“Desde 2006, a grande mídia conservadora tem disparado que nunca antes na história deste país observamos um esquema como o do chamado “mensalão” (Ação Penal 470), considerado por essa mesma mídia como o “maior escândalo político da história da República”.
Por Joanne Mota
Em ‘A Outra Tese do Mensalão’, de Antônio Carlos Queiroz, Lia Imanishi Rodrigues e Raimundo Rodrigues Pereira, os autores apresentam aos leitores uma revisão do chamado “escândalo do mensalão”. Ao longo de suas 159 páginas, divididas em quatro artigos, os autores apontam, com fortes depoimentos, como o chamado “mensalão” foi construído pela mídia e está sendo sacramentado no Supremo Tribunal Federal (STF), no que é chamado de “julgamento de exceção”.
Com entrevistas realizadas com os principais personagens do caso, o livro esmiúça os pormenores da “Ação Penal 470” e demonstra como o então presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson – criador da marca “mensalão” – articulou suas duas espetaculares entrevistas, em 2005, que denotaram todo o [ainda suposto] esquema. O livro também mostra como, inicialmente, Jefferson tentou incriminar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas, subitamente, mudou de ideia e transferiu toda a sua fúria para José Dirceu.
Em um dos artigos publicados na obra, também observamos como o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos (Carlinhos Cachoeira) – preso, no início deste ano, durante a “Operação Monte Carlo” da Polícia Federal – está ligado ao escândalo, seja pela gravação [e fornecimento] dos vídeos que deram origem às investigações, seja pelo envolvimento do contraventor no esquema de publicações que mantinha com o editor da sucursal da revista “Veja” em Brasília.
O ponto-chave do livro é mostrar como a grande mídia conservadora se impõe no debate e pressiona o Supremo Tribunal Federal a deixar de lado o que consta nos autos e ir além dos delitos cometidos. Como os autores bem colocam, “procura-se impor a tese de que foi compra de votos o que ocorreu e não o delito de ‘caixa dois’, mais do que comprovado e confessado pelos réus”. Ao longo do texto, fica claro que os personagens que compõe esse enredo esquecem que “a verdade mora num poço e não é fácil de achá-la” e, nesse caso, as verdades são construídas a partir de uma corrente única, com partido, ideologia e projeto de nação.
Até a última página do livro, os autores expressam que o sentido do espetáculo [no STF], que custou a publicização de 53 sessões do julgamento da Ação Penal 470, é claramente político[/partidário].
Nesse sentido, mais do que nunca é preciso garantir os princípios do Estado Democrático de Direito, e fazer valer um julgamento justo baseado em provas, e não um julgamento de exceção.
Por fim, em tempos de discussão pela reforma política e por transparência, nunca foi tão atual pensar e lutar por financiamento público de campanha."
FONTE: escrito por Joanne Mota, jornalista e pós-graduanda em “Globalização e Cultura” pela “Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo” (Fesp-SP). Publicado na Revista “Princípios”. Transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=202331&id_secao=1).
Por Joanne Mota
Em ‘A Outra Tese do Mensalão’, de Antônio Carlos Queiroz, Lia Imanishi Rodrigues e Raimundo Rodrigues Pereira, os autores apresentam aos leitores uma revisão do chamado “escândalo do mensalão”. Ao longo de suas 159 páginas, divididas em quatro artigos, os autores apontam, com fortes depoimentos, como o chamado “mensalão” foi construído pela mídia e está sendo sacramentado no Supremo Tribunal Federal (STF), no que é chamado de “julgamento de exceção”.
Com entrevistas realizadas com os principais personagens do caso, o livro esmiúça os pormenores da “Ação Penal 470” e demonstra como o então presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson – criador da marca “mensalão” – articulou suas duas espetaculares entrevistas, em 2005, que denotaram todo o [ainda suposto] esquema. O livro também mostra como, inicialmente, Jefferson tentou incriminar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas, subitamente, mudou de ideia e transferiu toda a sua fúria para José Dirceu.
Em um dos artigos publicados na obra, também observamos como o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos (Carlinhos Cachoeira) – preso, no início deste ano, durante a “Operação Monte Carlo” da Polícia Federal – está ligado ao escândalo, seja pela gravação [e fornecimento] dos vídeos que deram origem às investigações, seja pelo envolvimento do contraventor no esquema de publicações que mantinha com o editor da sucursal da revista “Veja” em Brasília.
O ponto-chave do livro é mostrar como a grande mídia conservadora se impõe no debate e pressiona o Supremo Tribunal Federal a deixar de lado o que consta nos autos e ir além dos delitos cometidos. Como os autores bem colocam, “procura-se impor a tese de que foi compra de votos o que ocorreu e não o delito de ‘caixa dois’, mais do que comprovado e confessado pelos réus”. Ao longo do texto, fica claro que os personagens que compõe esse enredo esquecem que “a verdade mora num poço e não é fácil de achá-la” e, nesse caso, as verdades são construídas a partir de uma corrente única, com partido, ideologia e projeto de nação.
Até a última página do livro, os autores expressam que o sentido do espetáculo [no STF], que custou a publicização de 53 sessões do julgamento da Ação Penal 470, é claramente político[/partidário].
Nesse sentido, mais do que nunca é preciso garantir os princípios do Estado Democrático de Direito, e fazer valer um julgamento justo baseado em provas, e não um julgamento de exceção.
Por fim, em tempos de discussão pela reforma política e por transparência, nunca foi tão atual pensar e lutar por financiamento público de campanha."
FONTE: escrito por Joanne Mota, jornalista e pós-graduanda em “Globalização e Cultura” pela “Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo” (Fesp-SP). Publicado na Revista “Princípios”. Transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=202331&id_secao=1).