Por Altamiro Borges
O artigo confirma o clima de revolta no partido. “Queixando-se de isolamento dentro do PSDB, o ex-governador José Serra avalia com apoiadores sair da sigla para viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2014. Segundo aliados, ele ainda não desistiu do sonho de chegar ao Palácio do Planalto, nem que para isso tenha de se filiar a outro partido... A hipótese de mudança foi objeto de discussão nos últimos dois meses, após a derrota de Serra na disputa pela Prefeitura de São Paulo”.
A Folha tucana divulgou hoje que “Serra avalia deixar o PSDB para disputar a Presidência”. O artigo assinado por Catia Seabra, famosa por suas intrigas e futricas, pode ser apenas mais um factóide para vender o decadente jornal. Pode também revelar o desconforto do tucanato paulista com a ascensão do mineiro Aécio Neves – que agora conta com o “guru” FHC na sua trôpega candidatura para 2014. Mas é bom ficar atento! Não causaria surpresa se o acuado José Serra abandonasse o conflagrado ninho tucano.
Serra não descartaria a possibilidade da fundação de uma nova legenda ou mesmo o ingresso em outro partido. “Hoje, o único abrigo disponível seria o diminuto PPS (13ª bancada da Câmara)... Presidente nacional do PPS, Roberto Freire (SP) conta que, desde o ano passado, discute com Serra o projeto de criação de outro partido. ‘Poderíamos criar uma nova sigla. Isso foi conversado com Serra’, admite Freire, reconhecendo que a disputa pela Presidência ainda está em seu horizonte”, relata Catia Seabra.
Crise e conchavos
Factóide ou não, a notícia da Folha representa uma ducha de água fria nos planos da oposição de direita. Com apoio da mídia, ela tentava dar uma aparência de unidade na construção de uma alternativa eleitoral. Aécio Neves, que estava cambaleando, passou a ser apresentado como candidato natural e competitivo. Ciceroneado por FHC, ele visitou banqueiros e ricaços para divulgar suas ideias e reuniu um time de economistas neoliberais para elaborar a sua plataforma de governo.
Nesta semana, porém, o projeto tucano começou a fazer água. Primeiro foi o DEM que insinuou que se “descolaria” dos tucanos. Os demos, reunidos em Salvador, sinalizaram que pretende evitar a extinção da moribunda sigla e anunciaram que “ampliarão” seu leque de alianças. Agora é Serra, segundo a Folha, que ameaça deixar o PSDB. É evidente que a direita – partidária e midiática – não ficará inerte diante destes riscos. Quem fica parado é poste, costuma repetir José Simão. Ela vai se mexer para evitar a tragédia.
O senador Alvaro Dias, outro tucano que está em rota de colisão com a cúpula do seu partido, já antecipou que a saída de Serra poderá ser evitada com algumas concessões. Ele propõe um “arranjo” na direção do PSDB – talvez até pensando no seu próprio pesadelo. Há também a possibilidade de “concessões” em cargos de governo. Durante esta semana circulou o boato de que Serra seria indicado Secretário de Saúde em São Paulo. Alckmin desmentiu as tratativas. Mas não se deve descartar este “jeitinho”.