Presidente do PSDB reafirma que mineiro deve ser nome tucano em 2014 a despeito de desejo do ex-governador
Sem espaço no partido, Serra avalia mudar de sigla para concorrer à Presidência novamente no ano que vem
Catia Seabra
BRASÍLIA - O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), reafirmou ontem a candidatura do senador Aécio Neves (MG) para a Presidência da República, independentemente das pretensões eleitorais do ex-governador José Serra.
A Folha noticiou ontem que Serra avalia sair do PSDB para viabilizar seu sonho de disputar a Presidência mais uma vez em 2014.
Um dos destinos é o PPS ou uma legenda oriunda da fusão desta sigla com outras menores, o que permitiria a filiação de políticos sem risco de perda de mandato.
Pesará ainda na decisão de Serra o espaço que ele e aliados terão na nova cúpula do PSDB, que será eleita em maio. Para Guerra, "Aécio deve ser o presidente do PSDB", alicerçando sua campanha para Planalto. "O Brasil precisa da candidatura de Aécio neste momento."
A tendência hoje é que Aécio, que é rival de Serra na disputa interna de poder, assuma o controle do partido.
"Desconheço esse assunto. Serra não me falou em trocar de partido. Ele falou em ficar uns dias pensando na política e no Brasil. Sempre imagino o Serra, satisfeito ou contrariado, dentro do PSDB", disse Guerra.
Um dos articuladores da campanha de Aécio, o presidente do PSDB de Minas, Marcus Pestana, afirma que "a percepção majoritária no PSDB é pela necessidade de renovar e apresentar propostas com olho no futuro."
"Nove entre dez tucanos enxergam no Aécio o líder desse novo ciclo."
A exemplo de Guerra, Pestana lançou dúvidas sobre a real disposição de Serra deixar o PSDB. Ele afirma que só a permanência do tucano no partido é coerente com sua história.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também disse não acreditar que Serra vá deixar o partido.
"Não acredito nisso. O Serra é um dos fundadores do PSDB, um dos melhores quadros do partido. Acho que o caminho do Serra é cada vez mais PSDB", afirmou ontem.
No comando do PSDB, a avaliação é a de que Serra tenta aumentar seu "valor de mercado" ao ensaiar a saída.
Tucanos lembram que o PPS não oferece estrutura para uma campanha presidencial. Sem palanque sólido, Serra corre o risco de desaparecer na corrida presidencial.
Para tucanos, sem ter muito para onde ir além do PPS, Serra terá dificuldades de arregimentar aliados para seu projeto político.
Líder do PSDB na Câmara, o deputado Bruno Araújo (PE) diz que Serra será uma "agente fundamental" para o sucesso do partido na eleição do ano que vem.
Colaborou Paulo Gama, de São Paulo
Fonte: Folha de S. Paulo