O 'legado do PAN' foi abaixo. O da Copa vai pelo mesmo caminho. Maracanã entra em novas obras depois da Copa

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  • quarta-feira, 10 de abril de 2013
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  • Morador do Rio sabe: durante as desapropriações, os adendos bilionários aos contratos etc. para o PAN de 2007, realizado aqui, a expressão mais usada por autoridades foi a tal "legado do PAN".

    Esse legado, pelo que eu sei, é que nada foi investigado, das mutretas denunciadas à exaustão.

    Porque o tal legado mesmo está indo por água abaixo. O velódromo construído teve que ser demolido, pois não serve para Olimpíadas (e todos sabiam que o Rio era uma cidade potencialmente olímpica, inclusive com uma candidatura anterior).

    O Engenhão, segundo recentes informações, é um prédio podre, onde não funciona o sistema hidráulico, os painéis são de última categoria, e agora se descobre que a construção da cobertura foi mais uma obra mal feita, que ocasionou a interdição do estádio por sabe-se lá quanto tempo.

    Agora, para as Olimpíadas de 2016, novas e intensas desapropriações estão sendo feitas. Benesses para as construtoras, criadas.

    O autódromo do Rio, onde se disputaram provas de Fórmula 1 e Fórmula Indy, vai abaixo.

    O estádio de atletismo Célio de Barros, no Complexo do Maracanã, também.  Assim como o Complexo Maria Lenk, de natação, no mesmo local. E o antigo e tombado prédio do antigo Museu do Índio.

    Assim como foi destruído (após ter passado por duas grandes reformas, uma específica para o PAN), o Maracanã, bem tombado que o Iphan autorizou vir abaixo, com justificativa que ainda vai ser apurada.

    Como se não bastasse, leio horrorizado que o Maracanã (cujas obras iniciais estavam orçadas em menos de R$ 500 milhões e já alcançaram a estratosférica quantia de R$ 1 bilhão), o Maracanã, dizia, tem que entrar em obras novamente após a Copa, para atender exigências do Comitê Olímpico.

    A atual reforma (mais correto seria dizer reconstrução) do Maracanã para a Copa de 2014 começou no dia 13 de agosto de 2010. Pouco menos de um ano antes (em 2 de outubro de 2009), o Rio fora escolhido sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Já se sabia, portanto, que o outrora “maior e mais belo estádio do mundo” seria palco das duas principais competições esportivas do planeta.

    Como é possível que toda a obra (que custou cerca de R$ 1 bilhão) não tenha sido concebida numa parceria da CBF com o COB, já pensando nos dois eventos? Como é aceitável que agora o Comitê Rio-2016 mande um ofício ao governo do Estado, avisando que novas reformas precisarão ser feitas, entre outras coisas, para aumentar os túneis de acesso ao campo e reforçar a cobertura, que necessita suportar 120 toneladas (para manter suspenso um gigantesco placar no meio-campo), em vez das 80 projetadas?

    É muita incompetência, não? Ou algo bem pior. Afinal, novas obras geram novos (super?) faturamentos, novas comissões, eventualmente novas empreiteiras (algumas ligadas a bicheiros e que tais) etc. Vide a vergonhosa história do Engenhão, que, aliás, também está no pacote olímpico...

    Possíveis cambalachos à parte, o mais grave é o risco (praticamente uma certeza) de se ter mais um ou dois anos de Maracanã fechado, em prol de duas cerimônias olímpicas: a de abertura e a de encerramento, pois para os Jogos em si, ou seja, para o torneio de futebol, o estádio já estaria pronto.

    Se o governo do Estado e a prefeitura tivessem um mínimo de preocupação com o dinheiro público, com as finanças dos clubes e com o prazer e a segurança dos torcedores diriam, agora, um sonoro NÃO ao comitê da Rio 2016. Entre modificar e fechar novamente o Maracanã e alterar detalhes das cerimônias das Olimpíadas o que faz mais sentido? O que indica o bom-senso?

    O problema é que, nos dias de hoje, esperar sensatez, austeridade e equilíbrio da maioria dos nossos dirigentes esportivos e dos nossos políticos, equivale mais ou menos a aguardar a chegada de Papai Noel, no pé da lareira, ou do Coelhinho da Páscoa, no jardim. Haja paciência para aturar tantos desmandos. Essa sim é uma tarefa olímpica...[Fonte]

    Como a notícia foi publica numa coluna de O Globo, o vice-governador Pezão correu para responder ao colunista:

    No domingo à tarde, um dia antes da nota oficial do Governo, o Vice-Governador Luiz Fernando Pezão me ligou para garantir que o Maracanã não voltará a ser fechado, nem sofrerá novas reformas depois do Mundial, como é desejo o Comitê Rio-2016:

     — Não vejo necessidade alguma de um placar pendurado no meio do campo. Teremos quatro novos, moderníssimos, que atenderão a qualquer demanda. Quanto a largura dos túneis, no Pan de 2007 era pior e mesmo assim demos um jeito de entrar com as alegorias criadas pela Rosa Magalhães (carnavalesca responsável pela cerimônia de abertura).

    Coordenador de Infraestrutura do Governo, Pezão foi enfático na conversa que teve comigo:

    — O Comitê Organizador da Rio-2016 terá que adaptar as cerimônias à conformação do Maracanã e não o contrário. Repito e garanto: não haverá qualquer obra de modificação do Maracanã após essa que está sendo finalizada agora. Apenas fora do Complexo (ou seja, do estádio propriamente dito) e que não implicarão no seu fechamento e constam como encargos do futuro concessionário, já discriminadas no Edital de Licitação.

    Agora, você que me lê, raciocine comigo. A Copa vai acontecer em 2014. Mesmo ano em que acabam os mandatos do governador Sergio Cabral e de seu vice, Pezão. Se não vai ter poder algum (a não ser que se eleja governador), como Pezão pode afiançar uma coisa dessas?

    A palavra dele deve ser mais um "legado da Copa".  Porque tenho certeza que o Comitê Olímpico vai impor as obras, e o carioca vai ficar mais um novo tempo sem o Maracanã. E ainda vai pagar por isso...
     
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