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O show do julgamento do “mensalão petista” ruma para o seu final. Segundo levantamento da Folha de 30 de novembro, “os ministros do Supremo Tribunal Federal levaram 49 sessões, quase quatro meses e cerca de 250 horas para julgar os 37 réus e fixar as penas dos 25 condenados... O clamor por condenações duras terminou satisfeito”. Quase concluído o espetáculo midiático, fica a pergunta: quando terá início o “clamor” da imprensa pelo julgamento do “mensalão tucano”, que ela insiste em chamar do “mensalão mineiro”?
“O PT não entendeu qual é o jogo das acusações contra Lula. O jogo que está em disputa é sobre quem será a bola da vez num futuro mensalão-2: o PSDB ou, mais uma vez, o PT. A rigor, dada a conclusão da Ação Penal 470, deveria ser a vez do julgamento do mensalão dito ‘mineiro’... Os ataques seletivos contra Lula têm várias intenções, mas uma é especial: virar a mesa do que está na fila e inventar algo supostamente mais relevante a ser julgado, deixando o escândalo que envolveu os tucanos para depois, bem depois”.
Penso que procede a suspeita do amigo Lassance, mesmo discordando da sua opinião de que a criação da CPI da Privataria Tucana ou o “convite” para FHC esclarecer a “Lista de Furnas” desviam o foco principal. A direita midiática e partidária está atirando em várias frentes com o objetivo de desconstruir a imagem do ex-presidente Lula para, logo na sequência, debilitar o apoio do governo Dilma Rousseff. As forças de esquerda também podem e devem agir em várias frentes para desmoralizar os agressivos udenistas.
Neste sentido, é preciso exigir do STF o imediato julgamento do “mensalão tucano”. Seria um grave erro deixar este assunto explosivo de lado. O esquema montado pelo publicitário Marcos Valério para irrigar o caixa-2 eleitoral, o “valerioduto”, nasceu em Minas Gerais em 1998 – bem antes do “mensalão do PT”. Ele serviu para bancar a derrotada campanha à reeleição do governador Eduardo Azeredo (PSDB). O próprio até confessou que a grana arrecadada e não contabilizada também financiou a campanha de FHC.
Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, o “mensalão tucano” foi abastecido com o dinheiro de três estatais – Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) e Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig). Elas receberam do governador Eduardo Azeredo a missão de patrocinar três eventos esportivos e todas as competições foram patrocinadas pela SMP&B, a agência de publicidade Marcos Valério, com empréstimos do famoso Banco Rural.
Joaquim Barbosa na berlinda
Como afirma Maurício Dias, na revista CartaCapital de 29 de outubro, “BH é a capital do caixa dois”. Caso o STT decida julgar o “mensalão tucano”, penas voarão para todos os cantos. “O mensalão tucano, e não mineiro, como às vezes se diz e se escreve, ora por descuido e, principalmente, por má-fé, montado a partir de Belo Horizonte para a reeleição do então governador mineiro Eduardo Azeredo, está intimamente ligado ao processo eleitoral nacional e, por consequência, à reeleição de Fernando Henrique Cardoso”.
Neste sentido, Antonio Lassance tem toda a razão. O julgamento “mensalão tucano” pode ser explosivo. Ela atinge toda a cúpula do PSDB – em especial, o senador Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano. É por isto que “a oposição e sua mídia fazem um jogo estratégico para preservar o seu candidato às eleições”, desviando o foco com sua recente onda denuncista contra Lula. Joaquim Barbosa, a nova estrela do STF, garantiu recentemente que o caso será julgado em breve. É preciso pressioná-lo ou desmascará-lo!