Quão grande seria o Brasil se cada um fizesse sua parte e um pouquinho a mais para a comunidade

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  • segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
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  • Agora há pouco, a tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, RS, com a morte de centenas de jovens por irresponsabilidades difusas, nos mostrou como somos carentes de pessoas que realizem o trabalho para o qual foram contratadas.

    Quão maior estaria o Brasil se cada um fizesse sua parte, o prefeito prefeitasse, o governador governasse, o bombeiro bombeirasse, o investigador investigasse, o promotor denunciasse, o jornalista reportasse, o médico cuidasse; se cada um de nós nos uníssemos com o simples, objetivo e claro propósito de fazermos pelo menos a parte que nos cabe nesse latifúndio e investíssemos parte de nosso tempo em auxiliar os que têm menos que nós (dinheiro, capacidade, inteligência, saúde).

    Meu lado crítico (ou cínico) me diz que isso é impossível, estamos enredados na rede de maya do capitalismo, com suas necessidades artificiais de consumo, com seu irresistível apelo ao egoísmo, ao individualismo.

    Mesmo assim algo em mim diz que devo escrever o que estou escrevendo, defender que façamos ao menos nossa parte, ajudemos ao menos os mais próximos.

    Sei lá, mas acho que tudo isso me veio da releitura do Poema das Sete Faces de Carlos Drummond de Andrade:

    Quando nasci, um anjo torto
    desses que vivem na sombra
    disse: Vai, Carlos! ser gauche
    na vida.
    As casas espiam os homens
    que correm atrás de
    mulheres.
    A tarde talvez fosse azul,
    não houvesse tantos
    desejos.
    O bonde passa cheio de
    pernas:
    pernas brancas pretas
    amarelas.
    Para que tanta perna, meu
    Deus, pergunta meu
    coração.
    Porém meus olhos
    não perguntam nada.
    O homem atrás do bigode
    é sério, simples e forte.
    Quase não conversa.
    Tem poucos, raros amigos
    o homem atrás dos óculos e
    do bigode.
    Meu Deus, por que me
    abandonaste
    se sabias que eu não era
    Deus,
    se sabias que eu era fraco.
    Mundo mundo vasto mundo
    se eu me chamasse
    Raimundo
    seria uma rima, não seria
    uma solução.
    Mundo mundo vasto
    mundo,
    mais vasto é meu coração.
    Eu não devia te dizer
    mas essa lua
    mas esse conhaque
    botam a gente comovido
    como o diabo.
     
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