Diz a nossa História que Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil em 22 de abril, mas tomou posse da Ilha de Vera Cruz, em 1° de maio. E assim Chico Buarque cantou:
"Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!"
Pois então, nos livramos de ser colônia portuguesa pela obra de Tiradentes e outros heróis. É claro que por anos e anos "nosso império colonial" atacou os direitos de seu povo, explorou riquezas, encheu a Europa de ouro, forneceu açúcar e café para meio mundo, sem o povo brasileiro ter o retorno devido a seu trabalho.
Mas o Brasil independente, ainda flexível a ditames externos, teve (quase) sempre governantes submissos e uma burguesia ajoelhada para o capital financeiro internacional. Mas o povo, mesmo manietado, nunca foi servo. Zumbi e Sepé Tiaraju que o digam.
No entanto, é bom lembrar que Getúlio a seu jeito e Jango de maneira mais audaz tentaram quebrar este longo ciclo. Os militares, mesmo com seu "nacionalismo", continuaram o jogo. Veio Collor com a abertura das porteiras, seguido de FHC, deslumbrado com o tal neoliberalismo. E o FMI continuava dando as cartas.
Mas foi um trabalhador brasileiro, Lula, quem viveu, aprendeu e assimilou o outro lado da História. A História do trabalho, da roda viva do chão de fábrica, da dura vida no campo, no meio da caatinga, no meio da selva, nas escolas desprovidas de estrutura... Foi com a luta dos trabalhadores que nosso país é outro hoje. A maioria está representada no governo.
Falo das nossas políticas públicas voltadas ao aumento do poder de compra dos setores populares e das classes médias e com a diminuição das desigualdades de todo o tipo. Falo do aumento do emprego; a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho e a diminuição da diferença salarial entre os gêneros; o aumento da renda média familiar e a diminuição da pobreza e a incorporação de 40 milhões de brasileiros nas classes médias. A escolaridade também aumentou e o acesso à casa própria se tornou realidade para milhões de trabalhadores. Apesar disto significar muito, ainda é insuficiente.
Por isso, neste 1° de maio, ainda temos que estar na rua, levantando as bandeiras dos direitos e da igualdade. E o Partido dos Trabalhadores, um dos baluartes desta luta histórica, estará presente para levantá-las ainda mais alto e garantir que se caminhe para frente.
Por Adeli Sell
presidente do PT de Porto Alegre