiou o PT e Lula.Por coerência ideológica desfiliei-me depois.

    Apoio do PPS  que pouco durou, quando Lula, uma vez eleito teria escolhido como interlocutor do Partido Popular Socialista a Ciro Gomes e não a Freire. Foi demais para a vaidade e controle do pernambucano, parlamentar com base em Olinda.

    Rompeu com Lula, e alijou Ciro do PPS.

    Sem base de apoio para viabillizar sua legenda, colocou-a a serviço de si mesmo, e foi inflando o Partido com quadros dos mais variados, sem preocupação ideológica ou de caráter.

    Herdamos até deputado federal que nem o PMDB queria mais.

    Foi mudando a qualidade dos quadros do Partido. Os velhos companheiros morrendo, afastando-se, e ele botando pra dentro do PPS gente de centro esquerda , até mesmo de direita, ou sem nenhuma ideologia ou compromisso com as lutas do velho PCB.

    Para justificar isto apoiou-se na teoria do fim da luta de classes;  do fim da história;  do fim   do socialismo; do fim de esquerda e direita,   e na tal  revolução cibernética.

    Tudo sob sua batuta. Era uma forma de instrumentalizar a legenda em benefício próprio da sua carreira profissional de Parlamentar.

    Enquanto perdia sua história e sua base eleitoral, tendo sido incapaz até mesmo de eleger seu filho como vereador no Recife, só lhe restava buscar os caminhos possíveis, e a Direita estava ali pertinho.

    Com um partido fisiológico e dócil  a seu comando de coronel nordestino, com a identidade partidária - herdeira de longas e vitoriosas lutas dos trabalhadores brasileiros - despersonalizada, só lhe restou o caminho da decadência, transformando o PPS quase numa legenda de aluguel.

    Auxiliado pela divisão das capitanias eleitorais do PSDB de SP elegeu-se Deputado Federal por lá.  Às custas de ter por líder o tal governador da Opus Dei e do cilício.

    Agora para sobreviver, rejeitado até pelo pequeno mas digno PMN busca a candidatura vampiresca de José Serra para  a Presidência.

    Precisa desesperadamente reeleger-se, ter uma bancada que lhe dê privilégios e benefícios, afinal ser político é sua carreira profissional, não importa o viés ideológico.

    Nas décadas de 50/60 Carlos Lacerda, da UDN,  ganhou o apelido de "Carreirista da Traição", curiosamente por ter traído o Partido Comunista depois de ter sido a ele filiado.

    A história se repete agora, como farsa.

    Triste figura.
     
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