Somos todos poetas – Murilo Mendes

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  • segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
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  • Assisto em mim a um desdobrar de planos.
    as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
    A luz desce das origens através dos tempos
    E caminha desde já
    Na frente dos meus sucessores.
    Companheiro,
    Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
    Sou todos e sou um,
    Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
    Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
    Sou responsável pelas auroras que não se levantam
    E pela angústia que cresce dia a dia.

    In: A poesia em pânico. Rio de Janeiro, Cooperativa Cultural Guanabara, 1938.
     
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