DOS CONCEITOS DE ALIENAÇÃO

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  • terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
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    Vale a leitura do Mestre Machado de Assis



    O grande Maestro Ernesto Nazareth faleceu em 1934. Alienado, acometido pela sífilis, fugiu do hospício onde estava internado, embrenhou-se na mata e sem ter noção de onde estava acabou morrendo afogado.

    Minha personagem na próxima novela "Dona Xepa" toca cavaquinho e é dono de uma casa noturna especializada em "chorinho". Pesquisando o universo da personagem redescobri a figura do grande Maestro que morreu louco, e que em 1930 gravou Apanhei-te, Cavaquinho, primeira música a ser apresentada sob a denominação de choro.

    Tocado pela trágica história de Ernesto Nazareth parei a pesquisa e por um tempo passei a meditar sobre a loucura e a alienação.

    Segundo o Dicionário Houaiss "alienado" é o ato de perder, de ceder, de não possuir mais um direito. Ainda no Houaiss encontramos "alienado" como sinônimo de "maluco", "fora da realidade". O caso do Maestro.

    Para Marx alienação é o processo em que o ser humano se afasta de sua real natureza, torna-se estranho a si mesmo na medida em que já não controla sua atividade essencial, as suas obras, pois os frutos que produz passam a ser estranhos à sua existência e contrários aos seus interesses.

    Para Sartre, alienação é a distância que existe entre a palavra e o ato. Entre o que falamos e o que fazemos.

    Para Freud o conceito de alienação não caberia neste post, porque não é tão simples apenas dizer que para ele toda socialização é alienação do eu primordial, inconsciente, libidinal.

    Para os hindus a realidade é "maya", ou seja é falsa. O que vemos não seria o real. O que tornaria os nossos sentidos alienados.

    Também para os hindus o espírito apaixonou-se pela carne e perdeu-se ao encarnar-se.
    Respeitadas as diferenças de crenças, não deixa de fazer sentido, pois o princípio de toda carne é o ego.
    Que traz o egoismo, a vaidade.
    Traz uma visão de mundo própria a cada um de nós. Traz a cada um de nós uma visão deturpada de quem somos, para o bem ou para o mal. Para orgulho e auto-estima ou para depressão e humilhação.

    Em 47 anos de profissão encontrei miríades de artistas, por exemplo, que sempre acham que são melhores do que realmente o são.
    Outros sempre se acham aquém do que na verdade mereciam receber. Acham que podem ter mais e melhor, que não estão sendo justiçados...e assim procede a maioria dos seres humanos.

    Por vaidade e egoísmo da carne achamos ser o que não exatamente somos.

    Por fim uma frase encerrou minha meditação e levou-me a este post de agora, porque em carta escrita aos Efésios, o Apóstolo Paulo, um ex-soldado romano e não um filósofo por formação, já definia o conceito de alienação há dois mil anos ao escrever:

    "Aquele que crê ser alguma coisa , não sendo nada, engana-se a si mesmo."
     
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