Kamel venceu essa primeira batalha, alegando ter sido atingido por postagens que lhe teriam causado "dano moral":
Na ação, Kamel argumenta que as publicações eram uma retaliação pela demissão do jornalista em 2007, à época editor-chefe do Jornal Nacional. De acordo com o diretor da Globo, seu ex-funcionário escreveu no blog que foi demitido por se recusar a assinar um abaixo-assinado para manipular as eleições presidenciais de 2006. O ex-editor também teria escrito que Kamel mantém uma plantação de maconha em seu apartamento, além de informações distorcidas sobre uma discussão com vizinhos.
O juiz, ao que parece, não entrou no mérito das supostas acusações. Se Marco Aurélio Mello foi demitido pelo motivo que alega, qual é o problema na publicação? Idem para o maconhal. Se havia mesmo o maconhal no apartamento de Kamel, motivo de briga com vizinho incomodado com fumacê, por que não se poderia denunciar? Afinal, houve ou não a demanda dos vizinhos sobre o fumacê global? Nada disso é informado. Mas, o mais curioso vem ao final, que destaco em negrito:
Sobre o conteúdo das publicações, o juiz considerou que os textos foram no mínimo levianos ao tratar de questões da vida particular do diretor da Globo e que seu potencial ofensivo não está relacionado com a intenção de quem os escreveu, mas ao dano que podem provocar. “Ainda assim, a vontade consciente de atingir o autor parece evidenciada pelo fato de sequer ter sido procurado para apresentar sua versão sobre os fatos. Vale dizer, não se poderia deixar de ouvir todos os envolvidos e mencionar a versão do autor e de sua família se o propósito fosse outro”, escreveu. [Fonte]
O juiz, pelo visto, não é telespectador da rede dirigida por Kamel, aquela que acusou o presidente Lula pelo desastre da TAM, que publicou as fotos do delegado Bruno e ignorou o acidente da Gol, que comprou a história da fita crepe que teria atingido e quase matado (hahaha) o eterno candidato José Serra. Se fosse telespectador veria que ouvir o outro lado é prática, no mínimo, burocrática do jornalismo global.
Usar o cargo que tem na Globo para pressionar judicialmente a blogosfera tem sido a atitude de Kamel. Ele não faria isso se não tivesse a Globo por trás. Mas, existe o dito popular, água mole em pedra dura tanto bate até que fura. E a credibilidade da mídia corporativa há tempos vaza você sabe o quê por todos os lados.