Distorções à parte feitas diariamente pelo noticiário da mídia conservadora mundial - e, com muito entusiasmo, pela brasileira - sobre a situação na Venezuela, fica claro que nesta fase em que o presidente Hugo Chávez permanece em tratamento em Cuba, a transição no país se consolidou com Nicolás Maduro na vice-presidência da República, Diosdado Cabello na presidência da Assembleia Nacional e com as Forças Armadas unidas em torno da Constituição.
Para os desavisados, é preciso insistir: nada foi feito à revelia da Constituição. Pelo contrário, a Carta Magna do país foi e está sendo respeitada e seguida rigorosamente. A oposição venezuelana e suas viúvas - inclusive as que choram e bradam no Brasil - derrotadas duas vezes no ano passado em eleições mais do que democráticas (para presidente e para governador dos Estados) é que pescam em águas turvas.
Nesse jogo, que paradoxo, chega ao extremo de ameaçar recorrer aos militares, às Forças Armadas! Ela, sim, ao ameaçar fazê-lo recorrre ao expediente do golpe. Ela e nossa mídia é que falam em golpe de Estado e em manobras. Na verdade quem manobra e instiga caminhos inconstitucionais é a oposição.
Carta venezuelana prevê espera de até 180 dias para posse de Chávez
Ponto para o Brasil, para a nossa diplomacia, portanto, que conforme anunciou o assessor especial da Presidência da República para assuntos de relações exteriores, Marco Aurélio Garcia, apoia a tese defendida pelos chavistas, de que a posse do próximo mandato presidencial na Venezuela pode ser adiada por até seis meses.
"Declarada a incapacidade do presidente (Chávez), o presidente da Assembleia convocará eleições. Isso está previsto na Constituição. Se no dia 10 (depois de amanhã) não for declarada a incapacidade, há um espaço de 90 dias prorrogáveis por mais 90 dias", explicou Marco Aurélio ao justificar a posição brasileira.
"Só chamo atenção para o fato de que a impossibilidade do presidente Chávez assumir dia 10, de formalmente estar presente lá é de certa forma prevista na Constituição, e tem uma particularidade: Chávez sucede a si próprio. Não se trata de um novo presidente", completou o representante brasileiro. (por José Dirceu)
*Via http://www.zedirceu.com.br