Por Benjamin Steinbruch
“O melhor hoje é lembrar as boas notícias de 2012, e não ficar apontando problemas e dificuldades para o ano.
Tenho a rara oportunidade -e a responsabilidade- de escrever neste espaço em 1º de janeiro. Num dia como este, não dá para ficar apontando problemas e citando dificuldades que o país vai enfrentar no exercício que se inicia. Afinal, as pessoas só pensam em desejar feliz ano novo e querem passar longe de aborrecimentos.
Então, imaginei que a melhor ideia seria lembrar notícias boas, que não deixassem ninguém preocupado nem nervoso com problemas e deficiências a superar.
A primeira lembrança que me veio à mente não é de economia, nem muito recente, mas de dez anos atrás. Em junho de 2002, a seleção brasileira ganhou sua última Copa do Mundo.
Num domingo de manhã, todos acordamos cedo, ligamos a televisão e lavamos a alma de verde-amarelo quando o segundo gol contra a Alemanha, de Ronaldo, garantiu o pentacampeonato. Foi um dia feliz. Esperamos revivê-lo no ano que vem, na Copa do Brasil. O competente Luiz Felipe Scolari vai dirigir a seleção e poderá repetir a proeza.
Lembrei-me disso porque uma boa notícia do ano que acabou foi a inauguração dos dois primeiros estádios brasileiros que serão usados na Copa: o Castelão, em Fortaleza, e o Mineirão, em Belo Horizonte. Nada mal. Essa conclusão, 18 meses antes da Copa, serve para aplacar críticas de quem sempre diz que o país não tem condição de sediar o megaevento de futebol.
Notícia alegre do ano foi também a da menina de sete anos, de Filadélfia, nos EUA, curada de um câncer por meio do uso de vírus HIV deficientes, causadores da Aids. Os médicos programaram geneticamente o vírus, inocularam-no na menina e a doença desapareceu. Um surpreendente resultado, que deixa esperanças sobre a descoberta da cura do câncer, uma das maiores aspirações da humanidade no século 21.
Também nos EUA, o brasileiro Alexandre Lopes foi eleito o melhor entre os 180 mil professores da rede estadual de ensino da Flórida e vai concorrer ao título de melhor professor dos EUA. Quem sabe ele possa nos ensinar e inspirar a melhorar a qualidade de nossas escolas públicas e privadas.
A população mundial ganhou mais de dez anos de esperança de vida. Em 187 países, os homens tinham expectativa de viver 56,4 anos, em média, em 1970. Hoje, são 67,5 anos. No caso das mulheres, o salto foi de 61,2 anos para 73,3 anos. O brasileiro nasce hoje com a esperança de viver 74 anos e 29 dias, três anos e sete meses a mais do que no ano 2000.
Notícia edificante também foi a do morador de rua Rejaniel Jesus dos Santos. Ele e a mulher encontraram um pacote com R$ 20 mil em notas de R$ 100, R$ 50, R$ 20 e R$ 10. O embrulho estava embaixo do viaduto, ao lado da cama improvisada em que dormiam. Ligaram para o 190 e entregaram o dinheiro à polícia, que o devolveu ao dono, um comerciante de São Paulo. Brasileiros simples e honestíssimos, foram recompensados.
O Rio de Janeiro deu continuidade ao projeto de pacificação de favelas, cujo principal objetivo é recuperar territórios ocupados há décadas por traficantes de drogas e milicianos. No fim do ano passado, 28 favelas haviam sido devolvidas a seus moradores, pacificadas e com segurança pública. Até 2014, o número deve subir para 44.
Os juros básicos da economia brasileira fecharam o ano abaixo de dois dígitos. A taxa anual está em 7,25%, dois pontos acima da inflação, e não deve subir neste ano inteiro, segundo as previsões do próprio mercado. Um grande estímulo ao investimento produtivo.
O Brasil criou 1,77 milhão de empregos formais de janeiro a novembro do ano que terminou, apesar do fraco crescimento econômico. Nos últimos dez anos, o número de novas vagas atingiu 18,5 milhões. Em novembro, a taxa de desemprego no país era de 4,9%, uma das mais baixas do mundo.
É difícil encontrar notícia melhor do que essa última para a economia e o bem-estar do brasileiro. Então, termino com ela, não sem antes observar que, para cada um de nós, a boa notícia é a saúde e a felicidade de nossas famílias e a possibilidade de viver com dignidade, em paz e segurança. Tudo de muito bom a todos. Feliz 2013!
FONTE: escrito por Benjamin Steinbruch, empresário, diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da FIESP. Artigo publicado na “Folha de São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/86540-feliz-2013.shtml).
“O melhor hoje é lembrar as boas notícias de 2012, e não ficar apontando problemas e dificuldades para o ano.
Tenho a rara oportunidade -e a responsabilidade- de escrever neste espaço em 1º de janeiro. Num dia como este, não dá para ficar apontando problemas e citando dificuldades que o país vai enfrentar no exercício que se inicia. Afinal, as pessoas só pensam em desejar feliz ano novo e querem passar longe de aborrecimentos.
Então, imaginei que a melhor ideia seria lembrar notícias boas, que não deixassem ninguém preocupado nem nervoso com problemas e deficiências a superar.
A primeira lembrança que me veio à mente não é de economia, nem muito recente, mas de dez anos atrás. Em junho de 2002, a seleção brasileira ganhou sua última Copa do Mundo.
Num domingo de manhã, todos acordamos cedo, ligamos a televisão e lavamos a alma de verde-amarelo quando o segundo gol contra a Alemanha, de Ronaldo, garantiu o pentacampeonato. Foi um dia feliz. Esperamos revivê-lo no ano que vem, na Copa do Brasil. O competente Luiz Felipe Scolari vai dirigir a seleção e poderá repetir a proeza.
Lembrei-me disso porque uma boa notícia do ano que acabou foi a inauguração dos dois primeiros estádios brasileiros que serão usados na Copa: o Castelão, em Fortaleza, e o Mineirão, em Belo Horizonte. Nada mal. Essa conclusão, 18 meses antes da Copa, serve para aplacar críticas de quem sempre diz que o país não tem condição de sediar o megaevento de futebol.
Notícia alegre do ano foi também a da menina de sete anos, de Filadélfia, nos EUA, curada de um câncer por meio do uso de vírus HIV deficientes, causadores da Aids. Os médicos programaram geneticamente o vírus, inocularam-no na menina e a doença desapareceu. Um surpreendente resultado, que deixa esperanças sobre a descoberta da cura do câncer, uma das maiores aspirações da humanidade no século 21.
Também nos EUA, o brasileiro Alexandre Lopes foi eleito o melhor entre os 180 mil professores da rede estadual de ensino da Flórida e vai concorrer ao título de melhor professor dos EUA. Quem sabe ele possa nos ensinar e inspirar a melhorar a qualidade de nossas escolas públicas e privadas.
A população mundial ganhou mais de dez anos de esperança de vida. Em 187 países, os homens tinham expectativa de viver 56,4 anos, em média, em 1970. Hoje, são 67,5 anos. No caso das mulheres, o salto foi de 61,2 anos para 73,3 anos. O brasileiro nasce hoje com a esperança de viver 74 anos e 29 dias, três anos e sete meses a mais do que no ano 2000.
Notícia edificante também foi a do morador de rua Rejaniel Jesus dos Santos. Ele e a mulher encontraram um pacote com R$ 20 mil em notas de R$ 100, R$ 50, R$ 20 e R$ 10. O embrulho estava embaixo do viaduto, ao lado da cama improvisada em que dormiam. Ligaram para o 190 e entregaram o dinheiro à polícia, que o devolveu ao dono, um comerciante de São Paulo. Brasileiros simples e honestíssimos, foram recompensados.
O Rio de Janeiro deu continuidade ao projeto de pacificação de favelas, cujo principal objetivo é recuperar territórios ocupados há décadas por traficantes de drogas e milicianos. No fim do ano passado, 28 favelas haviam sido devolvidas a seus moradores, pacificadas e com segurança pública. Até 2014, o número deve subir para 44.
Os juros básicos da economia brasileira fecharam o ano abaixo de dois dígitos. A taxa anual está em 7,25%, dois pontos acima da inflação, e não deve subir neste ano inteiro, segundo as previsões do próprio mercado. Um grande estímulo ao investimento produtivo.
O Brasil criou 1,77 milhão de empregos formais de janeiro a novembro do ano que terminou, apesar do fraco crescimento econômico. Nos últimos dez anos, o número de novas vagas atingiu 18,5 milhões. Em novembro, a taxa de desemprego no país era de 4,9%, uma das mais baixas do mundo.
É difícil encontrar notícia melhor do que essa última para a economia e o bem-estar do brasileiro. Então, termino com ela, não sem antes observar que, para cada um de nós, a boa notícia é a saúde e a felicidade de nossas famílias e a possibilidade de viver com dignidade, em paz e segurança. Tudo de muito bom a todos. Feliz 2013!
FONTE: escrito por Benjamin Steinbruch, empresário, diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da FIESP. Artigo publicado na “Folha de São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/86540-feliz-2013.shtml).