Pane no ar condicionado do Santos Dumont (culpa da Dilma, segundo a mídia e a oposição)
O CONFRONTO QUE ENDURECE
Por Janio de Freitas, no jornal tucano “Folha de S. Paulo”
“Tão palavrosos como dirigentes partidários e como militantes, nos seus governos os petistas são um fracasso de comunicação até aqui inexplicável. E pagam preços altíssimos por isso, sem, no entanto, se aperceberem dos desastres e suas consequências. Ou melhor, às vezes percebem, e até se autocriticam, mas com atraso de anos.
Para aturdir os governantes e dirigentes petistas, deixando-os à mercê da pancadaria, nem é preciso um canhonaço como foi o “mensalão”. Um aparelho de ar refrigerado em pane é suficiente. Nada mais normal do que a quebra de uma máquina. Mas há cinco dias os usuários do aeroporto Santos Dumont se esfalfam em queixas e acusações; e, no outro lado, a presidente, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a Secretaria de Aviação Civil (a que veio mesmo?) e a INFRAERO apanham, inertes, dos meios de comunicação e da estimulada opinião pública.
No governo imenso, cheio de assessorias de comunicação próprias e contratadas, a ninguém ocorreu romper o marasmo burocrático e dirigir-se à população com as explicações devidas.
A quebra foi assim-assado, tomaram-se tais providências, e, depois, o reparo está demorando ou não deu certo por tais motivos, diante dos quais estão tomadas as seguintes providências, e por aí afora.
Nada de difícil ou especial. Aquilo mesmo que se espera ao buscar o carrinho ou, se for tucano, ir pegar o carrão e não o encontrar pronto na oficina. Aborrece, mas se a explicação não falta e é honesta, o provável é perceber-se uma situação desagradavelmente normal na era das máquinas. E nada mais.
No aeroporto Tom Jobim, deu-se o mesmo, com a pane local de um transformador. Mas tudo virou um problema enorme de falta de geração de energia, de “apagão”.
Até os índios do Xingu e do Madeira foram condenados, com o brado destemido de Regina Duarte a favor da inundação das terras indígenas e da floresta: “Viva Belo Monte! Essa [um aparelho de ar refrigerado quebrado] é a prova de que precisamos de nova estrutura em energia!”
Talvez, contra o calorão do Santos Dumont, comprar um aparelho novo fosse mais barato e eficiente do que construir uma hidrelétrica na Amazônia. Bem, depois, a atriz se disse preocupada também com o calorão na Copa do Mundo. A qual, aliás, será no inverno. Mas o que interessa é ter aproveitado a bobeada do governo petista.
Desde a entrevista de Lula em Paris, sentado a meio de um jardim de hotel, com uma jovem entrevistadora mal improvisada, para gaguejar grotescos esclarecimentos do mensalão, logo serão dez anos.
A inesgotável oratória de Lula, com sua mescla de populismo político e ativismo social, nesse tempo contornou a maioria dos percalços que o sistema de comunicação dos governos petistas não encarou. Com o julgamento do mensalão e com as cenas que ainda promete, o governo Dilma Rousseff é o alvo do agora exaltado antilulismo ou antipetismo (a rigor, não são o mesmo). Assim, neste embate endurecido, tende a ser o 2013 que veremos.”
FONTE: escrito pelo colunista Janio de Freitas do jornal tucano “Folha de São Paulo”. Transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/politica/janio-de-freitas-nos-seus-governos-os-petistas-sao-um-fracasso-de-comunicacao.html) [Imagem do google e legenda adicionadas por este blog ‘democracia&política’].