Embora os políticos repitam o mantra de que a eleição de 2014 já começou, os nomes mais cotados para a próxima corrida presidencial têm freado o ímpeto.
Essa hesitação causa alguma estranheza. Exemplos recentes tinham mostrado a importância de acelerar as campanhas, para aumentar a possibilidade de atrair e comover um eleitor cada vez mais arredio.
A Dilma, porém, ainda interessa o fantasma da volta de Lula. Se o padrinho não frequentasse as especulações, os ataques dos adversários estariam concentrados nela.
A presidente não ignora que seu governo tem pontos vulneráveis. É hora de vender uma agenda positiva, e não de cuidar de rebater críticas. Que dirá de montar chapa.
Apesar do raquitismo que aflige os parceiros restantes e lhes dá um sentimento de urgência, Aécio Neves ainda aposta no ensinamento do avô Tancredo: paciência. O tucano está convencido de que a oposição terá de apresentar um nome em 2014 e que, por gravidade, a candidatura cairá no colo dele. Não há necessidade de se antecipar.
Além disso, acredita que sua chance reside no naufrágio de Dilma e na erosão da coalizão federal. Confirmar já a intenção de concorrer só faria dar visibilidade às pesquisas que ainda mostram a presidente na liderança folgada e o senador mineiro na rabeira, comendo poeira.
A "terceira via" pensa do mesmo modo. Jornalistas e acólitos se afligem com as declarações ambivalentes de Eduardo Campos (PSB). Numa mesma semana, o governador pernambucano dá uma entrevista em que fixa um prazo de 90 dias para Dilma dizer a que veio e outra em que jura fidelidade a ela.
O jogo duplo busca manter aberto o horizonte. Romper tão cedo significaria ser metralhado agora por um governo popular e forte. Abdicar neste momento de 2014 acarretaria ser esquecido pelo noticiário nacional e devolvido à política paroquial.
Fonte: Folha de S. Paulo