A ira contra Dilma e Mantega: quem chora e não mama, vira oposição

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  • domingo, 6 de janeiro de 2013
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  • Nos jornalões todos atacam o ministro da Fazenda Guido Mantega. Isso quando o Brasil vive praticamente o pleno emprego, com inflação dentro na meta, a relação Dívida/PIB caiu para 35%, e os juros estão em baixa. Em função da crise internacional que impactou exportações e investimentos, o crescimento do PIB foi menor do que o desejado. Mas nada assustador, já que os outros números da economia continuam prá lá de bons, sobretudo para empreendedores de verdade, já que o câmbio está em nível satisfatório para exportar, e os juros diminuíram, desonerando os encargos financeiros na produção.

    De onde menos se espera vem uma explicação para a ira dos jornalões (ainda que sem querer). O colunista do Estadão, José Roberto de Toledo, escreveu um artigo dizendo que o dinheiro está mudando de mãos, e os perdedores choram para ver se mamam ou se entrincheiram na oposição. Eis os principais trechos:
    O dinheiro está trocando de mãos como raramente ocorreu. No Brasil e no exterior, o rentismo deixou de ser uma opção para multiplicar o patrimônio. Ao contrário, nos países desenvolvidos a remuneração do capital financeiro é negativa. Quem vive de renda fica mais pobre. O jeito de fazer o dinheiro dar cria é investir em novos e velhos negócios, ou seja, arriscar.
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    Alguns novos negócios vão dar certo, mas muitos vão dar errado. E o dinheiro vai trocar de mãos ainda mais rapidamente. Tudo isso provoca desconforto. Rompe estruturas seculares...
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    Com juro baixo ou negativo, é mais fácil ter dívida do que patrimônio. No Brasil, esse rearranjo provoca dores de parto e reações proporcionais às perdas.
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    O intervencionismo pontual do estado (...) Beneficiários e prejudicados não são produzidos apenas pela aleatoriedade do mercado, mas pela caneta da burocracia. A grita aumenta (...) por ficar claro aos atores econômicos que quem não chora não mama.
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    No meio desse vendaval, alguns setores têm dose extra de drama. Estão sendo batidos pela revolução digital e experimentam a rápida agonia de suas fontes tradicionais de faturamento. Para esses setores, à perda das receitas financeiras soma-se o risco de perda do próprio negócio....
    Em novembro, o índice de confiança do consumidor alcançou seu patamar mais alto nos dois anos de governo Dilma Rousseff. Os confiantes acham que sua renda aumentou e vai continuar aumentando, não temem perder o emprego e planejam consumir mais.
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    Os empresários do setor de serviços também estão mais confiantes do que nos meses anteriores, segundo a FGV. Entre eles, não por coincidência, destacam-se os prestadores de serviços para as famílias. Servidores e servidos têm a mesma percepção.
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    Entre os empresários da indústria, a confiança cresceu pouco no mês passado (...) A confiança é 13 pontos maior no setor farmacêutico do que no de manutenção e reparação. É 10 pontos mais alta na indústria de limpeza do que na de extração mineral.
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    Quando há reacomodação traumática do dinheiro, a política é um canal de desafogo. Perdedores vão tentar cavar compensações com o governo ou se entrincheirar junto à oposição. As tensões aumentam, a corda estica. Posições se radicalizam e adversários se distanciam. Nesse cenário, as visões se estreitam e é mais difícil encontrar um campo comum. Diminuem os consensos e aumentam os conflitos. É o cenário para 2014.
    Meio sem querer, pois o colunista foi genérico, sem especificar setores, Toledo acertou na mosca. Banqueiros estão desconfortáveis com a perda dos juros altos e dos investimentos na Privataria Tucana, após Dilma forçar a conta de luz ficar mais barata. Os jornalões estão em decadência, batidos pela revolução digital. Ambos os setores se entrincheram na oposição, já que não mamam.
     
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