VEREADORES EVANGÉLICOS DE PORTO ALEGRE APOIAM O DEPUTADO MARCO FELICIANO

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  • quinta-feira, 21 de março de 2013
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  • É assim que essa turma trata a diversidade...

         Mesmo após o festival das barbaridades que a cada dia são descobertas acerca das suas posições preconceituosas contra negros, homossexuais e mulheres, além da condição de réu perante o Supremo Tribunal Federal (STF) por crime de estelionato por enganar pessoas que compraram ingresso para um show seu, o pastor da Assembléia de Deus, cantor gospel e deputado Marco Feliciano (PSC), Presidente (ainda) da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados consegue apoios, como ocorreu na quarta-feira (20/03), na Câmara Municipal de Porto Alegre, durante a votação de uma moção de repúdio contra ele proposta pelos vereadores Pedro Ruas e Fernanda Melchionna (ambos do PSOL).
         Durante o debate sobre a moção, que recebeu apoio até de parlamentares conservadores, os Vereadores Waldir Canal (PRB) e Luiza Neves (PDT) votaram contrariamente à moção. Explica-se: Waldir Canal é representante da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), e Luiza Neves pertence à Assembléia de Deus e é casada com um pastor desta igreja.
         Enquanto a vereadora Luiza Neves preferiu dar seu voto contrário à moção em constrangido (mas deliberado) silêncio, Waldir Canal fez mais: foi à tribuna justificar o voto, fazendo um tartamudeado raciocínio: “Não vou votar com [sic] esta Moção de Repúdio porque acaba suscitando o extremismo, uma guerra que não vai levar a lugar nenhum. Quem quer respeito, tem que respeitar. Se por um lado há extremismo na fala do Deputado, que também já reconheceu, já deu suas explicações... Ao que me consta ele se explicou. Ao que me consta também existe extremismo por parte dessas próprias minorias em alguns momentos. Então, venho aqui, com a maior tranqüilidade, encaminhar contrariamente com fundamento nessa posição: sou contrário aos extremismos. Acho que as minorias não podem brigar entre si; as minorias têm de respeitar a luta de cada um, porque as minorias têm sido sufocadas durante séculos. Agora, se agirmos dessa maneira, estaremos reconhecendo uma minoria e desconhecendo uma outra. Então, o meu encaminhamento, o meu voto é contrário a essa posição extremista que pode levar a um acirramento, o que já tem acontecido.
         O discurso do representante da IURD no parlamento da Capital gaúcha, além de rocambolesco foi patético, pois afinal, quem acirrou os ânimos afirmando que “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé” (twitter, 31.03.11), que “a prodridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição” (twitter, 31.03.11), que Quando você estimula uma mulher a ter os mesmos direitos do homem, ela querendo trabalhar, a sua parcela como mãe começa a ficar anulada, e, para que ela não seja mãe, só há uma maneira que se conhece: ou ela não se casa, ou mantém um casamento, um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo, e que vão gozar dos prazeres de uma união e não vão ter filhos” e, por fim, apresentar um projeto de lei sustando o reconhecimento, pelo STF da união entre pessoas do mesmo sexo, foi o pastor-cantor-deputado Marco Feliciano, e não as milhares de pessoas que são discriminadas, espancadas e assassinadas diariamente no Brasil em razão das suas escolhas pessoais.
         O deputado Marco Feliciano tem o direito de pensar como quiser, desde que disto não decorra a prática ou o incitamento à prática de crime. Mas este não ponto. O que é deplorável, isto sim, é que se trata de alguém que foi colocado nada menos do que na condição de presidente da comissão da Câmara Federal cuja função é exatamente combater o preconceito e todas as formas de discriminação à pessoa humana. E a responsabilidade da escolha é do seu partido político, o Partido Social Cristão (PSC), ao indicar o pastor homofóbico para a função, bem como dos membros da Comissão de Direitos Humanos que o elegeram, demonstrando absoluto desrespeito com a ética que deve presidir a indicação para um cargo de tal natureza.
         É por demais sabido que as seitas evangélicas neopentecostais disseminam preconceitos contra homossexuais, religiões de matriz africana, espíritas e outras formas de pensamento e  comportamento que as primeiras identificam como “inimigas dos valores cristãos” – na verdade na contramão do espírito de tolerância pregado por quem dizem serem porta-vozes na Terra – daí a justificada indignação que cresce a cada dia para com a designação do referido parlamentar para a presidência da comissão, um espaço nobre cuja única função é defender os seres humanos de toda e qualquer forma de discriminação.
        Mas o mais lamentável é que vozes se levantem, no Parlamento da Capital dos Gaúchos, a quem a liberdade sempre foi tão cara, para defender posturas favoráveis ao preconceito, cujos produtos são o ódio e a prática de crimes contra os seres humanos. 
     
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