PPS em busca do voto perdido

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  • quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
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  • Comunista de nascimento, a legenda, cuja história se mistura com as lutas por liberdade e democracia no país, tenta se descolar da imagem de satélite do PSDB na oposição à Dilma. Para isso, quer atrair medalhões como Serra e Marina

    Paulo de Tarso Lyra

    O PPS, que há 10 anos concorreu à Presidência da República com Ciro Gomes e recebeu 10,1 milhões de votos, hoje luta para deixar de ser uma legenda periférica na oposição ao governo Dilma Rousseff. Herdeiro do antigo PCB — o Partidão de Luis Carlos Prestes e Oscar Niemeyer —, o PPS surgiu após a queda do muro de Berlim, em 1989, e hoje negocia espaços políticos tanto com José Serra quanto com Marina Silva para ter alguma visibilidade em 2014.

    Presidente nacional do PPS, Roberto Freire concorreu à Presidência em 1989, ainda pelo PCB, na primeira eleição direta após o fim do regime militar. Três anos depois, promoveu a cisão na legenda, estimulado pelo esfacelamento da antiga União Soviética. “Adotamos o mesmo processo vivido pelo Partido Comunista Italiano, de buscar construir um partido democrático de esquerda”, disse Freire, hoje deputado federal por São Paulo, ao Correio.

    Ex-integrantes do PPS reclamam que o poder na legenda ficou muito concentrado nas mãos de Freire. “O PPS foi se apequenando ao longo da história e hoje tem pouco mais de 10 deputados”, disse um político que, hoje, respira novos ares. “Passamos ao lado de Lula o pior momento do governo — a crise do mensalão — e, quando o Planalto começou a respirar, nós abandonamos o barco”, completou um aliado governista que migrou para outro partido.

    Durante um período em que esteve amuado com o PDT, Miro Teixeira deixou as hostes trabalhistas e filiou-se ao PPS. Ficou pouco mais de seis meses e voltou para o partido de origem. Mas ele acha que os movimentos recentes do PPS, buscando conversar com outras forças políticas para assumir um novo protagonismo no cenário nacional mostram que a legenda tenta sair da inércia. “No plenário, por exemplo, posso dizer que as intervenções do líder Rubens Bueno (PR) e do próprio Freire têm sido de firme oposição ao governo”, defendeu Miro.

    O PPS tem hoje 11 deputados. Nas legislaturas anteriores, contava com uma bancada de 18 a 19 deputados. E ainda perdeu a única cadeira que tinha no Senado com a morte de Itamar Franco (MG) em 2011. O próprio Freire já foi senador por Pernambuco e, depois, transferiu o título para São Paulo para eleger-se deputado federal. “Ele precisa, de fato, grudar no Serra para ter um mínimo de chance de reeleger-se para a Câmara, o que será muito difícil”, prevê um desafeto do presidente do PPS.

    Freire rebate os ataques e diz que as conversas com Serra têm como base a afinidade ideológica entre ambos. Elas começaram após as eleições presidenciais de 2010. No caso de Marina Silva, alguns aliados da ex-ministra do Meio Ambiente já migraram para o PPS e defendem que esta é a melhor alternativa que ela tem se quiser concorrer à Presidencia, novamente, no ano que vem, em vez de criar um novo partido. “Nessas eleições municipais elegemos um prefeito de capital (Luciano Rezende, em Vitória). Significa que estamos melhorando? Calma, mas é um caminho”, sinalizou Freire.

    A saga do Partidão

    1922 – Fundação do Partido Comunista Brasileiro, em Niterói (foto)

    1922 – O presidente Epitácio Pessoa coloca a legenda na ilegalidade

    1927 – Reconquista a legalidade em janeiro, elege Azevedo Lima deputado federal, mas volta a ser proibido em agosto

    1935 – Já com a presença de Luís Carlos Prestes (foto), participa da Aliança Nacional Libertadora (ANL) e inicia a revolta militar conhecida como Intentona Comunista.

    1945 – Prestes e outros dirigentes são anistiados e o PCB retorna à legalidade. Nas eleições gerais, conquista 14 cadeiras na Câmara dos Deputados uma no Senado, para o próprio Prestes

    1947 – Com cerca de 200 mil filiados, tem o registro novamente cancelado

    1960 – Lança campanha para voltar à legalidade

    1964 – O regime militar impôs aos membros do PCB mais um longo período de clandestinidade

    1973 a 1975 – um terço do Comitê Central foi assassinado e centenas de militantes foram presos e torturados, dentre os quais destacam-se o jornalista Vladimir Herzog

    1979 – Lei da Anistia permite o regresso de militantes históricos

    1984 – Participa, ainda na ilegalidade, da campanha das Diretas Já (foto)

    1985 – Com o fim da ditadura militar, o PCB e o PCdoB voltam a funcionar como partidos políticos legais. O PCB apoia a transição democrática e os primeiros anos do governo de José Sarney

    1989 – Crise no comunismo europeu. O PCB perde força política e recursos da União Soviética, que se desintegra após a queda do Muro de Berlim. O PCB se divide entre o grupo do então senador Roberto Freire e o do arquiteto Oscar Niemeyer e do cartunista Ziraldo. Freire vence a disputa interna, cria o PPS. O grupo minoritário comunista deixa o partido e mantém a sigla PCB, mas com baixa representatividade política e sindical

    PPS em números

    Como está, atualmente, a legenda dos ex-comunistas:

    » 1 prefeito de capital (Luciano Rezende – Vitória)

    » 6 vice-prefeitos de cidades com mais de 150 mil habitantes

    » 123 prefeitos eleitos em 2012

    » 11 deputados federais

    » Nenhum senador (perdeu a única cadeira com a morte de Itamar Franco)

    » Em 2002, o partido obteve 12% dos votos na eleição presidencial, com Ciro Gomes

    Fonte: Correio Braziliense
     
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