O "LULA MOMENT" E O FUTURO DA ÁFRICA DO SUL

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  • quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
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  • Considerado um dos presidentes mais carismáticos e conhecidos no mundo, Lula empresta seu nome a uma expressão cunhada na África do Sul para indicar mudanças radicais na gestão daquele país. Cunhado pelo secretário do “Congress of South African Trade Unions” (COSATU), Zwelinzima Vavi, o “Lula moment” faz referência às transformações na economia e na gestão que marcaram especialmente o segundo mandato do ex-presidente brasileiro.


    Por Bruno de Pierro

    E, segundo Vavi, tais mudanças devem servir de inspiração para o segundo mandato do presidente sul-africano Jacob Zuma, que também é líder de seu partido, o “Congresso Nacional Africano”.

    Com o foco na figura de Lula, Zuma deverá seguir o exemplo do brasileiro, considerado revolucionário por Vavi. No entanto, embora Lula tenha desempenhado papel fundamental na transição para uma economia moderna no Brasil, a África do Sul deve observar todo o processo e os agentes que contribuíram para as transformações, e não apenas centrar os esforços numa liderança. A avaliação é de Lyal White, diretor do “Centro de Mercados Dinâmicos” do “Gordon Institute of Business Sciences”, em artigo publicado sexta-feira (23 nov) no site do jornal sul-africano “Mail & Guardian”.

    Para Vavi, secretário do COSATU, congresso que reúne sindicatos da África do Sul, o país necessita de um “momento Lula”. Basicamente, o modelo foi capaz de transformar, progressivamente, o Brasil em uma economia integrada e cada vez mais aberta. No entanto, chamar esse momento de único é um tanto errado, alerta o artigo de White.

    Lyal White: "CORRUPÇÃO SERVIU PARA MOSTRAR MATURIDADE POLÍTICA NA GESTÃO LULA"

    O chamado “momento Lula”, que voltou a ser notícia no continente africano após a recente visita à África do Sul, faz referência à radical mudança ocorrida durante o segundo mandato (2006-2010), com a consolidação de políticas públicas para os mais pobres e da liderança e poder diante do PT.

    Isso coincidiu com as primeiras reformas estruturais ganhando força, permitindo ao país aproveitar o ‘boom de commodities’. O crescimento de multinacionais brasileiras trouxe produtividade e atração de investimentos. O Brasil tornou-se o maior exportador de carne bovina, café, suco de laranja, açúcar e combustível etanol e o segundo maior produtor de grãos de soja, atrás apenas dos Estados Unidos”, destaca White.

    Outro ponto fundamental colocado no artigo é a inovação na agricultura, iniciada na década de 1960, quando o Brasil era importador de alimentos, assim como a África do Sul atualmente. Além disso, a divisão entre ricos e pobres diminuiu. “Durante muito tempo, o Brasil foi considerado o país com a sociedade mais desigual, uma posição hoje ocupada pela África do Sul.”

    Segundo White, a administração Lula é reconhecida por retirar da pobreza cerca de 32 milhões de pessoas e pelo substancial crescimento da classe média. Tal fato foi acompanhado por melhoras na saúde individual e o aumento da mobilidade social ultrapassou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “Isso aconteceu graças ao desenvolvimento de programas sociais, combinando redução da pobreza, educação e assistência médica”, completa.

    O autor argumenta, no entanto, que a figura do líder é menos importante do que o processo e o fortalecimento das instituições. “O Brasil tem evoluído para além do estilo messiânico de liderança que atormentou a América Latina e alimentou o populismo no passado. A libertação do país de décadas complicadas mostra que a mudança requer mais do que apenas liderança”, explica White.

    O artigo ainda reconhece que o sucesso brasileiro tem suas origens no passado. Cita o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e as [nefastas] "reformas" dos anos 1990, além das dificuldades de ajustes estruturais e políticas de “liberalização”, “que permitiram ao Brasil se beneficiar do ‘boom de commodities’. Após FHC, a demanda por ferro e soja por parte da Ásia, além do aumento de preços, foram centrais para o sucesso de Lula”. White também menciona a estabilidade política do momento, que incentivou investimentos comerciais estrangeiros, provendo o capital essencial para o crescimento econômico e o desenvolvimento das políticas sociais. “O momento real de Lula foi uma grande injeção de realismo prático nas políticas, afastando-se da retórica ideológica. O Brasil não foi desviado por soluções que viriam de uma ‘bala de prata’.”

    Sobre o episódio de corrupção conhecido como “mensalão”, envolvendo José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, White afirma que o episódio serviu para mostrar maturidade política na gestão Lula.

    Em relação ao mundo dos negócios, Lula reconheceu o setor privado como parceiro do desenvolvimento. “Essa é, particularmente, uma instrução para a África do Sul, onde os negócios sempre tiveram um papel para desempenhar na política, como observado durante nossa transição para a democracia”. De acordo com White, Lula se relacionou de forma construtiva com o setor privado, convidando-o a garantir que seus objetivos fossem implementados com eficácia. “Os negócios tornaram-se um instrumento para muitos de seus planos”, enfatizou White.

    O ‘momento’ brasileiro, realmente, foi um processo de desenvolvimento de longo prazo, envolvendo vários interessados e administrações. Acima de tudo, o Brasil é prova de que uma situação desafiadora pode ser superada com políticas certas e liderança decisiva, sustentada por um dose saudável de pragmatismo”, conclui White.”

    FONTE: escrito por Bruno de Pierro, na “Unegro”. Transcrito no portal de Luis Nassif
     (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=200907&id_secao=1). [Imagem do Google e pequeno entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
     
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